193 - TRABALHOS COM HORTAS ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE DIONÍSIO CERQUEIRA, SC



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Transcrição:

Sociedade e Natureza Monferrer RESUMO 193 - TRABALHOS COM HORTAS ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE DIONÍSIO CERQUEIRA, SC Fabia Tonini 1 ; Andréia Tecchio 2 O espaço Horta Escolar pode ser utilizado como meio didático para fixação dos conteúdos no ensino fundamental. Com esta finalidade, a equipe técnica da Secretaria Municipal da Agricultura de Dionísio Cerqueira, Santa Catarina, trabalhou nos anos de 2002 e 2003 o Espaço Horta Escolar, nos meios urbano e rural. As escolas do município são organizadas em núcleos. O trabalho com hortas escolares no município pretendeu conciliar o discurso ecológico com a prática de proteção e conservação do solo, aumento da biodiversidade e utilização da Horta Escolar como espaço didático. As atividades foram desenvolvidas em três núcleos escolares. Participaram estudantes de 3ª e 4ª séries primárias, professores e funcionários das escolas. As escolas estão trabalhando Horta Escolar no ensino de diversos conteúdos, principalmente matemática e ciências. Percebe-se que o ambiente horta é compreendido como um local onde, além de ser possível produzir alimentos e visualizar fenômenos, é um espaço adequado para o exercício de reflexões sobre o significado de nossas ações sobre o meio ambiente. Além disso, a nova tecnologia propiciou o aumento na produção de, aproximadamente 50% algumas hortaliças para merenda escolar de cada núcleo. PALAVRAS-CHAVES: Horta Escolar; Espaço Didático; Ambiente Horta e Educação Ambiental. INTRODUÇÃO O espaço Horta Escolar pode ser utilizado como meio didático para fixação dos conteúdos no ensino fundamental. Na horta podem ser trabalhados diversos conteúdos de ciências básica, como a formação do solo, características físicas e químicas de um solo, insetos e microrganismos presentes no solo, as plantas presentes naquele espaço, e como as plantas se alimentam (fotossíntese). Além desses, poderão ser trabalhados conteúdos relacionados à ciências exatas, 1 por exemplo, demonstrando e construindo formas diferentes de canteiros (triângulos, círculos, retângulos, quadrados, entre outros). E assim, existem infinidade de assuntos que poderão ser abordados no espaço horta, sendo utilizado de forma didática. Desta forma os conteúdos serão melhor fixados pelos estudantes porque visualizam e aplicam os conteúdos. 1 Engenheira Agrônoma Prefeitura Municipal de Dionísio Cerqueira. fabiatonini@bol.com.br 2 Engenheira Agrônoma Prefeitura Municipal de Dionísio Cerqueira. deiatecchio@yahoo.com.br

Foi com esta finalidade que a equipe técnica da Secretaria Municipal da Agricultura de Dionísio Cerqueira, Santa Catarina trabalhou nos anos de 2002 e 2003 o Espaço Horta Escolar, no meio urbano e no meio rural. As escolas do município são organizadas em núcleos, de acordo com a proximidade entre as comunidades, as melhores estruturas e a maior quantidade de estudantes. Desta forma, uma escola do interior ou da sede poderá ter estudantes de várias comunidades. Os estudantes das escolas do interior são oriundos, de famílias de agricultores. O que não acontece com as escolas municipais localizadas na sede. A presença de uma horta na escola significa a existência de um espaço onde o ensino e o desenvolvimento de algumas atividades, auxiliam na administração e na assimilação de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, na direção de uma construção em Educação Ambiental. (Machado da Rosa, 2002). O trabalho com hortas escolares em Dionísio Cerqueira pretendeu conciliar o discurso ecológico com a prática de proteção do solo, aumento da biodiversidade e utilização da Horta Escolar como espaço didático. Esse trabalho é um dos programas desenvolvidos no meio rural pela Administração Municipal DIONÍSIO CERQUEIRA PARA TODOS, gestão 2001-2004. O princípio do trabalho é o não revolvimento do solo e a introdução de várias espécies em um mesmo canteiro, evitando assim, canteiros monoculturais. Segundo Gomes (2002), um solo que não é revolvido, a policultura vegetal e a presença das plantas espontâneas, aumentam a diversidade de organismos no solo. Há organismos, como as minhocas que constróem ninhos e galerias, além de facilitarem o arejamento, deslocam nutrientes e transportam materiais do solo, enquanto as bactérias, junto às raízes, mantém relações simbióticas favoráveis. A introdução de novas formas de trabalhar o espaço horta é um desafio para quem vai propor e para quem vai aplicar, mas a partir de um trabalho em equipe onde ambas as partes se envolvem para avançar no processo de construção ensino associado a prática rural, a consolidação poderá ser alcançada.

MATERIAIS E MÉTODOS Para desenvolver o trabalho nas escolas foram utilizados materiais como enxadas, pá, regador, esterco bovino, cobertura morta e verde, mudas e sementes de hortaliças. Como material didático foi utilizado o livro Horta Escolares, elaborado por professores e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina. O trabalho de Horta Escolar foi desenvolvido em três núcleos escolares (7 escolas). Das 7 escolas, 5 localizadas no meio rural e 2 no meio urbano. Participaram a equipe das escolas formada por estudantes de 3ª e 4ª séries primárias, professores e funcionários. Primeiramente fez-se uma conversa em sala de aula sobre o solo, as plantas e as formas diferentes de construir canteiros, estimulando os estudantes a serem integrantes e agentes da construção da horta e desenvolvendo o conhecimento ajustado de si mesmo e sentimento de confiança. Em seguida, faz-se um diagnóstico das formas de canteiros feitos nas casas dos estudantes. Depois, cada estudante é estimulado a pensar e desenhar formas diferentes de canteiros. Divididos em dois grupos, ficam encarregado de construir um canteiro, sem revolver o solo. No espaço da horta escolar compara-se às características físicas e a vida do solo através de observações da diversidade e número de insetos, ácaros e minhocas, umidade, diversidade de plantas espontâneas e estimulando a equipe da escola a perceberem quantos elementos poderão serem introduzidos naquele pequeno espaço. Em seguida, cada grupo constrói o canteiro, colocando o esterco sobre a vegetação roçada. Sobre o esterco é colocado jornal e, por cima deste, uma camada de palha triturada ou serragem. O procedimento propicia a compostagem direta no canteiro. Nas visitas seguintes, a equipe técnica e a equipe da escola fazem o transplante das mudas, observam o desenvolvimento das culturas consorciadas, aparecimento de insetos, plantas espontâneas e aspectos dos canteiros, como cheiro, cor e forma. A proposta é que se tenha um acompanhamento até o momento que a equipe da escola sejam autônomos para introduzirem elementos e métodos novos de trabalhos próprios e, assim, seja possível utilizar as idéias dos estudantes e os recursos do próprio local.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A horta escolar nunca irá terminar, pois sempre existirá algo mais a ser feito. Segundo Machado da Rosa (2002), ela poderá rodear toda a escola, tendo zonas ou regiões onde os alunos escolhem colocar árvores frutíferas; outro local onde predominarão os bichinhos e serão plantadas flores para atraí-los entre outros estímulos para se ampliar o espaço horta. Alguns resultados podem ser observados e quantificados neste período de trabalho. As escolas estão trabalhando a tecnologia Horta Escolar no ensino de ciências naturais e matemática. No ensino de matemática, além das forma geométricas, são construídos canteiros em forma de meia lua, onda do mar, estrela, grão de feijão e caracol. O Ensino de Ciência Naturais tem na horta um espaço privilegiado onde as diferentes explicações sobre o mundo, os fenômenos da natureza e as transformações produzidas pelo homem podem ser expostas e comparadas. Assim, percebe-se que o ambiente horta é compreendido como um local onde, além de ser possível produzir alimentos e visualizar fenômenos, também é um espaço adequado para o exercício de reflexões sobre o significado de nossas ações sobre o meio ambiente. Os estudantes que participam das atividades na horta escolar conseguem sensibilizar os pais com essa nova tecnologia de produção de hortaliças, onde o princípio é a preservação e conservação dos recursos naturais. As famílias dos estudantes acompanham e discutem junto com equipe técnica e da escola as atividades desenvolvidas na horta escolar, isso tem despertado e incentivado o interesse dos estudantes e de outras famílias do município que estão se organizando em grupos para receber assistência técnica. A equipe técnica faz uma discussão sobre o princípio da tecnologia, com os grupos interessados e acompanha a construção dos primeiros canteiros. A medida que se desenvolve a proposta os grupos recebem acompanhamento periódico. Com o trabalho nas escolas a tecnologia teve menos resistência para ser implantada nas propriedades do município. Além disso, a nova tecnologia propiciou o aumento na produção de, aproximadamente 50% algumas hortaliças para merenda escolar de cada núcleo. Mas a tecnologia diferenciada da convencional, ainda encontra muitas barreiras na sua aplicação, principalmente no que diz respeito ao revolvimento do solo. Em algumas

escolas observou-se que houve revolvimento do solo antes do transplante de hortaliças, mesmo não sendo necessário. Em Dionísio Cerqueira existem muita discussão para construção da cadeia Agroecológica. Porém na prática pouco se tem avançado. O trabalho Horta Escolar como um espaço de aprendizado, se tornou uma alternativa ao sistema convencional de produção de hortaliças nas escolas e incentivou a prática deste sistema às demais famílias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 Machado da Rosa, A. C. et all. (org.). Hortas Escolares: o ambiente horta como espaço de aprendizagem no contexto do ensino fundamental. Inst. Souza Cruz, 2002. 2 Gomes, G. et all. Horta sem Revolvimento do Solo e com Biodiversidade. In.: I Simpósio Sul Brasileiro de Educação Ambiental. Org. Sônia B.B. Zakrzevshi et all. Erechim; EdiFAPES, 2002.