LEITE E DERIVADOS AGOSTO / 2014 /2014/2009 1. Mercado nacional 1.1 Preços pagos ao produtor Os preços nominais médios brutos 1 pagos ao produtor em agosto, ponderados pela produção, dos sete estados pesquisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (CEPEA/ESALQ/USP), para o leite entregue em julho, situou-se em R$ 1,0978/l (US$ 0,4840/l), apresentando leve redução de - 0,1% na comparação com o mês anterior e altas de + 2,5% na comparação com a média dos últimos doze meses, e de + 1,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (Tabela 1). O preço nominal médio nacional, líquido de frete e CESSR, situou-se em R$ 1,0119/l. Conforme as informações do CEPEA, para os sete estados da pesquisa, houve, em julho, alta de + 3,8% no índice de captação (ICAP) relativamente ao mês anterior e de + 12,8% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Com exceção de Goiás (- 0,62%), os demais estados apresentaram aumento da produção: Bahia (+ 10,07%), Rio Grande do Sul (+ 9,87%), Santa Catarina (+ 7,66%), São Paulo (+ 2,5%), Minas Gerais (+ 2,4%), e Paraná (+ 0,06%). Em valores corrigidos pelo IGP-M de agosto/2014, o preço pago ao produtor em agosto situou-se em + 0,1% superior ao do mês anterior e em - 3,6% inferior ao mesmo mês do ano anterior. O IGP-M evoluiu + 4,9% entre agosto/2013 e agosto/2014 (Gráfico 1). 1 Inclui o valor do frete (variável) e da Contribuição Especial da Seguridade Social Rural (CESSR), antiga Contribuição Previdenciária sobre a Comercialização Rural/FUNRURAL (2,3%). 1
1.2 Derivados lácteos: produção, consumo e exportações líquidas Relativamente aos principais derivados lácteos, as projeções da Organization for Economic Cooperation and Development e Food and Agriculture Organization (OECD/FAO), na publicação Agricultural Outlook 2014-2023, de 2014, estimam um crescimento da produção brasileira, entre o período 2011-13 e 2023, de + 11,6% para a manteiga, evoluindo de 81,0 mil t para 90,4 mil t ; de + 22,8% para o queijo, cuja produção deve aumentar de 700,3 mil t para 859,7 mil t em 2023; de + 24,6% para o leite em pó desnatado, evoluindo de 139,7 mil t no período 2011-13 para 174,1 mil t no final do período; e de + 22,4% para o leite em pó integral, que deve evoluir de 531,7 mil t para 650,9 mil t em 2023 (Gráficos 2 a 5). Para os quatro derivados lácteos mais importantes, o país permanecerá, nos próximos dez anos, um importador líquido, complementando o abastecimento interno, mas em menor escala do que na média do período 2011-13. Na comparação do período 2011-13 e 2023, o país diminuirá suas exportações líquidas de manteiga de - 2,1 mil t para - 1,92 mil t (ou - 10,0%); deve diminuir as suas exportações líquidas de queijo de - 29,0 mil t para - 9,46 mil t (ou - 67,5%); as exportações líquidas de leite em pó desnatado se reduzirão levemente de - 24,0 mil t para - 23,81 mil t (ou - 0,8%); e as exportações líquidas de leite em pó integral devem se reduzir de - 66,5 mil t para - 54,28 mil t (ou - 18,4%). Ainda conforme o relatório da OECD/FAO, Agricultural Outlook 2014-2023, o consumo nacional por habitante de manteiga deverá permanecer constante, entre a média do período 2011-13 e 2023, em torno de 0,42 kg/per capita/ano; o de queijo deverá aumentar + 10,0%, de 3,67 kg/per capita/ano para 4,04 kg/per capita/ano; o de leite em pó desnatado deverá aumentar + 7,1%, de 0,61 kg/per capita/ano para 0,65 kg/per capita/ano em 2023; e o de leite em pó integral deverá evoluir de 3,01 kg/per capita/ano na média do período 2011-13 para 3,28 kg/per capita/ano em 2023, ou + 9,0% (Gráfico 6). 2
A comparação do consumo per capita anual dos quatro principais derivados lácteos no Brasil e nos países da OECD mostra os seguintes quantitativos, para a média do período 2011-13, respectivamente: manteiga (0,42 kg/per capita e 2,76 kg/per capita, ou 15,2% do consumo dos países da OECD); queijo (3,67 kg/per capita e 12,06 kg/per capita, ou 30,5 % do consumo dos países da OECD); leite em pó desnatado (0,61 kg/per capita e 1,33 kg/per capita, ou 45,6% do consumo dos países da OECD); e leite em pó integral (3,01 kg/per capita e 0,61 kg/per capita, ou 493,4% do consumo dos países da OECD). 3
1.3 Preços dos derivados no atacado e varejo em São Paulo Conforme as informações do Instituto de Economia Agrícola (IEA), os preços nominais em agosto, no atacado, na cidade de São Paulo, apresentaram, relativamente ao mês anterior, o seguinte comportamento: leite em pó integral (- 6,0%); leite longa vida (+ 4,3%); leite tipo C (+ 4,8%); queijo mussarela (+ 1,4%); queijo prato (- 3,3%); e manteiga sem sal (- 5,5%) (Tabela 2 e Gráfico 7). 4
No varejo, em agosto, relativamente ao mês anterior, os preços apresentaram o seguinte comportamento: leite em pó integral (+ 1,5%); leite longa vida (+ 0,7%); leite tipo C (+ 3,2%); leite condensado (+ 3,2%); queijo mussarela (- 2,6%); queijo tipo prato (- 0,6%); e manteiga (- 1,5%) (Tabela 3 e Gráfico 8). 1.4 Balança comercial de lácteos Nos primeiros oito meses de 2014, a balança comercial de lácteos (NCMs 0401 0000 a 0406 9999) apresentou déficit de US$ 64,1 milhões, tendo sido de US$ 304,9 milhões no mesmo período do ano 5
anterior, com exportações de US$ 220,0 milhões (56,5 mil t 2 ) e importações de US$ 284,1 milhões (68,1 mil t) (Tabela 4). As exportações apresentaram aumento de + 262,0% e as importações recuaram - 22,3%, ambas em valor, na comparação com o mesmo período do ano anterior. No mês de agosto, as exportações aumentaram + 351,0% e as importações recuaram - 41,9%, ambas em valor, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Nesses oito primeiros meses de 2014, foram importadas 17,5 mil t de leite em pó integral - NCM 0402 2110 - (US$ 84,1 milhões e US$ 4.795,9/t), representando 29,6 % do valor total importado, enquanto no mesmo período do ano anterior foram importadas 37,0 mil t (US$ 145,5 milhões e US$ 3.930,9/t), representando 39,8% do valor total importado, uma redução de - 52,6% em quantidade e de - 42,2% em valor. As origens das importações de leite em pó integral, entre janeiro e agosto, foram: Argentina (65,4% do valor total, a um preço médio de US$ 4.808,8/t); Uruguai (19,8% do valor total importado, a um preço médio de US$ 4.883,7/t); e Chile (14,8% do valor total importado, a um preço médio de US$ 4.630,3/t). 2 Não trata-se de quantidade em equivalente leite. É o peso líquido do produto exportado/importado. 6
O segundo produto mais importado entre janeiro e agosto foi o leite em pó desnatado (NCM 0402 1010), representando 17,8% do valor total importado ou US$ 50,4 milhões e 10,5 mil t; seguido pelo soro de leite (NCM 0404 1000) representando 11,1% do valor total importado no período, ou US$ 31,4 milhões e 17,7 mil t. Seguem-se outros vinte derivados lácteos complementando o valor total importado. Em agosto, o produto mais importado foi o leite em pó integral (NCM 0402 2110), representando 25,4% do valor importado no mês ou US$ 9,5 milhões e 2,0 mil t (US$ 4.596,5/t); seguido pelo leite em pó desnatado (NCM 0402 1010), no valor de US$ 7,3 milhões e 1,5 mil t (US$ 4.715,0/t), representando 19,4% do valor total importado no mês; e pelo soro de leite em pó (NCM 0404 1000), representando 13,3% do valor mensal importado ou US$ 5,0 milhões e 2,7 mil t (US$ 1.810,1/t). No que se refere às exportações, nos primeiros oito meses do ano foram exportadas 26,2 mil t de leite em pó integral (NCM 0402 2110), em um valor total de US$ 137,2 milhões (US$ 5.238,1/t), representando 62,4 % do valor total exportado, enquanto no mesmo período do ano anterior foram exportadas apenas 114,4 t dessa commodity, representando 1,3% do valor total exportado. O segundo produto mais exportado entre janeiro e agosto foi o leite condensado (NCM 0402 9900), representando 19,6% do valor total exportado ou US$ 43,1 milhões e 18,9 mil t (US$ 2.275,9/t); seguido por Outros cremes de leite (NCM 0401 5029), representando 6,1% do valor total exportado, ou US$ 13,5 milhões e 5,0 mil t. Seguem-se outros vinte e quatro derivados lácteos complementando o valor total exportado no período. Em agosto, o produto mais exportado foi o leite em pó integral (NCM 0402 2110), representando 61,3% do valor total exportado, no valor de US$ 16,4 milhões e 2,8 mil t (US$ 5.733,2/t); seguido pelo leite condensado (NCM 0402 9900), representando 17,9% do valor mensal total exportado, ou US$ 4,8 milhões e 2,1 mil t (US$ 2.242,6/t). Em terceiro lugar, encontram-se as exportações de Outros cremes de leite (NCM 0401 5029), representando 7,9% do valor total importado, ou US$ 2,1 milhões e 776,4 t (US$ 2.729,8/t). 2. Mercado internacional 2.1 Produção de commodities lácteas A produção mundial das principais commodities lácteas, conforme a Organization for Economic Cooperation and Development e Food and Agriculture Organization (OECD/FAO), na publicação Agricultural Outlook 2014-2023, de 2014, está dividida, na média do período 2011-13, proporcionalmente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, da seguinte forma: manteiga (45,3% nos países desenvolvidos e 54,7% nos países em desenvolvimento); queijo (80,3% nos países desenvolvidos e 19,7% nos países em desenvolvimento); leite em pó desnatado (87,2% nos países desenvolvidos e 12,8% nos países em desenvolvimento); e leite em pó integral (45,3% nos países desenvolvidos e 54,7% nos países em desenvolvimento). Nos próximos dez anos, entre 2011-13 e 2023, o aumento da produção mundial dos principais derivados lácteos, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, será a seguinte: a produção de manteiga aumentará + 9,7% nos países desenvolvidos (de 4,4 milhões de t para 4,9 milhões de t) e + 42,5% nos países em desenvolvimento (de 5,4 milhões de t para 7,7 milhões de t); a produção de queijo aumentará + 17,6% nos países desenvolvidos (de 17,0 milhões de t para 20,0 milhões de t) e + 25,0% nos países em desenvolvimento (de 4,1 milhões de t para 5,2 milhões de t); a produção de leite em pó desnatado aumentará + 24,8% nos países desenvolvidos (de 3,2 milhões de t para 4,0 milhões de t) e + 12,5% nos países em desenvolvimento (de 480,3 mil para 540,1 mil t); e a produção de leite em pó 7
integral aumentará + 21,1% nos países desenvolvidos (de 2,1 milhões de t para 2,5 milhões de t) e + 33,7% nos países em desenvolvimento (de 2,5 milhões de t para 3,4 milhões de t) (Gráficos 9 a 12). 2.2 Preços internacionais das commodities lácteas Os preços internacionais das commodities lácteas na Oceania (média das cotações mínima e máxima) divulgados pelo International Dairy Market News Report, do United States Department of Agriculture / Agricultural Marketing Service - (USDA/AMS), durante o mês de agosto, apresentaram as seguintes modificações relativamente ao mês anterior: leite em pó integral (- 14,8%); leite em pó desnatado (- 13,2%); manteiga (- 10,2%); e queijo cheddar (- 8,7%) (Tabela 5 e Gráfico 13). 8
Na Nova Zelândia, os preços pagos ao produtor recuaram - 24,1% entre maio (US$ 53,74/100 kg) e julho (US$ 54,65/100 kg), refletindo a redução dos preços das commodities lácteas naquela região e no mercado mundial. Os principais compradores estão cautelosos devido às características atuais do mercado, de preços em queda para todas as commodities. O clima está favorável nas ilhas Norte e Sul. Na Austrália, os custos das rações estão relativamente estáveis. Em algumas áreas o clima está seco e poderá prejudicar as pastagens em áreas sem irrigação. Na Europa Ocidental, os preços das commodities (média das cotações mínima e máxima) apresentaram o seguinte comportamento em agosto na comparação com o mês anterior: leite em pó integral (- 15,3%); leite em pó desnatado (- 18,4%); manteiga (- 11,2%); e soro em pó (- 8,7%) (Tabela 5 e Gráfico 14). Nessa região, a produção está em declínio devido à entressafra. As condições climáticas estão favoráveis e os preços ao produtor são bons. Os compradores estão cautelosos devido à redução expressiva dos preços das commodities e negociam bastante antes de realizar os contratos. O embargo russo por um ano, a partir de 7/8/2014, às importações de lácteos, entre outros produtos, exerce pressão baixista sobre os preços nessa região e também no mercado mundial como um todo. Em 2013, a Rússia representou 33,0% das exportações européias de queijo; 25,0% das de manteiga; e 27,0% das de AMF (Anhydrous Milk Fat). Houve um abrandamento do embargo às exportações de produtos sem lactose, com pouca oferta no mercado russo. Após a divulgação do embargo, a Comissão de Agricultura européia aprovou medidas urgentes para amparar o setor por intermédio do programa PSA (Private Storage Aid) destinado à manteiga, leite em pó desnatado e certos queijos. Adicionalmente, o prazo do programa de intervenção de compras governamentais foi estendido até o final de dezembro. 9
Maria Helena Fagundes E-mail: mh.fagundes@conab.gov.br Tel.: 55 (61) 3312 6375 10