Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 1 / 8 DA PROPRIEDADE EM GERAL P A R T E E S P E C I A L LIVRO III DO DIREITO DAS COISAS TÍTULO III DA PROPRIEDADE CAPÍTULO I DA PROPRIEDADE EM GERAL Seção I Disposições Preliminares Art. 1.228... 1.232 Conceitos: Direitos reais, Propriedade, Ação reivindicatória, Ação negatória, Ação de dano infecto, Características da propriedade, Função social da propriedade. Direito de Propriedade 1 O direito de propriedade possui uma noção jurídica complexa e dinâmica, que adapta-se de acordo com as realizações políticas, econômicas e filosóficas de cada época. O Código Civil de 1916 atribuiu à propriedade caráter absoluto, inatingível, sem limitações ou quaisquer restrições ao seu exercício, pois o proprietário era senhor da coisa e dela poderia implementar o tratamento que melhor atendesse seus interesses. Com o Código Civil de 2002, o direito e propriedade deixou de ser absoluto em razão das ideias de sociabilidade e solidariedade. Apesar de direito real, oponível erga omnes, o instituto da função social da propriedade condiciona seu exercício ao cumprimento da função social, não sendo admitida a subutilização desvinculada de qualquer compromisso social e econômico. A Constituição da República Federativa do Brasil, no art. 5º, XXII e XXIII, que dispõe acerca dos direitos e garantias individuais, consagra o direito da propriedade, bem como a especificação de que a propriedade cumprirá a função social, restando comprovada a adoção desse princípio por todo o ordenamento jurídico vigente: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXII é garantido o direito de propriedade; XXIII a propriedade atenderá a sua função social; Dessa forma, toda a legislação infraconstitucional está adaptada à realidade constitucional, de forma que o direito de propriedade está sempre delimitado pelo cumprimento da função social, conforme se depreende da leitura do art. 1.228 e parágrafos do CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem 1 Adaptado de PINTO, Luiz Fernando de Andrade. Direito de Propriedade. Disponível em http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/16/direitosreais_75.pdf. Acesso em 12/04/2018.
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 2 / 8 quer que injustamente a possua ou detenha. [Mas] O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. [Além disso] São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. [Ainda] O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. [Neste caso], o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. O legislador de 2002 não definiu propriedade nem posse; o Código diz que possuidor é todo aquele que tem, de fato, o exercício pleno ou não dos poderes inerentes à propriedade. Refere-se apenas aos atributos da propriedade. O proprietário pode usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reivindicar de quem a injustamente a possua ou detenha. O conceito genérico, no direito brasileiro, de direito de propriedade é o poder jurídico concedido pela lei a algum para usar, gozar, dispor de um determinado bem e de reavê-lo, de quem quer que injustamente o esteja possuindo. COMPONENTES DO DIREITO DE PROPRIEDADE Direito de Propriedade Usar: consiste em utilização da coisa no próprio interesse, no sentido de extrair da coisa todos os benefícios ou vantagens que ela puder prestar, sem alterar-lhe a substância. O direito de propriedade não exige o uso, pois este é uma faculdade. Gozar (fruir): o proprietário pode retirar da coisa suas utilidades econômicas, como frutos naturais, industriais e civis. É uma faculdade do proprietário. Dispor: é a faculdade de alienar a coisa, seja onerosa ou gratuitamente. Reivindicar (sequela): não é faculdade, mas direito subjetivo. O proprietário tem direito a recuperar a coisa que lhe foi injustamente retirada via ação reivindicatória (autoria exclusiva do proprietário).
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 3 / 8 FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA PROPRIEDADE Diversas teorias buscam definir o fundamento jurídico da propriedade. Gonçalves (Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. São Paulo: Saraiva, diversas edições) destaca as seguintes teorias: Teoria da ocupação: o direito de propriedade surge da ocupação das coisas que não pertencem a ninguém. Teoria da especificação: o direito de propriedade surge da incidência do trabalho humano sobre a coisa. Teoria da lei: o direito de propriedade surge em decorrência de lei que o cria e tutela. Teoria da natureza humana: o direito de propriedade é um direito natural que representa a liberdade humana em ter e dispor das coisas. PRINCÍPIOS CARACTERIZADORES DA PROPRIEDADE Características da propriedade Oponibilidade erga omnes: o direito de propriedade é oposto contra qualquer pessoa que o viole caráter absoluto. Publicidade: o direito de propriedade só é oponível quando se torna público, e a propriedade se torna pública pelo registro. O registro dá publicidade à propriedade. Perpetuidade: o direito de propriedade é perpétuo. A propriedade só desaparece por vontade do proprietário ou por determinação legal. Exceção: propriedade resolúvel, que é aquela em que o título aquisitivo (bem móvel ou imóvel) está subordinado a condição resolutiva ou advento do termo. Exclusividade: uma coisa não pode pertencer simultaneamente a dois ou mais proprietários. Exceção: condomínio. Elasticidade: a propriedade pode se distender ao máximo ou comprimir ao mínimo, de acordo com a vontade do proprietário. Quando o proprietário detém todos os poderes, a propriedade é plena. Quando um dos poderes é retirado do proprietário, a propriedade torna-se limitada (direito real sobre coisa alheia). Ex: superfície, usufruto, hipoteca. ORIGEM DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 4 / 8 A aquisição pode ser originária ou derivada. A aquisição originária decorre de fato jurídico que permite a aquisição da propriedade sem qualquer ônus ou gravame. Considera-se somente os requisitos legais para a obtenção da propriedade, sem necessidade da autonomia privada, como usucapião, aluvião e avulsão (doutrinalmente, aluvião, avulsão e o abandono de álveo por um rio que seca ou que desvia de seu curso natural devido a um fenômeno natural são tratados como acessão natural da propriedade. A acessão caracteriza-se pelo aumento do volume ou do valor da coisa principal em virtude de um elemento externo). Caso típico de modo originário de aquisição de propriedade é a usucapião. O usucapiente não recebe a coisa do usucapido, pois seu direito de aquisição não decorre do antigo proprietário, mas do direito declarado na sentença. A aquisição derivada ocorre quando a transmissão é feita entre proprietários por ato intervivos ou causa mortis. A coisa chega ao adquirente com as mesmas características anteriores e não se extingue o ônus. Ex: Servidão, hipoteca, compra e venda e doação. A aquisição pode ser gratuita ou onerosa. Na gratuita a propriedade é adquirida sem contraprestação, como na doação. Na onerosa existe uma contraprestação, como na compra e venda. A aquisição da propriedade também pode ser singular ou universal. A singular se refere a coisa determinada, como compra de imóvel. No segundo caso, se adquire uma universalidade de direitos. Exemplo: sucessão aberta. MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE Usucapião: É modo originário de aquisição do domínio, através da posse mansa e pacífica, seu principal elemento, por determinado lapso de tempo. Constitui direito à parte e independente de qualquer relação jurídica com o anterior proprietário. Fundamenta-se no propósito de consolidação da propriedade e premia a quem produz na terra, ocupando-a e pondo-a a produzir. Registro do título aquisitivo: O registro também é regido por princípios gerais como constitutividade, prioridade, continuidade, publicidade, legalidade, especialidade etc. Acessões: Há cinco modalidades de acessões (art. 1.248 do CC): I por formação de ilhas; II por aluvião; III por avulsão; IV por abandono de álveo; V por plantações ou construções. Acessões são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume em razão de elemento externo. MEIOS DE TUTELA À PROPRIEDADE Ação reivindicatória A ação reivindicatório, em que o autor pede o domínio e a posse da coisa, é a tutela especial que dispõe o proprietário para reaver a coisa do poder de quem injustamente a possua ou detenha (segunda parte do artigo 1.228). Seu objeto é restituir a coisa ao legítimo proprietário acompanhada de todos os acessórios e frutos percebidos ou a perceber (artigo 1.232). A pretensão reivindicatória é imprescritível, já que o domínio somente se extingue pelas situações previstas em lei, como a usucapião e a desapropriação. Entretanto, o demandado pode opor ao demandante toda e qualquer defesa, seja sobre o domínio ou sobre a posse, inclusive o reconhecimento dele, demandado,
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 5 / 8 como legítimo proprietário da coisa. Todas as coisas corpóreas podem ser objeto da ação reivindicatória. Três são os pressupostos de admissibilidade: Titularidade do domínio pelo autor; Individuação da coisa (descrição detalhada da coisa, possibilitando sua exata localização); e Posse injusta do demandado. Ação negatória A ação negatória é cabível quando o domínio do proprietário sofre restrição por quem se considera com direito de uso sobre a coisa. É a forma de tutela ao domínio pleno e exclusivo sobre a coisa (artigo 1.231 do Código Civil). Dois são os pressupostos de admissibilidade: Prova que a coisa pertence ao demandante; Prova que o demandado está a perturbar o demandante. Ação de dano infecto (dano iminente) A ação de dano infecto (iminente) possui caráter preventivo e cominatório (sansão) e é oposta na hipótese de fundado receio de dano iminente em razão de ruína de prédio vizinho ou sua construção, como estabelecido no artigo 1.280 do Código Civil: O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. Recomendação de leitura: Marcus Tullius leite Fernandes dos santos: O constitucionalismo econômico: estudo sobre o princípio da propriedade privada e o da função social da propriedade 2. Resumo: A expressão função social da propriedade se consolidou com as lições do célebre constitucionalista Léon Duguit, em uma série de conferências proferidas em Buenos Aires (1911) e publicadas na França (1912), nas quais desenvolveu uma arrojada tese acerca da função social da propriedade, e que foram reunidas no seu livro as transformações gerais do Direito Privado, desde o Código de Napoleão. Duguit, partindo do magistério de Augusto Comte (que nega a existência de qualquer direito subjetivo e, por isso, as pessoas em sociedade só têm deveres para com todos) e dos trabalhos de Émile Durkheim, chega à conclusão de que o homem não tem direitos, tampouco a coletividade. No entanto, todo indivíduo tem, na sociedade, uma certa função a cumprir, uma certa tarefa a executar. A Constituição atual, na parte que trata dos princípios gerais da ordem econômica, estabeleceu o princípio da propriedade privada (art. 170, II), em harmonia com o direito fundamental de propriedade (art. 5.º, XXII). As disposições relativas à propriedade não só constam do núcleo dos direitos fundamentais, como também são princípios estruturantes da atividade econômica. Artigos do Código Civil Disposições Preliminares sobre a propriedade em geral 2 Disponível em http://www.esmarn.tjrn.jus.br/revistas/index.php/revista_direito_e_liberdade/article/download/188/200. Acesso em 12/04/218.
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 6 / 8 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 1 O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas [este parágrafo se conecta à função social da propriedade, um conceito de natureza ética, como expresso no caput artigo 170 da Constituição Federal de 1988: "A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios" [sem grifo no original]. A referência expressa à função social aparece no inciso III desse artigo]. 2 São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem [a propriedade não pode servir como forma de especulação para realização de lucros e nem ser mantida ociosa, mas utilizada por quem dela necessite]. 3 O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente [o direito de propriedade não é absoluto, mas limitado por necessidades sociais inadiáveis]. 4 O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. [se a propriedade encontrar-se em estado de abandono e for ocupada pacificamente, sem oposição, por grupos de pessoas com objetivo de nela estabelecerem moradia, então a propriedade pode perdê-la]. 5 No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. Questões extraídas de concursos públicos (data do acesso: 15/03/2017). A reprodução das questões segue a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998), em especial os incisos III e VIII do artigo 46: "Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: (...) III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; (...)
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 7 / 8 VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores." Concurso: Delegado d Polícia do Distrito Federal, aplicado em Brasília Ano: 2015 Caderno: Tipo A Questão: 38 Aplicação: Fundação Universa Disponível em: http://download.universa.org.br/download/110/20150518181135223.zip Mateus, proprietário de uma casa situada no Lago Sul, Brasília-DF, resolveu, por motivos religiosos, abandonar seu imóvel residencial em junho de 2010. Renata e Luís, casados entre si, agindo de má-fé e sabedores de que Mateus viajara para o estrangeiro, sem data de retorno, passaram a viver na casa, tendo, inclusive, construído uma vistosa piscina no espaçoso quintal da residência. Em junho de 2011, em decorrência de uma forte tempestade de granizo, todo o teto da casa foi destruído, o que motivou, em julho do mesmo ano, a saída do casal invasor. Desde então, o imóvel está abandonado e desocupado, bem como nunca mais foram pagos quaisquer tributos a ele relacionados. Em relação a essa situação hipotética, assinale a alternativa correta (A justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica). A) No momento em que passaram a habitar o imóvel, Renata e Luís não poderiam, em nenhuma hipótese, exercer sobre o bem atos possessórios individualmente. B) O direito brasileiro não admite o desdobramento sucessivo da posse, nesse caso. C) Renata e Luís responderiam pela deterioração da casa, caso demandados por Mateus à época de ocupação da residência, ainda que conseguissem provar a inevitabilidade do dano, isto é, que a destruição do telhado teria ocorrido mesmo se o imóvel estivesse na posse de Mateus, em razão da tempestade de granizo. D) Caso houvessem sido oportunamente demandados em ação possessória, a Renata e Luís socorreria o direito de ressarcimento pela piscina construída no imóvel. E) Na hipótese de o imóvel haver sido arrecadado como bem vago em agosto de 2011, a propriedade desse imóvel, transcorrido o prazo legal, poderá ser transmitida ao Distrito Federal, observado o devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não cessação da posse. Concurso: Escrivão Jucidial do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí Ano: 2015 Caderno: Tipo I - Branca Questão: 79 Aplicação: FGV Projetos Disponível em: http://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/concursos/tjpi/ TJ_PI_Analista_Judiciario_-_Area_Judiciaria_-_Escrivao_Judicial_(JUD-ESC)_Tipo_1.pdf Jacira adquiriu uma propriedade imóvel de Roberta. Toda a documentação necessária foi conferida pelo registrador, e o negócio cumpriu as exigências registrais que a lei impõe. Pouco tempo depois, Janaina reivindica o imóvel. Ela comprova a legitimidade do seu direito e demonstra a fraude das escrituras obtidas por Roberta. Diante dessa situação (A justificativa legal não constou da aplicação do concurso, sendo aqui solicitada para fins de desenvolvimento da experiência jurídica):
Direito Civil Parte Especial Livro III Do Direito das Coisas Prof. Ovídio Mendes Fundação Santo André 2018 8 / 8 A) Janaina não conseguirá de volta seu imóvel, pois Jacira é terceira de boa-fé, cabendo-lhe demandar perdas e danos contra Roberta; B) Jacira reterá o bem até que Janaina lhe restitua as despesas decorrentes da contratação celebrada com Roberta; C) Roberta deverá repassar a Janaina o valor obtido com a venda do imóvel a Jacira; D) Roberta não restituirá o valor a Jacira, pois a avença atendeu às formalidades requeridas pela autoridade registradora; E) Jacira, ainda que de boa-fé, perderá o imóvel para Janaina, cabendo-lhe, apenas, repetir os valores pagos a Roberta.