RADIOLOGIA EM ORTODONTIA Sem dúvida alguma, o descobrimento do RX em 1.895, veio revolucionar o diagnóstico de diversas anomalias no campo da Medicina. A Odontologia, sendo área da saúde, como não poderia deixar de ser, aproveitou deste conhecimento e, já em 1.896, utilizava radiografias de perfil da cabeça. A Ortodontia levando o fator diagnóstico como algo imprescindível, utiliza-se das radiografias em todo o processo de seu desenvolvimento. Por causa disso, conhecer e dominar as técnicas radiográficas intra e extra-bucais, além da anatomia e patologia radiográfica, torna a radiografia um importante recurso auxiliar para o Cirurgião Dentista e para o Ortodontista. Como técnicas intra-bucais de interesse para o ortodontista, podemos ressaltar, as técnicas:- periapical; interproximal e oclusal. Quanto às técnicas extra-bucais, destacamos:- a pantomografia (panorâmica); as telerradiografias em norma lateral, frontal e oblíqüa; a técnica para mão e punho e as radiografias da Articulação Temporo-Mandibular. Técnicas Intra-Bucais 1. - Periapicais: Indicações: 1.1. Avaliar o tipo e quantidade de absorção radicular nos dentes decíduos; 1.2. Analisar o tamanho, forma e número dos dentes decíduos e permanentes; 1.3. Verificar as condições dos tecidos de suporte; 1.4. Analisar a morfologia e a inclinação das raízes dos dentes permanentes; 1.5. Observar o relacionamento entre a coroa dos dentes permanentes e as raízes dos decíduos; 1
1.6. Verificar a presença de afecções patológicas bucais, tais como: cáries, aumento do espaço periodontal, infecções apicais, fraturas radiculares, cistos e raízes residuais, etc.; 1.7. Relacionar más-posições e inclusões dentárias com a falta de espaço; 1.8. Localizar dentes supra e/ou extranumerários; 1.9. Na análise da discrepância de modelo durante a fase de dentição mista. 2. Oclusal: É uma técnica complementar a periapical. Indicações: 2.1. Possibilita relacionar o germe dentário com as estruturas vizinhas; 2.2. Muito utilizada na verificação da posição de caninos inclusos para propostas de tracionamento; 2.3. Avaliar a abertura da sutura palatina mediana em casos de disjunção maxilar. 3. Interproximal: Indicações: 3.1.Na avaliação de cáries interproximais em início de formação, com maior detalhe e menor ampliação. Técnicas Extra-bucais 4. Pantomografias (Panorâmicas): Em uma única radiografia e com menor tempo de exposição conseguimos examinar todo complexo orofacial e adjacências. 2
Indicações: 4.1.Avaliação do desenvolvimento da oclusão, rizólise dos dentes decíduos, rizogênese dos permanentes e a via de erupção de dentes decíduos e permanentes. 4.2.Analisar a presença de dentes extra e/ou supranumerários, oligodontias, poliodontias, dentes mal formados, etc.; 4.3.Verificar a presença de patologias dentárias e/ou ósseas, fraturas e a sanidade dos tecidos de suporte; 4.4.Na programação de extrações na dentição mista (extrações seriadas); 4.5.No estudo de reabsorções radiculares antes, durante ou após o tratamento ortodôntico; 4.6.Avaliação inicial da ATM. 5. Telerradiografias em norma lateral: É uma técnica padronizada que nos permite estudar toda região oro-buco-facial de um mesmo paciente em épocas diferentes, com o mesmo posicionamento da cabeça, através de um cefalostato. Por meio dessas radiografias, podemos avaliar as estruturas anatômicas de um indivíduo e suas modificações através do tempo. Isso de chama CEFALOMETRIA. Para MOYERS, a cefalometria é a técnica que consiste em resumir as complexidades da cabeça humana dentro de um esquema geométrico. È o instrumento que nos possibilita lidar com as variações na estrutura crânio-facial. A informação para a cefalometria é a Biologia; o resultado é a Geometria. A Cefalometria nos permite avaliar:- 5.1.A quantidade e a direção de crescimento das estruturas que compõem o complexo crânio-facial; 5.2.A presença de anomalias crânio-faciais; 5.3.O tipo facial do indivíduo; 5.4.O relacionamento entre estruturas anatômicas: - bases ósseas x base craniana; - bases ósseas entre si; 3
- bases ósseas x complexo dento-alveolar; - base craniana x complexo dento-alveolar; - perfil mole x bases ósseas. 5.5.O espaço oro-faríngeo; 5.6.Classificação da má-oclusão; 5.7.Predição de crescimento; 5.8.Estudo e reestudo de casos clínicos. 6. Telerradiografia oblíqüa (45 graus) : Permite analisar: 6.1.A posição de dentes permanentes em relação aos decíduos; 6.2.A erupção de terceiros molares; 6.3.Época de erupção dos dentes permanentes; 6.4.O tamanho real dos dentes para determinação da discrepância de modelo, como substituta as periapicais; 6.5.Programação de extrações na dentição mista. 7. Telerradiografia frontal (PA): Permite analisar: 7.1.Avaliação de assimetrias ósseas laterais e desvios maxilomandibulares (mordidas cruzadas); 7.2.Avaliação da abertura maxilar e nasal nas disjunções palatinas. 8. Radiografias da mão e punho: Permitem avaliar a maturação esquelética em função da idade do paciente. Idade cronológica x Idade óssea. 4
Indicações:- 8.1.Avaliação do padrão de crescimento; 8.2.Determinação do estágio de desenvolvimento ósseo em relação ao surto de crescimento puberal; 8.3.Diagnosticar a presença de adenopatias sexuais, tais como: hipotireoidismo precoce ou puberdade precoce. O padrão de crescimento se constitui do nível de maturação óssea e a velocidade de maturação. O nível de maturação é a fase de desenvolvimento ósseo que o indivíduo atingiu. É dado através da comparação com um padrão (Atlas de GREWLICH & PYLE). A velocidade de maturação é o crescimento do indivíduo por unidade de tempo. Na puberdade existe um surto de crescimento que se manifesta na face à semelhança de sua manifestação em altura corporal, com duração média de 2 anos. Este surto apresenta um pico de velocidade que separa duas fases distintas, uma acelerada e outra retardada de velocidade de crescimento. Assim, existe uma grande correlação entre a altura, a idade óssea e o crescimento facial. A idade óssea sofre influência: - do sexo (mulheres se desenvolvem mais precocemente); - genética (compara com irmãos ou primos); - autossômica (fatores ambientais, étnicos e a estação do ano) 9. Radiografias da ATM: As radiografias da Articulação Temporo-Mandibular apresentam, atualmente, vital importância para quase todas especialidades que têm o seu campo de ação no complexo buco-maxilo-facial. Em alguns casos especiais, a radiografia da ATM pode promover dados suficientes para complementar um diagnóstico das alterações na oclusão e seus efeitos patológicos sobre a articulação. 5
Forma, posição, relação do côndilo com estruturas vizinhas, patologias e anatomia macroscópica alterada grau e direção do movimento condilar, forma do tubérculo articular, grau de movimento vertical e Anteroposterior do côndilo em relação ao tubérculo articular, etc., são exemplos do que estas radiografias nos proporcionam estudar. Tipos de radiografias utilizadas: - pantomografias (panorâmicas); - trans-craniana; - oblíqüa-lateral; - lateral; - antero-posterior; - tomografia; - xerorradiografias; - radiografias com traçadores nucleares. 6
10. Referência Bibliográfica: ARAÚJO, m.c.m. Ortodontia para clínicos. 3ª ed., São Paulo, Editora Santos. 1986, p. 286. BRUSOLA, J.C. Ortodontia clínica. Barcelona, Editora Salvat. 1989, p. 161-4. FREITAS, A.; ROSA, J. E.; SOUZA, I. F. Radiologia odontológica. São Paulo, Editora Artes Médicas. 1984, p. 167-9. MARTINS, J. C. R. & SAKIMA, T. Considerações sobre a previsão do surto de crescimento puberal. Ortodontia, 10(3): 164-70, Set./Dez., 1977. MOLINA, O. F. Fisiopatologia craniomandibular. São Paulo. Editora Pancast, 1989, p. 453-87. MOYERS, R. E. Ortodontia. 4ª ed. Trad. Por Sonia Pellizer Franck e outros. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 1991, p. 209-10. SILVA FILHO, o. g. Cefalometria radiográfica. Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais. Bauru. Universidade de São Paulo. 1984. STRANG, R. H. W. Tratado de Ortodoncia. 3ª ed., Buenos Aires. Bibliográfica Argentina. 1957, p. 852. Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic Disciplina de Ortodontia 27 de Abril de 2.009 Prof. HÉLIO ALMEIDA DE MORAES. 3º Ano - 5º Período - 2.009 7