j,511. PODER JUDICIÁRIO HABEAS CORPUS N. 999.2011.000003-4/001 CAPITAL Relator : Desembargador Joás de Brito Pereira Filho Impetrante : Gustavo Botto Barros Felix (OAB/PB 11.593) Pacientes : C. M. dos S. e F. T. de L. HABEAS CORPUS Tráfico de drogas Estatuto da Criança e Adolescente Internação provisória Apontado excesso de prazo Coação ilegal não evidenciada Denegação. "(...) É possível a extrapolação do prazo do art. 108, do ECA, tendo em vista a gravidade do ato infracional praticado, ao efeito de resguardar a segurança do adolescente bem como a ordem pública. ORDEM DENEGADA. (TJRS. HC 70031650229, 7' C. Cível, Rel.: Ricardo Raupp Ruschel, J. em 24/08/2009). Ordem denegada. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de habeas corpus acima identificados: ACORDA a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, por votação unânime, em denegar a ordem. RELATÓRIO e Cuida-se de ação de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrada por Gustavo Botto Barros Felix em prol de C. M. dos S. e F. T. de L., menores, apontando como autoridade coatora a Juíza de Direito da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Bayeux. Argumenta que os pacientes, internados provisoriamente desde o dia 10.11.2010, suportam ilegal constrangimento, posto que "encontram-se presos em prazo superior ao permitido legalmente" (f 1. 03). Requer, com isso, o deferimento da liminar requerida, visando a expedição de alvará de soltura em benefício dos internos, e sua posterior confirmação, por ocasião do julgamento do mérito do writ. 1 Wo-
4 PODER JUDICIÁRIO Não conhecido o pedido de liminar formulado (fls. 24/25), e tendo sido prestadas as informações (fls. 29/30), os autos foram encaminhados à Procuradoria de Justiça, que se manifestou pela denegação da ordem (ft. 35/36). É o relatório. V O T O: O EXMO. DESEMBARGADOR JOÁS DE BRITO PEREIRA FILHO Aduz o impetrante que "os menores encontram-se presos em prazo superior ao permitido legalmente" (fl. 03), já que, segundo dispõe o art. 108 do Estatuto da Criança e do Adolescente, antes de proferida sentença, a internáção provisória poderá ser determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias. No caso dos autos, o recolhimento remonta a 10.11.2010. A ordem, no entanto, não deve ser concedida. É que, segundo entendimento jurisprudencial ao qual me filio, o prazo previsto no art. 108 do ECA poderá ser extrapolado, considerando-se as vicissitudes do caso concreto. Vejamos: "(...) É possível a extrapolação do prazo do art. 108, do ECA, tendo em vista a gravidade do ato infracional praticado, ao efeito de resguardar a segurança do adolescente bem como a ordem pública. (...)" (TJRS. HC 70031650229, r C. Cível, Rel.: Ricardo Raupp Ruschel, J. em 24/08/2009). "(...) A luz da jurisprudência pátria, é possível, em situação excepcional, prorrogar a INTERNAÇÃO PROVISÓRIA, inicialmente fixada em 45 dias, dada a alta gravidade do ato infracional e para a garantia da ordem pública, o interesse social e a proteção dos menores. (...)". (TJSC. HC 2009.009717-2. Rel. Salete Silva Sommariva. 2 C. Criminal. Data: 12/06/2009). Esta Câmara Criminal, inclusive, já se manifestou no mesmo sentido, consoante aresto adiante transcrito, litteris: "HABEAS CORPUS. Adolescente. Ato infracional similar ao previsto no art. 121, 2 0, inciso II, do Código Penal. Internação provisória. Excesso de prazo. Presentes os requisitos autorizadores. Periculosidade do agente e gravidade do evento. Feito com trâmite regular. Necessidade de Plfi 2
PODER JUDICIÁRIO prorrogação da medida. Denegação do mandamos. - Embora extrapolado o prazo da internação provisória art. 108, ECA, o processo teve seu trâmite regular e, em vista da gravidade do fato cometido, é razoável a flexibilização do aludido prazo. - Pelo que, entendo aceitável, neste caso, a prorrogação da medida, mesmo superado o prazo de 45 quarenta e cinco dias para a conclusão da representação, ante a gravidade do ato infracional, a periculosidade do agente, bem como o trâmite regular do feito." (TJPB - Acórdão do processo n 12120070007012001 - Órgão (Câmara Criminal) - Relator DES. ANTONIO CARLOS COELHO DA FRANCA - j. em 19/06/2007). Como se vê, embora o art. 108 do ECA disponha que a internação antes de proferida a sentença deve ser de 45 (quarenta e cinco) dias, a jurisprudência tem se manifestado pela possibilidade de extrapolação desse prazo, mormente se levadas em consideração a gravidade da conduta e a periculosidade do agente, bem como a necessidade da medida para fins de garantia da ordem pública. Esta é, exatamente, a hipótese dos autos. É que, segundo informou a autoridade impetrada (fls. 29/30), os pacientes são "infratores contumazes" (fl. 30) e sua manutenção no CEA é medida imperiosa, para fins de garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal. Disse mais o douto magistrado a quo, verbis: "Nesta comarca, os adolescentes respondem pelo crime de tráfico de drogas, respondendo, outrossim, em outras comarcas, a representações, principalmente na vizinha comarca de Goiana-PE, inclusive há mandado de busca e apreensão às fls. 1451146 dos autos do procedimento que aqui respondem, conforme cópia anexa (doc. 01), pela prática de homicídio, bem como há notícias de que respondem a outra representação em Santa Rita-PB. Outrossim, como já mencionado, há mandado de busca e apreensão face a prática de crime de homicídio pelos representadosa (sic) comarca de Goiana-PE. Colocá-los em liberdade é uma ameaça à aplicação da lei (ECA), é dá (sic) carta branca para o cometimento de novos delitos, pois o que estimula o crime é a impunidade. 3
PODER JUDICIÁRIO O escesso (sic) de prazo, no presente feito, não é motivo para a liberação dos menores, devendo a internação ser mantida, uma vez que respondem a outros procedimentos como acima salientado. Ademais, a aplicação da lei restaria comprometida, caso fossem liberados". (fts. 29/30). Como se vê, o ato infracional em tese praticado pelos menores tráfico de drogas é grave. Não fosse o bastante, segundo informou a autoridade coatora, os pacientes demonstram elevado grau de periculosidade, tanto que contra eles pesa representação peto crime de homicídio, tendo sido, inclusive, expedido mandado de busca a apreensão pelo Juízo da 2' Vara da comarca de Goiana-PE (fls. 31/32). Mencione-se, ainda, que "há noticias de que respondem a outra representação em Santa Rita-PB" (f E. 29). A hipótese dos autos, portanto, se insere nas circunstâncias excepcionais que autorizam, segundo a jurisprudência retro transcrita, a prorrogação do prazo da internação provisória. Isto posto, DENEGO a ordem impetrada. É como voto. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Leôncio Teixeira Câmara, e dele participaram os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Joás de Brito Pereira Filho (Relator), Arnóbio Aves Teodósio e João Benedito da Silva. SALA DE SESSÕES "DES. M. TAIGY DE QUEIROZ MELO FILHO" DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA, em João Pessoa, Capital, aos 03 (três) dias do mês de fevereiro do ano de 2011. Desembargador iode ' Joás :vit. Pereira F. o - RELA OR 4
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