UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Karine Harumi Sasaki PIRACICABA, SP. 2009

KARINE HARUMI SASAKI DOAR X DFC Monografia apresentada em cumprimento às exigências curriculares do Curso de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba, área de concentração em Contabilidade Gerencial. Orientadora: Profa. Ms. Maria José Zen PIRACICABA, SP. 2009

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...07 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS...13 2.1 Lei das Sociedades por Ações...14 2.1.1 Lei 6.404/76...14 2.1.2 Lei 11.638/2007... 15 2.2 Demonstrativos Contábeis...16 2.2.1 Balanço patrimonial...17 2.2.2 Demonstração do resultado do exercício...18 2.2.3 Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados...19 2.2.4 Demonstração das mutações do patrimônio líquido...20 2.2.5 Demonstração das origens e aplicações de recursos...21 2.2.6 Demonstração dos fluxos de caixa...22 2.2.7 Demonstração do valor adicionado...22 3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS... 25 3.1 Capital circulante líquido... 26 3.2 Origens... 27 3.3 Aplicações... 27 3.4 Estrutura... 28 4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA... 30 4.1 Métodos de elaboração...31 4.1.1 Apresentação de uma demonstração de fluxo de caixa...32 4.1.2 Método direto... 35 4.1.3 Método indireto...36 5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DFC SOBRE A DOAR... 38 5.1 Vantagens e desvantagens da DOAR...38 5.2 Vantagens e desvantagens da DFC... 40 6 CONCLUSÃO... 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...46

KARINE HARUMI SASAKI ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS E A DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Monografia julgada adequada para aprovação na disciplina Monografia II do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba Prof(a). Ms. Miltes Angelita M. Martins Coordenador(a) do Curso Componentes da banca: Presidente: Prof(a). Ms. Maria José de C. M. De Zen (orientador(a)) Prof(a). Ms. Elaine Dias Prof(a). Ms. Geraldo Romanini Piracicaba, 25 de novembro de 2009.

Dedico esta obra à minha família que tanto me apoiou durante toda a trajetória.

AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, pelo privilégio da vida. Agradeço a minha orientadora Profa. Ms. Maria José de C. M. De Zen pela atenção dada no decorrer da elaboração do presente trabalho. Aos meus pais, pela compreensão e paciência durante a pesquisa. Ao Luis Alberto, meu companheiro, por estar ao meu lado em todos os momentos. Às minhas amigas, Geisa, Gisele, Mariana, Franciele, Érica e Renata, pelas alegrias e lágrimas compartilhadas. Enfim, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a finalização de mais um projeto da minha vida.

RESUMO Este trabalho teve por objetivo analisar de forma comparativa a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Foi desenvolvido através de uma pesquisa descritiva bibliográfica com o levantamento de artigos recentes sobre o assunto e com abordagem qualitativa. O estudo revela que ambas as demonstrações apresentam aspectos positivos e negativos quanto a sua análise separada e que podem influenciar numa interpretação inadequada da situação econômica e financeira da empresa. A dificuldade encontrada pelos usuários das demonstrações em compreender a DOAR e, por outro lado, a apresentação em uma linguagem mais simples divulgada na DFC, torna-a mais atrativa, além desta última permitir a comparação dos investimentos, pois já é adotada em outros países. No entanto, a facilidade em manipular este último relatório, torna suas informações duvidosas. Diante destes fatos, conclui-se que, a análise conjunta das demonstrações, apresenta um maior leque de informações para dar suporte na tomada de decisão, quer seja do gestor, do investidor ou de qualquer outro usuário das informações geradas. Palavras chave: Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR); Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Lei 11.638/2007.

8 1 INTRODUÇÃO A contabilidade existe há mais de dez mil anos e partiu da necessidade de mensurar e relatar os recursos das organizações. Com o desenvolvimento social e econômico surgem os primeiros sistemas de contabilização, utilizando partidas dobradas, empregados pelos comerciantes para controlar suas operações. Este sistema passa a ser muito utilizado, espalhando-se pelo mundo. Com a disseminação do sistema, surge uma ampla gama de padrões contábeis que são adequados a realidade de cada nação. Dentre os fatores que influenciam estes padrões, podemos citar a atividade econômica, o grau de desenvolvimento da economia, a necessidade dos usuários das informações e a legislação vigente. No entanto, a variedade de padrões, dificulta a análise e interpretação das informações contábeis pelos usuários externos. No mundo globalizado dos negócios há a necessidade de informações cada vez mais rápidas e precisas. Em busca de sanar esta necessidade do mercado, recentemente, tem se ouvido falar muito sobre a padronização das normas contábeis, fato que facilitará a compreensão das informações geradas pelos empresários, investidores, acionistas, analistas e demais usuários, visto que se pretende unificar a linguagem contábil. Recentemente, os padrões de relatórios financeiros internacionais (International Financial Reporting Standards) emitidos pelo IASB (International Accounting Standards Board) passaram a ser utilizados por muitos países, especialmente pelos europeus. No Brasil, de acordo com a Lei nº 6.404/76 em seu artigo 176, é obrigatória a apresentação das seguintes demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstrações de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).

9 Na busca por se adequar aos padrões internacionais de contabilidade, a partir de 01.01.2008 com a alteração da Lei nº 11.638/07, a DOAR é substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e é acrescentada também como obrigatória, a apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), no caso de companhia com capital aberto. Para regulamentar a convergência das normas contábeis brasileiras de acordo com as normas internacionais, foi criado no Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Diante destas alterações, muito tem se discutido a respeito das vantagens e desvantagens da substituição da DOAR pela DFC, fato que será tratado ao longo deste trabalho. Problema da pesquisa A globalização no mundo dos negócios implica a necessidade de uma padronização dos relatórios contábeis para que haja maior transparência, credibilidade e facilidade para os investidores analisarem as oportunidades oferecidas pelo mercado. Assim, em 28 de dezembro de 2007 o Presidente da República do Brasil, sancionou a Lei 11.638, que abrange as sociedades anônimas e as empresas de grande porte. Dentre as alterações, inclui-se a obrigatoriedade da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) em substituição à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). Nas normas brasileiras, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos tem por objetivo apresentar as modificações ocorridas na posição financeira de curto prazo da empresa, ou seja, no capital circulante líquido da entidade, demonstrando a movimentação relativa às operações de financiamento (origens) e investimento (aplicações) da entidade. Nas normas internacionais, de acordo com o IAS 7, a principal finalidade da demonstração do fluxo de caixa é a de fornecer uma informação sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da entidade durante um determinado período. Secundariamente, ela objetiva fornecer a compreensão das atividades de

10 investimento e financiamento de uma entidade. Dessa forma, a demonstração do fluxo de caixa auxilia os investidores e os credores a avaliar: A capacidade de geração de fluxos futuros de caixa positivos; A capacidade de cumprir suas obrigações e pagar dividendos; As razões para a diferença entre o resultado do exercício e os recebimentos e pagamentos de caixa; Os aspectos caixa e não-caixa das transações de investimento e financiamento da entidade. Segundo Santos, Schimidt e Fernandes (2006), a DOAR apresenta a diferença entre os ativos e passivos circulantes e por isso, sua informação é mais ampla do que a DFC que apresenta somente a variação ocorrida nas disponibilidades. Entretanto, a maioria dos países acredita que a DFC é mais útil devido a fácil compreensão do seu conceito. Para Ribeiro (2005) está claro que a DOAR é uma demonstração rica em informações, porém de difícil compreensão pela maioria dos investidores que atuam no mercado de capitais, normalmente desprovidos de conhecimentos contábeis. Assim, a DFC, por utilizar linguagem e conceitos mais simples, surge como instrumento mais acessível à maioria dos usuários das demonstrações contábeis. Ambas as demonstrações são importantes e geram informações diferentes. Dentro desse contexto, questionam se: quais as vantagens e desvantagens apresentadas pela Demonstração dos Fluxos de Caixa em relação à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos? Objetivos do estudo Objetivo geral

11 O presente trabalho tem por objetivo demonstrar as informações geradas através das duas demonstrações e fazer uma análise comparativa entre as vantagens e desvantagens oferecidas pela DFC em relação a DOAR. Objetivos específicos estruturas; Falar sobre as demonstrações contábeis, seus objetivos e Analisar a estrutura e as informações geradas pela Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR); Analisar a estrutura e as informações geradas pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); Fazer uma comparação entre as informações geradas por ambas as demonstrações. Justificativa do estudo Alterações na lei exigem das empresas uma rápida adequação aos novos padrões. Nesse sentido, a Lei 11.638/2007 veio a alterar a redação do artigo 176, tornando obrigatória a apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa em substituição a DOAR, anteriormente obrigatória. Para Luz (2009), os profissionais da área da contabilidade iniciaram o ano de 2009 com muito trabalho, com a responsabilidade de colocar em prática os novos conceitos introduzidos pela Lei a fim de atingir uma harmonização contábil de acordo com os padrões internacionais. Enquanto pesquisadores defensores da DOAR tentam evidenciar sua importância e riqueza de informações, os adeptos da DFC, afirmam que esta

12 última, é de mais fácil compreensão até mesmo para os usuários que não possuem conhecimento sobre contabilidade. Diante deste cenário, um estudo aprofundado sobre o assunto, permitirá compreender as demonstrações, analisar as informações geradas e comparar as vantagens e desvantagens desta substituição e servirá como auxílio aos profissionais e pesquisadores do assunto. Para a autora, esta pesquisa permitirá o aprofundamento do conhecimento acerca do assunto delimitado e se justifica por se tratar de uma norma internacional cuja área possui interesse particular. Metodologia Segundo Beuren (2004, p. 53), a palavra metodologia tem diferentes sentidos, mas sempre está relacionada ao método e aos procedimentos. Lakatos e Marconi (1985, p. 41-42) conceituam método como, [...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Assim, a metodologia, deve servir como um guia para atingir um fim. Para Beuren (2004, p. 77) a maneira pela qual um problema é concebido e estruturado, para ser investigado, afetará os resultados da pesquisa, inclusive poderão ser alcançadas respostas diferentes. Diante desta afirmação, fica evidente a importância de ter seus métodos definidos claramente para que o resultado esperado seja alcançado. Beuren (2004, p. 79) agrupa as tipologias de delineamentos em três categorias: pesquisa quanto aos objetivos, pesquisa quanto aos procedimentos e pesquisa quanto à abordagem do problema. Segundo Beuren (2004, p. 80) quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como exploratória, descritiva ou explicativa.

13 A pesquisa exploratória é caracterizada quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada, buscando-se conhecer o assunto com profundidade, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a condução da pesquisa. Já a pesquisa descritiva, tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis (BEUREN, 2004). Beuren (2004, p. 80) define a pesquisa explicativa como aquela que visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Para o desenvolvimento desse trabalho foi utilizada a pesquisa descritiva, pois identifica e descreve as características das demonstrações contábeis, realizando uma comparação entre as informações geradas. Beuren (2004, p. 83) destaca ainda que os procedimentos de investigação podem ser: estudo de caso, pesquisa de levantamento, pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa participante e pesquisa experimental. Portanto, quanto aos procedimentos de pesquisa, o presente trabalho por ser de natureza teórica, se desenvolveu por meio de pesquisa bibliográfica sobre as demonstrações financeiras. Quanto à abordagem do problema, de acordo com Beuren (2004, p. 91), a pesquisa pode ser: Qualitativa [...] intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando uma margem de segurança [...] Quantitativa [...] concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado [...] O presente trabalho pretende fazer uma comparação entre as vantagens e desvantagens da DFC sobre a DOAR, sendo a abordagem qualitativa a mais adequada.

14 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações contábeis são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhes são confiados. Para atingir esse objetivo, as demonstrações contábeis fornecem informações sobre os seguintes aspectos de uma entidade: a) Ativos; b) Passivos; c) Patrimônio líquido; d) Receitas, despesas, ganhos e perdas; e e) Fluxo financeiro (fluxos de caixa ou das origens e aplicações de recursos). A análise das demonstrações permite ao usuário conhecer melhor a situação financeira e econômica da empresa, além de facilitar a tomada de decisão sobre onde investir.

15 2.1 Lei das Sociedades por Ações No Brasil, as sociedades em geral são regulamentadas pelo Novo Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Contudo, as sociedades anônimas possuem uma norma específica denominada Lei das Sociedades por Ações e, as companhias de capital aberto são também regulamentadas pela Comissão de Valores Imobiliários, a CVM. Devido as alterações promulgadas pela Lei 11.638/2007 foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, CPC, através da Resolução CFC 1.055/05, e este tem como objetivo: [...] o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e à uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais. 2.1.1 Lei 6.404/76 Em 15 de dezembro de 1976, o Presidente da República do Brasil, sancionou a Lei nº 6.404, que dispõe sobre as sociedades por ações. obrigatórias: O artigo 176 desta Lei estabelecia as demonstrações financeiras Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I balanço patrimonial; II demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III demonstração do resultado do exercício; e IV demonstração das origens e aplicações de recursos

16 2.1.2 Lei 11.638/07 A contabilidade por ser considerada a linguagem dos negócios é a fonte dos principais agentes econômicos na busca por informações sobre o desempenho empresarial e avaliação de risco para se realizar investimentos. No entanto, essa não é uma linguagem homogênea em termos internacionais, pois cada país apresenta seus relatórios baseados em suas práticas contábeis. Isso significa que, o resultado apurado por uma empresa brasileira não será o mesmo se adotadas as práticas contábeis de outros países. Segundo Reis, Marion e Iudícibus (2008), a revisão da parte contábil da lei das sociedades por ações é justificada pelos seguintes motivos: a. o surgimento de uma nova realidade econômica no Brasil, bem diferente daquela existente em 1976 quando a lei 6.404 foi criada; b. processo de globalização das economias, de abertura de capitais, com expressivo fluxo de capitais ingressando no país e com as empresas brasileiras captando recursos no exterior. Uma linguagem homogênea facilita a compreensão dos resultados obtidos em qualquer país, tornando as demonstrações financeiras mais transparentes e transformando-se em uma poderosa ferramenta de auxílio aos investidores estrangeiros. Assim, em 28 de dezembro de 2007, o Presidente da República, sancionou a Lei 11.638 que altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. São consideradas de grande porte, a sociedade ou o conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões. Dentre as várias alterações implementadas pela Lei 11.638/2007, cabe ressaltar a alteração das exigências quanto à obrigatoriedade das demonstrações financeiras, cuja diretoria deverá apresentar ao final de cada exercício social as seguintes: I balanço patrimonial; II demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III demonstração do resultado do exercício; e

17 IV demonstração dos fluxos de caixa (em substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos. V se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. Na visão de Reis, Marion e Iudícibus (2008), Hoje em dia, a necessidade de mudanças na lei 6.404 é ainda mais urgente, pois, no mundo existe uma poupança de trilhões de dólares aguardando países nichos de oportunidades de investimentos. Para isso, o País precisa estar dotado de uma regulação contábil que favoreça a comparabilidade entre demonstrações financeiras, dentro do País, e de empresas nacionais com estrangeiras, a fim de que possuidores da poupança possam alocá-la de forma racional. Segundo Leite (2006), os investidores são atraídos para os mercados que conhecem e nos quais confiam. Ao apresentar suas demonstrações de acordo com as normas contábeis reconhecidas internacionalmente, a empresa tem significativas vantagens sobre as demais, pois suas informações contábeis estarão de acordo com os padrões de alta qualidade o que permite maior transparência e comparabilidade das informações, melhorando a compreensão, reduzindo os riscos do investimento e o custo do capital. Para Villela (2007), a harmonização das normas contábeis é um processo que preserva as particularidades de cada país e ao mesmo tempo, permite que a troca de informações com outros países possam ser interpretadas e compreendidas. Este processo não deve ser confundido com o método de padronização, que aborda a uniformização de critérios e não é flexível. 2.2 Demonstrativos contábeis Conforme apresentado no tópico anterior, serão abordados a seguir, os demonstrativos contábeis obrigatórios a partir da Lei 11.638/2007 e a DOAR, cuja publicação deixou de ser exigida.

18 2.2.1 Balanço patrimonial O Balanço Patrimonial é a principal demonstração contábil e reflete a posição financeira em determinado momento [...] como se tirássemos uma foto da empresa e víssemos de uma só vez, todos os bens, valores a receber e valores a pagar [...]. (MARION, 2009, p. 44-45) Segundo a Lei 11.638/07, o Balanço Patrimonial é composto por duas partes: Ativo e Passivo, sendo que no Ativo encontram-se os bens e os direitos, enquanto no Passivo encontram-se as obrigações e o Patrimônio Líquido. As partes do Balanço Patrimonial, ainda podem ser definidas como Origens de Recursos, representadas pelo Passivo, indicando de onde provém o financiamento de suas operações, e Aplicações de Recursos, representada pelo Ativo da empresa, ou seja, onde foram investidos seus recursos. Sob outra ótica, pode-se considerar o Passivo subdividido em Capital de Terceiros, composto pelo Passivo, e Capital Próprio, seu Patrimônio Líquido e, o Ativo como Investimentos. O Balanço Patrimonial deve ser estruturado observando-se a disciplina contida nos artigos 178 a 182 da Lei 6.404/76: Art.178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquides dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I - Ativo Circulante; e II - Ativo Não Circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível que compreende os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte; 2º No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I - Passivo Circulante; II - Passivo não circulante; III - Patrimônio Líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente. Quanto à elaboração do Balanço Patrimonial, houve alteração quanto a criação da conta Intangível, no Ativo Permanente, foram eliminadas do

19 Patrimônio Liquido, as contas Reservas de Reavaliação e Lucros Acumulados, e foram acrescentadas as contas Ajustes de Avaliação Patrimonial e Ações em Tesouraria. De acordo com Matarazzo (2007) é preciso lembrar que o balanço mostra apenas os fatos mensuráveis em dinheiro, deixando de lado, por exemplo, marca, imagem, tecnologia etc. Quadro 1: Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO CIRCULANTE Disponível Estoques Total do Circulante NÃO CIRCULANTE Investimentos Imobilizado Intangível Total do Permanente TOTAL DO ATIVO Fonte: MARION (2009) CIRCULANTE Fornecedores NÃO CIRCULANTE Financiamentos (ELP) PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital TOTAL DO PASSIVO 2.2.2 Demonstração do resultado do exercício Segundo Matarazzo (2007) a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) [...] é uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. Essa demonstração, observado o princípio da competência, evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e despesas (NBC T 3). As receitas representam normalmente aumento do Ativo, através de ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumento o Patrimônio Líquido. As Despesas representam redução do Patrimônio Líquido, através de um entre dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível (MATARAZZO, 2007,p. 45). Por meio dessa demonstração, é possível verificar o resultado que a empresa obteve (lucro ou prejuízo) no desenvolvimento de suas atividades durante determinado período, geralmente igual a um ano.

20 A Demonstração do Resultado retrata apenas o fluxo econômico, sendo assim, para sua elaboração, não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta que ela afete o Patrimônio Líquido da empresa para constar neste relatório. Resultado do Exercício. A seguir, no quadro 2, tem-se um modelo da Demonstração do Quadro 2: Demonstração do resultado do exercício RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS (-) Devoluções (-) Abatimentos (-) Impostos (=) Receita Líquida das Vendas e Serviços (-) Custo das Mercadorias e Serviços Vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas com Vendas (-) Despesas Financeiras (deduzidas das Receitas Financeiras) (-) Despesas Gerais e Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais (=) Lucro ou Prejuízo Operacional (+) Receitas não Operacionais (-) Despesas não operacionais (+) Saldo da Correção Monetária (=) Resultado do Exercício antes do Imposto de Renda (-) Imposto de Renda e Contribuição Social (-) Participações de Debêntures (-) Participação dos Empregados (-) Participação de Administradores e Partes Beneficiárias (-) Contribuições para Instituições ou Fundo de Assistência ou Previdência de Empregados (=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício (=) Lucro ou Prejuízo por Ação Fonte: Matarazzo (2007) Ao final deste relatório, é possível obter o lucro ou prejuízo por ação (Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício/número de ações), cujo resultado é muito importante para o investidor poder avaliar o rendimento ou prejuízo de seu investimento. 2.2.3 Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) é um relatório contábil destinado a evidenciar, num determinado período, as mutações ocorridas nos resultados acumulados da entidade.

21 Portanto, a DLPA evidencia o lucro apurado no exercício e sua destinação (para constituição de reservas, compensação de prejuízos, incorporação ao capital ou distribuição aos acionistas, em forma de dividendos), bem como os eventos que interferiram no saldo inicial da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, como os ajustes de exercícios anteriores; as reversões de reservas, bem como a parcela dos lucros acumulados de exercícios anteriores que foram incorporados ao capital social (RIBEIRO, 2005, p. 369). A seguir, no quadro 3, tem-se um modelo da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Quadro 3: Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados Saldo no Início do Período (+/-) Ajustes de Exercícios Anteriores (=) Saldo Ajustado (+) Reversões de Reservas: Reserva de contingências Reserva de lucros a realizar Reservas de reavaliação (-) Tributos sobre a reserva de reavaliação (-) Participações sobre a reserva de reavaliação (+) Lucro Líquido do exercício (ou prejuízo) (=) Saldo à Disposição da Assembléia Geral Ordinária/Extraordinária (-) Destinações: Reserva Legal Dividendo preferencial Reserva de lucros a realizar Reserva de contingências Dividendo ordinário Reserva Estatutária Reserva de retenção de lucros (=) Saldo no Final do Período Dividendos por ação Ação preferencial Ação Ordinária Fonte: SANTOS; SCHIMIDT; FERNANDES (2006). 2.2.4 Demonstração das mutações do patrimônio líquido A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é um relatório contábil que visa evidenciar as variações ocorridas em todas as contas que compõem o Patrimônio Líquido em determinado período (NBC T 3). Segundo Santos, Schimidt e Fernandes (2006), esta demonstração é mais [...] completa em termos informacionais do que a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, já que esta está embutida na demonstração das mutações do patrimônio líquido. A seguir no quadro 4, um modelo da DMPL.

22 Quadro 4: Demonstração das mutações do patrimônio líquido Fonte: MATARAZZO (2007). Como mostra o quadro 4, na primeira coluna, devem constar os saldos das contas na data do balanço final do exercício anterior, nas colunas seguintes, deve-se adicionar ou subtrair os movimentos ocorridos em cada conta. A última coluna destina-se ao saldo final, totalizado pelas operações incorridas no exercício. Esta demonstração, ainda é útil e necessária na elaboração da DOAR, visto que parte das mutações, no total do Patrimônio Líquido, representa parcelas que refletem origens ou aplicações de recursos. 2.2.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) é um relatório contábil que tem por objetivo indicar as modificações ocorridas na posição financeira de curto prazo da empresa (RIBEIRO, 2005, p. 394). Traçando-se um paralelo entre o Balanço e a DOAR, pode-se dizer que o Balanço mostra a posição dos investimentos e financiamentos da empresa em determinado momento [...] não torna claro [...] como a empresa passou de determinada posição [...] para outra posição, ou seja, quais os recursos adicionais de que a empresa se utilizou e onde os aplicou [...] através da DOAR é possível conhecer como fluíram os recursos ao longo de um exercício: quais foram os recursos obtidos, qual a participação das transações comerciais no total de recursos gerados, como foram aplicados os novos recursos etc. (MATARAZZO, 2007)

23 A forma de apresentação desta demonstração e suas peculiaridades serão tratadas com maior profundidade no capítulo 3 deste trabalho. 2.2.6 Demonstração dos fluxos de caixa A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é uma demonstração contábil que tem por fim evidenciar as transações ocorridas em determinado período e que provocaram modificações no saldo da conta Caixa (RIBEIRO, 2005, p. 400). Secundariamente, ela objetiva fornecer a compreensão das atividades de investimento e financiamento de uma entidade. Dessa forma, a demonstração do fluxo de caixa auxilia os investidores e os credores a avaliar: A capacidade de geração de fluxos futuros de caixa positivos; A capacidade de cumprir suas obrigações e pagar dividendos; As razões para a diferença entre o resultado do exercício e os recebimentos e pagamentos de caixa; Os aspectos caixa e não-caixa das transações de investimento e financiamento da entidade (SANTOS; SCHIMIDT; FERNANDES, 2006, p. 120) A forma de apresentação desta demonstração e suas peculiaridades serão tratadas com maior profundidade no capítulo 4 deste trabalho. 2.2.7 Demonstração do valor adicionado O artigo 1º da Lei nº 11.638/2007 trouxe alteração no inciso V do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976 criando a obrigatoriedade da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) para as Companhias de capital aberto. De acordo com Azevedo (2008, p. 122) a DVA visa demonstrar o quanto a entidade agrega de valor à economia da sociedade na qual está inserida, relativamente à sua produção e como a riqueza será distribuída entre os principais componentes dessa sociedade. A seguir no quadro 5, um modelo da DVA.

24 Quadro 5: Demonstração do valor adicionado 1 RECEITAS 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa Reversão / (Constituição) 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos impostos ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 Remuneração direta 8.1.2 Benefícios 8.1.3 F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 Federais 8.2.2 Estaduais 8.2.3 Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 Juros 8.3.2 Aluguéis 8.3.3 Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 Dividendos 8.4.3 Lucros retidos / Prejuízo do exercício 8.4.4 Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação) Fonte: CPC 09 A principal diferença entre a DRE e a DVA é que a primeira destinase a evidenciar o lucro gerado para os acionistas da empresa, enquanto a segunda é mais abrangente, pois evidencia a riqueza gerada pertencente à sociedade. Para Marion (2002), esta demonstração é bastante útil, inclusive do ponto de vista macroeconômico, uma vez que o somatório dos valores agregados de um país representa seu Produto interno Bruto (PIB). A importância dessa informação é comprovada no fato de alguns países emergentes somente aceitarem a instalação

25 e a manutenção de uma empresa transnacional se esta demonstrar o valor adicionado que irá produzir. Através da análise deste demonstrativo, pode-se visualizar a riqueza gerada e sua distribuição entre empregados, financiadores, sócios ou acionistas, governo, a parcela destinada ao reinvestimento na empresa e outros.

26 3 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 337) a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, tem por finalidade apresentar de forma ordenada e resumida principalmente as informações relativas às operações de financiamento e investimento da empresa durante o exercício, e evidenciar as alterações na posição financeira da empresa. A posição financeira da empresa é representada pelo Capital Circulante Líquido (CCL) correspondente a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Ribeiro (2005, p. 253) define o objetivo da DOAR como indicador das modificações ocorridas na posição financeira de curto prazo da empresa. A demonstração das origens e aplicações de recursos é a demonstração contábil destinada a evidenciar, num determinado período, as modificações que originaram as variações no capital circulante líquido da Entidade. (NBC T 3.6). Segundo Marion (2002, p. 233), alguns índices extraídos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício terão seu poder de explicação ampliado, quando relacionados à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. A análise da DOAR permite identificarmos quais os tipos de fontes de recurso que alimentam a empresa; qual fonte tem uma participação maior; qual o destino que a administração da empresa está dando para os recursos; qual é o nível de imobilização e de não-imobilização da empresa; qual é o nível de investimentos em outras atividades (não operacional) etc. (MARION, 2002, p. 233)

27 3.1 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO CCL O cálculo do Capital Circulante Líquido é realizado através da diferença ente o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Entretanto, o significado financeiro do CCL, de acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2008, p. 423), é distinto dessa diferença, pode-se visualizar o CCL pela diferença ente fontes de financiamento de longo prazo e de investimento de longo prazo. Caso a empresa tenha fontes de recursos de longo prazo superiores aos investimentos de longo prazo, o CCL será positivo, demonstrando sobra de fontes de financiamento de longo prazo em relação aos investimentos de longo prazo, sendo que essa sobra está necessariamente aplicada em investimento líquido de Curto prazo, indicando a existência de uma folga financeira de curto prazo, que é o significado do CCL. Caso os investimentos de longo prazo sejam superiores às fontes de financiamento de longo prazo, a empresa estará financiamento parte de seus investimentos de longo prazo com recursos de curto prazo, situação que pode afetar a posição financeira da entidade para Iudícibus, Martins e Gelbcke (2008, p. 423). Assaf Neto (2002, p. 152), define o CCL como excedente das aplicações a curto prazo (em ativo circulante) em relação às captações de recursos processadas também a curto prazo (passivo circulante). O capital circulante líquido é uma importante medida de estabilidade financeira, pois se ele é pequeno ou nulo, a empresa perde a capacidade de enfrentar adversidades e recompor seu fluxo de caixa, no entanto, se este for maior, a empresa terá uma maior capacidade de enfrentar e sair de eventuais dificuldades. Cabe lembrar que existem alguns tipos de transações que não afetam o Capital Circulante Líquido, mas que devem ser representadas como origens e aplicações simultaneamente. Pode-se citar como exemplo, a aquisição de bens do Ativo Imobilizado pagáveis a longo prazo, onde registra-se a aplicação devido ao acréscimo do ativo imobilizado e ao mesmo tempo uma origem pelo financiamento obtido a realizar-se em longo prazo.

28 Outro exemplo seria o caso da depreciação, amortização e exaustão, que são classificados como despesas, representam a redução do ativo não circulante e redução do patrimônio liquido, não alterando o valor do ativo e passivo circulantes. 3.2 Origens As origens de recursos correspondem às fontes de financiamentos dos recursos que a empresa possui, ou seja, de onde vieram os recursos que compõem o patrimônio (RIBEIRO, 2005, p. 255). Segundo Ribeiro (2005) as origens se originam três fontes: Das próprias operações compreendendo os lucros apurados pela empresa, no caso da apuração de prejuízo, este deve ser classificado como aplicação de recursos. Dos proprietários através da integralização do capital na constituição da empresa e nos casos de aumento de capital. De terceiros representado pelas obrigações a curto e longo prazo, como por exemplo, na contratação de empréstimos. Cabe ressaltar que nem todos os fatos administrativos interferem na DOAR. Para fazer parte dela, é preciso que este fato provoque direta ou indiretamente modificação no Capital Circulante Liquido (CCL). 3.3 Aplicações Iudícibus, Martins e Gelbcke (2008, p. 423) definem as aplicações de recursos como diminuições do CCL, sendo as mais comuns: Inversões permanentes indicando aquisição de bens do ativo imobilizado, novos investimentos permanentes em outras sociedades e/ ou aplicação de recursos no ativo diferido;

29 Pagamento de empréstimos a longo prazo; e Remuneração dos acionistas distribuição de dividendos. 3.4 Estrutura Para a elaboração da DOAR, é necessário ter em mãos o Balanço Patrimonial findo do exercício, para compor os saldos iniciais das contas, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, que indicará as variações ocorridas no patrimônio líquido da empresa. No quadro 6, observa-se um modelo da DOAR, onde pode-se verificar que esta demonstração é apresentada através de quatro grandes grupos: 1. Origens de recursos onde estão discriminadas as origens, derivadas das operações, dos proprietários ou de terceiros, e apurado o valor total dos recursos obtidos no exercício. 2. Aplicações de recursos onde estão relacionadas as aplicações, também relacionadas de acordo com sua natureza, com a apuração total. 3. Aumento ou diminuição do capital circulante líquido apuração da diferença ente as origens e as aplicações. 4. Variação do capital circulante líquido demonstração dos saldos iniciais e finais do exercício do Ativo e Passivo e a variação dos mesmos. A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, é utilizada para avaliar as empresas em sua gestão de recursos no passado e suas tendências futuras, assim, possibilita aos usuários analisar as origens e aplicações históricas de recursos da empresa, permitindo que haja um planejamento das suas necessidades futuras de recursos.

30 Quadro 6: Demonstração das origens e aplicações de recursos 1. ORIGENS DOS RECURSOS 1.1 Recursos derivados das operações Lucro Líquido do Exercício (+) Depreciação, amortização e exaustão (+) Aumento de REF (-) Diminuição do REF (+) Variação monetária do PELP (-) Variação monetária do ARLP (-) Lucro na equivalência patrimonial (+) Prejuízo na equivalência patrimonial (-) Lucro na venda de bens do AP (+) Prejuízo na venda de bens do AP Total dos recursos das operações 1.2 Recursos derivados dos proprietários Integralização do capital Contribuições para reservas de capital Total dos recursos derivados dos proprietários 1.3 Recursos derivados de terceiros Aumento do Patrimônio Líquido Aumento do Passível Exigível a Longo Prazo Redução do Ativo Realizável a Longo Prazo Diminuição (venda) de investimentos Diminuição (venda) de Imobilizado Total dos recursos derivados de terceiros TOTAL DAS ORIGENS (1.1 + 1.2 + 1.3) 2. APLICAÇÕES DE RECURSOS Dividendos distribuídos Aumento do Ativo Realizável a Longo Prazo Aumento (compra) de Investimentos Aumento (compra) de Imobilizado Aumento do Ativo Diferido Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo TOTAL DAS APLICAÇÕES 3. AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DO CCL (1-2) 4. VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO 4.1 Capital Circulante Líquido inicial Ativo Circulante no início do período (-) Passivo Circulante no início do período (=) Capital Circulante Líquido inicial 4.2 Capital Circulante Líquido Final Ativo Circulante Líquido no final do período (-) Passivo Circulante no final do período (=) Capital Circulante Líquido final 4.3 Variação do CCL (4.2 4.1) Fonte: RIBEIRO (2005)

31 4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA A Demonstração dos fluxos de caixa permite ao administrador melhorar o planejamento financeiro, visto que através deste relatório obtêm-se informações sobre a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa bem como o fluxo financeiro. Para Azevedo (2008, p. 17) o principal objetivo da Demonstração dos Fluxos de Caixa é oferecer aos usuários informações relevantes sobre as entradas e saídas de caixa de uma entidade num determinado período, tornando transparente a sua situação financeira. De acordo com Azevedo (2008), As informações contidas numa demonstração dos fluxos de caixa, quando utilizadas com os dados e informações divulgados nas demonstrações contábeis, destinam-se a ajudar seus usuários a avaliar a geração de fluxos de caixa para o pagamento de obrigações e lucros e dividendos a seus acionistas ou cotistas, ou a identificar as necessidades de financiamento, as razões para as diferenças entre o resultado para o fluxo de caixa líquido originado das atividades operacionais e, finalmente, revelar o efeito das transações de investimentos e financiamentos com a utilização ou não de numerário, sobre a posição financeira. É importante lembrar que as decisões econômicas que serão tomadas pelos usuários ou interessados exigem uma avaliação da capacidade da empresa em gerar caixa para enfrentar os seus compromissos. Para Matarazzo (2007, p. 363), a importância da análise da DFC reside no fato de que quase sempre, os problemas de insolvência ou iliquidez ocorrem por falta de uma administração adequada do fluxo de caixa. A DFC substitui a DOAR e entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2008 pela Lei nº 11.638/2007, artigo 1º, com o objetivo fundamental de atualizar as regras contábeis brasileiras e aprofundar a harmonização destas regras com os

32 pronunciamentos internacionais, em especial os emitidos pelo Internacional Accounting Standards Board (IASB) Conselho de Padrões da Contabilidade Internacional. Para Padoveze (2004, p. 382), além da demonstração da mudança do saldo de caixa da companhia, a DFC abre as variações do CCL, o que nem sempre é evidenciado pela DOAR. A DFC contém a necessidade de Capital de Giro, ferramenta importante para analisar se a empresa possui condições de saldar suas dívidas, receber investimentos, bem como avaliar as situações presentes e futuras de caixa da empresa, tudo para que ela não se aproxime da insolvência (AZEVEDO, 2008, p. 41). 4.1 Métodos de elaboração Existem dois métodos de elaboração da demonstração do fluxo de caixa: o método direto, que é elaborado a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa, e o método indireto, elaborado a partir do lucro ou prejuízo apurado no exercício. No Brasil, o Conselho Federal de Contabilidade, o CFC, por meio da Resolução 1.055/05, aprovou a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, CPC, que dentre outras funções, deve emitir pronunciamentos técnicos sobre os procedimentos de contabilidade. Assim, através do Pronunciamento Técnico CPC 03 Demonstração dos Fluxos de Caixa, objetiva exigir o fornecimento de informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma entidade por meio de uma demonstração que classifique os fluxos de caixa durante os períodos provenientes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A entidade deve divulgar os fluxos de caixa das atividades operacionais, usando: (a) o método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são divulgados; ou (b) o método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos: (i) das transações que não envolvem caixa; (ii) de quaisquer diferimentos ou outras apropriações por competência sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados ou futuros; e (iii) de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financiamento. (CPC 03)

33 Como se pode observar cabe a empresa definir o método pelo qual vai apresentar sua demonstração de fluxo de caixa. Melo e Salotti (2009), afirmam que esse Pronunciamento é uma tradução da IAS 7, incluindo alguns aspectos específicos e exclusivos da realidade brasileira, como por exemplo: a obrigatoriedade da reconciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais; a substituição do termo Imposto de Renda, pela expressão Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. 4.1.1 Apresentação de uma demonstração dos fluxos de caixa A demonstração dos fluxos de caixa de acordo com o CPC 03 deve ser apresentada de forma a evidenciar os fluxos de caixa do período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Alguns termos utilizados pelo CPC 03, são definidos a seguir: Caixa: compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis; Equivalentes de Caixa: são aplicações de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor; Fluxo de caixa: são entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa; Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades diferentes das de investimento e de financiamento; Atividades de investimento: são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa; Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da entidade, não classificadas como atividade operacional. CPC 03. As informações que seguem, são baseadas no pronunciamento do O montante de fluxos de caixa proveniente de atividades operacionais, ou seja, das principais atividades geradoras de receita da entidade, é um indicador chave ao medir se as operações da empresa têm gerado fluxos de caixa suficientes para pagar empréstimos, manter a capacidade operacional da empresa, pagar dividendos e fazer novos investimentos, sem recorrer a fontes

34 externas de financiamento. As informações acerca dos componentes específicos dos fluxos de caixa operacionais históricos são úteis, juntamente com outra informação, na previsão de futuros fluxos de caixa operacionais. Pode-se citar como exemplo, o recebimento de clientes, de dividendos, o pagamento a fornecedores, empregados, dentre outros. Segundo Martins, Iudícibus e Gelbcke (2008), os desembolsos de caixa efetuados em investimentos adquiridos com a intenção de revenda, devem ser classificados como atividades operacionais. O fluxo decorrente das atividades de investimento representa a extensão em que os recursos consumidos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro. Assim, neste grupo, conforme definição dada por Martins, Iudícibus e Gelbcke (2008), são classificados os [...] ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e serviços. A divulgação dos fluxos de caixa resultantes das atividades de financiamento é útil para prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital a entidade. Assim, os dividendos podem ser classificados como fluxo de caixa de financiamento, porque são custos da obtenção de recursos financeiros, segundo Azevedo (2008, p. 46). Os fluxos de caixa referentes a juros, dividendos e juros sobre o capital próprio recebidos e pagos devem ser apresentados separadamente e classificado como decorrentes de atividades operacionais, de investimento ou de financiamento. Os fluxos de caixa referentes a imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido devem ser apresentados separadamente como fluxos de caixa das atividades operacionais, a menos que possam ser especificamente relacionados com atividades de financiamento e de investimento. Quando a contabilização do investimento baseia-se no método da equivalência patrimonial ou no método de custo, a entidade investidora fica limitada a apresentar, na demonstração dos fluxos de caixa, os fluxos de caixa entre a

35 própria entidade investidora e a entidade na qual participe (por exemplo, coligada ou controlada), representados, por exemplo, por dividendos e por adiantamentos. A entidade que contabilize seu investimento em uma entidade de controle conjunto, utilizando a consolidação proporcional, deve incluir em sua demonstração consolidada dos fluxos de caixa sua parte proporcional nos fluxos de caixa da entidade controlada em conjunto. A entidade que contabilize tais investimentos usando o método da equivalência patrimonial deve incluir, em sua demonstração dos fluxos de caixa, os fluxos de caixa referentes a seus investimentos na entidade de controle conjunto e as distribuições de lucros e outros pagamentos ou recebimentos entre a entidade e a entidade de controle conjunto. Os fluxos de caixas totais decorrentes da obtenção e da perda de controle de controladas ou outros negócios devem ser apresentados separadamente e classificados como atividades de investimento. As transações de investimento e financiamento que não envolvem o uso de caixa ou equivalentes de caixa não devem ser incluídas na demonstração dos fluxos de caixa. Estas devem ser divulgadas nas notas explicativas às demonstrações contábeis, de modo que forneçam todas as informações relevantes sobre suas atividades de financiamento e investimento. Segundo o IAS 7, em operações com hedging, se for contabilizado como hedge e sua posição identificável, os fluxos de caixa devem ser classificados da mesma forma que os fluxos de caixa da posição que estiver protegida. Ainda segundo o CPC 03, a entidade deve divulgar em nota explicativa, acompanhada de um comentário da administração, os saldos de caixa e equivalentes que não estejam disponíveis para uso pelo grupo, como por exemplo, quando estes estiverem em poder de controlada que opere em país no qual se apliquem controles cambiais ou restrições legais que impeçam o uso geral dos saldos pela controladora ou outras controladas.