Acompanhamento pré-natal: papel do profissional fisioterapêuta

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Transcrição:

Acompanhamento pré-natal: papel do profissional fisioterapêuta RESUMO Prenatal accompaniment: the role of the physiotherapy professional Michely da Cruz SILVA 1 Priscila da Costa MONTEIRO 2 Daniela de Souza Vial DAHMER 3 Adriana Aparecida CREPALDI 4 Leonardo Monteiro da SILVA 5 Ana Paula de AGUIAR 6 O artigo tem como objetivo mostrar a importância do profissional fisioterapeuta durante a gestação, o pré-natal, o trabalho de parto e no pós-parto. Aplicando métodos fisioterápicos, no preparo do corpo da gestante para o trabalho de parto. Esse artigo é uma revisão literária feita através de buscas utilizando bibliografias, SciELO, LILACS, estudos acadêmicos, onde são comprovados a eficácia quando aplicado os métodos não-farmacológicos em gestantes. Palavras-chave: Pré-natal. Acompanhamento. Recurso Fisioterapêutico. ABSTRACT The article aims to show the importance of the professional physiotherapist during gestation, prenatal, labor and postpartum. Applying physiotherapeutic methods, in the preparation of the pregnant woman's body for labor. This article is a literary review carried out using bibliographies, SciELO, LILACS, academic studies, where the efficacy of non-pharmacological methods in pregnant women is proven. Keywords: Prenatal care. Follow-up. Physiotherapeutic Resource. 1 Acadêmica Faculdade de Fisioterapia ICEC - michelydacruzsilva66@gmail.com 2 Acadêmica Faculdade de Fisioterapia ICEC - prii.morales@hotmail.com 3 Docente na Faculdade FAIPE e Faculdade FASIPE danielasvial@gmail.com 4 Mestre Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru USP. Brasil. adrianacrepald@yahoo.com.br. 5 Especialista em Prótese Dentária e Endodontia. Brasil. leonardomonteirodasilva@hotmail.com 6 Mestre em Ortodontia Uniararas-SP. paulaaguiarodonto@gmail.com. 39

INTRODUÇÃO A maternidade é o início de um novo ciclo na vida da mulher, onde todo o seu organismo vai apresenta mudanças fisiológicas significativas, mesmo com a evolução da medicina nos partos hospitalares, a gestante se sentem angustiadas, apreensiva e despreparadas para a gestação e insegura para o trabalho de parto (TERRA; LOPES; CAETANO, 2015; BIM; PEREGO, 2002). Quando fecundado o óvulo humano, precisa se adaptar ao meio interno, para que o organismo da gestante, alterado profundamente pelas repercussões provenientes deste fenômeno, possa permitir sua possível vivência e nutrição, ocorrendo modificações locais e sistêmicas as locais são imediatas para permitir o desenvolvimento do óvulo e sua proteção. Já as modificações sistêmicas são gradativas e ocorrem para proporcionar o indispensável às alterações metabólicas para a formação dos tecidos e constituição de reservas para a vida neonatal (TERRA; LOPES; CAETANO, 2015). Essas alterações fisiológicas na gestação atingem os limites de capacidade funcional de muitos órgãos maternos, podendo desenvolver ou agravar quadros patológicos pré-existentes, algumas alterações metabólicas podem ocorrem nas gestantes por três fatores principais: o primeiro é o sistema enzimático e hormonal, que tem efeito direto sobre os órgãos reprodutores, condicionando ao mesmo tempo reações colaterais como a retenção hídrica; outro fator é expresso pelo volume e circulação no útero, grandemente aumentados, causando alterações estáticas na mulher, nos fenômenos circulatórios sistêmicos e na respiração; e, por último, o aumento das exigências de oxigênio e elementos nutritivos, que provoca diversos distúrbios no metabolismo materno (HERMIDA, 2000). Nas últimas décadas, a assistência ao pré-natal, ao parto e à maternidade em si tem sido bem diferenciado com a implantação de programas multidisciplinares que auxiliam na preparação da gestante para o parto. Programas esses caracterizados pelo desenvolvimento de métodos educativos, atenção psicológica e preparo físico específico, estão se tornando comuns e cada vez mais procurados pela maioria das gestantes, com o objetivo de assegurar o controle sobre seu corpo e sua gestação, introduzindo-as na prática de exercícios que resultam em equilíbrio físico, psíquico e 40

sensação de bem-estar (DE CONTI et al., 2003). O acompanhamento de um fisioterapeuta durante esta fase é importante para trabalhar as alterações musculoesqueléticas que sua gestação apresentará (BIM; PEREGO, 2002; DALVI; VARGAS, 2010). A gestação é um processo fisiológico que ocorre no organismo da mulher devido suas funções reprodutivas. Requerendo uma adaptação dos processos metabólicos e fisiológicos do corpo da mulher que está sendo preparado e adaptado ao longo da gestação, essas modificações são necessárias para preparação dos músculos do assoalho pélvico materno para o trabalho de parto (RUDGE; CALDERON, 2006; PREVEDEL et al., 2007). Os Principais sinais da gestação são: amenorreia, dores abdominais, cólicas, náuseas, vômitos, aumento do apetite, aumento da sonolência, desde a concepção, e implantação do embrião no útero, levando também a modificações fisiológicas nos sistemas: nervoso, endócrino, cardiovascular, respiratório e urogenitais. As adaptações mais importantes acontecem no sistema cardiorrespiratório, devido ao aumento uterino que modifica a posição de repouso do diafragma e da estrutura torácica limitando a função pulmonar da gestante. O profissional fisioterapeuta pode utilizar a espirometria para avaliação da capacidade cardiorrespiratória da gestante, e se a mesma apresenta uma hematose eficiente para o desenvolvimento do feto. (RETT et al., 2008; CARARA, 2012; COSTA, 2015; COSTA, 2009). Essas adaptações fisiologias no sistema cardiorrespiratória da gestante pode levar ao surgimento de algumas patologias como: edemas; congestão tissular e hipersecreção, levando a uma respiração mais ofegante não interferindo na frequência respiratória; com o volume corrente e a ventilação por minuto aumentada, a capacidade pulmonar total permanece inalterada podendo ser levemente diminuída, ocorrendo um aumento de 15% a 20% no acumulo de oxigênio. Quanto ao sistema cardiovascular, o volume sanguíneo aumenta progressivamente 35% a 50% ao longo da gestação, e retorna aos parâmetros normais entre 6 a 8 semanas após o parto (VIEIRA, 2015; MOURA et al., 2007). Alterações no sistema endócrino, são variadas vai desde o aumento no volume plasmático podendo ocorrer a chamada anemia fisiológica que não é uma anemia 41

verdadeira. A pressão venosa nos membros inferiores aumenta quando se fica de pé, como resultado do aumento do tamanho do útero e aumento da resistência periférica dos vasos sanguíneos, leva ao aumento o coração devido ao movimento do diafragma, distúrbio no ritmo cardíaco são comuns no período gestacional e a pressão arterial pode apresentar quedas bruscas ao longo do período gestacional, retorna aos parâmetros normais 6 semanas após o parto (VIEIRA, 2015; MOURA et al., 2007). O sistema urogenital apresenta adaptações importantes, as uretras passam a um plano perpendicular devido ao alargamento uterino, resultando em refluxo urinário da bexiga para a uretra, havendo assim uma maior probabilidade de desenvolvimento de infecções no trato urinário durante a gravidez (POLDEN; MANTLE, 2000). Portanto o sistema muscular as alterações são de suma importância para o profissional fisioterapeuta, pois os músculos abdominais passam por estiramentos até o ponto de seu limite elástico ao final da gravidez, passando influência hormonais que levam o tecido muscular a uma diminuição sistêmica na força de tensão ligamentar e aumento na mobilidade das estruturas suportadas pelos ligamentos, comprometendo assim a mobilidade articular devido a frouxidão ligamentar, expondo a gestante lesões articulares e de ligamento, especialmente nas articulações que sustenta a coluna, pelve e membros inferiores prevenindo o desenvolvimento de patologia em função dessas alterações fisiológicas (RUDGE; CALDERON, 2006; BRASIL et al., 2005). Patologias podem surgir durante a gestação devido a mudanças fisiológicas como: a hipertensão, devido ao aumento da resistência vascular periférica, acarretando no aumento da pressão arterial para o valor de 140/90mmhg, valor esse considerado fisiológico. Quando a elevação da pressão arterial da gestante é superior e classificada em hipertensão arterial crônica (VIEIRA, 2006; BRASIL et al., 2005). A hipertensão crônica quando não tratada adequadamente pode evoluir para um quadro de pré-eclâmpsia ou até mesmo eclampsia. Outros fatores de risco podem ocorre durante a gravidez como: risco de desenvolver hipertensão arterial sistemática (SHC), diabetes, doenças renais, em mulheres com idade superior a 30 anos, a gestação múltipla pode contribuir para o aumento da pressão arterial, assim 42

como tabagismo, etilismo (BIM; PEREGO, 2002; RUDGE; CALDERON, 2006; BRASIL et al., 2005) As síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) caracterizam uma gestação de alto risco, ocorrendo em 10% a 22% das gestantes, e estando a ela relacionadas as intercorrências clínicas materno fetais, a fisioterapia desempenha um papel importante no tratamento das SHG, principalmente naquelas gestantes que apresentam HAS antes da gestação, pois o exercício aeróbico contribui para que os níveis de pressão arterial sejam controlados, e também cabe ao fisioterapeuta orientar quanto a mudanças nos hábitos de vida, a fim de que os fatores de risco sejam diminuídos (RETT et al., 2009). A prática de exercícios físicos de baixa intensidade vem sendo muito utilizada na prevenção dessas doenças crônicas. A contribuição e orientação do profissional fisioterapeuta é de suma importância na melhoria da qualidade de vida das gestantes. Os exercícios físicos, além de serem uma medida terapêutica, trazem benefícios cardiovasculares, é melhoria na qualidade de vida, profissional fisioterapeuta contribui significativamente na prevenção, da evolução dessas doenças após o parto (BIM; PEREGO, 2002). Do ponto de vista fisioterápico, a maioria destes programas foi prescrita para melhorar a força e as condições das estruturas de sustentação do corpo. Os exercícios aplicados (cinesioterapia terapia por movimento - recurso amplamente difundido entre fisioterapeutas) 8 ajudam na manutenção da postura da coluna vertebral, promovem adaptações biomecânicas mais eficientes e atuam na prevenção ou controle do estresse e das dores referidas nos segmentos lombar e pélvico (GÉNOT, 1989). O fisioterapeuta juntamente com a equipe multidisciplinar planeja e desenvolve estratégias para contemplar as ações preventivas para promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas elaborando um plano de atividades de baixa intensidade com objetivo de melhorar o sistema cardiorrespiratório e a musculatura do assoalho pélvico (COSTA, 2015). Podendo utilizar recursos de cinesioterapia exercícios com bola e bastão, exercícios ativos de membros inferiores (MMII) e membros superiores (MMSS), respiratórios. 43

Pode se aplicar também recurso de massoterapia com técnicas de deslizamentos superficiais e suaves, utilizando cremes e óleos, para a redução de edema dos membros (RETT et al., 2008). As técnicas respiratórias de inspiração e expiração preparam a gestante para o trabalho de parto, para o alívio das dores lombares pode ser usada as técnicas de eletroterapia como a de ultrassom, assim como a hidroterapia os exercícios aquáticos em água aquecida promovem relaxamento muscular, trazendo assim o alivio de dor, além da redução dos edemas nos pés e tornozelos, melhorando a circulação, o equilíbrio, coordenação motora e a postura (RETT et al., 2009). O parto é definido por seus aspectos positivos, por ser mais fisiológico, mais saudável, mais emocionante e satisfatório para a gestante, sabendo-se que em parto normal nuca se sabe o que de fato pode ocorrer. Para o médico realizar um trabalho de parto a mulher tem que estar com a bolsa estourada onde sai um liquido parecendo agua e logo o sangramento, e fortes contrações, E a dilatação ocorre entre 3 a 7 cm (BIM; PEREGO, 2002). O fisioterapeuta auxilia na contração e no relaxamento, as técnicas usadas são: Respiração que pode ser controlada voluntariamente, trabalhando a inspiração lenta pelo nariz e fazendo expirações prolongadas pela boca, sem ocorrer fadiga. (CARRARA et al., 2012). Relaxamento ajuda muito na posição do feto na hora do nascimento para a gestante ganhar segurança e a confiança no momento do parto. O parto natural é dividido em três estágios. O primeiro consiste na contração uterina com a dilatação progressiva do colo, importante para a saída do feto da cavidade uterina; o segundo é o período de expulsão do bebê e o terceiro estágio é a da expulsão da placenta e da bolsa de líquido amniótico vazia, por meio de contrações menos intensas. Sendo assim, o controle e a coordenação dos músculos do assoalho pélvico são exigidos, observando também a importância da cinesioterapia no trabalho pré-parto, para a mulher saber a maneira correta de relaxar e expulsar o bebê (RETT et al., 2009). A massagem na região lombar também é importante nessa fase, pois durante os momentos de contração uterina produz os efeitos fisiológicos a partir da estimulação mecânica nos tecidos, por meio de pressão e estiramento ritmicamente aplicados, 44

que irão produzir efeitos mecânicos, fisiológicos e psicológicos (DALVI; VARGAS, 2010). Fisioterapia no pós-parto os diversos desconfortos presentes nessa fase são inerentes ao processo de parturição, tais como: flatulência, dor no local da incisão perineal ou de cesariana, constipação intestinal, cólicas abdominais, incontinência urinária (IU), posturas antálgicas e fraqueza abdominal devido à diástase do músculo reto abdominal, a dor é o maior desconforto da mulher, essa dor é caracterizada como aguda, causando limitações nos movimentos, e nas mudanças de postura no leito e no movimento de andar. O pós-parto tem duração de 6 a 8 semanas, um período de 45 dias, após este período, o útero mede de 15 cm a 20 cm o útero diminui um cm por dia até voltar ao seu tamanho normal (BIM; PEREGO, 2002). O fisioterapeuta além de atuar na área obstétrica também atua na área ginecológica, no pré-operatório quanto no pós-operatório, seja parto ou outra cirurgia ginecológica. O tratamento fisioterápico é recomendado em um intervalo de 6 a 8 horas após o parto normal devido o estresse da gestante tanto física como emocional. Dentre os principais recursos fisioterápicos disponíveis para utilização no pós-parto é a eletroterapia, especialmente com o uso de eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS), a cinesioterapia, a qual inclui a movimentação precoce, o treinamento dos músculos do assoalho pélvico dos músculos abdominais e os exercícios respiratórios (DALVI; VARGAS, 2010). Os principais objetivos da utilização desses recursos são: promover analgesia no local das incisões, reduzir edema, reduzir dor, restabelecer a função intestinal, reeducar a função respiratória e, estimular o sistema circulatório, trabalhar músculos do assoalho pélvico, aumentar a força e restaurado tônus musculares além de favorecer a orientação postural. Todos esses benefícios fisioterapêuticos são de extrema importância para garantir conforto e melhor a condição física da gestante, o papel do fisioterapeuta é fundamental para promover e melhorar a qualidade de vida da mulher no pós-parto (DALVI; VARGAS, 2010). METODOLOGIA 45

O presente estudo trata-se de revisão bibliográfica descritiva de abordagem qualitativa sobre atuação do profissional fisioterapeuta no auxílio a gestante na preparação para o parto e no trabalho de parto. A pesquisa bibliográfica permite ampliar o conhecimento e informações sobre um determinado tema permitindo a utilização de dados de inúmeras publicações, auxiliando na construção e definição de conceitos sobre determinado tema proposto no estudo, e uma pesquisa descritiva om objetivo primordial de descrever as características de determinado fenômeno e estabelecer relações entre variáveis. Foi realizada uma busca sistematizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e no Scientific Electronic Library Online (SCIELO), no período de janeiro a abril de 2017. Foram utilizados os seguintes descritores: pré-natal, acompanhamento, parto, dor, recurso fisioterapêutico e Fisioterapia. Como critérios de inclusão consideramos somente os artigos científicos em português, disponíveis eletronicamente e publicados entre 2000 e 2015. Sendo excluídos artigos em outros idiomas, Trabalhos de Conclusão de Cursos, Monografias, Dissertações e Textos. RESULTADO Na pesquisa realizada foram encontrados 30 estudos no total. Destes, 9 artigos foram excluídos por se tratarem de temas que não abordavam interesse fisioterapêutico outros 3 não abordavam o pré-natal. Restando 16 artigos encontrados na base de dados Scielo, LILACS. O quadro a seguir apresenta um breve resumo dos 4 artigos mais relevantes segundo o autor, título, periódico, ano de publicação e resultado do estudo. 46

CONCLUSÃO Esta revisão conclui que atuação do profissional fisioterapeuta vai muito além de atuar sobre o alívio da dor no momento do parto atuando também sobre o emocional da gestante. O fisioterapeuta é o profissional que melhor apresenta o suporte à gestante utilizando de diversos recursos terapêuticos para o controle da dor no trabalho de parto. No pré-parto, a atenção do profissional auxilia a mulher a lidar com as adaptações fisiológicas ocorridas durante a gravidez e faz a preparação da musculatura do assoalho pélvico, porque ela será utilizada durante o parto. E no pós-parto traz melhoria a tonicidade dos músculos abdominais e pélvicos, e é importante lembrar as gestantes sobre a importância dos exercícios no período pré, durante e pós-parto. REFERÊNCIAS BIM, C. R.; PEREGO, A. L. Fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia. Cesumar, v. 4, p. 57-61, 1997. BRASIL, A. C. O. et al. O Papel Do Fisioterapeuta Do Programa Saúde Da Família Do Município De Sobral-Ceará. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, v. 2, p. 3-6, 2005. CARRARA, T. et al. Avaliação do nível de orientação das mulheres no climatério sobre o 47

papel da fisioterapia na prevenção e no tratamento da incontinência urinária. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 9, n. 2, p. 1719, 2012. COSTA, A. D. F. A Importância da fisioterapia na prevenção de incapacidades em pacientes com hanseníase no Brasil. Bio Cursos Neuro, p. 1-15, 2015. COSTA, S. B.; ASSIS, T. O. Hidrocinesioterapia como tratamento de escolha para lombalgia gestacional. Revista Tema, v. 13/14, n. 9, p. 1-8, 2009. DALVI, A. R.; VARGAS, S. C. Benefícios da cinesioterapia a partir do segundo trimestre gestacional. Rev Saúde e Pesquisa, v. 3, p. 47-51, 2010 DE CONTI, M. H. S. et al. Efeito de técnicas fisioterápicas sobre os desconfortos músculoesqueléticos da gestação. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 25, n. 9, p. 647-54, 2003. GÉNOT, C. et al. Cinesioterapia: avaliações técnicas passivas e ativas do aparelho locomotor: princípios. São Paulo: Editorial Médica Panamericana, 1989. HERMIDA, R. C. et al. Blood pressure patterns in normal pregnancy, gestational hypertension, and preeclampsia. Hypertension, v. 36, n. 2, p. 149-58, 2000. MOURA, S. R. V. et al. Dor lombar gestacional: impacto de um protocolo de fisioterapia. Arquivos Médicos do Abc, v. 32, p. 59-63, 2007. POLDEN, M.; MANTLE, J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. 2. ed. São Paulo: Santos, 2000. RETT, M. T. et al. Atendimento de puérperas pela fisioterapia em uma maternidade pública humanizada. Fisioterapia e Pesquisa, v. 15, n. 4, p. 361-6, 2008. RETT, M. T. et al. Diástase dos músculos retoabdominais no puerpério imediato de primíparas e multíparas após o parto vaginal. Fisioterapia e Pesquisa, v. 19, n. 3, p. 236-41, 2009. TERRA, D. A. T.; LOPES, R. B.; CAETANO, L. F. Benefícios da reeducação postural global na lombalgia gestacional : Revisão de Literatura. Corpus et Scientia, v. 11, n. 2, p. 9-16, 2015. VIEIRA, E. B.; ALECRIN, I. N. Análise clínica e epidemiológica da doença hipertensiva específica da gestação. Revista Cientifica da FMC, v. 10, p. 17-20, 2015. VIEIRA, M. et al. A responsabilidade do obstetra sobre o diagnóstico e o tratamento do diabete melito gestacional. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 28, n. 10, p. 570-574, 2006. 48