ít gnáà-4tí.#.0- PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAIBA GABINETE DO DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N" 001.2005.014945-7 6a Vara Cível de Campina Grande RELATOR : Dr. Tércio Chaves de Moura, Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos 1 APELANTE : Hospital Antônio Targino Ltda ADVOGADO : Thélio Farias 2" APELANTE: Espólio de Ricardo Amorim Guedes, representado por seus inventariantes Maria da Conceição Porto Guedes e Ricardo Amorim Guedes Filho ADVOGADO : José Lamarques de Medeiros APELADO : João Pessoa Pires Neto ADVOGADO: Leopoldo Wagner Andrade da Silveira RECORRENTE ADESIVO: João Pessoa Pires Neto da ADVOGADO: Leopoldo Wagner Andrade da Silveira W PRECORRIDO ADESIVO: Espólio de Ricardo Amorim Guedes, representado por seus inventariantes Maria da Conceição Porto Guedes e Ricardo Amorim Guedes Filho 2 RECORRIDO ADESIVO: Hospital Antônio Targino - HAT PRIMEIRO APELO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS INTERPOSIÇÃO DO RECURSO APELATÓRIO ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO AUSÊNCIA DE RATIFICAÇÃO POSTERIOR INTEMPESTIVIDADE PRECEDENTES NÃO CONHECIMENTO. Não deve ser conhecido o recurso de apelação intetposto anteriormente ao julgamento dos embargos de declaração, sem posterior pedido de ratificação. RECURSO ADESIVO INDENIZAÇÃO FIXADA COM RAZOABILIDADE MANUTENÇÃO DO VALOR DESPROVIMENTO Não há como dar provimento ao recurso adesivo para majorar indenização se este atende à razoabilidade e se coaduna com os parâmetros de repressão à conduta danosa. SEGUNDO APELO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ERRO MÉDICO PROCEDÊNCIA DO PEDIDO IRRESIGNAÇÃO SENTENÇA QUE NÃO ATACA TODOS OS ARGUMENTOS DA DEFESA ATENDIMENTO PRESTADO EM EMERGÊNCIA DEMORA E NEGLIGÊNCIA NO ATENDIMENTO ERRO MÉDICO CONFIGURADO RESPONSABILIDADE DO MÉDICO E DA UNIDADE HOSPITALAR DANO MATERIAL E MORAL CONFIGURADOS FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS ART. 12 DA LEI N. 1060/50 14t\
DESPROVIMENTO DO APELO. Resta caracterizada a negligência médica quando o profissional atende paciente traumático, com fortes dores, prescrevendo apenas analgésicos e não investigando a origem do trauma com a realização de simples exames. identificados. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos acima 110 AC O R DA a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade em não conhecer do primeiro apelo, e. desprover o segundo apelo e recurso adesivo. RELATÓRIO Trata-se de apelações cíveis interpostas pelo Hospital Antônio Targino Ltda e pelo Espólio de Ricardo Amorim Guedes, representado por seus inventariantes Maria da Conceição Porto Guedes e Ricardo Amorim Guedes Filho, contra sentença que julgou procedentes os pedidos da ação de indenização por danos morais por erro médico ajuizada por João Pessoa Pires Neto. Nas razões do primeiro apelo, às fls. 229/247, o apelante, Hospital Antônio Targino Ltda, alega a sua ilegitimidade, aduzindo que, entre o hospital e o médico, não há qualquer vinculo, já que o médico é vinculado à Unimed. No mérito, aduz a ausência de conduta ilícita por parte do médico. No segundo apelo, interposto pelo Espólio de Ricardo Amorim Guedes, médico a quem se imputa erro na atuação, representado por seus inventariantes, ataca-se a sentença por esta não apresentar os fundamentos que justifiquem a procedência do pedido, não tendo o Juiz analisado as questões de fato e de direito, já que foram apreciados os fundamentos e as questões levantadas em juízo pelas partes. Ao fim. afasta os danos morais, sustentando que a conduta realizada pelo médico foi condizente com o que, no momento, poderia ter sido feito. A parte autora apresentou, às fls. 264/272, recurso adesivo e contrarrazões ao primeiro apelo, e às fls. 378/397 apresentou contrarrazões ao segundo apelo. A douta Procuradoria de Justiça, às fls. 408/412, se pronunciou pelo desacolhimento das preliminares arguidas e pelo prosseguimento natural do feito. É o relatório. VOTO: PRIMEIRO APELO Analisando os autos. percebe-se que o primeiro apelo foi interposto antes do julgamento dos embargos de declaração interpostos contra a sentença que se recorre, e, posteriormente ao julgamento dos embargos declaratórios, o recurso não foi ratificado. Consoante o entendimento firmado pela jurisprudência, a interposição do recurso de apelação antes do julgamento dos embargos de declaração sem a posterior
ratificação/aditamento importa na sua intempestividade, por prematuro. Senão, veja-se: "PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. APELAÇÃO. PENDÊNCIA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREMATURIDADE RECONHECIDA. I. Achando-se pendente o julgamento dos aclaratórios da parte contrária, é inoportuna a interposição de apelação, sem a ratificação posterior dos seus termos, vez que não houve o necessário exaurimento da instância. II. Recurso especial conhecido em parte e provido." (REsp 659.663/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 22/03/2010) "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. COMPENSAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. INTERPOSIÇÃO NA PENDÊNCIA DE JULGAMENTO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS. INTEMPESTIVIDADE. 1. "É prematura a interposição de recurso especial antes do julgamento dos embargos de declaração, momento em que ainda não esgotada a instância ordinária e que se encontra interrompido o lapso recursal" (REsp. n 776265/RS, Corte Especial, Rel. para acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, publicado em 06.08.2007). 2. Recurso especial não conhecido. - (REsp 852.069/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/09/2007, Dl 01/10/2007. p. 225) A sentença (fls. 220/224) foi alvo de embargos de declaração opostos pelo réu/2 apelante (fls. 226/228), os quais foram julgados às fls. 342/343, tendo sido esta última decisão publicada no dia 03.02.2010 (fls. 344). Ocorre que o primeiro apelo interposto pelo promovido/hospital, foi protocolado em data anterior (14/09/2006 apelo) à publicação da decisão que julgou os embargos de declaração, sem que, contudo, tenha sido providenciada a ratificação do recurso interposto prematuramente, o que implica o não conhecimento, ante o seu manejo inoportuno. Logo, resta configurado o fenômeno da extemporaneidade. Destarte, o 1 apelante deveria ter providenciado a ratificação do recurso, após a intimação do julgamento dos embargos declaratórios, momento em que passaria a correr o prazo para a sua interposição. Neste sentido, não conheço do Primeiro Apelo. RECURSO ADESIVO Há que se manter o valor fixado na condenação quando ela mostra-se justa e aplicando parâmetros de repressão à conduta danosa, mantendo seu caráter pedagógico. Desta feita, como no caso dos autos a fixação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para o Hospital e R$ 15.000,00( quinze mil reais) para o médico observou os parâmetros acima. mantenho o valor da condenação entendendo que houve o arbitramento de forma justa e equânime. A indenização mostra-se compatível com o dano suportado pelo paciente que se submeteu à demora do atendimento, sentindo fortes dores e sem atendimento adequado. SEGUNDO APELO No segundo apelo, interposto pelo Espólio de Ricardo Amorim Guedes, médico a quem se imputa erro na atuação, representado por seus inventariantes, ataca-se a sentença por ausência de fundamentos que justifiquem a procedência do pedido, não tend9 o Juiz analisado as questões de fato e de direito. \\k\
Os apelantes também argumentam que a conduta realizada pelo médico foi condizente com o que. no momento, poderia ter sido feito, não tendo o julgador descrito qual a conduta médica que ensejaria o dano ou o erro médico. A responsabilidade civil entre médico e paciente revela-se dentro da relação. em que aquele se compromete a utilizar dos meios de sua ciência para obter uma cura ou redução no sofrimento do doente, ou ainda, tomar medidas preventivas com o objetivo de manter a saúde do seu paciente. Certamente, a avaliação do erro médico é complexa e delicada, e os objeti \ os essenciais desta avaliação resumem-se em considerar o dano, estabelecer o nexo causal e avaliar as circunstâncias em que se verificou o ato médico. Vale ressaltar que, nem todo problema resultante de um atendimento médico. pode ser rotulado como erro médico. Desta forma, é fundamental que se avalie se certo dano foi resultante de conduta profissional inadequada, ou, se foi decorrente do atendimento emergencial, que mostra-se totalmente diferente do tratamento eletivo, além da própria condição anatômica da lesão ou do paciente. O autor narra na inicial que o médico réu constatou que não havia nada com ele/paciente e que o medicamento que havia prescrito resolveria as dores sentidas. O médico/apelante não cuidou em demonstrar que o seu atendimento se guiou por parâmetros de zelo e cuidado, sequer juntou qualquer exame realizado no paciente. Há que se ressaltar que o paciente chegou em atendimento emergencial após ter sofrido trauma e com fortes dores. Assim, a demora no atendimento, deixando o autor acometido de fortes dores acrescida da negligência médica, diante da falta de exames no autor, mostram o atendimento precário e com desleixo que o profissional médico dedicou ao paciente/autor. Tal conduta não pode deixar de ser interpretada como erro médico. Ressalta-se que o médico não juntou qualquer exame que teria sido realizado no autor, a simples alegação de um profissional de sua equipe não pode servir de comprovação quando deveria ter juntado o exame ou ao menos laudo médico deste. A demora no atendimento de emergência deve ainda ser interpretada como algo que pode acarretar a piora do paciente, ou pelo menos, que este correu algum risco diante de tal demora. O médico, aplicando-se ao caso específico, compromete-se com uma obrigação de meio, contraposta às obrigações de resultado. O profissional se obriga a diligenciar com os meios de que dispõe, condicionando a sua responsabilidade à demonstração de sua culpa, quer por negligência, imprudência ou imperícia. Logo, conclui-se que o médico, na qualidade de plantonista, não prestou o atendimento adequado, diante de sua negligência, já que não realizou exames, apenas prescreveu alguns medicamentos. É evidente que houve sofrimento com a lesão, que a demora no atendimento foi desconfortável, e aumentou este sofrimento e que a flata de exames demostrou a negligência médica. acolhendo, portanto a obrigação de indenizar. Por todo o exposto, NÃO CONHEÇO DO PRIMEIRO APELO E NEGO
PROVIMENTO AO RECURSO ADESIVO E AO SEGUNDO APELO, mantendo a sentença objurgada em todos os seus termos. É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos, presidente em exercício. Participaram do julgamento, Dr. Tércio Chaves de Moura, juiz convocado para substituir o Exmo. Des. o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides e o Dr. Aluízio Bezerra Filho, juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Justiça. Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Doriel Veloso Gouveia, Procurador de João Pessoa, 31tjjan Dr. Tércio Chaves de Moura Juiz convocado - Relator