Sigmund Freud Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458

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Transcrição:

Sigmund Freud 1856-1839 Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458

Inconsciente Freud, no início do século XX, pôs em questão o otimismo racionalista. Fez descobertas que, até agora, continuam impondo questões filosóficas. Que descobriu Freud? Freud, mostrou que os seres humanos têm a ilusão de que tudo quanto pensam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o controle de nossa consciência porque desconhecemos a existência de uma força invisível, de um poder - que é psíquico e social - que atua sobre nossa consciência sem que ela o saiba. A esse poder que domina e controla invisível e profundamente nossa vida consciente, ele deu o nome de inconsciente. Diante dessas descobertas a Filosofia teve que reabrir as discussões éticas e morais. O desconhecimento do incosciente causa a sensação de total domínio sobre o consciente.

Ética, moral e psicanálise A psicanálise introduz um conceito novo, o inconsciente, que limita o poder soberano da razão e da consciência, além de descortinar a sexualidade como força determinante de nossa existência, nosso pensamento e nossa conduta. Do ponto de vista do inconsciente, mentir, matar, roubar, seduzir, destruir, temer, ambicionar são simplesmente amorais, pois o inconsciente desconhece valores morais. Inúmeras vezes, comportamentos que a moralidade julga imorais são realizados como autodefesa do sujeito, que os emprega para defender sua integridade psíquica ameaçada (real ou fantasmagoricamente). Se são atos moralmente condenáveis, podem, porém, ser psicologicamente necessários.nesse caso, como julgá-los e condená-los moralmente?

Id e superego* Nossa psique é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. O id ou libido sexual, é a busca da satisfação, e o superego ou censura moral, é interiorizada pelo sujeito, que absorve os valores de sua sociedade. O id ama o proibido; o superego quer ser amado por reprimir o id, imaginando se tanto mais amado quanto mais repressor. O id desconhece fronteiras; o superego só conhece barreiras. Vencedor, o id é violência que destrói os outros. Vencedor, o superego é violência que destrói o sujeito. Neuroses e psicoses são causadas tanto por um id extremamente forte e um superego fraco, quanto por um superego extremamente forte e um id fraco. A batalha interior só pode ser decidida em nosso proveito por uma terceira instância: a consciência.

Descobrir a existência do inconsciente não significa, portanto, esquecer a consciência e abandoná-la como algo ilusório ou inútil. Pelo contrário, a psicanálise não é somente uma teoria sobre o ser humano, mas é antes de tudo uma terapia para auxiliar o sujeito no autoconhecimento e para conseguir que não seja um joguete das forças inconscientes do id e do superego. No caso específico da ética, a psicanálise mostrou que uma das fontes dos sofrimentos psíquicos, causa de doenças e de perturbações mentais e físicas, é o rigor excessivo do superego, ou seja, de uma moralidade rígida, que produz um ideal do ego (valores e fins éticos) irrealizável, torturando psiquicamente aqueles que não conseguem alcançá-lo, por terem sido educados na crença de que esse ideal seria realizável.

Ética Quando uma sociedade reprime os desejos inconscientes de tal modo que não possam encontrar meios imaginários e simbólicos de expressão, quando os censura e condena de tal forma que nunca possam manifestar-se, prepara o caminho para duas alternativas igualmente distantes da ética: ou a transgressão violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos, ou a resignação passiva de uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade. Em outras palavras, em lugar de ética, há violência; Violência da sociedade, que exige dos sujeitos padrões de conduta impossíveis de serem realizados. Violência dos sujeitos contra a sociedade, pois somente transgredindo e desprezando os valores estabelecidos poderão sobreviver

Moral A moral seria, então, uma criação humana, contingente, falha e, ainda, algo capaz de engessar o indivíduo dentro das condutas permitidas, afastando-o de outras maneiras possíveis de ser; o que por fim traz sofrimentos. Ao mesmo tempo, seria um artifício necessário para que a civilização se erguesse e prosperasse, o que é colocado de modo bastante evidente no texto sobre adoecimento e moralidade de 1908. A moral surge com uma função fadada ao fracasso de regular a conduta humana e os laços afetivos e sociais. A moral seria, então, uma das realizações humanas dentro de um projeto maior a ser alcançado: viver junto.

* Id: fonte de energia psíquica e o aspecto da personalidade relacionado aos instintos. Constitui o reservatório de energia psiquica, é onde se localizam as pulsões de vida e de morte. As características atribuídas ao sistema incosciente. É regido pelo princípio do prazer (Psiquê que visa apenas o prazer do indivíduo). Ego: aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos instintos. É o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as ordens do superego. A verdadeira personalidade, que decide se acata as decisões do (Id) ou do (Superego). Superego: o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões recebidos dos pais e da sociedade. É algo além do ego que fica sempre te censurando e dizendo: Isso não está certo, não faça aquilo, não faça isso, ou seja, aquela que dói quando prejudicamos alguém, é o nosso "freio"