OCORRÊNCIA DE ABSCESSOS VACINAIS E/OU MEDICAMENTOSOS EM CARCAÇAS DE BOVINOS ABATIDOS NO MUNICÍPIO DE IRANDUBA, AMAZONAS, BRASIL

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Transcrição:

OCORRÊNCIA DE ABSCESSOS VACINAIS E/OU MEDICAMENTOSOS EM CARCAÇAS DE BOVINOS ABATIDOS NO MUNICÍPIO DE IRANDUBA, AMAZONAS, BRASIL *Gersonval Leandro Silva MONTE 1, William PALUDO SCHULTZ 2, José Vicente FERREIRA-NETO 3 RESUMO Este trabalho objetivou descrever a ocorrência de abscessos vacinais em carcaças de bovinos, e estabelecer a repercussão econômica destas perdas. O estudo foi realizado em um matadouro/frigorífico de Inspeção Federal. Das 1.000 carcaças avaliadas 666 (66%) estavam com lesões abscedante nas regiões do pescoço 632 (94,89%), costela 25 (3,76%) e cupim 9 (1,35%). Foram retirados 314,5 kg de porções cárneas associados aos abscessos, o que proporcionalmente significa uma média de 0,472 kg de material retirado por carcaça. Conclui-se que o prejuízo econômico, provocado por formação de abscessos é elevado, acarretando uma redução do ganho do pecuarista e do frigorífico. Palavras-chave: abscessos vacinais. Gado de corte. Perdas econômicas. ABSTRACT This work to describe the occurrence of medication abscesses in cattle carcasses, and to establish the economic repercussion of these losses. Of the 1,000 carcasses evaluated, 666 (66%) had abscess lesions, specifically in the neck regions 632 (94.89%), rib 25 (3.76%) and termite 9 (1.35%). In all, 314.5 kg of meaty portions associated with the abscesses were removed, which proportionally means an average of 0.472 kg of material removed per carcass. It is concluded that the economic damage caused by the formation of abscesses is high, leading to a reduction of the cattle rancher and the freezer. Keywords: Beef cattle. Economic losses. Vaccine abscesses. 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório Genética e evolução de Vetores de Doenças Tropicais, Manaus/AM, Brasil. Autor correspondente: gersonval.monte@inpa.gov.br

2 Médico Veterinário, Boa Vista RR. 3 Médico Veterinário, Manaus AM. INTRODUÇÃO O rebanho bovino nacional alcançou 215,2 milhões de cabeças em 2015 (IBGE, 2016). Abateu um total de 29,67 milhões de bovinos em 2016 (IBGE, 2017). Exportou 1,4 milhão de toneladas de carne bovina e obteve faturamento de US$ 5,5 bilhões em 2016 (BEEFPOINT, 2016). Em 2013, o Amazonas abateu um total de 204.683 animais, dos quais 16% foram provenientes de outros estados, principalmente Roraima e Pará. Sendo Iranduba o terceiro Município com maior destino de bovinos para abate no Amazonas em 2013 (CARRERO, 2015). Afim de fornecer uma maior garantia à qualidade da carne bovina, o produtor utiliza vacinas, medicamentos e suplementos. No entanto, as reações inflamatórias (granulomas e abscessos) oriundas de um manejo errôneo desses produtos acabam por se tornarem causas de preocupações para empreendedores e empresários do segmento de carnes e derivados, devido às grandes perdas econômicas causadas pela rejeição das partes envolvidas na reação (ABIEC, 2015). A legislação Brasileira indica a seguinte postura ao se deparar com o tema: em carcaças ou órgãos atingidos por abscessos ou lesões supuradas, quando localizadas a órgãos ou estruturas, faz-se à remoção dessas lesões, condenando apenas os órgãos e partes atingidas. Ainda carcaças ou partes delas que se contaminarem acidentalmente com pus será também condenadas Art. 157 do RIISPOA (BRASIL, 1997). Este trabalho teve como objetivo descrever a ocorrência de abscessos vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos, bem como, estabelecer a repercussão econômica destas perdas num frigorifico do município de Iranduba, estado do Amazonas, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado em outubro de 2015, em um matadouro/frigorífico de Inspeção Federal do município de Iranduba/AM, apto para comercialização. Foram avaliados 1.000 bovinos, sem distinção de sexo ou raça, oriundos de estados vizinhos, e mantidos em diferentes tipos de sistemas de criação.

As lesões foram detectadas pelos auxiliares do Serviço de Inspeção Federal, nas linhas de inspeção de rotina de carcaças H (exame das faces medial e lateral da parte caudal da meia-carcaça) e I (exame das faces medial e lateral da parte cranial da meiacarcaça). As carcaças foram inspecionadas inicialmente pela parte dianteira, com auxílio de uma faca reta, afiador, gancho e luvas de procedimento. Após constatado o abscesso, este era extirpado com uma margem de segurança de aproximadamente três dedos, a fim de evitar contaminação da carcaça por material abscedante. Depois de retirados estes foram acondicionados em balde de 60 kg, perto da linha da inspeção. Após o término do abate os abscessos foram colocados em um saco de polipropileno-ráfia para pesagem em balança de gancho tipo relógio com capacidade para 200 kg e sensibilidade de 500 gramas. Foram anotados o local anatômico e o peso total de todos os animais abatidos no dia, além do peso médio das carcaças. Depois de pesados os abscessos foram destinados à graxaria. As perdas econômicas foram calculadas através da perda média por carcaça multiplicada pelo preço de R$ 145,50/arroba, referente ao preço estabelecido pelo frigorífico. A perda média por carcaça foi calculada pela divisão do peso total (abscesso extirpado) por carcaça pelo número de animais com abscessos. RESULTADOS Das 1.000 carcaças avaliadas 666 (66%) estavam com lesões abscedantes, distribuídas pela parte dianteira do animal, especificamente nas regiões do pescoço 632 (94,89%), costela 25 (3,76%) e cupim 9 (1,35%) (Tabela 1; Figura 1). Tabela 1. Número de animais acometidos por abscessos, e peso (kg) de porções cárneas excisadas por cortes, e a média. Porção carne excisada Número de animais com abscesso Porcentagem Peso (Kg) Peso médio (Kg) Pescoço 632 94,89% 309 0,488 Costela (dianteira) 25 3,76% 3,94 0,157 Cupim 9 1,35% 1,56 0,173 Total 666 100% 314,5 0,472

Ao todo foram retirados 314,5 kg de porções cárneas associados aos abscessos, o que proporcionalmente significa uma média de 0,472 kg de material retirado por carcaça. Figura 1. Diferentes localizações de abscessos em carcaça bovina. A- Seta vermelha indicando a localização de um abscesso cervical (pescoço); B- abscesso na costela seta vermelha e, seta amarela aspecto da carcaça após remoção do abscesso; C- grande abscesso no pescoço. A menor média de perda do dia foi de R$ 3,98 por animal, ou seja, 0,411 kg de material extirpado por animal no dia 06 de outubro de 2015. A maior média atingiu o valor de R$ 5,09 por animal, ou seja, 0,525 kg de material extirpado por animal no dia 15 de outubro de 2015 (Tabela 2). Tabela 2. Frequência de abscessos em carcaças bovinas e a perda econômica por dia. Data AA ACA PMC/Kg PTE/Kg PDMC/Kg PEA/R$ 06/10/2015 230 142 239,62 58,5 0,411 3,98 07/10/2015 215 152 268,88 71 0,467 4,52 09/10/2015 245 179 231,36 87 0,486 4,71 14/10/2015 199 115 253,22 57 0,495 4,80 15/10/2015 111 78 253,04 41 0,525 5,09 Total 1.000 666 254,08 314,5 0,472 4,57

AA= animais abatidos, ACA= abatidos com abscesso, PMC= peso médio da carcaça, PTE= perda total por extirpação, PDMC= perda média por carcaça, PEA= perda econômica por animal. DISCUSSÃO Perdas econômicas por abscessos vacinais e/ou medicamentos em carcaças de bovinos, apresentam dados variáveis e distintos independentemente da região estudada, podendo em alguns casos alcançar 98% do lote abatido. Alguns estudos demonstram ainda algum tipo de desvalorização de carcaça por abcessos entre 60 84,3 %. (ANDRADE et al. 2008; LEAL et al. 2014). Um achado em comum entre este e outros trabalhos semelhantes foram respectivo à localização de altos índices de abcessos localizados na região da tábua do pescoço (LUSA et al. 2016, LEAL et al. 2014, FILHO et al., 2006) o que reflete o consenso geral de aplicação de fármacos nesta região, devido seu menor valor no mercado consumidor. Leal et al (2014) observou a formação de abcessos com pesos variando entre 1,8 kg a 2 kg por carcaça. Assumpção et al., 2011 obteve uma média de 1,28 kg/carcaça e LUSA et al., identificaram perdas médias superiores a 0,500 kg, valores esses superiores ao 0,472 kg do presente estudo. Contudo, Filho et al (2006), relataram uma média de 0,213 kg de material extirpado por animal, valore esse inferior ao do estudo. CONCLUSÃO A presença de abscessos em carcaças é frequente, gerando perdas econômicas consideráveis ao produtor. A elevada perda econômica encontrada neste estudo, em decorrência da presença de abscessos na musculatura dos bovinos, pode estar relacionada ao manejo incorreto dos animais durante procedimentos de vacinação/medicamentos, em como, sobre a via e local de aplicação desses insumos. O prejuízo econômico e a qualidade da carcaça, provocadas por formação de abscesso é elevado, com perdas parciais ou totais da carcaça se contaminada, o que leva à redução do ganho do pecuarista. As lesões encontradas na costela, cupim e pescoço, mostram a importância da escolha correta dos locais de aplicação dos produtos, evitando assim, lesões em cortes cárneos, com isso, reduzirem os prejuízos econômicos aos criadores.

REFERÊNCIAS ABIEC. Disponível em: < http://www.abiec.com.br>. Acessado em: 20 set. 2015. ANDRADE, E.N.; ROÇA, R.O.; SILVA, R.A.M.S. et al. Insensibilização de bovinos abatidos no pantanal sul-mato-grossense e ocorrência de lesões em carcaças. Ciência Animal Brasileira, v.9, n.4, p.958-968, 2008. ASSUMPÇÃO, T.I.; PACHEMSHY, J.A.S; ANDRADE, E.; SILVA, N.A.M. Perdas econômicas resultantes de reações vacinais em carcaças de bovinos da raça Nelore. Rev. Bras. Saúde Prod. An., Salvador, v.12, n.2, p.375-380 abr/jun, 2011. BEEFPOINT. Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do- boi/brasil-exporta-14-milhao-de-toneladas-de-carne-bovina-e-fatura-us-55-bilhoes-em- 2016/. Acessado em: 25 maio. 2017. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal. Lei 1283 de 18/12/1950, regulamentada pelo Decreto 30.691 de 25/06/1962. Brasília: RIISPOA, 1997. ECONOMIA IG. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2017-03-15/ibgepecuaria.html>. Acessado em: 24 maio. 2017. CARRERO, G.C.; ALBUJA, G.; FRIZO, P. et al. A Cadeia Produtiva da Carne Bovina no Amazonas. Manaus: IDESAM, 2015. FILHO, A.T.F.; ALVES, G.G.; MESQUITA, A.J. et al. Perdas econômicas por abcessos vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos abatidos no estado de Goiás. Ciência Animal Brasileira. Goiânia, v. 7, n. 1, p. 93-96, jan./mar. 2006. FRANÇA FILHO, T.; ALVES, G.G.; MESQUITA, A.J.; CHIQUETO, C.E.; BUENO, C.P.; OLIVEIRA, A.S.C.; Perdas Econômicas por abscessos vacinas e/ou medicamentos em carcaças de bovinos abatidos no Estado de Goiás. Ciência Animal Brasileira, v.7, n.1, p.93-96, 2006.

LEAL, P.V.; PUPIN, R.C.; SANTOS, A.C. et al. Estimativas de perdas econômicas causadas por reação granulomatosa local após uso de vacina oleosa contra febre aftosa em bovinos de Mato Grosso do Sul. Pesq. Vet. Bras. 34(8):738-742, agosto 2014. LUSA, A.C.G.; REZENDE, M.P.G.; SOUZA, J.C.; MALHADO, C.H.M. Reflexos econômicos de perdas quantitativas por abcessos vacinais em carcaças de bovinos abatidos no estado da Bahia, Brasil. Bol. Ind. Anim., Nova Odessa, v.73, n.2, p.165-170, 2016. PORTAL BRASIL. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-eemprego/2016/09/rebanho-bovino-alcanca-215-2-milhoes-de-cabecas-em-2015>. Acessado em: 24 maio. 2017.