4 ficórião Poder judiciário 'Tribunal de Justiça do Estado da Tarai6a Gabinete da Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra CavaCcanti AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2010.044295-9 / 001 - Capital RELATORA. : Dr.' Maria das Graças Morais Guedes, Juiza Convocada AGRAVANTE- : Google Brasil Internet Ltda. ADVOGADO (S) : Hérycka Donato Menezes AGRAVADO : A. L. Q. S. G., por seus genitores Dalton de Sá Gadelha e Cila Estrela de Queiroga ADVOGADO (S) : Ênio Silva Nascimento e Outros Vistos etc. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA C/C PEDIDO LIMINAR. PUBLICAÇÃO E VEICULAÇÃO DE VÍDEO NA INTERNET COM CONTEÚDO OFENSIVO À HONRA DA AUTORA/AGRAVADA. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PARA QUE O VÍDEO SEJA REMOVIDO DA REDE. CONCESSÃO. PROVEDOR DE SERVIÇO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO ENDEREÇO ELETRÔNICO (URL) DE DOMINí0 DA GOOGLE. IMPOSSIBILIDADE DO CUMPRIMENTO DA MEDIDA. RESPONSABILIDADE NÃO CONFIGURADA. REFORMA DO DECISUM. PROVIMENTO DO AGRAVO. A princípio, no atual estágio da tecnologia, é impossível que um provedor de hospedagem da magnitude do YouTube (e outros de igual calibre de propriedade do Google), de abrangência global, monitore e fiscalize todos os vídeos lá postados com a finalidade específica de evitar que um determinado vídeo, no caso o da agressão da Agravada, seja exibido, a não ser que seja informado o endereço eletrônico de onde foi postado o vídeo, hipótese em que a Agravante estará obrigada a retirá-lo do sita' Acordam os membros da Egrégia Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. 1 TJES; Al 24099161432:4' Câmara Cível; Rei' D Catharina Maria Novaes Barcellos; DJES 18/01/2010; Pág. 28.
2 To der Judiciário Tri6unal- de Justiça do Estado da Parai6a Ga6inete da (Desem6argadora Maria de (Fátima. 9frloraes (Bezerra Cava fcanti Ag. n 200.2010.044295-9 / 001 Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pela Google Brasil Internet Ltda., inconformada com a decisão proferida pelo MM. Juiz Plantonista da 6 a Vara Cível da Capital, que, nos autos da Ação Cautelar Inominada (processo n. 200.2010.044295-9), promovida por A. L. Q. S. G., representada por seus genitores Dalton de Sá Gadelha e Cila Estrela de Queiroga, deferiu a antecipação de tutela pretendida, a fim de que a promovida/agravante suspenda a veiculação do vídeo entitulado "ANA LÍVIA GADELHA TRANSA NO BANHEIRO DO SHOPPING", bem como de qualquer outro cujo título se refira à adolescente ou que apresente o mesmo conteúdo daquele, sob pena de, nos termos o art.461, 4, do CPC, aplicação de multa de R$20.000,00 (vinte mil reais) por cada dia de atraso, atribuindo-lhe responsabilidade pessoal, criminal e civil, em caso de retardamento no cumprimento da decisão. A agravante pleiteou a concessão de efeito suspensivo ao presente agravo, para sustar os efeitos da decisão agravada. Aduz que a individualização das páginas de internet é o único meio de se conseguir o cumprimento da decisão ora combatida, ressaltando que o conteúdo inserido no You Tube, espécie de provedor de hospedagem, é disponibilizado por terceiros, de modo que são destes a responsabilidade pelos efeitos negativos gerados. Sustenta, ainda, que é vedado ao provedor de hospedagem You Tube exercer qualquer fiscalização ou monitoramento, prévio ou posterior, dos atos praticados pelos usuários, considerando, por fim, que se trata de decisão impossível de ser cumprida, na medida em que não fora indicada pelos agravados a URL (endereço eletrônico) da página, o que implica no despropositado monitoramento de milhões de páginas inseridas na internet. Ao final, esclarece que a URL (Uniform Resource Locator) consiste no endereço constante na barra superior do programa de navegação na internet, que identifica determinada página dentre as bilhões de outras existentes no ambiente virtual, funcionando como uma espécie de RG e CPF da página na internet. Deferido o pedido de efeito suspensivo às fis.1801182. Instada a se manifestar, a Douta Procuradoria de Justiça emitiu parecer (fls.216/220), opinando pelo provimento do recurso, a fim de que a exclusão do vídeo apenas se dê mediante a apresentação pelo ofendido do endereço eletrônico (URL). É o relatório. Voto
3 Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado da Earaífia gabinete da (Desembargadora Maria de Fátima 911oraes (Bezerra Cavakatiti Ag. n 200.2010.044295-9 / 001 No caso dos autos, vislumbra-se que a parte interpôs o presente agravo de instrumento, com supedâneo no permissivo da "lesão grave e de difícil reparação". Dentre as argumentações sobre os motivos que ensejaram a insurreição contra a decisão monocrática, denota-se a alegação de impossibilidade do cumprimento da decisão liminar, em face da não indicação pelos agravados da URL(endereço eletrônico) da página, não podendo cumprir a determinação judicial que lhe fora imposta, por tratar-se de obrigação impossível. Alegou, por fim, estarem presentes o perigo da demora e a possibilidade de lesão grave e de difícil reparação. Na hipótese em análise, verifico que as particularidades do caso impedem o cumprimento da medida nos moldes em que fora deferida. Como bem salientado nas razões recursais, eventual impedimento à veiculação de vídeos que contenham o nome da agravada ou supostas imagens suas, poderão levar à exclusão de vídeos outros, que não os ofensivos à sua moral, o que resultaria em violação de direitos de terceiros e até mesmo em prejuízo à circulação de informações. Acrescente-se, ainda, que a remoção de tais vídeos não seria suficiente para fazer cessar a lesão, na medida em que os usuários cadastrados no You Tube poderão prosseguir em suas condutas ofensivas, postando novos vídeos com as mesmas imagens, sem, necessariamente, fazer qualquer menção a nomes ou características do vídeo reputado ofensivo pelos agravados, tornando inócua a grave medida. De outra banda, os efeitos da decisão agravada, de determinar a retirada de supostos vídeos ofensivos à moral da menor, sob pena de multa cominatória, sem, contudo, serem indicadas as URL's (endereços eletrônicos) das páginas, pode acarretar grandes prejuízos financeiros para a agravante, que terá que arcar com uma obrigação pecuniária indevida. Nesse particular, impende acrescentar que as evidências dos autos se inclinam no sentido de resguardar o direito da agravante, que não poderá cumprir a obrigação que lhe fora imposta, sem que sejam indicadas pelos agravados as URL's (endereços eletrônicos) das páginas, em que supostamente constam imagens e informações ofensivas à moral da menor. Sobre a impossibilidade de se deferir medida como a presente, já se manifestou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais em caso semelhante, relativo ao Orkut, no qual são também os usuários que incluem o conteúdo: AGRAVO. ALEGAÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 526, DO CPC - NÃO COMPROVAÇÃO. RECURSO CONHECIDO. CAUTELAR. ORKUT. BLOQUEIO DE PERFIL. NECESSIDADE DE INDICAÇÃO PPRECISA DA URL.
4 5 Toder Judciário Tribunal-de justiça do Estado da Tarai6a Ga6inete da (Desern6argadora aria de 'Fátima fmoraes (Bezerra Cavalcanti Ag. n 200.2010.044295-9 / 001 Nos termos do Parágrafo Único, do art. 526, do CPC, não basta alegar o descumprimento do disposto na cabeça do artigo, sendo necessário comprovar o descumprimento. Para a efetividade da ordem de bloqueio de perfil no Orkut é necessária a indicação precisa do perfil que se pretende bloquear, indicando-se a URL. 2 No mesmo sentido, colhem-se o seguintes arestos: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. POSTÁGEM DE DETERMINADO VÍDEO VIOLADOR DA INTIMIDADE DA AGRAVADA NA INTERNET. PROVEDOR DE HOSPEDAGEM (YOUTUBE). PRETENSÃO A IMPEDIR A EXIBIÇÃO E DIVULGAÇÃO DO VÍDEO. IMPOSSIBILIDADE TÉCNICA. NECESSIDADE DE PRÉVIA INDICAÇÃO DO ENDEREÇO ELETRÔNICO DE ONDE PARTIU O VÍDEO POSTADO. RECURSO PROVIDO. L A princípio, no atual estágio da tecnologia, é impossível que um provedor de hospedagem da magnitude do YouTube (e outros de igual calibre de propriedade do Google), de abrangência global, monitore e fiscalize todos os vídeos lá postados com a finalidade específica de evitar que um determinado vídeo, no caso o da agressão da Agravada, seja exibido, a não ser que seja informado o endereço eletrônico de onde foi postado o vídeo, hipótese em que a Agravante estará obrigada a retirá-lo do site. li. Recurso provido.' AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXCLUSÃO DO NOME DA AGRAVADA EM TODAS AS PÁGINAS DO SITE DE RELACIONAMENTO ORKUT - IMPOSSIBILIDADE - INDICAÇÃO DAS URL's - MULTA - VALOR PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. - Com a aquiescência da Google, são criados, por seus usuários, os mais diversos tipos de comunidades e páginas, no site de relacionamento da Orkut - Sabe-se que é impossível fiscalizar todas as páginas criadas, e ainda, observando a garantia fundamental do livre pensamento, se torna impossível a exclusão do nome da agravada, sem que esta identifique a ofensa nas respectivas URL's. - A ação que tenha por objeto obrigação de fazer, o magistrado pode conceder a tutela específica da obrigação, determinando providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento, como a fixação de multa, no valor proporcional e razoável com o porte da empresa.' 2TJMG. Agravo de Instrumento Cível N i.0521.09.086239-7/001. Relator: Des. Batista de Abreu. J. 21/07/2010. P. 20/08/2010. 3 TJES; AI 24099161432: 4 Câmara Cível; Rei' Des' Catharina Maria Novaes Barcellos; DJES 18/01/2010; Pág. 28. 4TJMG. 13' CC. Agravo de Instrumento n 1.0145.08.495306-9/001, rel. Des. NICOLAU MASSELLI..1. 04.06.09, 'DJ' 06.07.09, grifos da transcrição.
Toder Judiciário Ttidunande Justiça do Estado da Talião Ça6inete da (Desern6argadora Maria de Fátima 'Moraes (Bezerra Cavafranti Ag. n 200.2010.044295-9 / 001 RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. INTERNET. VITIMA DE OFENSA PRATICADA EM COMUNIDADE VIRTUAL CRIADA POR USUÁRIO DO "ORKUT". Ausência de responsabilidade do provedor (Google), que não tem o dever de fiscalizar o conteúdo das mensagens de autoria de terceiros. Improcedência do pedido. Reconhecimento Sentença reformada. Apelo da ré provido, prejudicado o da autora, invertendo-se o ônus da sucumbênc0. 5 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. PUBLICAÇÃO DE NOTICIA NA INTERNET COM CONTEÚDO OFENSIVO À HONRA DO AGRAVANTE. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA NO SENTIDO DE QUE SEJA DETERMINADA A RETIRADA DE TODA VEICULAÇÃO EM NOME DO AUTOR DO GOOGLE. O Google trata-se de provedor de serviço na Internet, não interferindo no conteúdo das páginas que se "hospedam" em seu site, salvo flagrante ilegalidade. Ausência de verossimilhança da alegação, o que impede a concessão da tutela requerida. Precedentes. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVID0. 6 In casu, repise-se, observa-se que não fora indicado pelos autores, ora agravados, qualquer URL (endereço eletrônico) de domínio do Google Brasil Internet Ltda., em que efetivamente estivesse sendo veiculada imagem desabonadora sua, o que, via de regra, seria necessário para que a agravante procedesse à retirada da rede. Impende acrescentar, por oportuno, que sites como o Google consistem em meros instrumentos de disponibilização de informações, podendo os conteúdos publicados na Internet serem inseridos livremente pelos usuários. Demais disso, existem disponíveis, no mundo virtual, inúmeros sites de imagens, de busca e de relacionamento, que também podem divulgar o vídeo da autora. Esse fato, por si só, revela a impossibilidade material de a agravante ser responsabilizada por toda e qualquer publicação ofensiva à agravada que esteja disponível na Internet. Primeiro, pelo fato da Google apenas poder bloquear os conteúdos reputados ofensivos dos sites que estejam sob o seu domínio, mediante a indicação das respectivas URL's (endereços eletrônicos). Segundo, em razão de não ser possível tecnicamente a determinação para que uma instituição como o agravante efetue juízo de valor sobre o que é ou não ofensivo, no sentido de bloquear o acesso a determinados conteúdos. 5 TJSP: APL 994.09.272268-4: Ac. 4417055: Cubatão: Sétima Câmara de Direito Privado: Rel. Des. Alvaro Passos; Julg. 07/04/2010; DJESP 20/04/2010. 6Agravo de Instrumento N 70015442502, Sexta Câmara Cível. Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Corrêa l'almeiro da Fontoura. Julgado em 14/09/2006.
6 Toder Judiciário Tri6unal de Justiça do Estado da Tarai6a Çadinete da (Desendargarfora Maria de Tátána Moraes (Bezerra CavaCcanti Ag. n 200.2010.044295-9 / 001 Ante o exposto, em conformidade com o parecer ministerial, dou provimento ao agravo, ratificando a liminar deferida às fls.1801182, para que a agravante se abstenha de cumprir a obrigação concernente à remoção de eventual vídeo relacionado a menor, quando não lhe forem indicadas as URL's das páginas em que estejam hospedados os vídeos reputados ofensivos, cuja remoção se pretende. É como voto. Presidiu a sessão o Exm. Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram ainda do julgamento, além da relatora, eminente Dra. Maria das Graças Morais Guedes, Juiza convocada, com jurisdição limitada, para substituir a Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti, e o Exm. Dr. Wolfram da Cunha Ramos, Juiz convocado para substituir a Exma. Desa. Maria das Neves do Egito de Araújo Duda Ferreira, ante o gozo de licença para tratamento de saúde pelo Exm. Dr. Marcos William de Oliveira. Presente ao julgamento a Exma. Dra. Lúcia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. João Pessoa, 09 de fevereiro de 2012. f te Ora. Ma)ria das Graças Morais Guedes Juíza Convocada Relatora g/04
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