VIII Congresso Nacional das Operadoras Filantrópicas de Planos de Saúde Inovação e Novas Tecnologias na Saúde José Cechin VIII Congresso SP, 24jul2018
A dificuldade não está nas novas ideias, mas em escapar das velhas, que se ramificam, para aqueles que foram criados como a maioria de nós foi, por todos os cantos de nossas mentes. J. M. Keynes, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. 1935 2 2
A FenaSaúde 17 grupos empresariais 21 operadoras associadas Beneficiários (Mar/18) 29,2 milhões = 41,6% do total Receita (2017) R$ 72,6 bilhões = 39,6 % do mercado Despesas assistenciais (2017) R$ 60,7 bilhões = 40,3% do mercado 1. Allianz Saúde S.A 2. Amil Saúde 3. Care Plus Medicina Assistencial 4. Gama Saúde 5. Golden Cross 6. Grupo Bradesco Saúde 7. Grupo Caixa Saúde 8. Grupo NotreDame Intermédica 9. Grupo SulAmérica Saúde 10. Itauseg Saúde 11. Mapfre Saúde 12. Metlife Planos Odontológicos 13. Odontoprev 14. Omint Serviços de Saúde 15. Porto Seguro - Seguro Saúde 16. Sompo Saúde Seguros 17. Unimed Seguros Saúde 3 3
Gravidade do Momento atual na Saúde Suplementar 4 4
Momento Atual Elevado crescimento das mensalidades Que causa insatisfação a todos: consumidores e empresas profissionais da saúde prestadores operadoras ANS e Governo órgãos de defesa do consumidor judiciário... Induz à judicialização e demandas por controle dos reajustes Percepções equivocadas exacerbadas: Reajustes abusivos Lucros excessivos das OPS Negativas generalizadas... 5 5
Mas o reajuste que resulta do modelo atual não recompõe o aumento das despesas dos planos individuais 0,91 0,89 0,87 0,85 0,83 0,81 0,79 0,77 0,75 Sinistralidade Planos Individuais 6 6
As despesas crescem muito acima da inflação 7 7
Crescimento das despesas Ano Reajuste ANS (%) IPCA 1 (%) Despesa assistencial per capita (%) VCMH 3 (%) 2008-2017 131,9 69,9 169,3 230,0 Fontes: Sistema de informações de beneficiários - SIB/ANS/MS - Tabnet. IBGE - ìndice de reajuste ANS - disponível em http://www.ans.gov.br/. Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor IPCA - Extraído em dez/17 Notas: 1 IPCA - Variação do índice médio de cada ano compreendido entre os meses de abril a maio. 2 Considera apenas as operadoras médico-hospitalares. 3 Média compreendida entre os meses de abril a maio. 8 8
As despesas crescem por diversos motivos: - Incorporação de tecnologia - Crescimento de preços de mat-med - Aumento da frequência de utilização - Epidemiologia - Envelhecimento - Desperdícios - Judicialização -... 9 9 9
Não confundir Inflação Inflação de saúde Variação de despesas 10 10
Não confundir: inflação, inflação de saúde e variação de despesas per capita Inflação é Variação de preços: INPC, IPCA, IGP, IGP-M, IPC-FIPE... Inflação da saúde é a variação dos preços dos itens saúde que compõem a cesta de bens pesquisados para medir inflação: plano de saúde, honorários médicos, taxas e diárias hospitalares, materiais e medicamentos, exames laboratoriais, artigos de higiene e limpeza etc. Variação das Despesas = Dpreço + Dfrequência + efeito combinado das duas 11 11
Despesa = preço x quantidade D despesa = D preço + D quantidade + Dp x Dq Preço: da consulta, dos exames, dos materiais e medicamentos, das taxas e diárias hospitalares, dos DMI... Quantidade: frequência com que as pessoas fazem consultas, exames, terapias, internações... 12 12
A ilusão do controle de perçs 13 13
Aumenta número de procedimentos, cai numero de beneficiários Produção Assistencial e beneficiários (2015-2017) Tipo de Evento 16/15 17/16 Consultas Médicas¹ 2,4% -1,0% Consultas Outros Profissionais² 3,4% 11,2% Exames Complementares³ 6,7% 2,5% Tratamentos Ambulatoriais 4 44,5% 10,4% Internações 5-1,1% 1,8% Procedimentos Odontológicos 6 3,3% 5,2% Total de Eventos 6,8% 3,2% Beneficiários de Assistência Médica -3,4% -1,6% 14 14
Incorporação de tecnologias 15
Atualizações do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde 1998 2008 2010 2012 2014 2016 2018 CONSU 10 RN 167 RN 211 RN 262 RN 338 RN 387 RN 428 Vigência 4/11/98 01/04/08 Vigência 02/04/08 06/06/10 Vigência 07/06/10 31/12/11 Vigência 01/01/12 01/01/14 Vigência 02/01/14 01/01/16 Vigência 02/01/16 01/01/18 Vigência 02/01/18 01/01/20 70 inclusões 60 inclusões 87 inclusões 47 ampliações 21 inclusões 5 ampliações 18 inclusões 7 ampliações 16
Principais tecnologias incorporadas (2010-2016) 2010: 20 cirurgias por vídeo, transplante alogênico de medula óssea, pet-scan para câncer de pulmão e de linfoma, implante de marcapasso multissítio, oxigenoterapia hiperbárica, inclusões no segmento odontológico (coroa unitária e bloco) etc. 2012: 40 cirurgias por vídeo, pet-scan p/ colo-retal, angiotomografia, tratamento ocular com antiangiogênico, implante de anel intraestromal, terapia imunobiológica IV, etc. 2014: 37 medicamentos orais para tratamento de câncer para 54 indicações médicas, 28 cirurgias por video, IMRT (radioterapia),implante de esfíncter artificial, radioablação de tumores hepáticos, bolsas de ostomia, pet-scan para 8 novas indicações, etc. 2016: 1 medicamento oral para tratamento de câncer e ampliação de outros 3, ampliação da cobertura para doenças genéticas, prótese auditiva, implante polímero intravítreo, injeção intravesical de toxina botulínica, implante de cardiodesfibrilador multissítio, implante de monitor de eventos, etc. 17
Incorporação de tecnologias na Saúde Suplementar Ausência de estudos de impacto para balizar as decisões Metodologias de cálculo e impacto nem sempre são divulgadas Necessidade de avaliação do custo-efetividade antes e após a incorporação Criar fóruns para debates para avaliar o que aconteceu após a incorporação Estudos de impacto deveriam ser feitos por órgãos independentes Incorporar procedimentos conforme infraestrutura disponível 18
ROL 2018 Reflexões 19
FenaSaúde estimou impacto de 14 tecnologias: R$ 4,5 bilhões 5 TERAPIAS Natalizumabe, Palivizumabe, Cirurgia endoscópica p/ Refluxo Vesico-Ureteral, tratamento ocular quimioterápico antiangiogênico (EMD e OVR/OVRC). R$ 4,2 bilhões 4 MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS ORAIS Dabrafenibe, Crizotinibe, Ruxolitinibe, Afatinibe. R$ 281,3 milhões 5 EXAMES PET/CT para tumores neuroendócrinos, Cintilografia de Perfusão Cerebral com Trodat, RM do Fluxo Liquórico, Toxoplasmose no Líquido Amniótico por PCR e Aquaporina. R$ 44,1 milhões 20
Exemplos de impacto do Rol 2018 Afatinibe: Câncer de Pulmão Custo anual/paciente: R$ 76.152 Crizotinibe: Câncer de Pulmão Custo anual/paciente: R$ 468.456 Dabrafenibe: Melanôma Custo anual/paciente: R$ 500.184 21 21
Gestão das operadoras 22 22 22
Ato médico Operadoras não têm gestão sobre o ato Médico (responsabilidade indelegável) 23 23 23
Atuação das operadoras Operadoras não têm gestão sobre as despesas assistenciais Tomam seu crescimento como dado Precisam buscar receitas para custeá-las, reajustando mensalidades Têm como alvo assegurar a taxa de sinistralidade pactuada, como consta da Nota Técnica de Registro de Produto, aprovada pela ANS) 24 24
Diante do crescimento das despesas as operadoras precisam buscar as receitas necessárias para custeá-las e assim manter a sinistralidade contratada 25 25
Gestão das operadoras 1. Eficiência administrativa 2. Aquisição de Materiais 3. Junto a Profissionais de Saúde 4. Desperdícios, fraudes e abusos 5. Hábitos de Vida 26 26
1. Busca da eficiência: queda na despesa administrativa 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 16% -37% -44% 14% 13% 10% 12% Mercado Autogestão Cooperativa Médica 10% 47% 25% 17% 11% 9% Filantropia Medicina de Grupo Seguradora Especializada em Saúde 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 5% Fonte: Documento de informações periódicas das operadoras de planos de assistência à saúde DIOPS/ANS Tabnet Extraído em 8/9/17 27 27
2. Aquisição de mat-med Despesas que mais crescem: internações Internações pesam quase 50% da conta hospitalar Despesa com mat-med é a que mais cresce na internação Mat-med levam 36% da conta hospitalar Hospital é o locus da incorporação de tecnologia 28 28
2. Custos da internação cresceram 135,5% e IPCA 69,9% Ano R$ 2008 3.480,42 2017 8.197,01 2017/2008 135,5% IPCA 69,9% Fontes: 2008: Caderno de Informação da Saúde Suplementar - dezembro/2014. 2016: Mapa Assistencial. Ed. 2013, 2014, 2015, 2017. IPCA - Variação do índice médio de cada ano compreendido entre os meses de abril e maio. 29 29
2. Aquisição de mat-med Renegociação de contratos Compras diretas de itens de baixa frequência e alto custo Inteligência médica uso de indicadores de comportamento de prestadores para se certificar que usam os materiais adequados. 30
3. Ações junto a profissionais de saúde Diálogo com médico assistente Medicina baseada em evidência Segunda Opinião Junta Médica para divergências 31 31
4. Combate a desperdícios, fraudes e abusos OMS: entre 20 e 40% gastos do setor - R$ 30 bi no Brasil Operadoras movem ações contra maus profissionais e fabricantes, inclusive no exterior. Sistemas internos para detecção, apuração e apenação. 32 32
Desperdícios Fraudes Abusos Ação do Profissional de Saúde 4. Desperdícios - exemplos Solicitar exames desnecessários Estudo na BA: 12.217 exames realizados em UTI, 41% desnecessários Superfaturar remédios e materiais Operação Mr. Hyde da PF: 100 vítimas lesão corporal Utilizar mais materiais que o necessário Uso abusivo de stents e âncoras Uso de materiais caros quando os econômicos teriam mesmo resultado 33 33
5. Hábitos de vida: o seu estado de saúde depende de você Contribuição proporcional à morte prematura* Circunstância s Sociais; 15% Meioambiente; 5% Atenção à Saúde; 10% Hábitos 40% Genética 30% Gestão das atitudes das pessoas na promoção de saúde PROMOPREV R$ 500 milhões/ano, 200 operadoras Descontos para pessoas com hábitos saudáveis: por quê não? * Schroeder, SA. (2007). We can do better Improving the Health of American People. NEJM. 357: 1221-8. 34 34
Há inovação no âmbito das grandes operadoras? Operadoras migrando para gestores de saúde com beneficiário no centro da ações (desfecho e qualidade de vida) Ações para aprimorar a relação com beneficiários Programas de Promoção e Prevenção Inovações em gestão para reduzir o custeio administrativo Investimentos em sistemas de informações Novas relações com a indústria compras diretas 35
A sustentabilidade do setor está ameaçada? Ameaça: explosão das despesas x controle de reajustes Assegurar sustentabilidade requer ações sobre os propulsores das despesas: - incorporação de tecnologias, desperdícios, preços, atitudes dos beneficiários, judicialização, hábitos de vida e - Por parte de todos os participantes de cadeia de valor da saúde: Incorporação de tecnologias: questão de escolhas entre o desejo de acesso imediato a qualquer tecnologia disponível no mundo e as possibilidades econômicas das pessoas e sociedade. Desperdícios: mudar a forma de remuneração. 36
Obrigado! José Cechin jcechin@fenasaude.org.br 37 37