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Transcrição:

Origem: PRT 1ª REGIÃO Membro Oficiante: ISABELLA GAMEIRO DA SILVA TERZI Denunciante: ANÔNIMO Denunciado: CRBIO 2 CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA 2ª REGIÃO RJ/ES Assunto: 09.06.01 ANOTAÇÃO E CONTROLE DE JORNADA; 09.06.02.01 JORNADA EXTRAORDINÁRIA EM DESACORDO COM A LEI. EMENTA: JORNADA DE TRABALHO. MARCAÇÃO BRITÂNICA. INVALIDADE DA DOCUMENTAÇÃO JUNTADA. DILIGÊNCIAS NECESSÁRIAS Havendo indícios de inobservância das normas atinentes à marcação de jornada e de consequente descumprimento de obrigações a ela relacionadas, há ensejo para se buscarem elementos mínimos de convicção que afastem a presença da materialidade e, principalmente, da transindividualidade da lesão. Necessidade do prosseguimento da persecução ministerial para apurar a existência e a abrangência das irregularidades denunciadas. Pela NÃO HOMOLOGAÇÃO da promoção de arquivamento. I RELATÓRIO Trata-se de denúncia anônima que deu origem à Notícia de Fato nº 003137.2013.01.000/8-00, apontando irregularidades no controle de ponto dos empregados, ausência de pagamento de horas extras e extrapolação de jornada dos motoristas, por prestarem serviços não afetos ao cargo ocupado, pois relacionados a pedidos particulares do Presidente da denunciada. Após solicitar documentos à investigada, os quais foram analisados pela 1

perícia contábil da PRT 1ª Região, da qual resultou o laudo de fls. 16/17, a ilustre Procuradora do Trabalho oficiante promoveu o arquivamento do Procedimento Preparatório, justificando que, por apresentar contorno meramente individual, a questão não mereceria atuação do MPT. Remetidos os autos à CCR, foram distribuídos a este Relator. É o breve relatório. II FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, observo que o Membro oficiante proferiu a Promoção de Arquivamento com base na documentação acostada pela denunciada, a qual foi analisada pelo setor contábil daquela PRT. O douto Órgão fundamentou o referido arquivamento asseverando que: Requisitados documentos contábeis, foi lavrado o laudo de fls. 16/17 em que se verificou lesão meramente individual. Com a devida vênia, não comungo com a promoção operada pela douta Procuradora Oficiante. É que, embora o referido laudo tenha apontado irregularidades (sobrejornada) de apenas alguns empregados, foi enfático ao ressaltar que grande parte dos controles de jornada se encontra com marcação britânica (fl. 16). Vejamos o trecho de destaque: Quanto aos controles de jornada, observamos que a marcação de jornada é manual e que grande parte é realizada de forma britânica 2

De fato, da análise dos documentos acostados (anexos 1 e 2), percebese que grande parte dos espelhos de jornada possuem marcação britânica, o que conduz à conclusão de que não servem para retratam com fidedignidade a real jornada praticada pelos empregados da denunciada. Ora, não há como se concluir que a lesão denunciada possui contorno individual com base apenas nos apontamentos de empregados cuja extrapolação de jornada não paga foi detectada pela perícia exatamente porque o horário dos demais não se apresenta corretamente consignado. Em outras palavras, não é porque apenas três empregados apresentam aparente discrepância que os outros também não padeçam do mesmo mal, haja vista que seus cartões de ponto não refletem a realidade. III, abaixo transcrita: Assim já pacificou, inclusive, o Colendo TST, por meio da Súmula nº 338, Súmula nº 338 do TST JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, 2º, da CLT. A nãoapresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-súmula nº 338 alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-oj nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da 3

prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-oj nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) Penso, portanto, que somente a documentação juntada, porque inválida, não é suficiente para a conclusão a que chegou o Membro oficiante. Apenas após o esgotamento das diligências investigatórias, ou mesmo da coleta mínima de elementos de fato, poderia o MPT firmar, com base num juízo de conveniência e oportunidade, a sua convicção acerca da inexistência de fundamentos para o prosseguimento da investigação e para o arquivamento do procedimento. É a interpretação que se faz do art. 9º da LACP, verbis: Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. Diferente do que consta na fundamentação do arquivamento, entendo que a matéria que se examina está intrinsicamente ligada à tutela da saúde e da segurança dos trabalhadores. Isso porque o problema não diz respeito apenas à falta de pagamento de horas extraordinárias, mas de possível exposição de trabalhador a reiterada sobrejornada, mediante desgaste físico e psicológico. Melhor averiguação é medida que se impõe, até mesmo para se verificar a adoção de medidas muito mais significativas do que o mero pagamento de horas extras, como, por exemplo, a reorganização da rotina de trabalho de modo a minimizar a necessidade de expor o trabalhador à extrapolação de jornada corriqueira. 4

Importante que se corrija, primeiro, o mecanismo de anotação de jornada dos empregados, pois inadmissível a marcação britânica que vem ocorrendo. Depois, necessário que se verifique se há, de fato, prática de exigência de labor em sobrejornada sem a devida contraprestação pecunária. Isto porque prevenção e precaução são princípios norteadores de toda matéria que envolve a saúde e a segurança do trabalhador e não podem ser olvidados. Devem repercutir na sociedade como um todo, fomentando-se, assim, condições dignas de trabalho. Por tudo isso, a persecução ministerial deve avançar um pouco mais, adotando-se diligências, podendo contar, inclusive, com a colaboração dos órgãos de fiscalização e depoimentos que possam esclarecer os fatos denunciados, pois se está diante de situação que pode comprometer toda uma coletividade de trabalhadores. A Câmara de Coordenação e Revisão tem decidido reiteradamente no sentido de ser necessário diligenciar-se quando o objeto da investigação indicar lesão a normas afetas à higidez física e mental do trabalhador, a exemplo da ementa que se colaciona a seguir: Ementa do processo nº 10105/2009 Cartões de ponto. Jornada britânica. Invalidade como meio de prova. Necessária uma investigação mais acurada do caso. Pela não homologação do arquivamento. Não seria demais destacar que, não sendo dado prosseguimento à investigação, o arquivamento do procedimento se constituirá em mais um estímulo para a perpetuação de suposta violação de regras relativas à saúde e segurança do 5

trabalhador, meta prioritária no âmbito do Ministério Público do Trabalho. III CONCLUSÃO À vista do exposto, voto pela não homologação da promoção de arquivamento e, via de consequência, determino o retorno dos autos à PRT de origem para as providências cabíveis. Brasília, em 16 de junho de 2014. OTAVIO BRITO LOPES SUBPROCURADOR-GERAL DO TRABALHO MEMBRO DA CCR - RELATOR 6