CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 4ª Região Passo Fundo/RS Interessado(s) 1: SINPRO/RS - Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul Interessado(s) 2: Congregação Missionária Redentorista Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): CODEMAT Procurador oficiante: Márcio Dutra da Costa RECURSO ADMINISTRATIVO SINDICATO PPRA E PCMSO IRREGULARIDADES. Recurso que aponta irregularidades no PPRA e PCMSO da denunciada. Necessidade de aprofundamento investigatório, com o propósito de verificar a correção do conteúdo e a efetiva implementação das diretrizes dos programas tidos por irregulares. Recurso administrativo conhecido e provido. Promoção de Arquivamento não homologada. RELATÓRIO Trata-se de inquérito civil instaurado em razão de denúncia formulada pelo SINPRO/RS Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, dando conta de diversas irregularidades 1

2 no meio ambiente do trabalho de diversas instituições de ensino estabelecidas em sua base de atuação (inexistência de PPRA e PCMSO, inadequação das condições de trabalho em termos ergonômicos), figurando, neste feito como investigada, a Congregação Missionária Redentorista. O i. Procurador oficiante promoveu o arquivamento do presente feito, conforme peça às fls. 50/51, verbis: Em atenção à requisição ministerial, a inquirida acostou aos autos documentação relativa ao PPRA e ao PCMSO então em vigor e relação de funcionários, sustentando estar desobrigada de constituir CIPA (fls. 22/31), sendo o PPRA e o PCMSO acostados no anexo 1 do presente procedimento, conforme a certidão exarada à fl. 31-verso. Em despacho, após análise dos documentos juntados pela investigada, determinouse a solicitação de fiscalização à Gerência Regional do Trabalho e Emprego (fl. 32). Atendendo ao pleito do Parquet, a GRTE/PF, encaminhou o relatório da ação fiscal realizada na empresa denunciada (fls. 34/36), confirmando a regularidade dos vínculos laborais e do meio ambiente de trabalho. No entanto, foi constatada a desatualização do PPRA que, segundo a fiscalização, estava há cinco anos sem atualização, motivo pelo qual foi lavrado o atuo de infração nº (fl. 37). Em despacho (fl. 41), determinou-se o aditamento da portaria, a fim de excluir os objetos relativos a CIPA, PCMSO, doenças ocupacionais do trabalho e condições de conforto nos ambientais de trabalho (fl. 42), bem como a designação de audiência para proposta de Termo de Ajuste de Conduta. Por ocasião da solenidade pautada (fl. 45), a inquirida apresentou os PPRA s originais de março de 2010 a março de 2011, e de março de 2011 a março de 2012, sendo deferido prazo para juntada de cópia de tal documentação, o que restou efetivado conforme petição constante na fl. 49 e a certidão da fl. 49- verso, registrando-se a juntada de cópia dos PPRA s atualizados no anexo II do presente procedimento. 2

3 Considerando ser a CIPA desnecessária no caso em apreço uma vez que a inquirida possui como teor do relatório de fiscalização acostados aos autos, e levando-se em conta a comprovada atualidade dos PPRA s, verifica-se a inexistência das irregularidades denunciadas. Assim, entende-se que o presente feito merece ser arquivado com base no caput do art. 10 da Resolução nº 69/2007 do CSMPT e do precedente nº 12 do CSMPT, pela inexistência de irregularidades. Intimadas as partes do arquivamento em questão (fls. 52/53), o sindicato representante apresenta recurso administrativo às fls. 56/62, onde aponta diversas irregularidades no meio ambiente do trabalho da representada, principalmente no que tange à elaboração e o conteúdo de seus PPRA e PCMSO. Intimada para oferecimento de contrarrazões (fl. 65), a denunciada manifestou-se às fls. 68/72. autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram os É o relatório. VOTO - FUNDAMENTAÇÃO Apresenta-se hábil e tempestivo o Recurso Administrativo ora em análise (fls. 52v, 56 e 63). 3

4 Evidencia-se dos autos, pela documentação a eles coligida, que não restou comprovada a correção das irregularidades do meio ambiente laboral atribuídas à denunciada. A peça recursal (fls. 56/62) aponta diversas irregularidades no PPRA e PCMSO da representada (condições ergonômicas, riscos vocais e biológicos), as quais não foram objeto de análise tanto pela GRTE local quanto pelo setor técnico específico da PRT 4ª Região. A simples juntada, pela investigada, de documentação alusiva aos seus PPRA e PCMSO (anexos I e II), sem uma análise técnica de seu conteúdo e sem uma fiscalização in locu tendente a verificar a efetividade prática de suas diretrizes, já que a ação fiscal (relatório de fls. 35/36) restou prejudicada pelos motivos a saber: ( Contudo, a efetividade da ação fiscal foi prejudicada por dois motivos: na data da ação a escola estava em recesso e não foi possível verificar trabalhadores em atividade, especialmente nos laboratórios. O outro motivo foi a desatualização do PPRA que foi elaborado, aproximadamente, há cinco anos e não sofreu análises globais anuais. ), não se mostra capaz de suportar o entendimento de inexistência das irregularidades denunciadas, com o consequente encerramento das investigações. 4

5 Saliente-se que a elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional não é mera burocracia, consubstanciando-se em verdadeira proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores Assim, entendo que deve preceder o fim das investigações uma análise pormenorizada dos PPRA e PCMSO constantes dos anexos I e II por engenheiro e médico do trabalho, se possível lotados na PRT 4ª Região, bem como fiscalização in locu, que poderá ser empreendida pelo órgão fiscalizador do MTE local, com o escopo de comprovar, na prática, a implementação de tais programas. Logo, é conveniente que se proceda à continuação das investigações a fim de que se verifique, mediante prova escorreita nos autos, se houve saneamento de todas as irregularidades denunciadas. A ausência de mais apurada investigação neste feito não autoriza o seu precoce arquivamento, e, muito menos a superveniente homologação. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER e PROVER o Recurso administrativo sub examine, 5

6 para que se apurem as irregularidades trabalhistas denunciadas neste feito no intuito de angariar melhores subsídios ao convencimento ministerial, determinando o retorno dos autos à origem para regular processamento. Brasília, 24 de novembro de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Membro da CCR - RELATORA 6