CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 9ª Região Londrina / PR Interessado(s) 1: Sigiloso Interessado(s) 2: A B Diversões Ltda. Assuntos: Igualdade de Oportunidades e Discriminação nas Relações de Trabalho Procuradora oficiante: Luciana Estevan Cruz de Oliveira RECURSO ADMINISTRATIVO MATÉRIA DE FEIÇÃO INDIVIDUAL. Evidencia-se dos autos situação que retrata lesão meramente individual que não reclama a intervenção obrigatória do MPT. Pelo conhecimento e não provimento do recurso administrativo e pela homologação do indeferimento de instauração de inquérito civil. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado com gênese em denúncia sigilosa formulada em face de A B Diversões Ltda., noticiando a recusa da empregadora em permitir à denunciante o uso do plano de saúde empresarial e que teria sido injustamente demitida após comunicar à empresa que seria submetida a um procedimento cirúrgico. 1

2 Em sede de apreciação prévia, a i. Procuradora oficiante, Dra. Luciana Estevan Cruz de Oliveira, indeferiu liminarmente a instauração de inquérito civil, sob os seguintes fundamentos, verbis: (...) No caso em tela, apesar do desencontro das informações prestadas pela parte denunciante, a denúncia é clara ao mencionar que eventuais irregularidades praticadas ocorreram apenas em face deste, sendo notório o caráter individual do direito em questão. (...) Logo, a atribuição do Ministério Público do Trabalho é destinada à tutela de interesses transindividuais. Esses direitos metaindividuais só existem com a conflituosidade das massas, que foi acentuada após a Segunda Guerra Mundial. (...) Impende ressaltar que a legitimidade do Ministério Público do Trabalho para a defesa de interesses individuais homogêneos cinge-se aqueles direito dotados de indisponibilidade e de relevância social. (...) Sendo assim, as possíveis irregularidades mencionadas na denúncia cometidas para com um(a) empregado(a), não configuram hipótese de intervenção ministerial, porquanto se trata de direito meramente individual. Diante do exposto, indefiro a instauração de inquérito civil nos termos do art. 5º da Resolução 69 do 2

3 Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, por inexistência de fundamento para propositura de ação civil pública. Inconformada com a decisão de arquivamento, a denunciante apresenta recurso administrativo à fl. 11, aduzindo, verbis: Boa tarde. Venho falar sobre o arquivamento nº59892/2012 representação nº /2. Como havia comunicado do plano de saúde Sinamed a empresa (representada pela gerencia Joel e SR Deziene), foi lá constar o problema que fazia eu exigir melhor plano de saúde e lá constatou que eu tenho edometriose aguda, xisto de ovários, miomas, pedras renais e teria que fazer a cirurgia de emergência e me demitiram e fizeram o acerto no Sindshopping, acertam meus direito mas me pagara com cheque frio da caixa Econômica Federal, não havia deposito de fundo de garantia, e todos os direitos a emissão foi sem justa causa dispensada pela sinamend que não cobre a cirurgia, tudo foi visto pela empresa junto a Sinamed no meu período de férias cheguei das férias e fui demitida foi gravada reclamação na recepção do Catauí onde fui agredida (verbalmente) pelo gerente tentando fazer com a que a segurança me impedir de fazer a reclamação na recepção do Catuaí. Isto mostra que a empresa mentia dizendo ser aceito em situação de shopping o plano empresarial, tem que ser plano total devido as condições de trabalho. Tento ir ao senhor Meretíssimo que reveja o caso, mostrando total falsidade da empresa, tenho comigo os doc: de saída e também os estudos que mostram a doença com que me demitiram, sou paciente de urgência pela fila publica deivdo a usar plano de saúde empresarial onde passam minhas doenças aos patrões dando direito a eles de decidir por mim, agora sim consigo ver com clareza o motivo de tantas demissões sem explicações. Não sei se terei vida e saúde para ver o resultado mas em cisto por ele. 3

4 Com vistas dos autos, o i. Órgão Ministerial oficiante manteve o arquivamento do procedimento sob os mesmos fundamentos (fl. 13). Devidamente intimada para, querendo, oferecer contrarrazões ao recurso interposto pelo denunciante, a empresa investigada quedou-se inerte (fls. 14/14-v). certidão à fl. 16. Autos distribuídos a esta Relatora, conforme É o relatório. VOTO - FUNDAMENTAÇÃO Administrativo ora em análise (fls. 10 e 15). Apresenta-se hábil e tempestivo o Recurso Examinando o feito, a ilustre colega promotora do indeferimento em tela, embasa-o ao argumento de que a matéria, como posta, não imprime a necessária transindividualidade a justificar a atuação do Ministério Público do Trabalho, diante do nítido caráter de interesse puramente individual da denúncia. 4

5 Concordo com tal conclusão, uma vez que se constata, do exame dos presentes autos, a ausência de indícios a indicar ser a lesão denunciada de cunho metaindividual. Pelo contrário, os elementos de prova conduzem à conclusão ser de interesse meramente individual, cuja tutela de direitos cabe ao denunciante/recorrente promover. Ademais, pela análise dos termos da peça de ingresso, depreende-se o intuito da recorrente em provocar o Ministério Público do Trabalho no reguardo de seus interesses privados, senão vejamos: Bom dia. Gostaria de ser defendida pelo Ministério Público, por toda vez que eu vou ao médico vem um resultao que não vejo, parece que só a empresa recebe... fl. 05 Pasta Espelho. As razões recursais não trazem fundamentos capazes de infirmar e reformar a decisão indeferitória ora hostilizada. O indeferimento ora combatido, com o qual comungo e cujos fundamentos adoto como parte integrante deste voto, deve subsistir por seus próprios fundamentos. 5

6 CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER e NÃO PROVER o Recurso administrativo sub examine, e de HOMOLOGAR o indeferimento de instauração de inquérito civil às fls. 08/09, por seus fundamentos, determinando o retorno dos autos à origem para as providências de estilo. Cientifiquem-se os interessados e a Chefia da Procuradoria Regional do Trabalho de origem. Brasília, 24 de agosto de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA ffpam 6