Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
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- Herman de Oliveira Borja
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1 UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ Área de Ciências Humanas e Jurídicas Curso de Psicologia, 4º Período Componente Curricular: Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem III Professora: Tatiany da Silva Nardino Acadêmicas: Claudia Rottava Rizzotto Elizeti Menezes Pereira Jessica Lisa da Silva Mara Lopes Transtornos Invasivos do Desenvolvimento O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV apresenta a classificação dos Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência, onde aborda a categoria dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, sendo eles: Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (SOE). Com a nova versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5, os mesmos passaram a integrar a classificação dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, na categoria Transtorno do Espectro Autista. Muitas referências pesquisadas ainda trazem como Transtornos Globais do Desenvolvimento, porém optamos por utilizar a versão atualizada do DSM ao nos referirmos a patologia. O site de pesquisas Psi Web nos apresenta que alguns termos como psicose e esquizofrenia da infância já foram utilizados para referir-se a indivíduos acometidos pelo Transtorno do Espectro Autista, embora tais transtornos sejam muito distintos, o que não descarta a possibilidade de que os mesmos possam vir a desenvolver uma esquizofrenia. Segundo o Dr. Drauzio Varella (s/d), o autismo possui três características fundamentais, que consistem na inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Para que seja feito o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, cinco critérios básicos devem ser observados de acordo com o que apresenta o DSM-5. O primeiro critério apresentado diz respeito aos déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos [...] atualmente ou por história
2 prévia. Nesse critério cita-se os déficits na reciprocidade socioemocional, déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social e déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. O segundo critério no DSM-5 aborda os padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades [...] atualmente ou por história prévia. Nesse critério é necessário que o indivíduo apresente pelo menos dois dos seguintes comportamentos: movimento motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos, insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal, interesses fixos e restritos que são anormais em intensidade ou foco e hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente. O terceiro critério aborda que os sintomas devem se manifestar muito cedo no desenvolvimento. O quarto critério aborda que os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente. E o critério cinco, traz as alterações que foram ocorrendo nas versões anteriores do DSM, onde não deve-se mais explicar o Espectro por transtorno do desenvolvimento intelectual ou por atraso global do desenvolvimento, apesar de deficiência intelectual e transtorno do espectro autista serem comumente comórbidos. O DSM-5 traz ainda que transtorno autista, transtorno de Asperger e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, diagnosticados pelo DSM-IV, devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista, enquanto indivíduos que não se encaixam em todos os critérios para o transtorno do espectro autista, mas que apresentam déficits na comunicação social devem ser avaliados pelo transtorno da comunicação social (pragmática), que é um diagnóstico diferencial na categoria do espectro autista. Algumas características podem estar associadas ao espectro autista. Segundo o DSM-5 pode ocorrer um comprometimento tanto intelectual como da linguagem, alguns déficits motores, como a falta de coordenação e marcha atípica, autolesão, comportamentos desafiadores ou disruptivos, ansiedade, depressão e comportamento motor parecido com a catatonia. O DSM-5 ainda preconiza que os sintomas costumam aparecer na faixa dos dois anos (entre 12 e 24 meses), porém se os atrasos no desenvolvimento forem mais graves podem ser percebidos antes dos 12 meses e se forem mais sutis depois dos 24 meses.
3 Podem ocorrem raros casos de regressão após 2 anos do desenvolvimento normal, que na versão anterior do manual eram descritos como transtorno desintegrativo da infância. O manual aborda ainda que o transtorno do espectro autista não é degenerativo, ou seja, a aprendizagem e a compensação continuam ao longo da vida. Porém, somente a minoria dos indivíduos acometidos pelo transtorno vive e trabalha independentemente na vida adulta e mesmo que alguns funcionem com independência podem continuar socialmente ingênuos e vulneráveis. Quando o adulto procura pelo atendimento pode ficar mais difícil o diagnóstico, em função de que deve-se procurar conhecer sua história de vida. Ainda o DSM-5 aborda que nada se sabe sobre o espectro do autismo na velhice. O manual apresenta que a ausência de deficiência intelectual e o nível menos elevado de comprometimento da linguagem são critérios para um bom prognóstico. Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do espectro também são citados, sendo eles ambientais, como baixo peso ao nascer, a exposição do feto ao ácido valproico e a idade avançada dos pais, bem como fatores genéticos e fisiológicos. A Revista Brasileira de Psiquiatria salienta esse fator genético abordando que os transtornos do espectro autista são as condições mais prevalentes e marcadamente genéticas entre todos os transtornos de desenvolvimento. Quanto ao diagnóstico diferencial o DSM-5 apresenta sete configurações. A síndrome de Rett caracterizada por uma fase regressiva, que ocorre entre 1 e 4 anos de idade e depois desse período a maioria melhora as habilidades de comunicação social. O mutismo seletivo caracterizado por períodos em que criança não exibe habilidades comunicacionais, porém a reciprocidade social não é prejudicada e não apresenta comportamentos restritivos ou repetitivos. Os transtornos da linguagem e transtorno da comunicação social (pragmática), caracterizado por prejuízos na comunicação e interações sociais, porém não apresenta comportamentos restritivos ou repetitivos. A deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual sem transtorno do espectro autista se mostra quando não há discordância aparente entre o nível das habilidades de comunicação social e outras habilidades intelectuais. O transtorno do movimento estereotipado deve ser considerado quando as estereotipias causam autolesão e se tornam o foco do tratamento. O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é caraterizado quando a hiperatividade ou o déficit de atenção excedem aquilo que é considerado típico do espectro autista. E por fim, a esquizofrenia costuma ser confundida com o espectro autista pelo prejuízo social e os interesses
4 atípicos, porém as características fundamentais da esquizofrenia que são as alucinações e os delírios não remetem ao transtorno do espectro autista. Em relação as comorbidades o manual traz que 70% dos acometidos podem ter um transtorno mental comórbido e 40% apresentar dois ou mais transtornos mentais em comorbidade. Comprometimento intelectual, transtorno estrutural da linguagem, TDAH, transtorno do desenvolvimento da coordenação, transtornos de ansiedade e transtornos depressivos também podem ser comórbidos ao espetro autista. Algumas condições médicas como, epilepsia, distúrbio do sono, constipação e transtorno alimentar também entram nessa condição. Transtornos Disruptivos do Controle de Impulsos e da Conduta Os Transtornos do Comportamento, ou melhor, Transtornos de Déficit de Atenção e de Comportamento Disruptivo, assim apresentados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), dispostos na categoria dos Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência, sofreram algumas modificações na nova versão o DSM-5, e é por meio desta nova versão que seguiremos na elaboração deste trabalho. No DSM-5 o Transtorno de Déficit de Atenção\Hiperatividade e do Comportamento Disruptivo é extinto, assim sendo, o TDAH é separado e segue para os Transtornos do Neurodesenvolvimento enquanto os Transtornos do Comportamento Disruptivo são classificados em uma nova categoria, Transtornos Disruptivos do Controle de Impulsos e da Conduta. De acordo com o DSM-5, os Transtornos Disruptivos do Controle de Impulsos e da Conduta envolvem problemas de autocontrole de emoções e de comportamentos, sendo que o que os difere de outros transtornos de cunho emocional e comportamental, é o fato destes serem exclusivos a problemas de comportamentos que violam os direitos dos outros (por exemplo: agressão, destruição de propriedade) e submetem o indivíduo a conflito com as normas sociais. Todos os Transtornos Disruptivos do Controle de Impulsos e da Conduta são mais comuns no sexo masculino, tendo início na infância ou adolescência. Dentre os quais podemos destacar: Transtorno de Oposição Desafiante (TOD), Transtorno Explosivo Intermitente, Transtorno da Conduta, Transtorno da Personalidade
5 Antissocial (sendo que este também está incluído nos transtornos da personalidade), Piromania e Cleptomania. O Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) tem como sintomas principais o humor raivoso/irritável (com frequência: perde a calma; é sensível ou facilmente incomodado; é raivoso e ressentido) comportamento/desafiante (com frequência: questiona figuras de autoridade; se recusa a obedecer a regras de figuras de autoridade; incomoda outras pessoas; culpa outros por seus erros e comportamentos) ou de índole vingativa (é malvado ou vingativo). Estes sintomas geralmente se limitam a apenas um ambiente (frequentemente em casa) somente em casos mais graves estão presentes em mais do que um ambiente (DSM-5). Ainda de acordo com o DSM-5 para ser diagnosticado como portador deste Transtorno os sintomas devem persistir por seis meses, no mínimo, alcançando ou ultrapassando quatro sintomas, considerando a persistência e frequência dos sintomas de acordo a idade, gênero e a cultura. De acordo com o DSM-5 A prevalência do transtorno de oposição desafiante varia de 1 a 11%, com uma prevalência média estimada de 3,3% [...] sendo mais prevalente no sexo masculino, surgindo antes da adolescência. O Transtorno Explosivo Intermitente resulta na incapacidade de controlar comportamentos agressivos impulsivos. Indivíduos com esse Transtorno apresentam agressão grave dirigido a outros e altas taxas de raiva (agressão verbal, ou agressão física dirigida a propriedade, animais ou outros indivíduos) em resposta a provocações que em geral não resultariam em explosões agressivas (DSM-5). De acordo com o DSM-5 o diagnóstico do Transtorno Explosivo Intermitente não deve ser feito em indivíduos com idade inferior a 6 anos ou em crianças com idade entre 6 e 18 anos em situações em que as explosões de agressividade impulsivas ocorrerem no contexto de um transtorno de adaptação. A característica principal do Transtorno da Conduta é um padrão comportamental repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas, normas ou regras sociais. Esses comportamentos se enquadram em quatro grupos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça ou danos físicos a outras pessoas ou animais; conduta não agressiva que causa perda ou danos a propriedade (inclui provocação de incêndios com a intenção de causar danos graves ou destruição); falsidade ou furto; e violações graves de regras. Para ser diagnosticado com esse
6 Transtorno, três ou mais comportamentos típicos devem estar presentes nos últimos 12 meses, com pelo menos um comportamento presente nos últimos seis meses (DSM-5). Segundo o DSM-5 a prevalência na população em um ano variam de 2 a mais de 10%, com mediana de 4%. [...] são mais elevadas no sexo masculino do que no feminino. A Piromania resulta no prazer, gratificação ou alívio ao provocar um incêndio, ao testemunhar seus efeitos ou participar de suas consequências. Os incêndios não são provocados como uma expressão de ideologia sociopolítica, para ocultar atividades criminais, para expressar raiva ou vingança, para melhorar as circunstâncias de vida de uma pessoa ou em resposta a um delírio ou alucinação. O diagnóstico não deve ser feito se a provocação de incêndio for mais bem explicada por transtorno da conduta, por episódio maníaco ou por transtorno da personalidade antissocial (DSM-5). De acordo com o DSM-5 a Piromania como diagnóstico primário parece ser muito rara. Em uma amostra de pessoas que chegaram ao sistema criminal por causa de incêndios repetidos, apenas 3,3% tinham sintomas que preenchiam os critérios plenos para piromania. A Cleptomania é a falha recorrente em resistir aos impulsos de furtar itens, mesmo que eles não sejam necessários para uso pessoal ou em razão de seu valor monetário. O indivíduo experimenta uma sensação subjetiva crescente de tensão antes do furto e sente prazer, gratificação ou alívio quando o comete. Nos casos de Cleptomania o ato de roubar não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é executado em resposta a um delírio ou a uma alucinação. (DSM-5). De acordo com o DSM-5 a Cleptomania ocorre em aproximadamente 4 a 24% dos indivíduos presos por furtos em lojas. Sua prevalência na população em geral é muito rara, ficando em torno de 0,3 a 0,6%. Indivíduos do sexo feminino superam os do masculino em uma proporção de 3:1.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. Trad. Maria Inês Corrêa Nascimento et. al. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, AUTISMO e transtornos invasivos do desenvolvimento. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol.28, São Paulo, Maio ISSN Disponível em: < Acessado em: 02 mar DSM-IV-TR - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. Cláudia Dornelles. 4.ed. rev. Porto Alegre: Artmed, TRANSTORNOS invasivos do desenvolvimento DSM.IV. [S.I.]. Disponível em: < Classificacoes=162>. Acessado em: 02 mar VARELLA, Drauzio. Corpo Humano: Autismo. [S.I.]. Disponível em: < Acessado em: 02 mar
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