TOC E A INTERFERÊNCIA NA VIDA SOCIAL DO PACIENTE
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- Eliza Candal Marroquim
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1 TOC E A INTERFERÊNCIA NA VIDA SOCIAL DO PACIENTE Laís Rosiak 1 Rebeca Bueno dos Santos ¹ Mara Regina Nieckel da Costa 2 RESUMO O presente artigo apresenta o estudo realizado sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e a interferência na vida social, profissional e familiar do sujeito, bem como investigar as estratégias terapêuticas que auxiliam o indivíduo com este transtorno. A pesquisa teve caráter qualitativo e foi desenvolvida com uma população formada por três profissionais da área da saúde em um município do interior do Rio Grande do Sul. Os resultados do estudo apontam que o TOC interfere significativamente na vida e no cotidiano dos indivíduos diagnosticados como tal e que as compulsões comprometem significativamente o relacionamento conjugal, ocupacional e social. Por último, o estudo buscou apontar a proposta terapêutica mais indicada, nestes casos, pelos sujeitos estudados. Palavras-chave: Transtorno Obsessivo Compulsivo, sintomas do TOC, terapêutica no TOC INTRODUÇÃO O presente artigo visa apresentar o estudo qualitativo de cunho exploratório desenvolvido sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). O mesmo objetivou estudar quais os sintomas mais comuns que interferem no cotidiano das pessoas com este quadro. O TOC é, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana DSM-IV (1995), um transtorno mental incluído entre os chamados Transtornos de Ansiedade. Está classificado ao lado das fobias e do transtorno de pânico. Até o presente momento, ainda não foram esclarecidas as verdadeiras causas do TOC. O quadro de TOC apresenta os sintomas de alteração do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos de conteúdo impróprio ou ruim, obsessões) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão). Além disso, os portadores do TOC 1 Acadêmicas autoras do artigo. 2 Professora Orientadora.
2 sofrem de muitos medos (de contrair doenças, de cometer falhas, de ser responsáveis por acidentes). Em razão desses medos, evitam as situações que possam provocá -los comportamento chamado de evitação. Estes últimos, embora não específicas do TOC, são, em grande parte, as responsáveis pelas limitações que o transtorno acarreta. Evidências apontam diversos fatores de ordem biológica (envolvendo especialmente o funcionamento cerebral) e de ordem psicológica que contribuem para o aparecimento e para a manutenção dos sintomas (CORDIOLI, 2006). Além dos sintomas já referidos, também se observam as obsessões, idéias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes que são vivenciados como intrusivos e inadequados, causando acentuada ansiedade ou sofrimento. O presente estudo se propôs a verificar alguns aspectos do cotidiano das pessoas com TOC e sua influência na vida profissional, investigar as conseqüências mais freqüentes dos sintomas do TOC nas relações familiares e identificar estratégias terapêuticas que auxiliam o indivíduo com TOC. Para tanto participaram como sujeitos do estudo três profissionais da área da saúde (psicólogo e/ou psiquiatra) que responderam questionários sobre o tema desenvolvido. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO Para o presente estudo, foram destacados alguns aspectos do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e suas conseqüências na vida de pessoas que têm este diagnóstico. A proposta foi a realização de um pesquisa qualitativa, através de um questionário aplicado com três profissionais (psiquiatras e psicólogo), que têm experiência de acompanhamento terapêutico com pessoas com diagnóstico de TOC. As respostas aos questionários foram categorizadas e analisadas através da proposta de análise de conteúdo (BARDIN, 1990). As categorias de discussão dos dados são apresentadas, resumidamente, neste artigo como seguem: O primeiro aspecto estudado refere-se à interferência na vida profissional em pessoas com TOC. Os profissionais que responderam ao questionário referiram que a interferência está relacionada a perda excessiva de tempo para fazer determinadas atividades. Sua produtividade toma grande parte do dia do indivíduo em função da
3 dificuldade em realizar suas atividades laborativas devido à desorganização e sintomatologia ansiosa, por causa as conduta obsessiva. Essas obsessões confirmam o que coloca a literatura sobre o tema (DSM-IV, 1995), quando refere que podem ser através de idéias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes que são vivenciadas como intrusivos e inadequados, causando acentuada ansiedade ou sofrimento, essas obsessões podem ainda, ser frases, números, músicas, etc. As obsessões mais comuns são pensamentos repetidos a cerca de contaminação (por exemplo, ser contaminado em apertos de mãos), dúvidas repetidas (por exemplo, imaginar se foram executados certos atos, tais como ter machucado alguém em um acidente de trânsito ou ter deixado uma porta destrancada), uma necessidade de organizar as coisas em determinada ordem (por exemplo, intenso sofrimento quando os objetos estão desordenados ou assimétricos), impulsos agressivos (por exemplo, de machucar o próprio filho ou gritar uma obscenidade na igreja) e imagens sexuais (por exemplo, uma imagem pornográfica recorrente). Cordioli (2006) refere que com essas obsessões, surgem as compulsões e/ou rituais, que são comportamentos repetitivos (por exemplo, lavar as mãos, ordenar, verificar) ou atos mentais (por exemplo, orar, contar, repetir palavras em silêncio), cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade de sofrimento. Ao invés de oferecer prazer ou gratificação, na maioria dos casos, a pessoa sente-se compelida a executar a compulsão para reduzir o sofrimento que acompanha uma obsessão ou para evitar algum evento ou situação temida. Os indivíduos com obsessões de contaminação podem reduzir seu sofrimento metal lavando as mãos a ponto de irritarem a pele (DSM-IV,1995). As compulsões mais comuns, também segundo Cordioli (2006), são: de lavagem ou limpeza; verificações ou controle; repetições ou confirmações; contagens; ordem, arranjo, simetria, seqüência ou alinhamento; acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis; compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números; diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar. O segundo aspecto abordado no estudo refere-se às dificuldades encontradas na relação familiar. Um dos sujeitos referiu que esses sintomas do TOC causam grande impacto nas famílias, gerando brigas, discussões, desavenças familiares. Outro sujeito cita que esses indivíduos são vistos como chatos e cheio de manias, exigindo organização extrema das coisas e brigando se alguém coloca algo seu fora. Por fim, o terceiro sujeito relata que o paciente mostra-se como um desafio para a família, mobilizando todos ao seu redor, polarizando assim as atenções. Com os resultados deste segundo aspecto, pode perceber-se que os sintomas do TOC afetam muito a família,
4 pois acabam interferindo no lazer, nas férias, nos compromissos. Alguns destes sintomas interferem de forma mais acentuada no funcionamento da família que compartilham do sofrimento e da aflição do indivíduo com TOC e acabam sofrendo intensamente. Muitas vezes não conseguem tolerar ver o indivíduo prisioneiro de rituais exaustivos e intermináveis e acabam atendendo suas demandas, reforçando assim o transtorno. O terceiro e último aspecto analisado na pesquisa trata das estratégias terapêuticas que auxiliam o indivíduo com TOC. De acordo com os profissionais estudados, a Terapia Cognitivo-Comportamental seria a mais indicada, pois psicoeduca o paciente sobre o transtorno e utiliza técnicas cognitivas e comportamentais como a exposição e prevenção de resposta no tratamento. Um dos sujeitos traz que é fundamental o uso de fármacos associado a Terapia Cognitivo Comportamental. Com isso, afirma-se a importância da realização de algumas sessões conjuntas, para poder informar os familiares e psicoeducar o indivíduo com TOC sobre a natureza do transtorno, sobre as perspectivas do tratamento e, sobretudo, esclarecer todas as dúvidas sobre as atitudes que poderiam ser favoráveis ao tratamento e ajudar o indivíduo ou não. Para isso, são colhidas algumas informações como: sintomas que percebem; situações ou horários em que os sintomas ocorrem; época da vida (ou idade) em que os sintomas iniciaram e como evoluíram ao longo do tempo. ( CONCLUSÃO O estudo permitiu concluir que o quadro de TOC interfere significativamente na rotina das pessoas diagnosticadas como tal. A ciência tem conseguido analisar vários fatores em relação ao TOC, embora não consiga ainda esclarecer suas verdadeiras causas. Provavelmente, concorrem vários aspectos de natureza biológica, envolvendo agravantes genéticos, neuroquímico-cerebral, lesões ou infecções cerebrais; fatores psicológicos como a aprendizagem; certas formas errôneas de ver e interpretar a realidade própria dos portadores de TOC, e até culturais. ( A interferência se dá através das obsessões (pensamentos) seguidas de compulsões (rituais) que causam danos principalmente na vida profissional e nas relações familiares. O estudo também permitiu identificar as estratégias terapêuticas mais eficazes que auxiliam o indivíduo com o transtorno, sendo que a Terapia Cognitivo Comportamental e o uso de fármacos foram as propostas de tratamento mais recomendadas pelos sujeitos que participaram da pesquisa.
5 Ao encerrar este artigo, salientado-se a importância de estudos de campo sobre os principais quadros de doença mental. Para os estudantes de Psicologia, a oportunidade de observar, na prática, o que é discutido na sua formação e na literatura disponível, permite em melhor nível de conhecimento para o futuro exercício profissional. Um tratamento eficiente e bem fundamentado é o que possibilita uma melhor qualidade de vida para pessoas em sofrimento psíquico, como é o caso do Transtorno Obsessivo Compulsivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Martins Fontes, CORDIOLI, A.V. Terapia Cognitivo-Comportamental do Transtorno Obsessivo- Compulsivo. Porto Alegre: Artmed, DSM-IV- Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. Dayse Batista; -4. ed.- Porto Alegre: Artes Médicas, Transtorno Obsessivo Compulsivo, consultado em 16 de Junho de 2008.
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