AS PRINCIPAIS MUDANÇAS PROPOSTAS PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO PARA O NOVO PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
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1 AS PRINCIPAIS MUDANÇAS PROPOSTAS PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO PARA O NOVO PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Marcia Heloisa P. S. Buccolo, consultora jurídica de Edgard Leite Advogados Associados. O Projeto de lei elaborado pela Prefeitura do Município de São Paulo e que será submetido à Câmara Municipal de São Paulo, constitui uma nova tentativa a última foi em 2006, que não chegou a ser concluída de promover as necessárias adequações ao Plano Diretor Estratégico em vigor (Lei /02), desde setembro de O Estatuto da Cidade (Lei Federal n /2001) determina que os Municípios, com mais de 20 mil habitantes, elaborem seu Plano Diretor (art. 41) o qual deverá ser revisado, no mínimo, a cada dez anos(art. 40, 3 ). O Plano Diretor Estratégico - PDE - o mais importante entre os instrumentos de planejamento urbano tem por finalidade organizar, da forma mais adequada e harmoniosa possível, os espaços da cidade. É através do Plano Diretor que são estabelecidas as diretrizes de política de desenvolvimento urbano, as quais disciplinarão as ações dos agentes públicos e privados, de modo a assegurar o atendimento das funções sociais, tanto da propriedade privada quanto da cidade. Após a realização de inúmeras discussões técnicas no âmbito da Administração municipal paulistana e de audiências públicas e debates com a participação popular, o tão esperado Projeto de lei contendo a proposta do novo Plano Diretor 1
2 estratégico da cidade, segundo a Prefeitura está concluído e em condições de ser levado à Câmara Municipal, para a devida tramitação e aprovação legislativa. Segundo informações divulgadas no Portal da Prefeitura do Município de São Paulo, a principal mudança introduzida na proposta do novo Plano Diretor Estratégico - PDE reside na aproximação das moradias às ofertas de emprego e aos eixos de mobilidade. Dentre uma série de novidades, no Projeto de lei em referência está prevista a concessão de incentivos, como o aumento do potencial construtivo de empreendimentos habitacionais em um raio de 200 metros dos corredores de ônibus e de 400 metros das estações metroviárias. O que a Prefeitura paulistana pretende é permitir maior aproveitamento dessas áreas, localizadas perto dos corredores de ônibus e estações de metrô, através da transferência de potencial de aproveitamento, para a construção de edificações destinadas a moradias, com determinadas características: edificações constituídas por unidades habitacionais autônomas, com pequenas áreas internas e apenas uma vaga de garagem para cada moradia, atribuindo nova vocação para essas regiões (habitacional) e estimulando-se, ainda, o melhor aproveitamento dos diversos meios de transporte público, ali disponíveis. Além disso, as empresas que se instalarem em regiões com grande adensamento habitacional, como na Zona Leste ou ainda nos eixos das avenidas Jacu-Pêssego e Cupecê, receberão incentivos fiscais, com a isenção de alguns impostos. Conforme o divulgado, a fim de compensar esse adensamento populacional, todo o interstício entre os trechos de mobilidade, que é a grande parte da cidade, o miolo dos bairros, perderá adensamento. 2
3 Pelo Projeto de lei que pretende instituir o novo Plano Diretor, será reduzido o potencial de aproveitamento dessas regiões, justamente para que essas áreas funcionem espaços de respiro no caos urbano, hoje, instalado. Apresentamos, abaixo, um quadro ilustrativo das principais mudanças introduzidas pelo Projeto de Lei do novo Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo: TEMAS SITUAÇÃO ATUAL O QUE O PROJETO DE LEI PROPÕE Aproveitamento racional dos espaços urbanos: Estímulo ao retorno dos moradores ao centro urbano o objetivo é trazer os moradores para locais próximos dos eixos estruturais da cidade Grande parte da população vive nas periferias. Oferta de habitações de interesse social para a população de baixa renda em áreas centrais onde existem maiores oportunidades de emprego, diminuindo a pressão decorrente da expansão horizontal nas franjas periféricas da cidade, áreas ambientalmente frágeis. Estímulo à criação de novas oportunidades de empregos em locais distantes das áreas centrais, já consolidadas como núcleos Grande parte das oportunidades de emprego estão longe das áreas periféricas da cidade, o que impõe aos moradores grandes e demorados deslocamentos Aumento da diversidade e qualidade das oportunidades hoje existentes e estimular a criação de novos núcleos com a instalação de atividades não residenciais em áreas com baixa oferta de oportunidades de emprego. 3
4 habitacionais população vive nas periferias. Reaproveitamento efetivo dos prédios antigos compreendidos nos limites da Operação Urbana Centro Imóveis são reformados. Os prédios comuns (sem valor histórico) poderão ser demolidos, a fim de possibilitar a implantação de uma nova construção assegurando-se o direito de utilização dos mesmos parâmetros de uso e ocupação do solo edifício demolido, inclusive no que se refere aos recuos e alinhamento, ainda que discrepantes dos fixados na legislação de uso e ocupação do solo vigente e mesmo na novo Plano Diretor. Vagas de garagem: regulamentação mais rigorosa As vagas não são computadas como área edificada Regra: Em áreas localizadas próximas aos corredores urbanos, somente será permitida uma vaga por unidade habitacional autônoma. Exceção: Acima desse limite haverá necessidade de pagamento de outorga onerosa, a ser considerada relativamente a cada vaga adicional. 4
5 Limitação da cota de terreno máxima por unidade habitacional ao longo dos eixos estruturais da cidade (áreas centrais) Não existe essa limitação. Aumento do potencial construtivo nas áreas localizadas ao longo dos eixos de estruturação da transformação urbana, com sistema de transporte coletivo público de média ou alta capacidade instalado desde que: I sejam atendidos coeficientes de aproveitamento básico e máximo estabelecidos no novo Plano Diretor; II novos empreendimentos imobiliários residenciais multifamiliares, verticais e horizontais, tenham, no máximo, uma vaga de estacionamento com 25 m² (vinte e cinco metros quadrados) para cada unidade residencial autônoma; III os novos empreendimentos imobiliários residenciais multifamiliares, verticais e horizontais, ou de uso misto deverão obedecer a uma cota máxima de terreno por unidade habitacional entre 25 m² (vinte e cinco metros quadrados) e 35 m² (trinta e cinco metros quadrados), previsto no Quadro n. 02 anexo ao projeto de lei. Os empreendimentos que reservarem parte de sua 5
6 Oportunidades de trabalho A maioria das vagas de emprego está concentrada nas regiões Central e Oeste da cidade. A Zona Leste é a apresenta maior carência de oportunidades de emprego. área para usos que tenham relação com espaço público, ou seja, área pública (praça, por exemplo) ou destinadas ao comércio, voltadas para a calçada da via urbana, receberão incentivos. Criação de polos regionais nos bairros redistribuindo as oportunidades de trabalho. Tratamento fiscal diferenciado para a Zona Leste: Benefícios fiscais a empresas que se instalarem na Zona Leste Empresas que se instalam na cidade pagam IPTU e outros tributos, inclusive 5% de ISS. Isenção fiscal de 100% no valor do IPTU, ISS da obra para construção civil e aquisição do terreno para prestadoras de serviço. O empresário terá que pagar 2% do ISS, o valor mínimo permitido. A Zona Leste é a região paulistana que apresenta maior carência de oportunidades de emprego. Transporte público/mobilidade urbana Os investimentos eram focados a na melhoria das condições de trafego de veículos particulares individuais. Melhoria das condições de mobilidade, priorizando o transporte coletivo público, fortalecimento dos modos alternativos de deslocamentos e desestímulo ao uso de a veículos particulares individuais. 6
7 Campo de Marte: nova configuração e uso Aeroporto: operando exclusivamente com aviação geral, executiva, táxi aéreo e escolas de pilotagem. Heliporto: objetivo atrair grandes empreendimentos para a região como forma de incrementar as oportunidades de emprego. Apesar do reconhecido caráter social das mudanças propostas no projeto de lei em tela, dúvidas e preocupações existem no que se refere à efetividade de tais medidas, se isoladamente consideradas. Não obstante os méritos quanto aos objetivos perseguidos pelo projeto de lei, centrados nos estímulos oferecidos para atrair a população para morar próximo aos eixos de transporte público, e, ainda, estimular as oportunidades de emprego, promovendo, assim, um melhor aproveitamento e a diversidade de uso dos imóveis dessas regiões, teme-se que tais incentivos, por si só, não sejam suficientes para fazer com que a população passe, efetivamente, a morar nessas regiões. Para tanto, existe a necessidade de se garantir a implementação simultânea de outros mecanismos de igual apelo social, que, em conjunto, induzam a essa ocupação, atraindo e fixando, de forma duradoura, a população nessas áreas. 7
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