INFLUÊNCIA DOS MARCADORES CCR2 E CCR5 NA PROGRESSÃO CLÍNICA EM INDIVÍDUOS SOROPOSITIVOS PARA O HIV
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1 INFLUÊNCIA DOS MARCADORES CCR2 E CCR5 NA PROGRESSÃO CLÍNICA EM INDIVÍDUOS SOROPOSITIVOS PARA O HIV Evandra Santos Pontes 1 ; Valdir de Queiroz Balbino 2 1 Estudante do Curso de Biomedicina- CCB UFPE; evandra.biomed.ufpe@gmail.com, 2 Docente/pesquisador do Depto de genética CCB UFPE. vqbalbino@gmail.com Sumário Acredita-se que em função da intensa miscigenação étnica ocorrida na formação da população brasileira seja possível a detecção dos polimorfismos CCR5Δ32 e CCR2+64 através das análises dos marcadores genéticos.uma deleção de 32 pares de bases no gene CCR5 em estado de homozigose provoca uma falha no processo de penetração viral conferindo proteção contra a entrada do vírus na célula e quando em heterozigose o retardo nos processos patológicos associados à imunodeficiência. Assim, essa pesquisa objetiva detectar a frequência de ocorrência da deleção de 32 pares de bases no gene CCR5 em 200 indivíduos soropositivos para o HIV acompanhados no Hospital das Clínicas de Pernambuco.,Foram coletados 5ml de sangue venoso e posterior extração de DNA por mini salting out. A PCR foi desenvolvida a partir de um programa de amplificação e primers específicos seguido de eletroforese em agarose.nesta pesquisa as frequências genotípicas encontradas acompanham outros resultados obtidos na região com 95% dos pacientes apresentando o alelo selvagem, outros 10 indivíduos são heterozigotos, representando uma frequência de 5% e não foram identificados homozigotos para a deleção com a população estando em equilíbrio de Hardy Weinberg. Assim, os valores encontrados podem estar associados a colonização européia em muitas cidades brasileiras. Palavras chave: CCR5Δ32; DNA; genética; HIV;frequência. INTRODUÇÃO O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é um retrovírus constituído de duas fitas simples de RNA (PINTO, 2006 ; NAZARI e JOSHI, 2008). Seus principais alvos são os linfócitos T CD4, responsáveis pela estruturação das reações imunes. A depleção funcional dessas células leva a desorganização e inibição da resposta imunitária tornando o portador vulnerável a infecções por incontáveis microrganismos. As quimiocinas atuam na ativação e regulação do sistema imune inato e adaptativo modulando a suscetibilidade a certas infecções virais crônicas e tendo sua expressão alterada pelas mesmas (BRAVO et al, 2013; WILKIN et al, 2007; BAUMANN,2015). No gene CCR5, uma deleção de 32 pares de bases está associada à resistência à entrada do HIV na célula, provocada pela diminuição na expressão de correceptores na superfície celular. Além disso, existe uma mutação na região V64I em CCR2 que leva a um retardo no curso clínico da aids e a defesa contra a infecção pelo hiv-1. Mutações em genes têm sido relatadas como características que interferem na susceptibilidade à infecção pelo HIV e na progressão para a AIDS (AZEVEDO e SANTOS, 2008 ). Assim, a identificação de padrões genéticos que possam estar relacionados à progressão
2 do HIV/aids é fundamental para a compreensão da imunopatogênese da infecção do HIV, servindo de base para o desenvolvimento de medidas profiláticas e imunoterapias. OBJETIVOS Avaliar associações entre polimorfismos genéticos em genes de susceptibilidade em indivíduos soropositivos para o HIV-1 do Setor de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas do Recife (HC), Brasil. METODOLOGIA Foram convidados a participar do projeto 200 indivíduos soropositivos para HIV, atendidos no Setor de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas do Recife (HC), pertencentes às diferentes categorias de progressão para AIDS (progressão rápida, progressão crônica e progressão lenta) com cada indivíduo assinando e recebendo uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE) sendo em seguida coletados 5 ml sangue venoso. Os critérios de inclusão utilizados foram que os pacientes possuíssem idade entre 18 e 85 anos, com diagnóstico de HIV, podendo ser de ambos os sexos, com ou sem tratamento com a TARV e que aceitaram responder ao questionário assinando no ato o TCLE e participando do projeto. Para a análise do DNA foram coletados 5 ml de sangue venoso em tubo vacuntainer utilizando-se ACD (ácido cítrico 0,0038M; citrato de sódio tribásico 0,075M; dextrose 0,133M) como anticoagulante, em seguida o DNA foi extraído seguindo a técnica de extração por Mini Salting out (MILLER et al., 1988). O DNA foi diluído e quantificado com espectrofotômetro para utilização na genotipagem, a qual foi feita pela técnica de PCR convencional. Os ciclos da PCR para os genes CCR5 e CCR2 foram padronizados no LABBE (Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva) da UFPE, foi realizado da seguinte forma: 1 ciclo com 94ºC por 5 minutos; seguido por 35 ciclos, 94ºC por 30 segundos, 56 ºC de pareamento por 30 segundos, 72ºC por 1 minutos, 72ºC por 7 minutos, 4 ºC infinito. A PCR foi realizada no termociclador Axygen Maxygene II, o volume final de 25µl, constituído de: 1 microlito de 50 ng de DNA; 12,5 microlitos MIX (Promega), 9,5 água ultrapura, 1 microlito de cada primer.ao termino da PCR do gene CCR5 e CCR2 foi realizada uma eletroforese em gel de agarose a 3% corado com brometo de etídeo, para visualizar se houve amplificação das bandas, sendo o gel submetido à luz ultravioleta.após visualizar a amplificação dos genes CCR5 foram identificados os homozigotos sem deleções (alelo selvagem wt/wt), os heterozigotos (wt/δ32) e os homozigotos com a deleção de 32 pares de bases (mutantes Δ32/ Δ32). Já para o gene CCR2, após visualizar a amplificação, as amostras foram sequenciadas no equipamento ABI 3500 da plataforma multiusuária do Laboratório Central da UFPE. RESULTADOS A análise dos prontuários de 110 pacientes evidenciou a predominância de algumas coinfecções como a toxoplasmose que acometeu 45,50% indivíduos, o citomegalovírus (CMV) com 42,72%, herpes (26,36%) e 20% tuberculose (Gráfico 1). Principais coinfecções associadas ao hiv
3 Gráfico 1 Coinfecções mais prevalentes nos indivíduos analisados vivendo com HIV. Já em relação aos fatores genéticos foram analisados por genotipagem 200 indivíduos para o gene CCR5. Quanto ao gene CCR2 houve otimização e posteriormente o teste em gel de agarose a 3% e 4 amostras foram enviadas para o sequenciamento, contudo em função do tamanho do fragmento gerado pelo primer ser de apenas 162 pares de bases não foi possível a obtenção de sequências capazes de identificar a mutação do tipo substituição. O resultado da análise do gene CCR5 evidenciou que 5% dos indivíduos são heterozigotos (wt/δ32) para a mutação que corresponde à deleção de 32 pares de bases (193/161) presente em uma frequência de 6,78% nos indivíduos do sexo masculino enquanto no sexo feminino 2,44% demonstraram o alelo variante. Os outros indivíduos genotipados, que representam 95%, foram identificados como alelo selvagem wt/wt (193/193), sem a mutação. Neste estudo não foram visualizados indivíduos homozigotos para a deleção de 32 pares de bases do gene CCR5 Δ32/ Δ32(161/161) e a população apresentou-se em equilíbrio de Hardy Weinberg (Gráfico 2). Gráfico 2 Indivíduos genotipados para o gene CCR5 DISCUSSÃO
4 O Toxoplasma gondii possui uma prevalência nos adultos da população em geral de 75% em Recife e nos imunodeficientes de 15,4% no Brasil e se não for obtido um diagnostico precoce pode levar ao comprometimento do sistema nervoso central em 12 a 47% dos indivíduos imunocomprometidos (COELHO,KOBAIASHI e CARVALHO,2003). Já o citomegalovírus que é um dos agentes oportunistas mais prevalentes em indivíduos que estão na fase avançada da infecção por HIV foi reagente em 43% dos 110 pacientes avaliados em nossa pesquisa. Outra coinfecção é a tuberculose que em Pernambuco, de 2006 a 2010, foi observado o terceiro maior índice de incidência nacional de tuberculose com 47,10 casos novos/100 mil hab corroborando a afirmação do perfil endêmico associado a região (BARBOSA e COSTA, 2012 ).Também foi muito prevalente o vírus da herpes que está associado ao aumento da viremia de HIV e consequentemente ao desenvolvimento mais rápido da imunodeficiência e estão presentes em 26,4% dos pacientes deste estudo (GELLER et al, 2012; ). As frequências alélicas encontradas em pesquisas no Brasil evidenciaram um padrão norte/sul de aumento dessa mutação de forma que na região sudeste foi observada uma frequência alélica de 4,4% para a deleção de 32 pares de bases do gene CCR5 superior aquelas relacionadas em Recife com 2,41% (SOUZA et al,2006). Os dados encontrados em Recife são semelhantes a frequência de 2,5% do alelo mutante encontrado nesta pesquisa e podem ser explicadas pela colonização europeia em muitas cidades brasileiras que após cinco séculos de cruzamentos interétnicos influenciou na criação do pool genético brasileiro (SILVA e STUMPF, 2004;VARGAS et al, 2006). CONCLUSÃO A análise das coinfecções reforça a caracterização de região endêmica para algumas doenças tropicais cuja patogenicidade depende da desorganização nas atividades de prevenção e diagnóstico desenvolvidas pelo sistema de saúde local. As frequências alélicas obtidas a partir da genotipagem realizada nos 200 indivíduos componentes deste estudo demonstraram que a mutação em heterozigose apresenta-se com valores semelhantes a outros estudos realizados na região. AGRADECIMENTOS Ao programa CNPq/PIBIC pelo financiamento do projeto de pesquisa, à UFPE pela concessão da bolsa de Iniciação Científica e aos membros do Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva da UFPE pelo apoio durante a execução do trabalho. REFERÊNCIAS BARBOSA,I.R. e COSTA, I.C.C. A emergência da co-infecção tuberculose - hiv no Brasil. Hygeia 8 (15): , Dez/2012. GELLER, M. et al. Herpes Simples: Atualização Clínica, Epidemiológica e Terapêutica.DST - J bras Doenças Sex Transm 2012;24(4): GRIMALDI, R. et al.prevalence of CCR5 Δ32 mutation in Brazilian population and cell susceptibility to HIV-1 infection.hum Genet 111:
5 SILVA, E. e STUMPF, M.P. HIV and the CCR5-Delta32 resistance allele.fems Microbiol Lett Dec 1;241(1):1-12. SOUZA, P.R et al. CCR5 promoter polymorphis and HIV-1 perinatal transmission in Brasilian children.journal of reproductive immunology 69, VARGAS, A.E. et al. Frequency of CCR5Δ32 in Brazilian populations. Bras J Med Biol Res,39( ),2006.
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