Diseño en Palermo Universidad de Palermo Julho 2008
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- Liliana Cármen Rios Figueiredo
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1 Diseño en Palermo Universidad de Palermo Julho 2008 Ergonomia e Antropometria aplicadas ao vestuário discussão analítica acerca dos impactos sobre o conforto e a qualidade dos produtos Daiane Pletsch Heinrich Doutoranda em Engenharia Textil, Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, daiaph@gmail.com Miguel Ângelo Fernandes Carvalho Departamento de Engenharia Têxtil, Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, migcar@det.uminho.pt Mónica Frias da Costa Paz Barroso Departamento de Produção e Sistemas, Centro Interdisciplinar em Tecnologias da Produção e Energia, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, mbarroso@dps.uminho.pt Palavras-chave: Ergonomia antropometria vestuário. Introdução Desde o surgimento das roupas em escala industrial se pretende fornecer um ajuste razoável destas ao corpo do usuário (Winks, 1997). Para que isto aconteça, é inevitável que a atenção esteja dirigida às formas do corpo, às diferenças nas formas dos corpos dentro das populações e às diferenças que existem entre grupos de uma mesma população. As variações no tamanho e forma corporais de populações em localizações geográficas diferentes, bem como dos grupos étnicos diferentes situados dentro de uma única área geográfica são nítidas. Por estas razões, podemos perceber a importância de estudar e quantificar tais diferenças, uma vez que o vestuário é projetado para servir nestes mesmos corpos. A ciência responsável pelo estudo destas particularidades corporais dos povos chama-se antropometria área de estudos pertencente à ergonomia, que trata das medidas físicas do corpo, em termos de tamanho e proporções. É dos seus fundamentos que obtemos os dados que servem de base para a concepção ergonômica de produtos. O presente estudo trata de uma discussão e análise relativa às técnicas e métodos disponíveis para a recolha de dados antropométricos, abordando, ainda, a importância desta etapa no processo de projeto e concepção do vestuário. As medidas corporais abrangem questões referentes aos aspectos ergonómicos dos produtos de vestuário e estão diretamente relacionadas ao conforto e a qualidade dos mesmos, com implicações no índice de satisfação, saúde e bem-estar, factores cada vez mais exigidos pelos consumidores. Objectivos da Pesquisa Abordar as implicações e limitações dos levantamentos antropométricos atualmente utilizados, quer aqueles que aplicam tecnologias de digitalização corporal 3-D quer os que adotam metodologias tradicionais. Propor novo conceito de aprimoramento da metodologia de obtenção de medidas baseada na ergonomia e antropometria para aplicação específica na concepção do vestuário.
2 Situação-problema A inexistência de dados antropométricos que forneçam todos os elementos indispensáveis para um adequado e perfeito ajuste do vestuário ao corpo humano tem impedido que a moda pronto-a-vestir proporcione efetiva satisfação aos consumidores, tanto em termos físicos como estéticos. Metodologia A pesquisa em desenvolvimento possui como base a análise da metodologia e os resultados de diversos estudos antropométricos, dentre os quais se apresentam como fundamentais o Estudo Antropométrico da População Portuguesa (Arezes, Barroso, Cordeiro, Costa e Miguel, 2006) e a Norma Europeia da Designação dos Tamanhos de Vestuário EN 13402:2006. A partir das verificações resultantes destas metodologias, realizar-se-á uma comparação com as técnicas e métodos atualmente utilizadas pela modelagem na concepção dos produtos, facultando, assim, a disponibilização de elementos que contribuam para a melhoria da aplicação das medidas corporais no vestuário. Ergonomia e Antropometria Em se tratando da moda e vestuário pronto-a-vestir é fundamental termos em consideração as necessidades e anseios dos consumidores. Sendo assim, a indústria deve, obrigatoriamente, desenvolver seus produtos utilizando as ferramentas apropriadas para tal. Este processo poderá ser amplamente facilitado e otimizado se a moda se apropriar de ciências como a ergonomia e a antropometria e aplicar no vestuário os conceitos já estudados por estas áreas. Existe uma relação estreita entre a ergonomia, a antropometria e o vestuário, uma vez que tratam de questões que se interpelam constantemente como, por exemplo, a satisfação do usuário e o conforto. A International Ergonomics Association (Iida, 2005:02) define a ergonomia (ou factores humanos) como a disciplina científica que estuda as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem-estar humano e o desempenho global de sistemas. Partindo desta definição, verificamos que o vestuário é um produto que necessita de uma perfeita interação com o usuário, principalmente se considerarmos que todos os seres humanos usam roupas e com elas ficam em contato a maior parte do dia. Se tal interação não for otimizada e o vestuário não apresentar as características mínimas de conforto físico este pode, para além da incômoda sensação de desconforto, afectar o bem-estar e a saúde do indivíduo. Para que tenhamos uma melhor compreensão do que acima foi dito, complementamos com a idéia de Wisner (1987:12), que conceitua a ergonomia como um conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de produtos e ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia. Portanto, de acordo com a ergonomia, o produto vestuário necessita da aplicação de uma série de conhecimentos científicos para que seja concebido da forma correta, proporcionando ao utilizador conforto, segurança e eficácia. Contudo, é importante realçar que os termos conforto, segurança e eficácia estão diretamente atribuídos ao uso do produto, ou seja, devem ser constatados no momento da interação do produto com o usuário. Uma das áreas científicas fundamentais para a obtenção de vestuário ergonomicamente correto, relacionado ao estudo do corpo humano é a antropometria. Para que o vestuário satisfaça o usuário nas suas funções ergonômicas, este deve ser projetado e concebido de
3 acordo com dimensões humanas específicas, a partir de uma abordagem das dimensões corporais reais dos indivíduos, sendo indispensável a correta aplicação dos dados antropométricos. A definição que Iida (2005:97) traz da antropometria diz que esta trata das medidas físicas corporais, em termos de tamanho e proporções, que são dados de base para a concepção ergonômica de produtos. Desta forma, podemos afirmar que para que um produto possa ser considerado ergonomicamente qualificado, este deve passar por uma adequação antropométrica. Relativamente à ergonomia aplicada às etapas do processo produtivo, Rebelo (2004:16), diz que esta se situa numa área de estudos que abrange o conceito do produto, o projecto, o processo de produção, a comercialização e a sua utilização ( ). Em consonância com esta afirmação, validamos a idéia de que os fatores ergonômicos e antropométricos do vestuário devem estar presentes desde antes da sua concepção, devendo a indústria conhecer as características físicas do público para o qual o produto se destina, ou melhor, conhecer o usuário que irá interagir com o vestuário desde o conceito do mesmo. Tais atribuições não fazem parte exclusivamente da etapa de modelagem das peças de vestuário, como muitos acreditam, pois quando se trata das etapas de desenvolvimento do produto, no momento em que este chega na modelagem, o profissional é responsável apenas por aplicar as medidas previamente estudadas, de acordo com o público específico ao qual se destina (Heinrich, 2005). Estudos Antropométricos com Aplicação para o Vestuário Os princípios científicos necessários para a concepção do vestuário, nomeadamente os antropométricos, têm sido amplamente discutidos em todo o mundo. Apesar disto, pouco se tem considerado a boa interação do usuário com o produto, ou seja, o conforto em se tratando das formas e do momento do uso do produto, segundo prevêem os princípios da ergonomia. Muitos órgãos têm vindo a discutir e propor soluções para otimizar as questões relativas à padronização dos tamanhos do vestuário. Estudos antropométricos populacionais têm sido realizados em diversos países, em sua grande maioria, utilizando-se da tecnologia dos scanners corporais 3-D. Estes, como exemplo do CAESAR Civilian American and European Surface Anthropometry Resource possuem câmeras de varredura para fornecer modelos tridimensionais completos de cada pose, utilizando marcações ou pontos de referência, conforme relata Wang e Ressler (2005). Os dados foram organizados em grupos determinados segundo o peso, etnia, gênero, regiões geográficas e padrão sócio-econômico. Para fazer a coleta dos dados foram utilizadas três posições: posição relaxada com o indivíduo em pé, posição relaxada com o indivíduo sentado e de cobertura (a partir do teto). A estas, somaram-se ainda dados de algumas medidas obtidas da forma tradicional (1-D), utilizando uma medida de fita métrica e compasso de calibre. As posições utilizadas no CAESAR Database estão ilustradas na Figura 1. Figura 1. Três Posições de medição do CAESAR. Fonte: Robinette (2002, citado por W Yu, 2004).
4 Além do CAESAR, uma das mais representativas acerca do tema, é importante citar-se a pesquisa realizada pela Human Solutions Company, que participa de estudos antropométricos realizados em nove países, muitos destes já concluídos como no caso da Alemanha. A empresa realizou o levantamento dos dados antropométricos da população alemã para fins de validação da norma EN (2006) que designa os tamanhos de vestuário. Este sistema possui um dispositivo de digitalização corporal muito semelhante ao anteriormente exposto, e as posições para a realização das medições estão ilustradas na Figura 2. Figura 2. Posições de medição utilizadas pela Human Solutions Company. Fonte: Size Germany (2006). Certamente não poderíamos deixar de mencionar, ainda que de forma breve, os objetivos das pesquisas referidas, uma vez que os dados obtidos nestes processos possuem como finalidade a normatização para designação dos tamanhos do vestuário (EN 13402:2006), não objetivando especificamente a concepção de vestuário. Embora tais medidas venham a ter obrigatoriedade de aplicação nas peças do vestuário, devendo fazer parte da sua concepção, os dados disponibilizados são insuficientes para a construção da modelagem, pois não referem um mapeamento completo do corpo humano contemplando as variáveis necessárias para tal. A diferença incide no foco da pesquisa e na quantidade de variáveis adotadas. Segundo esclarece a própria norma, para que se possa atribuir o tamanho ao vestuário, as medidas do corpo do utilizador devem ser definidas e identificadas pelo tamanho que mais se aproximar num quadro de medidas normatizadas. Pela norma EN 13402:2006 (parte 1), o tamanho do corpo é definido utilizando treze variáveis que abrangem o público feminino, masculino e infantil, sendo elas: perímetro da cabeça, perímetro do pescoço, perímetro do peito, perímetro do busto, perímetro abaixo do busto, perímetro da cintura, perímetro da bacia (ou quadris), altura 1 (exceto para crianças), altura 2 (para crianças que ainda não consigam manter-se em pé), comprimento entre-pernas, comprimento do braço, perímetro da mão e, por fim, comprimento do pé. Além destas, ainda é obtido o peso do indivíduo. No decurso desta investigação foram analisados seis sistemas de levantamentos antropométricos com o uso da tecnologia de digitalização 3-D e, a partir desta etapa, concluímos que todos utilizam o indivíduo em posição estática, seja em pé ou sentado, como podemos verificar pela observação e comparação das Figuras 1 e 2. Além dos levantamentos antropométricos com utilização de equipamentos tecnológicos também foram considerados neste estudo os métodos tradicionais de medição, dentre eles o Estudo Antropométrico da População Portuguesa (Arezes, et al:2006). A metodologia neste utilizada parte da aquisição da imagem de forma semi-automática ou assistida por computador, com o uso de imagens fotográficas, o que reduz consideravelmente o tempo de medição. A seguir, os dados do indivíduo capturados a partir das fotografias foram tratados em software específico, utilizando uma plataforma Java e Microsoft Access. Este estudo considera 25 dimensões antropométricas (incluindo o peso),
5 sendo nove na posição de pé e as restantes na posição sentada. As posições utilizadas estão representadas na Figura 3. Figura 3. Posições de medição do Estudo Antropométrico da População Portuguesa Fonte: Arezes et al (2006). Da mesma forma que a Norma EN 13402:2006, as sete posições e as vinte e cinco variáveis apresentadas pelo Estudo Antropométrico da População Portuguesa também não contemplam todo o aparato necessário para a concepção de moldes de vestuário. Efetivamente, o estudo acima indicado não objetivava a aplicação na concepção de vestuário, porém os dados, técnicas e métodos nele utilizados podem ser adaptados dentro das necessidades específicas para o uso na modelagem de roupas. A insuficiência dos dados disponibilizados pela norma EN 13402:2006, bem como dos dados do Estudo Antropométrico da População Portuguesa para a concepção do vestuário, foi constatada a partir da análise e comparação das variáveis existentes nestes métodos com a quantidade de variáveis necessárias para utilização na modelagem. Além das variáveis, também foram consideradas as posições do indivíduo no momento da obtenção das medidas. As posições e variáveis que a modelagem de vestuário tem usualmente utilizado podem ser verificadas na metodologia de Aldrich (2004), a título exemplificativo. A Figura 4, que abaixo se apresenta, denota os pontos para a obtenção das medidas conforme utilizadas para a confecção dos moldes de vestuário, sendo apresentadas pelo autor 21 variáveis: circunferência do busto, circunferência da cintura, circunferência dos quadris ou ancas, largura do costado ou entre-cavas, largura do peito ou busto, ombro, circunferência do pescoço, altura do ombro até a cintura (frente), altura da cintura até os quadris ou ancas, profundidade do gancho, altura do quadril até o joelho, circunferência do joelho, circunferência do tornozelo (em duas alturas), profundidade da cava, altura do pescoço até a cintura (costas), altura da cintura até ao chão, circunferência do braço junto ao bíceps, circunferência do punho, altura da cintura até o quadril (costas) e comprimento do braço.
6 Figura 4. Posições de medição para modelagem de vestuário apresentadas por Aldrich (2004). Consideramos que existem variáveis que se apresentam como fundamentais para a construção de moldes de vestuário, ou seja, sem estas é impossível executar a construção dos moldes. As medições corporais identificáveis no exemplo acima (Figura 4) podem ser entendidas como as variáveis mínimas que devem ser disponibilizadas para a modelagem. Porém, ainda assim, para contemplarmos todas as questões referentes ao conforto no uso do produto, devemos apropriar-nos de outros aspectos. Usualmente, assim como Aldrich demonstra na Figura 4, as posições no momento da medição corporal são estáticas. Por outro lado, não somente este autor aplica a obtenção das medidas desta mesma forma. Tal procedimento, envolvendo variáveis e posição estática do indivíduo, foi verificado na análise de seis métodos específicos de concepção de modelagem de vestuário. São eles: Metric Pattern Cutting, de Winifred Aldrich; London College of Fashion; Il Modelismo, do Istituto di Moda Burgo; Fashion Design on The Stand, de Dawn Cloake; Modelagem e Técnicas de Interpretação para Confecção Industrial, de Daiane Pletsch Heinrich e Métodos de Modelagem do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). As análises acima referidas representam a ferramenta fundamental para uma nova proposta de aprimoramento dos levantamentos antropométricos, instigada pelo facto de que os métodos de modelagem não consideram os movimentos realizados pelo indivíduo no uso do produto e a perfeita interação do usuário vs vestuário. Proposta de aprimoramento do processo de obtenção de medidas para vestuário A partir de todas as elucidações até aqui discutidas, a proposta de aprimoramento do processo de obtenção de medidas corporais inicia-se com a inserção de posições que simulem os movimentos do indivíduo, considerando os princípios da biomecânica para tal. Segundo Nordin e Frankel (2003:11) a biomecânica usa conceitos da física e da engenharia para descrever o movimento dos vários segmentos do corpo e as forças que agem nesses segmentos durante as atividades normais. Somado a isto, Grave acrescenta que, na concepção do vestuário, devem ser a analisadas questões como a função à qual a peça se destina e a atividade desta região corporal (2004:13). Conforme já abordado ao longo deste estudo, no momento do uso do produto o indivíduo interage com o mesmo de forma dinâmica pela realização de movimentos. A grande problemática surge pelo fato de estarem sendo aplicadas medidas corporais de um indivíduo estático na construção da modelagem.
7 Notadamente, é imprescindível destacarmos que os movimentos ocasionam alterações nas dimensões músculo-esqueléticas dos diversos segmentos do corpo. Exemplificamos: o simples ato de levantar os braços à frente do corpo, em ângulo reto, ocasiona alterações na região da cintura escapular (costas) e facilmente gera desconforto no vestuário na região do costado ou entre-cavas, além de apertar na região do bíceps e tríceps (braço). Nesta etapa, é necessário esclarecer que as verificações com relação ao conforto no uso do produto prevêem a utilização de tecidos planos sem elasticidade em sua composição, fator que também é fundamental para mensurar a sensação de conforto ergonômico. A partir de ensaio realizado no decurso da pesquisa foram obtidos resultados que merecem ser aqui mencionados para melhor elucidação da alternância do referido movimento e suas implicações nas medidas da região corporal das costas. Primeiramente, foi obtida a medida da região das costas (conforme as landmarks da Figura 5, à esquerda) estando o indivíduo na posição relaxada. Após, a mesma medição, utilizando as mesmas landmarks, foi realizada com o indivíduo mantendo os braços esticados horizontalmente, à frente do corpo (Figura 5, à direita). A comparação dos resultados gerou uma diferença numérica variável de 2centímetros a 4,5centímetros dentre os indivíduos medidos. Figura 5: Posição relaxada e posição em simulação de movimento dos braços. Mesmo sem considerarmos a aplicação de força muscular, o simples movimento dos segmentos corporais (braços e pernas) ocasiona alterações dimensionais, o que resultam em diferentes medidas numéricas. Obrigatoriamente, isto deve ser contemplado pelo vestuário no seu momento de projeto e concepção, sobretudo se almejamos um vestuário ergonômico. Para verificação das alterações nas dimensões musculares nos membros inferiores, propomos a comparação entre as posições de pé e sentado, assim como diferentes posições de membros superiores através do levantamento e flexão dos braços. Para definição das variáveis, foi realizado um estudo comparativo baseado em seis métodos de modelagem para vestuário, já mencionados, com a metodologia utilizada pela ergonomia na antropometria estática, obtida do Estudo Antropométrico da População Portuguesa. Podemos afirmar que os dados certificados da antropometria estática servem como referência para a definição das variáveis necessárias para uma varredura das dimensões corporais a fim aplicá-las especificamente à modelagem de vestuário, proposta desta pesquisa. Para tal, foram desconsideradas algumas variáveis e incluídas outras, principalmente no que concerne às medidas de perímetros ou circunferências. Percebeu-se a necessidade de descartar variáveis por não terem relevância para a construção da modelagem, ao mesmo tempo que é obrigatório o acréscimo de outras medições para atingir o objetivo pretendido com o estudo. Indubitavelmente, o acréscimo dos movimentos aos processos de levantamentos antropométricos representará um significativo contributo para a satisfação dos usuários, atribuindo maior conforto e liberdade ao vestir. Para que este acréscimo qualitativo se torne
8 eficaz, é necessário que o vestuário englobe o tipo de superfície interior e exterior de articulação, amplitude e forma de movimento que são de grande valia para a qualidade, tanto estética como ergonômica, destaca Grave (2004:23). Antropometria e Qualidade dos Produtos de Vestuário Acerca da qualidade dos produtos de vestuário é fundamental fazermos uma análise dos aspectos que a configuram, ou seja, quais os factores ou quais as características que o produto deve apresentar para considerarmos que possui ou não possui qualidade. De acordo com Iida (2005), a ergonomia prevê que todos os produtos estão destinados a satisfazer certas necessidades humanas e, direta ou indiretamente, entram em contato com o homem. Para que isto aconteça da melhor forma, é imprescindível que o produto vestuário apresente características técnicas, estéticas, e ergonômicas. O autor relata, ainda, que a qualidade técnica se refere à parte funcional, considerando a eficiência com que o produto executa sua função; a qualidade ergonômica abrange a facilidade de manuseio, adaptação antropométrica, clareza de informações, compatibilidades de movimentos e demais fatores de conforto e segurança; e a qualidade estética é responsável por proporcionar prazer ao consumidor, envolvendo a combinação de cores, formas, materiais, texturas, acabamentos e movimentos, tornando os produtos desejáveis e atraentes aos olhos do consumidor. Partindo da definição de Iida e relacionando-a com a antropometria e modelagem, questões até o momento tratadas no âmbito desta pesquisa, facilmente atribuímos a qualidade ergonômica como princípio aplicável aos produtos de vestuário. Porém, ao aprofundar este conceito, percebemos que a qualidade ergonômica se interrelaciona com a qualidade estética do vestuário, eis que a primeira influencia no resultado da segunda. Quando um vestuário não está apropriado ao tipo de corpo do utilizador, questões relacionadas ao ajuste e caimento da peça (forma e equilíbrio), bem-vestir e sensação de conforto comprometem também a qualidade estética do produto. Os somatórios dos elementos abordados neste estudo identificam a necessidade de uma nova abordagem metodológica acerca dos métodos de levantamentos antropométricos para vestuário. Especialmente porque uma perfeita adequação antropométrica destes produtos configuram a qualidade ergonómica e estética dos mesmos, garantindo ao usuário uma maior satisfação ao vestir. Referências Bibliográficas Aldrich, W. (2004). Metric Pattern Cutting. Oxford: Blackwell Publishing. Arezes, P., Barroso, M., Cordeiro, P., Costa, L., Miguel, A. (2006). Estudo Antropométrico da População Portuguesa. Lisboa: Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho. Grave, M. (2004) A Modelagem sob a ótica da Ergonomia. São Paulo: Ed. Zennex Publishing. Heinrich, D. (2005). Modelagem e Técnicas de Interpretação para Confecção Industrial. Novo Hamburgo: Feevale Editora. Iida, I. (2005). Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Ed. Edgard Blücher. Rebelo, F. (2004). Ergonomia no dia a dia. Lisboa: Edições Sílabo. Size Germany: The German Sizing Survey Project (2006). Publication manual. Berlin. W, Y. (2004). Clothing Appeareance and Fit: Science and Technology. Cambridge: Woodhead Publishing Ltd. Wang, Q. e Ressler, S. (2005, junho). A Tool Kit to Generate 3D Animated CAESAR Bodies. Trabalho apresentado no Digital Human Modeling for Design and Engineering (DHM), Iowa City, Iowa. Winks, J. (1997). Clothing Sizes: International Satandardization. Manchester: Redwood Books. Wisner, A. (1987). Por dentro do trabalho: Ergonomia: Método e Técnica. São Paulo: FTD Editora.
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