O PLANEJAMENTO E O EMPREENDEDOR: UMA REVISÃO TEÓRICA

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1 O PLANEJAMENTO E O EMPREENDEDOR: UMA REVISÃO TEÓRICA Gisele Zem dos Santos (Unioeste) giselezem@hotmail.com Geysler Rogis Flor Bertolini (Unioeste) geysler.bertolini@unioeste.br Área: Administração Resumo O empreendedorismo é um tema muito importante na ciência da Administração, está ligado ao perfil da pessoa, seus sonhos e interesses. Porém, quando se analisa os índices de empresas que encerram suas atividades nos primeiros anos, percebe-se que um empreendedor pode não se tornar um empresário de sucesso. O objetivo deste artigo de iniciação científica é analisar, com base na bibliografia, quais os passos que um empreendedor deve realizar para ter sucesso em seu negócio. Este estudo foi bibliográfico, utilizando apenas fontes secundárias, mais especificamente apenas livros sobre o tema empreendedorismo. Como consideração final, verifica-se a necessidade do empreendedor desenvolver um planejamento de suas idéias, e que o plano de negócio é essencial para o sucesso organizacional. Palavras chave: Empreendedorismo, Negócios, Planejamento. 1 Introdução Ser dono de seu próprio negócio é o sonho de muitas pessoas, que são capazes de gastar tempo, energia e colocar em prática seu conhecimento, seja de qualquer área para não precisar ser empregado, porém em grande parte dos casos, o projeto acaba não saindo do papel ou acaba se desfalecendo nos primeiros meses da abertura devido à falta de incentivo do país ao empreendedor, ou porque o empreendedor iniciou seu negócio sem o devido planejamento. Segundo Dolabela (2008) o primeiro passo para a formação de mais empreendedores, é o país mudar suas políticas públicas, o autor lembra que o empreendedorismo é um fenômeno cultural, compara que em países de primeiro mundo o estímulo e o apoio fazem mais pessoas desenvolver realmente seu potencial empreendedor, que todos têm.

2 Essa pesquisa busca responder a seguinte questão: quais as diretrizes que a literatura indica para o empreendedor ter sucesso organizacional? Estabelecida a pergunta de pesquisa, este artigo de iniciação científica tem como objetivo analisar, com base na bibliografia, quais os passos que um empreendedor deve realizar para ter sucesso em seu negócio. 2 Metodologia Neste estudo, foi utilizado o procedimento de pesquisa bibliográfica, como parte obrigatória na busca do conhecimento científico analisado. Esta é citada por Cervo e Bervian (1983, p. 55 apud Beuren 2008, p. 86) como um procedimento que explica um problema por meio de referências que foram publicadas no âmbito teórico, buscando o conhecimento ou análise das contribuições científicas existentes acerca de um tema ou problema. A abordagem do problema foi qualitativa. A pesquisa de abordagem qualitativa, conforme Lakatos (2009) preocupa-se com a análise e interpretação de aspectos profundos, fornecendo uma análise detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes e tendências de comportamentos. 3 Fundamentação Teórica Para entender melhor os princípios do empreendedorismo, primeiro tem-se que distinguir empreendedor de empresário, na verdade os termos se complementam, o empreendedor tem o mérito de iniciar um empreendimento empresarial, buscar novos negócios no mercado, e o empresário seria o resultado dessa iniciativa, fará parte do crescimento até a perpetuação do negócio ao longo dos anos, conforme a ideia lançada pela equipe técnica da empresa de consultoria OBI (1995). Estudos recentes mostram que todas as pessoas podem desenvolver seu espírito empreendedor, ou seja, todos aqueles tem vontade de ter seu próprio negócio pode ter, sem que isso seja um dom nato. Mas autores como Cleber Aquino (1995 p.108) prefere fazer uma descrição do perfil empreendedor, sobre isso ele escreveu: Trata-se de um indivíduo com bastante iniciativa, agressivo para negócios, eterno farejador de oportunidades, ansioso em ser patrão (e, mais ainda, em deixar de ser empregado), que se lança naquilo que gosta de fazer, dinâmico e inquieto... Ele é o próprio negócio. Adora fazer - e faz - tudo sozinho, cuidando do mercado, da clientela, das vendas, da produção, da contabilidade, das rotinas de pessoal, dos bancos e do governo; cobra e recebe. Tem, enfim, uma vocação doentia de se envolver em todos os detalhes de sua incipiente organização. A empresa, repito, é sua própria pessoa e, quando muito, de seus familiares. Trate-se geralmente de alguém dotado de muitas ideias, vocação para o risco (até determinado limite de seu empreendimento), alguns impulsionados pelo lucro imediato, outros pelo prazer de criar, de fazer explodir seu potencial todos, porém, excitados em administrar seus próprios destinos. Para Sentanin e Barboza (2005), são considerados como exemplo de empreendedores: - Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela; - Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; - Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais.

3 Enfim, vários conceitos são dados ao empreendedor, as pessoas podem se tornar empreendedores por diversos motivos, auto realização pode ser um fator, desemprego pode ser outro, e também podem ser empreendedoras de diversas maneiras, ele pode ser edificador, aquele que formula a ideia e a coloca em prática do princípio ao fim, ou talvez explorador, aquele monta várias empresas parecidas em alguns pontos com a que ele já tem e em outros pontos diferentes, ou ainda aquele inicia por uma razão, e pára naquilo que conquistou, que não é ambicioso ao ponto de sair de sua zona de conforto (OLIVEIRA, 1995). Baron (2007, p.12) cita O processo empreendedor começa quando uma ou mais pessoas reconhecem uma oportunidade - o potencial para se criar algo novo, e isso não quer dizer apenas na criação de novas empresas, é relacionado também novas formas de organizar tecnologias, novos processos de produção, novos projetos, novos produtos e mercados de uma organização já existente, pois quando existe mudanças sociais ou econônicas, é necessário o empreendedor identificar a oportunidade e partir para ação, se isso for gerar lucro para empresa. O autor complementa ainda que o reconhecimento de oportunidades é uma etapa-chave no processo empreendedor. Por outro lado, não basta que exista motivação para empreender. É necessário que o empreendedor conheça formas de análise do negócio, do mercado e de si mesmo para perseguir o sucesso com passos firmes e saber colocar a sorte a seu favor relata Dolabela (2008, p.29). O mesmo autor complementa que a tarefa será sonhar e buscar realizar o sonho, em outras palavras, o objetivo será desenvolver o ser capaz de sonhar, e também capaz de buscar o saber conhecer, o saber fazer, o saber conviver e o saber ser, necessários à realização do sonho. Torna-se necessário o desenvolvimento do plano de negócios. Para Dolabela (2008) o plano de negócios significa elaborar um planejamento detalhado da empresa, onde simulações de ideias não devem existir por se tratar de um plano real, ou seja, tudo terá que ser programado de acordo com as possibilidades do ambiente que a organização estará inserida. O autor ainda ressalta que o plano de negócios é uma análise do potencial de lucro que empresa poderá oferecer e dependendo do resultado dessa análise o processo de criação da empresa pode ser viável ou não. Segundo Baron (2007) é necessário a conversão dos pensamentos em um documento escrito, tarefa essa que os empreendedores em geral não gostam devido a ansiedade de lançar seus negócios e fazer sua visão acontecer rapidamente. Ainda que esses empreendores tiverem na posição privilegiada de não precisar de recursos de terceiros para começar, o autor recomenda o plano de negócios, pois é um guia detalhado para a conversão de suas ideias e de sua visão em um negócio real e em funcionamento (BARON, p. 186). Chiavenato (2008, p. 140) associa o plano de negócio como uma ferramenta que auxiliará o administrador a exercer suas principais funções que são: planejar, organizar, dirigir, avaliar e controlar o negócio, e ressalta que esse plano é um retrato do início, meio e fim de um empreendimento, e isso terá utilidade na busca por investidores, parceiros e será também um meio de avaliação, servindo como um guia para a condução do negócio. Para Dolabela (2008) o Plano de negócios será altamente difundido no Brasil, pois ele mostra todos os detalhes, é onde o empreendedor descobrirá se tudo o que ele sonhou é irreal ou não, vai achar os pontos negativos que não vem na mente na hora da criação da ideia, e principalmente saberá os riscos que correrá em relação à rentabilidade. O Plano de Negócios servirá para ajustar todos os detalhes e colocá-los em conformidade com a realidade. Conforme Chiavenato (2008) as providências iniciais a serem tomadas na construção de um plano de negócios é responder perguntas como: Qual é o negócio? Qual é o mercado? Qual é o produto/serviço? e identificar as oportunidades e ameaças e as forças e fraquezas do ambiente que a futura empresa estará inserida. Para que depois dessa identificação possa estabelecer as estratégias organizacionais, criando missão, visão e valores, haja vista que é necessário saber onde se está, para saber aonde se quer chegar.

4 Para essa análise inicial pode ser usada o modelo PEST, que tem o objetivo de contextualizar os fatores Políticos, Econômicos, Sociais e Tecnológicos que podem interferir no projeto de implementação da empresa (CLEMENTE, 2008). Clemente (2008) ainda cita que para a estruturação do negócio a empresa terá que seguir um modelo organizacional, modelo de marketing, modelo operacional e um modelo financeiro, tudo isso será descrito no plano de negócios. Corroborando, Baron (2007) recomenda preparar um plano de negócios simples com fins de obter recursos iniciais, depois, abrir o negócio efetivamente, e após, ir refinando-o de acordo com experiência obtida com o funcionamento e usar o plano revisado para administrar e garantir outros recursos para crescimento da organização. Porém, conforme Dolabela (2008), deve-se cuidar com os possíveis erros no plano de negócios, como: - Metas irreais, onde os sintomas são metas vagas, não específicas, orientado para a atividade e não para o resultado; - Otimismo excessivo, onde o empreededor não consegue enxergar os possíveis obstáculos, acabam falhando no cumprimento de prazos, entre outros. O realismo é a chave; - Falta de indicadores, sem isso não é possível o acompanhamento da evolução, portanto, deve-se sempre revisar frequentemente o plano; - Falta de compromisso, ou seja, deixar de lado as reuniões, cair na rotina e deixar de lado as prioridades; - Incapacidade de aprender, onde o feedback é ignorado. 4 Considerações Finais Pode-se considerar que o empreendedor é aquele que tem a disposição de iniciar uma atividade de negócio, buscando o desenvolvimento do empreendimento e alcance de objetivos. Assim, o planejamento se torna essencial nessa etapa de iniciação do empreendimento, pois é necessário colocar sua ideia no papel e analisá-la, sem dúvida podendo ser modificada sempre que se achar necessário. Para as pessoas que já têm a certeza que o sonho de ser um empreendedor pode ser realidade, eis que existem vários estudos e métodos, que se aplicados farão com que seu negócio tenha uma estrutura adequada do início ao fim, sendo o plano de negócios o próximo passo após o empreendedor ter criado em sua mente a ideia de em qual negócio investirá suas energias. Depois que o sonho de ser um empreendedor já se formou na mente do individuo e a ideia inovadora praticamente criou vida, a questão seguinte é como ter tudo isso registrado no papel de uma forma organizada. O plano de negócios vem exatamente auxiliar o futuro empresário ou o empresário em fase de consolidação, o crescimento nesse aspecto. A consideração final dessa pesquisa é apoiada na ideia de que todas as pessoas que querem ter seu negócio, podem sim ter esse sonho realizado desde que haja o planejamento do negócio. Também é importante colocar a observação que para algumas pessoas vai ser mais fácil conseguir, devido o próprio indivíduo ter algumas características de personalidade que vão tornar isso mais fácil em alguma etapa dessa evolução, já outras vão sentir mais dificuldades em algumas etapas, porém todos têm essa capacidade. Referências

5 BARON, Robert A. Empreendedorismo: Uma visão do processo. São Paulo: Cengage, CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo. Dando asas ao espírito empreendedor. 2º ed. rev. e atualizada, São Paulo: Saraiva, CLEMENTE, Armando [et al.]. Planejamento do negócio: como transformar idéias em realizações. Rio de Janeiro, DOLABELLA, Fernando. Oficina do Empreendedor: A metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. 2º ed. São Paulo: Cultura LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6º ed. São Paulo: Atlas, OLIVEIRA, Marco A. Valeu! Passos na trajetória de um empreendedor. São Paulo: Nobel, ROESCH, S. M. A. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração, 2. ed. São Paulo: Atlas, SENTANIN, L. H. V.; BARBOZA, R. J.. Conceitos de Empreendedorismo. Revista Científica Eletônica de Administração. Ano V Número 9 Dezembro de 2005.