MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo, SP: EPU, 1986.

Transcrição

1 MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo, SP: EPU, TRADICIONAL Concepção de ser humano: - Ser humano é um receptáculo passivo - Tábula Rasa (J. Locke) - O ser humano pleno de informações pode repeti-la aos outros - O mundo (realidade) é externa ao indivíduo, que deve se apossar dele. - A sociedade tem níveis culturais - A educação formal serve para hierarquizer culturalmente os indivíduos no contexto social - Centrada no passado e em modelos. - Inteligência é atividade mental de armazenar dados. - O conhecimento é construído do mais simples ao mais complexo. - Busca apresentar e conservar o produto e não revelar processos - Educação se resume à instrução escolar. - Instruir é transmitir conhecimentos selecionados e organizados. - Educação como prdotuo; resultado. - Busca modelos úteis; operativos. - A escola é o lugar da educação. - Ambiente austero; sem distrações. - Fora do mundo; afastada. - Pouca cooperação; muito mérito pessoal -Oferece um modelo social ordenado; sem rupturas. - Aulas expositivas. - Demonstração teórica. - Conteúdo está pronto. O método passa o conteúdo. - Dar lição ; Tomar lição. - Maiêutica: conduzir por perguntas. - Transmissão/acumulação. - Educação Bancária (Paulo Freire). - Hábitos; rotina. - Universalista (ignora as diferenças individuais e culturais). - A intervenção do professor é fundamental. - Estimula pouco a reflexão. - Repetição dos conteúdos passados. - Valoriza a quantidade e a repetição. - Notas = níveis de aquisição do conteúdo. - Encerro o conhecimento. - Acumulativa; não processual. - Relação vertical. - Verbalismo do professor. - Assimilação, memorização e repetição do aluno. - O professor tem todo o poder decisório (informa, conduz, avalia). - Reprime-se os elementos afeitvos. - Comenius. - Busca por um único método para ensinar tudo a todos.

2 - O ser humano é passivo; determinado pelo meio - O ser humano é produto de um processo evolutivo. - O comportamento humano pode ser ordenado, controlado. - Todo organismo se adéqua ao meio ou morre. COMPORTAMENTALISTA - A realidade é objetiva e pode ser manipulada, planejada. - O meio seleciona e condiciona as funções sociais e individuais. - A cultura (ambiente social) dá a forma e preserva o comportamento humano. - Teoria do Reforço: controle, direção e recompensa. - Empirismo; Behaviorismo. - A experiência planejada é a base do conhecimento. - O conhecimento é cópia de algo dado no mundo externo. - Conhecer é ordenar o mundo, as experiências. - Análise funcional do conhecimento. - Transmissão cultural (conhecimento e comportamentos) através do controle do ambiente). - Promover mudanças desejáveis e permanentes no comportamento dos indivíduos. - Sistema organizado e pragmático de reforço de comportamento. - Escola é forma peculiar de controle; instrucional. - Está ligada a outros centros de controle. - Tecnologia educacional. - Instrução Programada. - Módulos institucionais. - Permite aprendizagem individualizada. - Prioriza habilidades e competências (técnicas e comportamentos). - Técnicas de intervenção nos comportamentos. - Aprendizagem = mudança e/ou instalação de comportamentos, resultantes de práticas de reforço. - Ensinar = controlar: planejar, implementar e avaliar as condições de reforço. - Ensino programado. - Serve como constatação dos objetivos instrucionais programados e implementados. - Pode aparecer como diagnósticos, as prétestagens. - Professor = engenheiro de comportamentos. Planeja, implementa e avalia programas instrucionais. - Aluno = ser passivo, determinado que deveria ganhar controle sobre seus processos instrucionais de modelagem de comportamento. - Skinner. - Pedagogia, educação e ensino são identificados com métodos e tecnologia.

3 - O ser humano é arquiteto de si mesmo. - O ser humano é um processo permanente e inacabado (vir a ser). - Único, independente; livre; autônomo. - Processo contínuo de autodescoberta em relação com os outros. - Ênfase nos sentimentos; emoções. HUMANISTA - A realidade é um fenômeno subjetivo. - O mundo é produzido pelo ser humano diante de si mesmo; cada um reconstrói em si o mundo. - Ênfase nos pequenos grupos, nas relações interpessoais. - Reconhece, porém dá pouco valor à historicidade. - O conhecimento é construído a partir da experiência pessoal e subjetiva. - Realidade = percepção = conhecimento. - O ser humano conhece experimentando. - Há uma curiosidade natural que move o ser humano ao conhecimento. - O ser humano conhece quando aprende a aprender. - Educação em sentido amplo, não só escolar. - Educação = humanização; tornar-se pessoa. - Centrada no sujeito. - Articula intelectual e emocional. - Crescimento pessoal, interpessoal e intergrupal. - Deve, sobretudo, respeitar a criança como ela é. - Ênfase na autoaprendizagem. - Escola deve desenvolver autonomia e liberdade. - Questiona os modelos escolares centrados em autoridade e disciplinaridade. - Cada um tem sua própria maneira de facilitar a autoaprendizagem. - Os métodos são secundários. - Técnicas devem privilegiar não só o cognitivo, mas também o emocional. - Prevalece a liberdade como método. - Centrada no sujeito. - Auto-aprendizagem/auto-descoberta. - Ensino não-diretivo. - Aprendizagem significativa. - Facilita o processo de autoconhecimento. - O importante é ser feliz. - Auto-avaliação. - O aluno deve assumir responsabilidade por seu processo de auto-aprendizagem. - Despreza-se qualquer padronização de produtos do processo de aprendizagem. - Cada professor desenvolve seu próprio estilo; não é possível ensinar estratégias de ensino. - Habilidade básica é compreender-se e compreender os outros. - Professor = facilitador. - O aluno é aceito tal como é. - Autenticidade; empatia; apreço. - Carl Rogers, Alexader Neill. - Faltam diretrizes e é de difícil aplicação em larga escala.

4 - Interacionismo = ser humano/mundo - O indivíduo é um sistema aberto. - O ser humano se desenvolve na inter-relação e por estágios; etapas da inteligência. - O ser humano tem capacidades: motoras, verbais, mentais. - Equilíbrio: inteligência e afetividade. - Deve provocar situações de desequilíbrio. - Intelectual e moral são indissociáveis. - Desenvolver capacidades motoras, verbais, mentais. - Aquisição do instrumental lógico-racional - Socialização cooperativa. - Provocar a busca de novas soluções. - Estratégias de compreensão e validade. - Escola deve ensinar a observar. - Ênfase na reequilibração COGNITIVISTA - O ser humano assimila o mundo e se acomoda a ele. - Acoplagem do sistema simbólico ao mundo real. - Democracia e desenvolvimento social: * Deliberação coletiva, discussão e compromisso. *Reequlibração social - Prioriza a atividade do sujeito inserido no meio social. - Aprender é assimilar objetos na estrutura mental. - Processo amplo de desenvolvimento das estruturas mentais. - O ensino assume formas diversas em função do processo de aprender. - Ensaio e erro. - Aprender é elaborar sua experiência. - Produto da interação ser humano/mundo. - Conhecimento => construção contínua. - Desequilíbrio e busca de equilíbrio é a base do conhecimento. - Etapas do conhecimento. - Epistemologia genética : Observação / Organização dos dados / Valor do erro - Estrutura e ampliação. - Tudo é assimilado por uma estrutura anterior. - Cooperação intelectual. - Reciprocidade afetiva. - Professor cria situações desafiantes, evita rotina, fixação de respostas. - Investigador, pesquisador. - Orienta a exploração de objetos; nunca oferece respostas prontas. - Não há um modelo pedagógico. - A base é a investigação. - Trabalho em equipe. - Promoção de desequilíbrios. - Jogo - Experiência. - Esquema prévio, desequilíbrio, investigação, reequilíbração. - Diversificação. - O conhecimento não se mede. - Aproximações qualitativas. - Valoriza soluções erradas, incompletas como estágio de desenvolvimento. - Valor do erro. - Piaget - Prevaleceu o construtivismo cognitivista da proposta.

5 - Ser humano é sujeito da práxis. - Interacionismo sujeito/mundo - Ser humano situado no tempo e espaço (contexto). - Ser humano conhece o mundo para transformá-lo e para se libertar. - Promover o indivíduo, libertá-lo e não adaptálo à sociedade. - Reflexão tomar consciência da realidade: da alienação à crítica. - Compromisso com a ação. - Não há educação neutra, toda educação é política. - Tem caráter utópico, esperança. - Não se restringe à escola; valorização da educação não-formal. - Muito crítica sobre a quem serve a escola. - Diálogo. - Debate; trabalho em grupo. - Alfabetização de adultos: tema gerador (universo temático). - Supera dicotomia. SÓCIO-CULTURAL - Mundo como espaço de ação e reflexão humana. - Valorização do contexto. - Cultura popular: noção, classes subalternas. * Aquisição sistemática do mundo. * Resposta do ser humano à natureza, à sociedade a outros seres humanos. - Reconhece as relações de dominação. - Pedagogia do oprimido, educação problematizadora, educação libertadora. - Aprender com o oprimido e não para ele. - A opressão é o centro do processo: deve-se revelá-la. - O oprimido hospeda o opressor: fatalismo, autodesvalia, medo da liberdade - Emancipação. - Auto-avaliação - O conhecimento é emancipatório. - O conhecimento deve libertar o ser humano da alienação das estruturas sociais. - É construção coletiva. - Dialético - supera dicotomias: sujeito, objeto. - Consciência: intransitiva, transitiva ingênua, transitiva (crítica). - Horizontal; professor desce ; abre mão do autoritarismo. - Educador educando; educando educador. - Professor deve desmitificar cultura dominante. - Identifica-se com o oprimido. - Diálogo. - Paulo Freie - Articula humanismo e construtivismo cognitivista.