ANÁLISE DA ESTRUTURA DE GOVERNANÇA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DO POLO DE CONFECÇÃO DO NORTE- NOREOSTE DO ESTADO DO PARANÁ

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1 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ROSIMEIRI NAOMI NAGAMATSU ANÁLISE DA ESTRUTURA DE GOVERNANÇA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DO POLO DE CONFECÇÃO DO NORTE- NOREOSTE DO ESTADO DO PARANÁ DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2011

2 ROSIMEIRI NAOMI NAGAMATSU ANÁLISE DA ESTRUTURA DE GOVERNANÇA DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DO POLO DE CONFECÇÃO DO NORTE- NOREOSTE DO ESTADO DO PARANÁ Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Área de Concentração: Gestão industrial do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Luis Mauricio Resende PONTA GROSSA 2011

3 Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa n.25 /11 N147 Nagamatsu, Rosemeiri Naomi Análise da estrutura de governança dos Arranjos Produtivos Locais do polo de confecção do Paraná. / Rosemeiri Naomi Nagamatsu. -- Ponta Grossa: [s.n.], f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Luis Mauricio Martins Resende Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, Polo têxtil. 2. Governança. 3. Arranjo Produtivo Local (APL). I. Resende, Luis Mauricio Martins. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. III. Título. CDD

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5 As minhas filhas Narumi e Natsuki que sempre me acompanharam.

6 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter guiado meus passos, estando sempre ao meu lado dando forças e coragem. Por me proporcionar lucidez nos momentos de turbulência. Ao Professor Dr. Luis Maurício Resende, pela orientação precisa e segura, pela confiança e paciência e, sobretudo por aceitar caminhar comigo me indicando o melhor caminho a seguir nos momentos de total desespero. Ao Professor Dr. Kazuo Hatakeyama, pela amizade e orientação no período de aprendizado e pela estimada lição de vida. Ao Pitelli, pelo apoio, sugestões, comentários valiosos e principalmente pela contribuição com empréstimo de materiais. Aos colegas professores do Campus Apucarana, pelo companheirismo e incentivo. Especialmente as minhas amigas Josiany e Gabriela: pelo incentivo e apoio. A minha companheira de estrada Adriane que compartilhou e caminhou junto comigo nesta empreitada e, principalmente pelos conselhos sinceros. Aos meus colegas, pela amizade construída durante o tempo em que convivemos na UTFPR de Ponta Grossa. Em especial a Dayane, pela amizade incondicional; pelo roteiro gastronômico de PG e pelos bons e maus momentos que passamos juntas. A todos os empresários e colaboradores que fazem parte dos APLs do Polo de confecção do Paraná, que muito contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. E especialmente: Ao meu esposo Norio: por dividir comigo esta etapa, pelo apoio, incentivo e grandeza de espírito. Às minhas filhas Narumi e Natsuki: meus amores, pela compreensão em dividir seus momentos com os meus projetos.

7 RESUMO NAGAMATSU, Rosemeiri Naomi. Análise da estrutura de governança dos Arranjos Produtivos Locais do pólo de confecção do Paraná f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa. O presente estudo teve como objetivo analisar as estruturas de governança identificando a lógica das relações e as variáveis de governança dos APLs do setor de confecção do Polo Têxtil de Confecções do Paraná. Para tanto, organizou-se um referencial teórico que subsidiou as mudanças ocorridas, no decorrer da história, dos conceitos de Aglomerados Produtivos e as suas principais vantagens competitivas. Abordou os conceitos e bases teóricas sobre Governança, que permitiram compreender a importância de seus elementos e as estruturas a eles aliadas. Os procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa foram os relativos ao estudo de caso. Os procedimentos para a análise dos dados foram de natureza explicativa, descritiva e qualitativa. Foram utilizados dados primários, coletados por meio de entrevista semiestruturada e dados secundários, bem como observação direta do pesquisador. O ambiente de análise da pesquisa com foco nos gestores da Governança dos APLs do Polo Têxtil de Confecções do Paraná. Os dados foram analisados pelo método indutivo, por meio da análise dos resultados obtidos no estudo de caso, confrontando-os com os aspectos teóricos desta pesquisa. Como principais resultados foi possível conhecer as principais estratégias conjuntas empregadas pelas empresas participantes dos APLs do Polo Têxtil de Confecção do Paraná. Essas estratégias são desenvolvidas por grupos temáticos, por meio de uma estrutura de governança que visa estabelecer as ações que contribuam para melhoria da competitividade. Palavras-chave: Pólo têxtil. Governança. Arranjo Produtivo Local (APL).

8 ABSTRACT NAGAMATSU, Rosemeiri Naomi. Analysis of the governance structure of Local Clusters of Polo Clothing p. Dissertation (Master in Production Engineering) Post Graduate Program in Production Engineering, Federal Technology University - Paraná. Ponta Grossa, This study aimed to examine the governance structures of identifying the logic of relations and the governance variables of the clothing sector APLs Polo Textile Clothing Paraná. To this end, we organized a theoretical framework that supported the changes in the course of history, the concepts of Productive Clusters and their main competitive advantages. Address the concepts and theoretical bases on Governance, which allowed us to understand the importance of its elements and structures allied to them. The methodological procedures adopted in this study were those relating to the case study. The procedures for data analysis were explanatory, descriptive and qualitative. We used primary data collected through semi-structured interviews and secondary data as well as direct observation of the researcher. The environmental analysis of the research focused on managers of APLs Governance Polo Textile Clothing Paraná. Data were analyzed by the inductive method, by analyzing the results obtained in the case study, comparing them with the theoretical aspects of this research. A main outcome was possible to know the main joint strategies employed by companies participating in the clusters of the Textile Clothing Polo Paraná. These strategies are developed by the thematic groups by means of a governance structure that aims to establish the actions that contribute to improving competitiveness. Keywords: Polo Textile. Governance. Local Production Arrangement.

9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Estratégias competitivas genéricas: curva em U Figura 2 - Rede de topdown Figura 3 - Rede flexível de empresas Figura 4 - Fontes da vantagem competitiva da localização. Modelo Diamante Figura 5 - Formas de concentração das empresas Figura 6 - Ciclo de vida de aglomerados Figura 7 - Diagrama do modelo Figura 8 - Diagrama esquemático das ações da estrutura de governança para a inserção competitiva do Arranjo Produtivo Local Figura 9 - Empresas complementares existentes no APL de confecções de bonés de Apucarana Figura 10 - Síntese da Governança do Arranjo Produtivo Local de Apucarana Figura 11 - Síntese da Governança do Arranjo Produtivo Local de Cianorte/Maringá Figura 12 - Síntese da Governança do Arranjo Produtivo Local de Londrina Quadro 1 - Governança e upgrading: clusters versus cadeia de valor Quadro 2 - Modelo para análise da estrutura da governança em APL Quadro 3 - Ações desenvolvidas pela Governança APL de confecção Cianorte/Maringá em Quadro 4 - Ações desenvolvidas pela Governança APL de confecção Cianorte/Maringá em conjunto com entidades parceiras em Quadro 5 - Síntese de comparação dos APLs do Polo Têxtil de Confecção do Paraná... 94

10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição das empresas do APL de boné de Apucarana por porte Tabela 2 - Distribuição das empresas do APL de confecção de Cianorte/Maringá por porte Tabela 3 - Distribuição das empresas do APL do vestuário de Londrina por porte... 87

11 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS ABRAFAB Q ACIA ACIL ANIBB AP APL ASSIBBRA CESUMAR CODEL CODEM CTM E FAP FECEA FIEP GTP IBGE IDH IEL IPARDES IPOLON ISO MDIC MPEs Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana Associação Comercial e Industrial de Londrina Associação Nacional das Indústrias de Bonés, Brindes e Similares Arranjo Produtivo Arranjo Produtivo Local Associação das Indústrias de Bonés e Brindes de Apucarana Centro Universitário de Maringá Instituto de Desenvolvimento de Londrina Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá Centro Tecnológico de Maringá Embriões Faculdade de Apucarana Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana Federação das Indústrias do Paraná Grupo Permanente de Trabalho Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Índice de Desenvolvimento Humano Instituto Euvaldo Lodi Instituto Paranaense de Desenvolvimento Instituto Politécnico de Londrina International Organization for Standardization Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Micro e Pequenas Empresas

12 MRG MTE NDSR OCDE PEA P&D PEIEx PIB PROEP QL RAIS SEBRAE SENAI SESI SIVALE SINDVEST SINTVEST SINVEST SIVEPAR SLP UEL UEM UTFPR VA VDL Micro Região Geográfica Ministério do Trabalho e do Emprego Núcleo de Desenvolvimento Regional e Setorial Organização Cooperação para Desenvolvimento Econômico Pessoas Economicamente Ativas Pesquisa e Desenvolvimento Projeto de Extensão Industrial Exportadora Produto Interno Bruto Programa de Expansão da Educação Profissional Coeficiente Locacional Relação Anual de Informações Sociais Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Social da Indústria Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale o Ivaí Sindicato das Indústrias do Vestuário de Maringá Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Londrina e Região Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte Sindicado Intermunicipal das Indústrias do Vestuário do Paraná Sistema Local de Produção Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual de Maringá Universidade Tecnológica Federal do Paraná Vetores Avançados Vetores de Desenvolvimento Local

13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO APRESENTAÇÃO DO TEMA OBJETIVOS JUSTIFICATIVA ESTRUTURA DO TRABALHO REFERENCIAL TEÓRICO ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS AGLOMERADOS PRODUTIVOS Histórico - Origem e Evolução dos Conceitos Cluster ou Agrupamento Arranjos Produtivos Locais APLs Sistema Produtivo Local - SPL Ciclo de Vida do Agrupamento GOVERNANÇA Estrutura de Governança Tipos de Governança Formas de governança Governança das Cadeias Produtivas Globais Princípios da Governança Elementos de Governança de Aglomerados Empresariais PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS AMBIENTE DA PESQUISA E ESCOLHA DO CASO RESULTADO E DISCUSSÕES AGLOMERADOS PRODUTIVOS DO POLO TÊXTIL DE CONFECÇÃO DO PARANÁ Apucarana Capital do Boné Dados coletados em campo Caracterização do APL de Apucarana Estratégias de cooperação do APL de Apucarana Estrutura da governança do APL de Apucarana Gestão de governança do APL de Apucarana Capital social do APL de Apucarana ANÁLISE DOS RESULTADOS DO APL DE APUCARANA APL de Cianorte/Maringá Contextualização de Cianorte Contextualização de Maringá Dados coletados em campo... 76

14 Caracterização do APL de Cianorte/Maringá Estratégias de cooperação do APL de confecção de Cianorte/Maringá Estrutura de governança do APL de confecção de Cianorte/Maringá Gestão de governança do APL de confecção de Cianorte/Maringá Capital social do APL de confecção de Cianorte/Maringá Análise dos resultados do APL de confecção de Cianorte/Maringá APL de Londrina Contextualização de Londrina Dados coletados em campo Caracterização do APL de Londrina Estratégias de cooperação do APL de Londrina Estrutura de governança do APL de Londrina Gestão de governança do APL de Londrina Capital social do APL de Londrina Análise dos resultados do APL de Londrina ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS APLS DE CONFECÇÃO DO POLO TÊXTIL DE CONFECÇÃO DO PARANÁ CONSIDERAÇÕES FINAIS SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS REFERÊNCIAS APÊNDICE A - PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

15 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Com a estruturação da economia global, o mercado de produtos de consumo vem sofrendo transformações e com isso o setor produtivo em nível mundial tem que se adequar frequentemente ao perfil dinâmico do mercado através de novas estratégias competitivas. Um dos segmentos de produtos de consumo que vem sendo afetado com essa onda de invasão de produtos globalizados são os setores da cadeia têxtil, mais precisamente o setor de confecção. Assim, uma das estratégias utilizadas por este setor é o trabalho em conjunto colaborativo, que visa ao fortalecimento dos setores produtivos de uma microrregião, aquilo que a literatura vem denominando de Arranjos Produtivos Locais APLs (ALBAGLI e BRITO 2002; LASTRES e CASSIOLATO, 2003/2007). Vários autores vêm pesquisando o desenvolvimento regional por meio do trabalho organizado em redes de cooperação: Marshall (1985) já em 1917 seus estudos sobre distritos industriais; Porter (1986) pesquisou clusters e agrupamentos produtivos; Casarotto Filho e Pires (1998) publicaram seus estudos sobre redes de trabalho topdown, entre outros. Esses autores descreveram as vantagens competitivas que um aglomerado produtivo traz às empresas de um mesmo setor, instaladas em uma mesma região geográfica, como vantagens logísticas, de fornecedores, mão de obra especializada e conhecimento tácito regionalizado. Porter (1999) afirma ainda que a presença de setores correlatos e de apoio são fatores determinantes às vantagens competitivas regionais. Através do fluxo de informação e do intercâmbio técnico, acelera-se o ritmo da inovação e da melhoria e, além disso, aumentam-se as chances das empresas de desenvolverem novas habilidades, o que se constitui em fonte de entrantes que trarão uma nova abordagem para a competição. A idéia do APL vem justamente do aprimoramento das organizações frente ao mercado competitivo pelo aspecto espacial local e pelas relações de poder, ressaltado pela forma de governança híbrida (público-privadas) (CAMPOS, 2006).

16 14 Com base nesse processo evolutivo das estratégias organizacionais, foi instalado, em 2004, um grupo permanente pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio MDIC, com o objetivo de adotar uma metodologia de apoio integrado a arranjos produtivos locais, enfocado com base nas articulações de ações governamentais. Com isso, o conceito de APLs difundiu-se rapidamente pelo país, sendo identificado em diversas regiões do território nacional. Até 2005, o MDIC catalogou 142 APLs de diversos segmentos, os quais oferecem produtos e serviços de diferentes níveis tecnológicos, como software, equipamentos hospitalares, móveis, entre outros (MIDIC, 2007). Integram o Polo Têxtil de Confecção, além do município de Apucarana, os municípios de Londrina, Maringá e Cianorte. O município de Cianorte, Capital do Vestuário, assim como Apucarana, possui alto grau de especialização no setor têxtil de confecção sendo grande empregador de mão de obra. Os municípios de Londrina e Maringá são importantes no setor de confecção, embora este não represente o principal setor produtivo desses municípios, mas esta entre os principais setores geradores de empregos. O APL de Apucarana envolve a região de Apucarana e Ivaiporã, no qual se destaca o setor têxtil e vestuário como sendo o maior empregador da região. O município de Apucarana, conhecido nacionalmente como Capital do Boné, faz parte do Polo Têxtil de Confecções do Paraná, que foi criado através do Decreto-Lei Estadual de n /97, de 15 de maio de 1999, concentrado na Região Norte Noroeste do Estado, formando o que também se denomina como Corredor da Moda. Esses quatro municípios, frente às novas dinâmicas da economia global, organizaram-se formalmente em Governanças de APLs, onde desenvolvem estratégias de cooperação para o crescimento e fortalecimento do setor de confecção em suas microrregiões. Desse modo, a necessidade para o entendimento das governanças em aglomerados de confecção remete a pesquisa à seguinte pergunta: como as estruturas de governança podem contribuir para o desenvolvimento nas governanças dos APLs do Polo Têxtil de Confecções do Paraná?

17 OBJETIVOS Com base no problema de pesquisa exposto, esse trabalho tem como objetivo geral analisar as estruturas de governança avaliando a lógica das relações e as variáveis de governança dos APLs do setor de confecção do Polo Têxtil de Confecções do Paraná. Como objetivos específicos esse trabalho visa: Identificar e analisar os tipos e formas de governanças dos APLs de Confecção; Investigar como as governanças atuam na coordenação dos diversos aspectos implicados no processo que objetiva suas estratégias; Contribuir para o aprimoramento das práticas de governanças do APLs. 1.3 JUSTIFICATIVA O processo da globalização tornou a competitividade cada vez mais acirrada. Silva e Manha (2001) observam que, com a globalização, tem-se vivido um processo de aceleração capitalista num ritmo jamais visto, em que o produtor compra matéria-prima em qualquer lugar do mundo, onde ela seja melhor e mais barata. Instala a fábrica nos países onde a mão de obra seja de baixo custo, vendendo sua mercadoria para o mundo inteiro. Ressalta-se também que um dos principais elementos da globalização é o consumidor, que, até bem pouco tempo, usava produtos nacionais e hoje compra produtos de procedência mundial. Enfim, a globalização é caracterizada pelo predomínio de interesses financeiros, pela desregulamentação dos mercados, provocando inúmeros problemas, causando desestabilização às nações e aos povos. Diante desta situação, percebe-se uma série de dificuldades enfrentadas pelas organizações produtivas, principalmente no que se refere à adequação e à sobrevivência no mercado frente às fortes concorrências em nível global. Estas

18 16 dificuldades são ainda mais relevantes se tratarmos de empresas de menor porte, haja vista o menor poder estrutural e financeiro. Levando-se em consideração que as empresas de menor porte são, de um modo geral, as que concentram mais mão de obra, segundo dados do SEBRAE (2006), destaca-se a necessidade de se fortalecer os meios estratégicos das micro e pequenas empresas MPEs, para que seja mantida sua própria sobrevivência, além de influenciar na diminuição da taxa de desemprego. Segundo dados do SEBRAE (2006), dentre os diversos segmentos produtivos das MPEs, o setor de confecção é o segundo maior empregador de trabalhadores, perdendo apenas para a construção civil. Essa grande absorção de mão de obra pelo setor de confecção se deve ao processo de produção muito flexível, exigência da sazonalidade do mercado fashion de produtos bastante diferenciados. Desse modo, para tornarem viáveis, as MPEs precisam inovar para aumentar a competitividade, reduzindo custos de produção e melhorando a diferenciação do produto e do processo. O processo de inovação é um processo realizado com a contribuição de agentes sociais e econômicos com diferentes tipos de conhecimentos. Para Reis (2004), o sistema de inovação envolve a colaboração intensiva de várias instituições, formando uma teia para o aprendizado e o desenvolvimento e difusão de tecnologias. Neste sentido, as organizações da região através dos APLs, passam a ser vistas como um espaço cognitivo, onde conhecimentos compartilhados, confiança e outros ativos inatingíveis contribuem para o aumento da competitividade local. Desta forma, há uma tendência para a formação de Arranjos Produtivos - AP. Esses arranjos são caracterizados pelas interatividades entre as empresas e atores locais, favorecendo a elevação da escala produtiva, a especialização da região e a inovação de produtos e processos produtivos, que são coordenados por um grupo gestor chamado Governança. A governança está sustentada em princípios que inspiram e orientam o funcionamento das empresas e organizações proporcionando maior credibilidade e criação de valor. Para a integração com o mercado e a comunidade local é fundamental a adoção de princípios sólidos e consagrados como: transparência,

19 17 equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa (ÁLVARES, GIACOMETTI, GUSSO, 2008). A literatura classifica os APLs e a Governança por tipos, formas e estrutura que requerem identificação, importantes para a construção das relações sociais e econômicas. Para que isso ocorra de forma organizada e proporcione vantagens competitivas, são necessárias ferramentas articuladoras, a fim de que a Governança promova as inter-relações empresariais. O foco de identificação das estruturas de coordenação de arranjos produtivos se estendeu aos APLs de confecção do Polo Têxtil de Confecção do Paraná. Ressalta-se que esses APLs foram organizados em épocas diferentes e não estão em um mesmo estágio de maturidade, estando aí a relevância do caso como fonte de pesquisa. A combinação entre esses fatores permite analisar os aspectos de governança e as ações conjuntas entre as empresas e as governanças dos APLs pertencentes ao Polo Têxtil de Confecção do Paraná. O setor tem forte presença no Estado do Paraná haja vista que é considerado o segundo maior empregador de mão de obra (CENSO INDUSTRIAL, 2006) e, segundo dados do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário do Paraná - SIVEPAR - o segundo maior polo de produção de confecção do Brasil. Neste contexto, este trabalho contribui para uma melhor compreensão das relações e as variáveis dos aspectos de governança dos APLs. A compreensão destes aspectos é fundamental para o fortalecimento e aumento da competitividade das empresas e do setor. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho esta estruturado em sete capítulos, da seguinte forma: Neste primeiro capítulo, intitulado Introdução, apresenta a problematização, objetivos da dissertação e justificativa. O segundo capítulo trata de uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de estruturas competitivas, aglomerados produtivos e governança.

20 18 O terceiro capítulo apresenta a metodologia da pesquisa, onde são descritos o método escolhido e o como foi realizado este trabalho. No quarto capítulo apresenta os resultados e discussões, onde são apresentados os dados obtidos pelo estudo dos três APLs (Apucarana, Cianorte/Maringá e Londrina) e a análise destes resultados comparados com as informações obtidas no segundo capítulo. No quinto capítulo apresenta as conclusões e recomendações sobre as estruturas de governança dos APLs de confecções. No sexto capítulo são apresentadas as referências utilizadas no trabalho. Na sequência, um apêndice no qual foi anexado o instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa.

21 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS As mudanças no cenário econômico mundial, com o rápido avanço da globalização, exigem maior agilidade das empresas. Porter (1999) ressalta que tanto a eficácia operacional como a estratégia são importantes para o desempenho, pois é o objetivo primordial de todas as empresas. Uma empresa só é capaz de superar em desempenho os concorrentes se conseguir estabelecer uma diferença sustentável. Ela precisa proporcionar maior valor aos clientes ou gerar um valor comparável a um custo mais baixo, ou ambos. Daí resulta a aritmética da melhor rentabilidade: o fornecimento de produtos com maior valor agregado permitindo à empresa cobrar preços unitários médios mais elevados e a maior eficiência resulta em custos unitários médios mais baixos. (PORTER, 1999). Desta forma, a estratégia pode ser definida como uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo diferentes conjuntos de atividades, onde a essência desse posicionamento consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos rivais (PORTER, 1999). Casarotto Filho e Pires (1998) complementam o conceito de estratégia como sendo a definição dos objetivos da empresa e a maneira como vai atingi-los, tudo em função da análise dos ambientes externos (oportunidades e ameaças) e dos internos (pontos fortes e fracos). Além disso, Zaccarelli (2000) observa a necessidade de se levar em consideração a postura e a reação dos concorrentes no planejamento estratégico de uma empresa, não podendo fixá-lo unilateralmente, pois, desse modo, a empresa teria dificuldade em atingir seus objetivos. Assim sendo, a estratégia é a posição da empresa dentro de um jogo competitivo. Drucker (2006) resume que a estratégia é a conversão da teoria do negócio (conjunto de hipóteses a respeito de qual é seu negócio, seus objetivos, de como define resultados, quem são seus clientes, a que eles dão valor e pelo que pagam) em desempenho, capacitando a organização a atingir os resultados desejados em um ambiente imprevisível.

22 20 As estratégias competitivas são abordadas por Porter (1986) em sentido amplo como três estratégias genéricas internamente consistentes: Liderança no custo total; Diferenciação; Enfoque. A primeira estratégia consiste em atingir a liderança na redução de custos frente aos concorrentes por meio de produções em escalas eficientes. É caracterizada pela implantação de agressivas construções em escala eficiente; pela perseguição vigorosa de reduções de custo; pela experiência; pelo controle rígido do custo e das despesas gerais, entre outros, visando o custo baixo em relação aos seus concorrentes. A diferenciação é uma estratégia que a empresa oferece como serviços ou produtos específicos, criando algo que seja único no âmbito de toda a indústria. Esta estratégia proporciona isolamento contra a rivalidade competitiva devido à lealdade dos consumidores com relação à marca como também a consequente menor sensibilidade ao preço. Já a última estratégia enfoca um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico. Esta estratégia tem como premissa de que a empresa é capaz de atender seu alvo estratégico estreito de forma mais efetiva ou eficiente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla. Ainda analisada por Porter (1986), a partir destes conceitos, sugerem-se relações entre parcela do mercado e rentabilidade apresentada num modelo em forma de U, conforme ilustrado na figura 1. Verifica-se através desta relação que as empresas de porte menor (concentradas em um enfoque ou diferenciadas) e as maiores (liderança de custos) auferem maior rentabilidade, e as empresas de porte médio são aquelas que têm menores lucros.

23 21 Figura 1 - Estratégias competitivas genéricas: curva em U Fonte: Porter (1986, p.57 ) Desta forma, a empresa pequena, para ser competitiva, pode optar pela diferenciação e flexibilidade do produto, e a grande empresa, por liderança no custo, adotando ou não o foco no mercado. Casarotto Filho e Pires (1998) avaliam, a partir destas três posições (diferenciação, flexibilidade e custo), que as pequenas empresas só poderiam optar pela diferenciação, ficando ao lado esquerdo da curva em U, produzindo sobencomenda ou para determinados nichos de mercado. No entanto, com a terceirização, parceirização, subcontratação, facção e outras formas de repasse da produção, criaram-se redes de topdown, ou seja, uma montadora ou uma empresa de grande porte (empresa-mãe) passa a ter uma rede de fornecedores. Paralelamente, outro tipo de rede de empresas, chamadas de rede flexível de pequenas empresas, através de formas alternativas de organização como os consórcios, também passaram a ter competitividade internacional. Desta forma, apesar de serem empresas menores, conseguem competitividade frente às grandes por obterem boa relação entre flexibilidade e custo. A partir desta situação, Casarotto Filho e Pires (1998) abordaram as formas estratégicas para as pequenas empresas, onde consideraram as redes topdown: Diferenciação de produto, associado ou não a um nicho de mercado; Liderança de custo, participando como fornecedor de uma grande rede topdown; Flexibilidade/custo, participando de uma rede de empresas flexíveis.

24 22 Com isso a empresa não necessita ter de fazer uma escolha estratégica única entre liderança de custos ou diferenciação, mas pode ter vantagens competitivas oriundas de ambas as opções estratégicas por ela impostas. (CASAROTTO FILHO e PIRES, 1998). Dada às dificuldades, limitações e riscos que as empresas de menor porte possuem frente ao mercado competitivo, Casarotto Filho e Pires (1998) sugerem duas opções estratégicas: ser fornecedor numa rede topdown ou ser participante de uma rede flexível de pequenas empresas. Na primeira opção, visualizada pela figura 2, a pequena empresa pode tornar-se fornecedora de uma empresa-mãe ou subfornecedora. Penrose (2006) analisa as oportunidades produtivas externas como algo passível de ser manipulada pela empresa-mãe a serviço de seus propósitos. Esta rede tem como característica a dependência das estratégias da empresa-mãe e exerce pouca ou nenhuma influência nos destinos da rede. Figura 2 - Rede de topdown Fonte: Casarotto Filho e Pires (1998, p. 34) No segundo caso, esquematizado pela figura 3, tem-se uma rede mais flexível, onde as empresas unem-se por um consórcio com objetivos amplos ou mais restritos. Este consórcio simula a administração de uma grande empresa, com a vantagem de ter muito mais flexibilidade no atendimento aos pedidos diferenciados.

25 23 Figura 3 - Rede flexível de empresas Fonte: Casarotto Filho e Pires (1998, p. 34) Para Penrose (2006), as redes funcionam como forma de reduzir custos em mercados globais. Além disso, a autora argumenta que as empresas individuais não perdem sua identidade independente, mas suas fronteiras tornam-se crescentemente indistintas, e o controle individual da empresa não é tão evidente. Dentre as abrangências dos consórcios, citadas por Casarotto Filho e Pires (1998), destacam-se: Formação do produto; Valorização do produto; Valorização da marca; Desenvolvimento de produtos; Comercialização; Exportações; Padrões de qualidade; Obtenção de crédito. Em função do amplo espectro de abrangência das redes tipo consórcio, pela possibilidade de geração de empregos na região e assegurar um desenvolvimento econômico sustentável, esta modalidade de cooperação entre empresas de menor

26 24 porte tem chamado a atenção de pesquisadores de todo o mundo e é este segmento estratégico que se aborda no presente trabalho. 2.2 AGLOMERADOS PRODUTIVOS Um aglomerado produtivo é caracterizado por um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área ou segmento, vinculadas por elementos comuns e complementares (ALBAGLI e BRITO, 2002). Representam uma nova forma de pensar as economias nacionais, estaduais e urbanas e apontam para os novos papéis das empresas, do governo e de outras instituições que se esforçam para aumentar a competitividade (PORTER 1999) Histórico - Origem e Evolução dos Conceitos Existem várias contribuições que deram base para o entendimento atual de agrupamentos ou arranjos produtivos. Um dos principais conceitos é o trabalho de geógrafos na localização de atividades econômicas, com as primeiras idéias e desenvolvimentos teóricos apresentados na análise de Von Thünen em O Estado Isolado (1826) 1. O autor desenvolveu um modelo no qual explicou como a produção agrícola e o uso da terra especializariam ou se aglomerariam em círculos concêntricos ao redor da cidade. Neste caso, a distância do centro e custos de transporte explicam a aglomeração de certos setores de produção em determinadas áreas geográficas, assumindo que há uma cidade central dentro de um auto-suficiente estado isolado. Na literatura econômica, as aglomerações foram explicadas pelo relacionamento das atividades industriais, no final do século XIX, com o título de distritos industriais e com referência às externalidades Marshalliana (Marshall, 1985). Este quadro estabelecia uma ligação entre as empresas e a sua localização, 1 Apud ANDERSSON Thomas et al (2004).

27 25 resultando em eficiência econômica, através do benefício das externalidades positivas relacionadas com as suas respectivas atividades. O conceito parte do princípio de que em função da concentração de indústrias, um distrito industrial proporciona e facilita as transações substanciais entre compradores e vendedores, formando ainda um mercado de trabalho especializado e uma forte identidade cultural que beneficia as indústrias existentes. Isso resulta no ganho em produção em escala e por consequência, no desenvolvimento da localidade. Na primeira metade do século XX, vários contribuintes reconheceram uma relação entre aglomeração geográfica e economias de escala. Weber (1909) apud Andersson et al. (2004) explicou a importância da escolha da localização adequada pelo produtor levando-se em consideração a minimização nos custos de produção e transportes. Schumpeter (1934, 1939 e 1942), acentuou o papel da mudança tecnológica em desenvolvimento industrial e introduziu o significado de inovação, com respeito a produtos, processos e gestão da organização. Destacou o empresário como agente de mudanças abrindo caminho para novas combinações e fazendo um papel importante para destruição criativa, isto é, um processo evolutivo que desmantela estruturas industriais obsoletas. Nordhaus (1962) apud Andersson et al. (2004), tratando ainda da inovação, observou que o processo de inovação é acompanhado por externalidades não registradas em transações de mercado, ou seja, conhecimento tácito. Assim, o processo de inovação em APLs é acompanhado de externalidades, onde o conhecimento transita livremente na sociedade, mas a habilidade em utilizar esse conhecimento depende de indivíduos ou estruturas específicas. A criação de conhecimento geralmente inicia-se com esforços alinhados de percepções cognitivas individuais e derivados a um grupo (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). A relação baseada em confiança pode ser assim importante para a cooperação horizontal descentralizada entre os indivíduos, empresas e instituições dos APLs (STORPER, 1999; PENROSE, 2006).

28 26 Desse modo, quanto maior a integração entre os envolvidos, maior a importância dos mecanismos de coordenação capazes de administrar a troca de informações referentes ao processo de inovação e aprendizagem mútua entres os participantes do APL (ANDERSON et.al 2004). Resta então ter a habilidade em saber usar o conhecimento tácito para obter a importância econômica. Porter (1990), em sua obra As Vantagens Competitivas das Nações, destacou que outros fatores, além dos internos, poderão melhorar o desempenho da empresa. As empresas conquistam uma posição de vantagem em relação aos competidores do mundo em razão das pressões e dos desafios. Elas se beneficiam da existência de rivais internos poderosos, de uma base de fornecedores nacionais agressivos e de clientes locais exigentes. Em seu modelo diamante, ilustrada na figura 4, Porter (1990) demonstra que quatro conjuntos de forças estão inter-relacionados para explicar a dinâmica industrial. Estes fatores estão associados às condições dos fatores, às condições da demanda, aos setores correlatos e de apoio e ao contexto para a estratégia e rivalidade das empresas. Figura 4 - Fontes da vantagem competitiva da localização. Modelo Diamante Fonte: Porter (1999, p 224)

29 27 Segundo este modelo, os aglomerados formam um sistema de empresas e instituições inter-relacionadas, entre as quatro facetas, influenciando a competição de três maneiras amplas: Pelo aumento da produtividade das empresas ou setores componentes; Pelo fortalecimento da capacidade de inovação e, em consequência, pela elevação da produtividade; Pelo estímulo à formação de novas empresas, que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado. Dessa forma, as economias com baixa produtividade passam a ter vantagem competitiva permitindo evoluir para uma economia mais avançada e os aglomerados desempenham um papel essencial nesta transição. As várias contribuições literárias trouxeram, cada qual, as partes respectivo do quebra-cabeça que formou a noção atual de agrupamentos. Nem todas as partes são consistentes, ou estão em harmonia um com o outro. Marshall (1985), Weber (1909) apud Andersson et al. (2004) focalizaram particularmente o lado de provisão, inclusive a condução de forças, progresso técnico e inovações associadas. Schumpeter (1934, 1939 e 1942) focou mais o lado da demanda, as forças de mercado, o papel dos empresários, habilidades no comércio e governança. Storper (1999), Anderson et al (2004) sublinharam o papel dos atores, as regras ou mecanismos. Também há conceitos de relacionamentos, como o caso de grupo de empresas afiliadas, redes e sistemas de inovação. De qualquer modo, o conjunto dessas estruturas organizacionais de agrupamento é visto atualmente como estratégia local para o aumento da competitividade individual e sistêmico e como forte influenciador para o desenvolvimento regional. Como observa Wegner et al. (2004), o tradicional modelo weberiano de estrutura organizacional das empresas mostra sinais de exaustão e incompatibilidade com as novas exigências do mercado. Assim, a complexidade das novas tecnologias implica em que a firma tradicional já não consiga reunir em seus limites a variedade de capacitações e conhecimentos para gerir com êxito as novas tecnologias e demandas do mercado. Dessa forma, a empresa hierárquica e

30 28 verticalmente organizada torna-se cada vez mais ineficiente e incapaz de superar as novas dificuldades com a rapidez necessária. Nesse sentido, as ideias sobre a importância do aglomerado de empresas na competitividade têm despertado interesse, sendo alvo de novas políticas que promovam o avanço tecnológico e industrial. Segundo Lastres e Cassiolato (2003), as fronteiras do aglomerado se encontram em constante evolução, com o surgimento de novas empresas e setores, com o encolhimento ou declínio dos setores estabelecidos e com o desenvolvimento e a transformação das instituições locais. A evolução da tecnologia e os mercados disseminam novos setores, criam novos elos ou alteram os mercados atendidos. As mudanças nos regulamentos contribuem para o deslocamento das fronteiras, como ocorreu, por exemplo, nos setores de telecomunicações e de transporte. Desse modo, Lastres e Cassiolato (2003) ressaltam a diferença entre o enfoque econômico sob o ponto de vista de aglomerados e de agrupamentos tradicionais. Nos agrupamentos tradicionais, a política industrial se baseia numa visão da competição internacional (ou em termos mais amplos, da competição entre localidades) pelas quais alguns setores de atividades oferecem maiores perspectivas de criação de riqueza que outros. Os setores desejáveis, ou seja, aqueles que se encontram em crescimento ou envolvem alta tecnologia, serão objeto de apoio governamental. A política industrial encara a vantagem competitiva como algo resultante, sobretudo, dos retornos crescentes do aumento de escala. Em face da importância da escala, o governo deve amparar os setores prioritários emergentes, na fase da infância, até que alcancem a massa crítica, através de subsídio, da eliminação da competição interna destrutiva e dispendiosa, da proteção seletiva em relação às importações e das restrições aos investimentos externos. Com isso o governo procura inclinar os resultados da competição (e a participação no mercado internacional) em favor do país (LASTRES e CASSIOLATO, 2003). Diferentemente, o conceito de aglomerado se fundamenta numa visão mais ampla e dinâmica da competição entre as empresas e as localidades, a partir do crescimento da produtividade. As inter-relações e extravasamentos dentro do aglomerado geralmente exercem maior influência sobre o aumento da produtividade do que as escalas das empresas individuais. Todos os aglomerados são desejáveis e todos contribuem potencialmente para a prosperidade. O que importa não é o

31 29 objeto da competição do país (ou da localidade), mas a forma da competição. Assim, em vez da fixação de alvos prioritários, é importante o reconhecimento de que todos os aglomerados existentes e emergentes merecem atenção. Todos os aglomerados são capazes de aumentar a produtividade. Enquanto a política industrial tem por objetivo a distorção da competitividade em favor de uma determinada localidade, a teoria dos aglomerados se concentra na remoção dos constrangimentos à produtividade e ao crescimento da produtividade. A teoria dos aglomerados Porter (1999) destaca não a participação no mercado, mas a melhoria dinâmica com a expansão do mercado trazendo a prosperidade de muitas localidades pela capacidade de se tornar mais produtiva e inovadora. Desta forma, a evolução da estrutura organizacional das empresas caminha para os novos modelos emergentes, como os clusters, aglomerados, cadeias de suprimentos, arranjos produtivos locais e sistemas produtivos locais. A respeito da evolução destes novos modelos, Wegner et al. (2004) fundamentam-nos a partir de dois aspectos: As novas estruturas organizacionais emergem a partir da quebra de modelos vinculados à era industrial; Os novos modelos baseiam-se na visão sistêmica, na eficiência coletiva e na convivência necessária entre competição e colaboração. Essa eficiência coletiva é o resultado de processos internos de relacionamentos entre as empresas e é vista pelos autores como vantagem competitiva derivada da existência de empresas de um mesmo segmento atuando na mesma área geográfica, gerando benefícios comuns. Revendo a literatura, pode-se perceber o uso de diversas terminologias a respeito dos agrupamentos como redes, clusters, aglomerados, cadeias de suprimento, arranjos produtivos locais e sistemas locais de produção, visando constituir estratégias eficazes para as novas organizações. Em todos esses casos e apesar das diferenças entre eles, a colaboração e a competição convivem lado a lado e, acima de tudo, há limites cada vez menos distintos entre o fim de uma organização e o início de outra. A quebra das barreiras e limites, tanto internos quanto externos, mostra-se como um elemento fundamental dessas novas formas

32 30 de organização e a cooperação definitivamente passa a fazer parte do novo modelo competitivo. Graça (2007) argumenta que estas diferentes terminologias são resultantes da existência de especificidades locais do ambiente socioeconômico. Os termos mais comuns encontrados na literatura são: clusters ou aglomerações; arranjo produtivo local - APL e sistema produtivo local - SPL Cluster ou Agrupamento Cluster é um agrupamento natural de empresas similares em determinada região geográfica, com as mesmas características econômicas e com um objetivo comum de competitividade, conforme Martins (2005). Esse agrupamento tem formação natural em função da necessidade da consciência dos envolvidos em buscar os interesses comuns. Wegner et. al. (2004). relatam que é comum na literatura referir-se a aglomerados e clusters como sinônimos. Isto ocorre porque, em sua definição, esses dois conceitos são muito semelhantes, pois ambos remetem a um conjunto de empresas que atuam em um mesmo setor e que estão proximamente localizadas. Deste modo, o autor conceitua cluster ou aglomerado como empresas de um mesmo segmento de atividade que se encontram estabelecidas numa área geográfica próxima e que possuem um grau, mesmo que incipiente, de relações formalizadas e integradas. Zaccarelli (2000) esclarece que um cluster não é uma organização formalizada de empresas como um clube ou associação. Ele existe naturalmente, mesmo que as empresas que dele participam não tenham consciência de sua existência, agindo como um todo integrado. O mesmo autor considera Porter (1999) o primeiro autor a aplicar a palavra clusters como um conjunto de empresas que formam um conglomerado para competir com outras, além de classificar como importante a presença de instituições de apoio, centros tecnológicos, de exposições e feiras, empresas de armazenagens e de transportes especializados e instituições de ensino voltadas ao produto. Além do fator agrupamento, Amato Neto (2000) observa que os clusters estão associados a algum tipo de identidade sociocultural, servindo como base de

33 31 confiança e de reciprocidade entre seus participantes, determinando os limites de relacionamento entre as firmas. O mesmo autor simplifica o conceito de cluster, definindo-o como uma concentração setorial e geográfica de empresas. Assim sendo, se esses requisitos não forem atendidos, o que se tem é apenas uma organização da produção em setores de geografia dispersa, onde a divisão do trabalho, a obtenção de economias de escala e a integração apresentamse muito pouco desenvolvidas. Em um cluster, é possível observar um amplo escopo para divisão de tarefas entre as empresas, bem como uma tendência para a especialização e para a inovação, elementos fundamentais para a competição. Na opinião de Paiva (2002), os aglomerados representam o modelo mais simples de concentração industrial, caracterizados como a especialização de uma determinada região em uma determinada atividade, seja esta região uma rua, um bairro, uma cidade ou uma região de um estado. O autor relata também sobre o desenvolvimento dos aglomerados, que evolui para níveis mais complexos onde acaba formando arranjos produtivos locais e, mais tarde, sistemas locais de produção. Para Porter (1999, p. 211), um aglomerado é um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares. O autor revela também que os aglomerados podem assumir diversas formas e estágios de evolução, dependendo de sua profundidade e sofisticação, incluindo empresas de setores à jusante e à montante e organizações relacionadas. Os agrupamentos são reconhecidos atualmente como um importante instrumento por promover desenvolvimento industrial, inovação, competitividade e crescimento. Embora, na prática, os principais dirigentes dos agrupamentos sejam companhias privadas e indivíduos, existem influências de vários atores, inclusive os governos e outras instituições públicas em nível nacional e regional. Nesta linha de pensamento, Andersson et al (2004). identificaram sete elementos-chave caracterizando os agrupamentos: Concentração Geográfica: as empresas se localizam em proximidades geográficas devido a fatores externos, como a economia externa e também fatores variáveis relacionados à

34 32 empresa, como o capital social e processos de aprendizagem da mão de obra; Especialização: os agrupamentos são centrados ao redor de uma atividade principal para a qual todos os atores estão relacionados; Atores Múltiplos: os agrupamentos e iniciativas de agrupamento não só consistem em empresas, como também envolvem autoridades públicas, instituições de ensino, setor financeiro e instituições para colaboração; Competição e cooperação: esta combinação caracteriza as relações entre estes atores interligados; Massa Crítica: torna um agrupamento mais resistente a pressões exógenas, fato também importante para alcançar a dinâmica interna; Ciclo de vida de agrupamento: os agrupamentos e iniciativas de agrupamentos não são fenômenos de curta duração, mas é algo contínuo com perspectivas em longo prazo; Inovação: empresas em agrupamentos são envolvidas em processos de mudança organizacional, tecnológica e comercial. Dentre estes elementos, a inovação é considerada fundamental para gerar benefícios potenciais aos agrupamentos, dando dinâmica ao processo através da criação de novas empresas e diversificação tecnológica, da criação de rede (sistemas) entre as empresas/atores participantes e consequentemente na formação de clusters. A respeito da inovação, Silva (2008) destaca que a contribuição dos clusters para a inovação depende da presença de fornecedores especializados de alta qualidade, da intensidade da competição entre as empresas (estimuladora do investimento), da existência de uma procura exigente dirigida às empresas e instituições, e ainda, da presença local de atividades associadas e complementares. O autor assevera ainda que, nos tempos modernos, a inovação é fundamental para assegurar o sucesso de qualquer empresa, e que as instituições, incapazes de inovar, desaparecerão.

35 Arranjos Produtivos Locais APLs A respeito de APL, Venturi, Lenzi e Galeano (2007, p.7), revelam que os arranjos produtivos locais surgem como contrapartida da formação de cluster, como uma etapa inicial de amadurecimento e criação de raízes, para galgar desenvolvimentos mais sustentáveis a médio e longo prazo. Um APL é caracterizado, segundo Erber (2008), como um agrupamento geograficamente concentrado de agentes econômicos, políticos e sociais, conectados por elementos comuns e complementares, representando uma nova forma de pensar as economias nacionais, estaduais e urbanas. Porter (1999) registra que um APL caracteriza-se por apresentar, especialização produtiva, articulação, interação, cooperação e aprendizagem com outros atores como governo, associações empresariais, instituições financeiras, de ensino e pesquisa, apontando, assim, para os novos papéis das empresas, do governo e de outras instituições que se esforçam em aumentar a competitividade local. Para Wegner et al. (2004), os APLs são aglomerados de empresas de um determinado segmento de atividade que concentram também um conjunto de organizações e instituições provedoras de insumos e serviços, que aumentam a eficiência coletiva e a integração entre os agentes. Porter (1999) destaca que a identificação das partes constituintes do APL (empresas semelhantes, distribuidores de insumo e instituições de qualificação profissional), a análise da cadeia vertical e subsequente a horizontal consistem fator importante para a busca de agências governamentais e outros órgãos reguladores que exerçam influências significativas sobre os participantes do aglomerado. Neste sentido, o APL inclui desde fornecedores especializados, Universidades, associações de classe e instituições governamentais, além de outras organizações que oferecem educação, informação, conhecimento e apoio técnico às empresas locais. Uma característica relevante dos APLs é a existência de um capital social, definido como o grau de cooperação e confiança entre as empresas e instituições integrantes do APL. A presença de redes de cooperação estimula a especialização e a subcontratação, que permitem a criação de ganhos de escala e contribuem para a melhoria de qualidade dos produtos. Puga (2003) ressalta uma

36 34 característica relevante de qualquer APL: a existência de um alto grau de cooperação e confiança entre as empresas e as instituições que o integram. Por sua vez, Lastres e Cassiolato (2003) conceituam os arranjos produtivos locais como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Para esses autores, os APLs envolvem a participação e a interação de empresas, desde produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e equipamentos, além de prestadores de consultoria e serviços, comercializadores e clientes, entre outros. Também fazem parte do APL diversas outras instituições públicas e privadas, direcionadas para formar e capacitar recursos humanos (como escolas técnicas e universidades), fazer políticas, realizar pesquisas e desenvolvimentos. Para demonstrar a distinção entre os conceitos, Paiva (2002) afirma que, na medida em que uma simples aglomeração de empresas se desenvolve, automaticamente são atraídos para ela fornecedores de insumos e matérias-primas. Em seguida, novos produtores se instalam e inicia-se um círculo virtuoso sem fim preestabelecido que alimenta esse aglomerado. Quando todo um conjunto de elementos finalmente se instala e modifica qualitativamente o aglomerado com serviços e atividades de apoio especializadas, está-se diante de um arranjo produtivo local, na opinião de Paiva (2002). De acordo com tais argumentos, um aglomerado seria o estágio inicial para a constituição de um arranjo produtivo local, embora a existência do primeiro não implique, necessariamente, na constituição do segundo, com o passar do tempo. Completando o raciocínio de Paiva (2002), caso esse APL continue sua evolução, estimulando as empresas a operarem de forma integrada, pode-se transitar para a forma de um sistema local de produção (SLP) Sistema Produtivo Local - SPL Os sistemas locais de produção (ou sistemas produtivos e inovativos locais) são aqueles arranjos produtivos em que, segundo Lastres e Cassiolato (2003), há interdependência, articulação e vínculos consistentes entre os participantes,

37 35 resultando em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de incrementar a capacidade inovativa endógena, a competitividade e o desenvolvimento local. A RedeSist complementa o conceito informando que os SPLs geralmente incluem empresas produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc., cooperativas, associações e representações, e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento. O que diferencia um APL de um SLP é que, no segundo, além da existência de um aglomerado setorial de empresas, de fornecedores, compradores, instituições técnicas e órgãos de apoio, há forte relacionamento entre os participantes. Apesar destes benefícios, Amato Neto (2000) levanta uma hipótese sobre a desvantagem na formação de concentrações empresariais que merece ser destacada. Segundo o autor, tais concentrações normalmente são dependentes da fabricação de um único produto e por isto se tornam mais vulneráveis a choques externos que afetam o setor. Contudo, Amato Neto (2000) ressalta que naquelas regiões, onde há um maior inter-relacionamento entre os atores, existem maiores possibilidades de superação de tais dificuldades, já que a cooperação do conjunto lhe permite encontrar novas alternativas. Dessa forma, Wegner et al (2004) resumem SPL como sendo um arranjo produtivo que se caracteriza pela existência de fortes relações interfirmas, interdependência e de um sistema próprio de governança que coordena as ações dos atores envolvidos. Nas palavras de Paiva (2002), na transformação de um arranjo para um sistema local de produção há um acúmulo de capital social, de maneira que se criam as bases para a constituição de um sistema próprio de governança. Segundo Lastres e Cassiolato (2003), a governança é entendida como as formas pelas quais os indivíduos e instituições gerenciam seus problemas comuns, acomodam seus conflitos e realizam ações cooperativas, por meio de regimes e instituições formais ou informais de coordenação. Ainda conforme Paiva (2002), no caso dos SLPs, a governança possibilita que surjam relações de fidelidade entre clientes e fornecedores, estimulando ainda a especialização das firmas em determinados elos de produção, o que amplia a competitividade das empresas e do próprio SLP.

38 36 Uma forma esquemática dos agrupamentos é ilustrada por Wegner et al(2004) através da figura 5. Nela são apresentadas as características e a evolução das formas de concentração empresarial. O agrupamento de empresas caracterizado como cluster, refere-se a uma simples concentração de empresas de uma mesma indústria, não existindo inter-relações ou interdependências entre essas empresas, isto é, embora haja várias organizações com produtos ou serviços semelhantes, instaladas na mesma área, essas atuam isoladamente e não geram eficiência coletiva significativa. Figura 5 - Formas de concentração das empresas Fonte: Wegner et al. (2004) O APL, além de constituir-se de empresas do mesmo segmento, é formado por um conjunto de outras instituições que fornecem apoio técnico, formação de pessoal, pesquisa e desenvolvimento e outras organizações fornecedoras de insumos especializados e serviços de apoio. O autor lembra, no entanto, que apesar da conjunção de todos esses atores, ainda não há um grau elevado de relacionamentos entre eles, que possam gerar uma nova dinâmica de inovação e evolução para o arranjo produtivo. Já um sistema local de produção se caracteriza por fortes inter-relações e interdependências entre os atores demonstrados. Ou seja, a diferença entre um arranjo e um sistema local de produção está na qualidade dos relacionamentos e nos benefícios auferidos pelo conjunto.

39 37 Wegner et. al (2004) afirma que quanto aos relacionamentos, estes se caracterizam pela existência de uma estrutura de governança que, mesmo não sendo institucionalizada, coordena as inter-relações entre os atores. Dessa forma, salienta-se também que o SLP oportuniza uma maior eficiência coletiva para o conjunto, através de uma maior especialização dos produtores e trabalhadores, agentes fornecedores e comercializadores especializados, bem como através de associações que defendem os interesses do grupo. Como mencionado anteriormente, apesar das diferenças entre os modelos, a colaboração e a competição convivem lado a lado e, acima de tudo, há limites cada vez menos distintos entre o fim de uma organização e o início de outra, tornando a identificação complexa. Basicamente a mensuração dos modelos pode ser feita de maneira empírica pelo levantamento das ações locais através de iniciativas de instituições do Estado ou paraestatais e, eventualmente, ações dos próprios protagonistas locais (empresas, associações empresariais, sindicatos, instituições de ensino) Ciclo de Vida do Agrupamento Além da tipologia dos APLs, Andersson et al. (2004) consideram que outro elemento importante é o caráter estrutural dos arranjos como forma de organização e perspectiva a longo prazo, durante seu ciclo de vida. A organização de um APL não representa soluções temporárias frente a problemas emergenciais ou de curto prazo. Sua formação depende do senso de direção e estabilidade do grupo, que pode passar por várias fases durante seu ciclo de vida, que por sua vez podem não ser idênticos, variando conforme a evolução de cada aglomerado. Outro aspecto a ser considerado é a lógica inerente ao modo como os agrupamentos se desenvolvem (esta particularidade é que torna possível discernir certos padrões característicos). Ainda que a forma precisa e a direção dependam de circunstâncias específicas, pode-se delinear que o ciclo de vida de um agrupamento passa por cinco fases, ilustradas na figura 6 (ANDERSSON et al., 2004).

40 38 Aglomeração Cluster em Embrionário Cluster maduro desenvolvimento Figura 6 - Ciclo de vida de aglomerados Fonte: ANDERSSON et al. (2004, p. 29) Transformação As fases do ciclo de vida do aglomerado são descritas por Andersson et al. (2004) da seguinte maneira: Aglomeração: Uma região tem várias companhias e outros atores; Embrionário: alguns atores no aglomerado começam a operar uma atividade pontual e percebem oportunidades comuns pela conexão realizada; Agrupamento em desenvolvimento: novos atores de mesma área ou atividades relacionadas surgem ou são atraídos à região, resultando em novas relações interempresas. Neste momento instituições privadas e públicas iniciam sua participação. Além disso, comumente cria-se um rótulo ou marca para a atividade desenvolvida na região; Agrupamento maduro: ocorre quando o agrupamento alcança certa massa crítica de atores. Também se desenvolvem relações fora do agrupamento, para outros agrupamentos, atividades e regiões. No entanto, há uma dinâmica interna de criação de novos empreendimentos conjuntos e subsidiárias; Transformação: com o tempo, mercados, tecnologias e processos se alteram da mesma forma que os agrupamentos. Deste modo, para que um agrupamento sobreviva, seja sustentável, evite estagnação ou se deteriore tem que inovar e adaptar-se a estas mudanças. Isto pode alterar a forma dos agrupamentos transformando-os em um ou vários agrupamentos novos que focalizam outras atividades no

41 39 entorno ou simplesmente mudam a logística de fornecimentos de produtos e serviços. Os agrupamentos em formação podem ser mais dinâmicos no início, mas também mais vulneráveis que os agrupamentos maduros. Pode-se salientar ainda que o sucesso alcançado por agrupamentos bem estabelecidos pode conduzir ao seu desvanecimento, caso não haja inovação contínua dos APLs e adaptação às mudanças dos cenários econômicos. Independentemente da tipologia, grau de maturidade ou estágio do ciclo de vida do aglomerado, o envolvimento e amadurecimento entre os atores é de vital importância para a sustentabilidade do arranjo produtivo, isto é, seu desenvolvimento depende de uma ação conjunta e organizada, estabelecida pelos diversos mecanismos de governança. 2.3 GOVERNANÇA O processo de participação de empresas em Arranjo Produtivo ocorre por meio de uma forte coordenação. Esse processo, denominado governança, é importante para a geração, transferência e difusão de conhecimentos decisivos à inovação, que permite que as empresas melhorem seu desempenho (HUMPHREY e SHMITZ, p. 2, 2002). Desse modo, pode-se considerar governança como um meio gerador da ordem, para assim, mitigar os conflitos e obter ganhos mútuos (WILLIAMSON, p.5, 2005). Segundo Suzigan, Garcia e Furtado (2007), entende-se como governança em Arranjo Produtivo a capacidade de comando ou coordenação que certos atores exercem sobre as inter-relações produtivas, comerciais, tecnológicas e outras, influenciando em seu desenvolvimento. Já Cassiolato e Lastres (2001) afirmam que o conceito de governança fundamenta-se em práticas democráticas de intervenção e participação de diferentes agentes no processo decisório. Entre os agentes estão empresas públicas, privadas, consultores, centro de desenvolvimento tecnológico, trabalhadores e cidadãos, entre outros. Cassiolato e Lastres (2001) afirmam ainda que a relação de poder que ocorre nas cadeias produtivas e de distribuição de mercadorias pode ser governada

42 40 por mecanismos de preços ou de fortes hierarquias impostas pelos atores participantes do processo. Além disso, a possibilidade de formação de estruturas intermediárias de governança por interações podem resultar em maior grau de colaboração e cooperação nas relações entre empresas. Esse tipo de estrutura motiva a atividade de inovação, resultado do processo social, coletivo das interações entre os atores. (LUNDVALL, 1992 apud SUZIGAN, GARCIA e FURTADO, 2002). Por muito tempo, segundo Graça (2007), o termo governança ficou limitado principalmente aos assuntos constitucionais e legais em relação à condução do Estado e/ou à gestão de empresas. No entanto, o termo governança pode ser empregado sob aspectos mais amplos, entre os quais Geiger (200-) destaca: A governança como padrão de comportamento do Estado: a governança é exercida por atores públicos e entidades governamentais envolvendo estados, países e blocos econômicos. Fundamentada na eficácia dos processos e uso dos instrumentos públicos, bem como na transparência das ações à sociedade civil (KAUFMANN; KRAAY; MASTRUZZI, 2003 APUD GEIGER, 200_); A governança como padrão de comportamento das empresas: este conceito é pautado em padrões comportamentais de empresas de capital aberto no que tange à transparência para o atendimento dos interesses dos shareholders (ÁLVARES, GIACOMETTI e GUSSO, 2008; ANDRADE e ROSSETTI 2007); A governança como ordenamento e coordenação das transações entre as empresas: neste caso a governança é predominantemente preocupada com o curso de relações contratuais cuja continuidade da relação é uma fonte de valor (WILLIAMSON, p. 3, 2005); A governança como direção e coordenação de aglomerados empresariais: a governança é especificamente destinada a facilitar e melhorar os processos de inovação, visando principalmente à questão estratégica dos atores envolvidos no processo de inovação dos APLs (GILSING, 2000).

43 41 A partir de Williamson (1985 apud GRAÇA, 2007), o conceito de governança começou a ser notório com os arranjos interorganizacionais emergentes, expandidos a partir do final do século XX. Andrade e Rossetti (2007) destacam que nesta mesma época a Organização e Cooperação para Desenvolvimento Econômico OCDE vinha se interessando pelas boas práticas de governança corporativa. Esse interesse foi motivado pela percepção da forte correlação direta entre a mobilização de mercado de capitais maduros e confiáveis, o crescimento dos negócios e o desenvolvimento econômico das nações. Dentre os pontos observados pela OCDE nas questões de governança, os que mais se adaptam à realidade da governança nos APLs são segundo Andrade e Rossetti (2007): A governança necessita ser customizada para ser ajustada à cultura das nações e dos arranjos produtivos, justificando-se assim diferenças entre as melhores práticas recomendadas; Os desenvolvimentos atuais neste campo criam um espaço de aprendizado mútuo, em que interagem governos, órgãos reguladores dos mercados, arranjos produtivos e outras partes com interesse e responsabilidade para corrigir práticas viciadas de governança. Diante disso, a OCDE criou um grupo de estudo que apresentou em 1999, como introdução de seus Pinciples of Corporate Governance, ao qual resumida e adaptada aos APLs tem-se como princípios: Não há um único modelo de governança, apesar de serem identificados alguns elementos em comum; cada APL precisa adaptar sua aplicação às suas circunstâncias culturais; Os APLs precisam inovar e adaptar suas práticas de governança para se manterem competitivos, com vista ao surgimento de novas oportunidades de capitalização e crescimento; Os princípios de governança são de natureza evolutiva e devem ser revistas sempre que ocorrerem mudanças significativas, dentro dos APLs e em seu entorno. (ANDRADE e ROSSETTI,2007, P.171).

44 42 Além disso, segundo Suzigan, Garcia e Furtado (2002, 2007), as formas de coordenar um APL se alteram conforme o tipo de sistema produtivo local, que é determinado pela estrutura de produção, aglomeração territorial, organização, inserção no mercado, densidade institucional, e tecido social. Conforme Stoper e Harrison (1991) apud Graça (2007), conhecer os atores que definem as direções de desenvolvimento do APL só será possível por meio da identificação do sistema de governança implantado no aglomerado. Outros autores como Porter (1998) e Humpherey e Schmitz (2000) destacam a função da governança local como coordenadora de atividades interfirmas, contribuindo para o aumento da competitividade coletiva. Desse modo, dentro dessa perspectiva de desenvolvimento, competitividade, ações coletivas, processo de coordenação, inovação tecnológica, entre outros, a questão da governança é importante na organização e envolvimento de atores locais para o processo colaborativo de ações de grupos em torno de interesses individuais e coletivos. Suzigan, Garcia e Furtado (2002 e 2007) asseguram que as possibilidades de desenvolvimento dos aglomerados produtivos estão sujeitos às formas de governança e à qualificação inerentes ao sistema local. No entanto, as governanças em APLs atribuem as diferenças em face a suas assimetrias, no que concerne à: 1. competitividade: custos, qualidade, lucratividade; 2. tecnologia: produtos, processos e estruturas de custos e comportamentais; 3. estratégia deparada nas realidades de alguns setores, indústrias e mercados que afetam principalmente os atores dos APLs (CASSIOLATO e SZAPIRO, 2002 e AMATO NETO 2000). Além dessas diferenças, Nadler apud Andrade e Rossetti (2007) e Erber (2008) consideram atribuições essenciais aos atores de uma boa governança a integridade e competência como sustentações de envolvimento construtivo. Desse modo, garantem estabilidade ao APL através de pactos fundamentados sobre conhecimentos tácitos estabelecidos pelos atores do APL. Suzigan, Garcia e Furtado, (2002, 2007), Gomez e Schlemm (2004) e Albertin (2003) citam Storper e Harrison (1991) nos seus estudos sobre governança

45 43 em sistemas produtivos e consideram boas as relações nos sistemas produtivos locais onde há a divisão do trabalho entre os atores participantes e as empresas. Assim sendo, uma coordenação eficiente pode conseguir a união de empresas e entidades para uma ação conjunta em prol de um projeto, por meio de rotinas e estratégias que, por sua vez, poderá institucionalizar mecanismos de governança e, com isso, definir regras formais e informais que estruturem as afinidades e diversidades sociais do arranjo. Desse modo, Haddad (2004) distingue três campos de decisões onde estão concentrados problemas para o desenvolvimento de um aglomerado: O campo das decisões privadas: refere-se à responsabilidade do empresário individual sobre o que ocorre dentro de sua própria empresa; O campo das decisões governamentais: refere-se aos três níveis de governo, de serviços públicos tradicionais e semipúblico nas áreas onde se localiza o aglomerado; O campo das decisões comunitárias: refere-se aos problemas comuns dos membros dos aglomerados, na qual a resolução do problema depende da decisão coletiva, como promoção e marketing, desenvolvimento tecnológico, capacitação de recursos humanos, preservação ambiental, assistência técnica e administrativa, entre outros. Dessa forma, pode-se considerar que as governanças referem-se às várias maneiras com que os atores e organizações envolvidas num aglomerado conduzem seus problemas incomuns e realizam ações de cooperação Estrutura de Governança As estruturas de governanças em APLs nem sempre podem ser criadas ou impostas, pois a formação desta só ocorre se os atores locais procurarem, além de vantagens competitivas, também um modo de tomar iniciativas coletivas ou

46 44 desenvolver ações conjuntas, aproximando suas interdependências, com a finalidade de alcançar a eficiência coletiva. Essas ações podem ter vários objetivos, mas para Suzigan, Garcia e Furtado (2007) os principais são: a formação de centrais de compras e consórcio de exportação, criação de centros tecnológicos e instituições de ensino, criação da marca local e desenvolvimento de redes próprias de distribuição. Além disso, os autores ressaltam que a existência de uma estrutura de governança e a forma dessa governança dependerá de outros fatores como: Número e tamanho das empresas, sendo o predomínio de micro/pequenas em relação às grandes empresas dominantes; Tipo do produto ou da atividade econômica local e da respectiva tecnologia, possibilitando a divisão de trabalho, formação de rede de fornecedores especializados ou cadeia produtiva e cooperação em atividades estratégicas como P&D; Forma de organização da produção local: vertical; subcontratação ou terceirização; redes de produção com fornecedores especializados; grupos de empresas comandadas por empresa-líder e pequenas e médias empresas autônomas; Forma de inserção nos mercados: vendas diretas e redes próprias, subordinação a grandes varejistas nacionais/internacionais ou a cadeias globais de suprimento; Domínio de capacitações e ativos estratégicos de natureza tecnológica, comercial (marcas e canais de distribuição), produtiva ou financeira; Instituições locais com representatividade política, econômica e social, interagindo com o setor público; Contexto social/cultural/político que condiciona a existência de solidariedade, coesão social, confiança e a emergência de lideranças locais. Além desses fatores, a presença de instituições intermediárias na constituição de uma governança é essencial para a promoção de ações na formação

47 45 de empresas confiáveis em seu ambiente local fortalecendo o aglomerado, através de estratégias coesas para a agrupação de seu conjunto. Mas, para uma melhor compreensão acerca das discussões que envolvem as governanças dos APLs, a seguir serão estudadas as formas de governanças Tipos de Governança Segundo Stroper e Harrisom (1991) apud Suzigan, Garcia e Furtado (2002, 2007) Albertin (2003) e Humphrey e Sturgeon (2005), os tipos de governanças em APLs se encontram respaldados em vários tipos de abordagens. Boa parte dessas abordagens enfatiza a coordenação de atividades econômicas por meio de relações comerciais, que tratam governança em aglomerados produtivos, organizados em redes de produção coordenadas por empresas líderes, que frequentemente são externas ao sistema local. Os autores indicam que a presença concentrada de empresas de um mesmo setor ou segmento industrial atrai fornecedores e prestadores de serviços, fazendo desenvolver relações com empresas locais. Essas relações podem ser comandadas por uma grande empresa líder ou coordenadas por mais de uma grande empresa, ou pode não haver grandes empresas coordenadoras. Isso ocorre em razão da globalização da produção e do comércio, que tem levado o aumento das capacidades industriais em países em desenvolvimento, bem como a desintegração vertical das corporações transnacionais, que estão redefinindo as suas competências essenciais, centrando-se na inovação de produtos e estratégia, reduzindo sua propriedade direta sobre non-core, funções tais como os serviços genéricos e volume de produção, segundo Gereffi, Humpherey e Sturgeon (2005). Humphrey e Shmitz (2002); Suzigan, Garcia e Furtado (2002 e 2007) e Albertin (2003) apresentam também uma classificação em três dimensões complementares de cadeias produtivas: Rede: Estrutura de governança da rede de empresas formada por firmas de quase mesmo poder, sem domínio das empresas líderes

48 46 sobre as demais. Relação de dependência recíproca com a finalidade de completar as competências e economias de escopo e escala; Quase-hierárquica: Existência de aglomerações de empresas que se relacionam em longo prazo; uma assume o papel de líder, onde uma é subordinada a outra (empresas subcontratadas); Hierárquica: As características do sistema produtivo (sistema insumoproduto) apresentam forte integração vertical, onde a empresa líder define regras, o produto e suas especificidades. A partir desses atributos, Stroper e Harrison (1991) apud Suzigan, Garcia e Furtado (2002, 2007) elaboraram uma matriz em que classificam diferentes experiências empíricas, conforme suas características: All ring - no core, a cadeia produtiva não precisa de líderes sistemáticos entre os atores sem qualquer espécie de hierarquia. Empresas líderes influenciam o comportamento dos produtores; Core-ring with coordinating firm, com alto grau de hierarquia em decorrência de assimetrias entre os atores participantes; Core-ring with lead firm, apresentam também relações hierarquizadas e assimetrias. Difere da estrutura anterior, pois a empresa líder é dominante. Cadeias comandadas pelas grandes empresas; All core no ring, grande empresa verticalizada, onde quase não se verifica a conformação de aglomerados de empresas, a qual opta pela integração dos recursos produtivos. Embora Suzigan, Garcia e Furtado (2002 e 2007) e Albertin (2003) reconheçam estar incompleta essa classificação, é uma importante contribuição para a análise das formas nas quais se configuram as relações entre as empresas. Porém, essa análise deve ser complementada com outros elementos, como: Visão da região - indicando a extensão da cadeia produtiva e a divisão do trabalho; o grau de hierarquia; e se as interações são locais ou não locais;

49 47 Contexto local - principalmente o mercado de trabalho e as capacitações locais; formas de governança externas exercidas por instituições locais ou regionais; e os aspectos qualitativos das interações das empresas (STROPER e HARRISON, 1991 apud SUZIGAN, GARCIA e FURTADO, 2002, 2007). Inclusive Scott (1998) apud Suzigan, Garcia e Furtado (2007, p. 427) demonstra a importância da construção social de ativos político-culturais localizados como base para ações coletivas. Essas classificações, apresentadas por Stroper e Harrisom (1991), são importantes para conformar as relações interempresas e auxiliar no desenvolvimento do projeto em relação aos objetivos pretendidos Formas de governança Como existem vários tipos de governanças de aglomerados produtivos, Markussen (1995), apud Garcia; Motta e Amato Neto (2004) e Gomes e Schlemm (2004) afirmam que há, também, formas diferentes de comando local, estabelecidas para coordenar as atividades entre empresas. Uma delas é o sistema hub and spoke (sistema centro-radical): configura-se pela hierarquia predominante de um claro comando de uma grande empresa, que neste caso, apropria-se do maior benefício da cooperação. Assim como o hub-and-spoke, outras formas de cooperação são responsáveis pela coordenação dos APLs com a cadeia global, além é claro, do estímulo à competitividade e transmissão de conhecimento entre os fabricantes locais: A bilateral vertical, que ocorre quando as empresas procuram diminuir os ciclos de inovação; A horizontal bilateral, que ocorre quando as empresas juntam-se para desenvolver um trabalho pontual; Multilaterais horizontais, que envolvem agentes públicos e privados e a participação de empresas concorrentes;

50 48 Multilaterais verticais, onde cooperam atores de cadeias produtivas diferentes. Suzigan, Garcia e Furtado (2002) consideram que a forma de governança, pública ou privada, pode possibilitar o desenvolvimento do arranjo local, além de estimular a manutenção de relações cooperativas dos atores, ocasionando ações conjuntas resultando no incremento da competitividade do conjunto de fabricantes. As ações coordenadas pelo setor público, segundo os mesmos autores, destacam-se pela criação e manutenção de organismos direcionados à promoção do desenvolvimento dos produtores locais. Nas ações do setor privado, destaca-se o papel das associações de classe e agências privadas, como agentes catalisadores de desenvolvimento fomentando o desenvolvimento local, não havendo hierarquias ou lideranças, somente a relação de igualdade. Ainda conforme Garcia, Motta e Amato Neto (2004), as formas de governança local podem ser estabelecidas pelo setor público ou privado, ou até mesmo por ambas as partes Governança das Cadeias Produtivas Globais Os estudos sobre as experiências de arranjos produtivos locais enfocam as práticas de governança em dois tipos de APLs: os distritos industriais de forma espontânea, identificado por Marshall (1985), e os aglomerados produtivos inseridos em cadeias globais de valor. Segundo Kogut (1985) apud Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005), uma cadeia de valor pode ser definida como o processo no qual a tecnologia é combinada com materiais e insumos de trabalho e em seguida são montados, transformados, comercializados e distribuídos, onde uma única empresa pode participar em uma parte desse processo, podendo ser amplamente integrado verticalmente. Em países em desenvolvimento, empresas inseridas em mercados globais enfrentam crescente pressão concorrencial. Neste caso, cabe destacar o papel desempenhado pela governança no upgrading dos APLs ao nível local, por meio da interação entre as empresas e as instituições locais.

51 49 Humphrey e Shmitz, (2002) mostram dois caminhos distintos ao desenvolvimento de empresas num APL, o de clusters e o de cadeias de valor. A comparação desses dois caminhos distintos é feita no quadro 1. A primeira abordagem, clusters, ressalta a importância de cooperação e associações para o desenvolvimento de processo, produtos e desenvolvimento funcional. Reúnem parceiros com competências complementares e quase não existe hierarquia na assimetria de poder. Na segunda abordagem, governança global, a competência é em favor de uma parte, dando pouca importância ao papel de associações e cooperação local entre empresas. Governança dentro da localidade Relações com o mundo externo Desenvolvimento Desafio Competitivo Clusters Governança caracterizada por forte cooperação entre empresas, instituições públicas e privadas. Através de ofertas em mercados internacionais. Canal desconhecido. Relações externas baseadas em arm's length transações. Risco atenuado por mecanismos locais Ênfase na melhoria incremental (learning by doing) e propagação de inovações através de interações no cluster. Centros de inovação locais desempenham um importante papel no desenvolvimento. Promover a eficiência coletiva por meio de interações dentro do cluster. Cadeias de valor Fraca cooperação local entre empresas. Forte governança vertical. Governança forte dentro da cadeia. Comércio internacional lidera a cadeia. Risco atenuado por relacionamento dentro da cadeia. Desenvolvimento incremental nas cadeias possibilita através do learning by doing. Novos desafios na cadeia de valor por empresas líderes. Ter acesso às cadeias e desenvolvimento de acordo com grandes clientes Quadro 1 - Governança e upgrading: clusters versus cadeia de valor Fonte: Humphrey e Shmitz (2002, p. 3); Humphrey e Shmitz (2000) apud Albertini (2007) Em ambas as abordagens o desenvolvimento passa a existir como decorrência do aprendizado local, pelo aumento de capacidade ou, ainda, pela entrada ou participação da cadeia de valor por meio de ofertas de produto com maior valor agregado (ALBERTINI, 2007). Assim sendo, Humphrey e Shmitz, (2002) e Suzigan, Garcia e Furtado (2007) indicam que a abordagem a ser levantada deve considerar a desverticalização de algumas indústrias como as de vestuário, calçados e eletrônicos, que descentralizaram a produção se especializando em desenvolvimento de produtos, na administração de ativos comerciais e gestão de rede de produtores. Desse modo a realização do desenvolvimento de produtos na cadeia de valor pode considerar os seguintes aspectos:

52 50 Desenvolvimento de processo - transforma input em output de forma mais eficiente por meio da reorganização do sistema de produção ou introdução de tecnologia superior; Desenvolvimento de produto - melhoria em linhas de produtos mais sofisticados, definido em termos de valor agregado; Desenvolvimento funcional - empresas desenvolvem novas funções na cadeia de valor (marca, marketing, P&D entre outros) para aumentar a habilidade global das atividades; Desenvolvimento da cadeia produtiva empresas de clusters movimentam-se para novas atividades produtivas. (HUMPHREY e SHMITZ, 2002 e ALBERTIN, 2007). Ao compararem os aspectos do desenvolvimento com os tipos de Governança em cadeias produtivas globais, os autores concluíram que: Para uma empresa inserida em uma cadeia do tipo quase hierárquica as condições são mais favoráveis ao rápido desenvolvimento de produto e processo, mas dificulta o desenvolvimento funcional; Em cadeias de relações de mercado, o desenvolvimento do processo e produto tende a ser mais lento por não ser fomentado por compradores globais; por outro lado, o desenvolvimento funcional é mais aberto; As cadeias tipo redes oferecem condições ideais para o desenvolvimento, mas são menos prováveis para os produtores dos países em desenvolvimento por causa do alto nível de competências necessárias. (HUMPHREY e SHMITZ p. 10, 2002). Albertin (2007) detecta assim que o desenvolvimento de processo significa fazer a mesma coisa de forma mais eficiente, enquanto que os outros três itens podem contribuir para uma recolocação dos APLs no mercado global, podendo então produzir diferentes produtos para consumidores diferentes. Gareffi, Humphrey e Sturgeon (2005) destacam as empresas produtoras de vestuário como grandes contratantes da cadeia global de valor que, diferentemente das empresas da cadeia hierárquica de produção, assumem a responsabilidade de

53 51 desenvolver a capacidade de interpretar desenhos, confeccionar amostras, conhecer fornecedores de insumos necessários, controlar a qualidade dos produtos, satisfazer o comprador com preços e garantir on-time delivery (entrega pontual). Numa perspectiva de desenvolvimento, sua principal vantagem é o aprendizado frente à competitiva produção de bens de consumo que resulta em importantes ligações com a economia local. Além disso, geram uma intensa interação necessária para o intercâmbio de informações e construção de tácita relação entre compradores e fornecedores. Segundo Gereffi, Humphrey e Sturgeon, (2005), aumentar a competência do fornecedor tem sido o principal motor por trás da mudança relacional da cadeia de valor da indústria do vestuário. Embora a proposta de desenvolvimento e a rápida difusão do conhecimento não sejam exclusivamente o resultado da sinergia incidental, elas são favorecidas pela política de redes de agentes públicos e privados (SCOTT, 1996 APUD HUMPHERY e SHMITZ 2002, p. 4). Na governança da cadeia de valor, o relacionamento entre os atores podem ser de maior ou menor intensidade. Humphrey e Shmitz, (2002) e Messner (2002) estudaram a abrangência da governança da cadeia de valor global em relação a: O que será produzido? Compreendendo o design, concepção e especificidade do produto; Como será produzido? Compreendendo o processo de produção, tecnologia a ser utilizada, sistemas de qualidade e normas laborais e padrões ambientais; Como será o fluxo de produção? Compreendendo as quantidades e o modo como será comercializado por meio da cadeia produtiva. Verifica-se dessa forma, que as respostas a estes questionamentos (referentes à capacidade de comando nestas cadeias) é basicamente comercial e estão ligadas ao fato da empresa deter o contato com o consumidor através de marca forte e reconhecida, ou canais próprios de comercialização e distribuição de produtos. Esse modo de organização da cadeia produtiva global foi conceituado por Gereffi (1999) como o ator que integra funcionalmente e coordena as atividades, especifica, além de monitorar o desempenho dos produtores.

54 52 A concentração das habilidades em um mesmo território geográfico faz com que grandes empresas optem por adquirir os produtos em sistemas locais de produção, onde o custo de estabelecimento e manutenção dessas estruturas pode ser compartilhado por outras (as concorrentes). Para os produtores, essa modalidade de produção de serviço é capaz de fomentar o processo de aprendizagem local, inclusive o upgrading nas áreas de desenvolvimentos de produto. Conhecer as formas variadas de governança poderá auxiliar na identificação dos tipos mais comuns, facilitando uma melhor análise do perfil dos APLs do Polo têxtil de confecção do Paraná Princípios da Governança Os princípios são a base ética da governança. Segundo Andrade e Rossetti (2007), esses princípios têm como característica essencial a diversidade entre os atores. As diferenças na cultura nas instituições e nos marcos regulatórios são aceitáveis e administráveis Para os autores, os princípios éticos estão presentes, explícita ou implicitamente na definição dos escopos, nas formas de exercícios do poder, na construção e operação dos processos e nas práticas do dia-a-dia. Para tanto, os princípios de governança devem ser sólidos para a integração com os mercados e as comunidades em que atuam, sendo eles: Transparência: quanto ao resultado, oportunidade e riscos, resulta um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações com terceiros; Equidade: senso de justiça e equidade de direitos. O tratamento igualitário não restringe apenas as empresas participantes da governança dos APLs, mas deve ser praticada em relação a todas as partes interessadas (stakeholders); Prestação de contas: os agentes da governança devem prestar contas de sua atuação e a prestação deve ser responsável;

55 53 Responsabilidade corporativa: conformidade com instituições legais e com marcos regulatório, incorporando considerações sociais e ambientais na definição dos negócios e nas operações do APL; Meio ambiente: consumir o mínimo de produtos naturais para produzir o máximo de produtos e serviços; Sociedade: sintonizar suas atitudes e resultados com os requisitos de ética, desenvolvimento e bem-estar das comunidades nas quais exerce influência; Funcionário: funcionários comprometidos e motivados levam a melhores resultados e à valorização, tanto pelo mercado de trabalho quanto pelo investidor (ALVARES et al., 2008 e ANDRADE e ROSSETTI, 2007). A adoção de princípios ou códigos éticos pode proporcionar um alinhamento empresarial visível e operacional, com compromissos, tendências e aprendizado com outros APLs. A partir desses princípios, Alvares et al. (2008) desenvolveram um modelo de avaliação de governança corporativa, com o objetivo de avaliar o estágio de maturidade e eficácia das práticas de governança. A metodologia assessment foi utilizada pelos autores e estruturada em cinco dimensões, de acordo com a seguinte ordem: Alinhamento: forte impacto com o alinhamento nas definições das diretrizes que vão nortear as estratégias; Conformidade: um dos princípios da governança; Sustentabilidade: alinhamento do desempenho econômico-financeiro com preservação ambiental e responsabilidade social; Estruturas: composição, dinâmica de funcionamento, papéis e forma de atuação dos atores da governança; Processos: inter-relacionamento entre os agentes do sistema e os processos de formulação, orientação, homologação, decisão, e comunicação.

56 54 Para os autores, essas dimensões sugerem quais são os fundamentos da boa governança. A figura 7 ilustra em um diagrama a estrutura desse modelo. Figura 7 - Diagrama do modelo Fonte: Álvares et al. (2008, p. 57) A abordagem integrada de governança está presente nos elementos de análise do modelo que, além das práticas dos princípios de equidade, abarcam e privilegiam os conceitos construtivistas do processo de governança, nos quais o desenvolvimento endógeno das práticas é guiado pela crença dos agentes nos benefícios da governança para a geração sustentável de valor Elementos de Governança de Aglomerados Empresariais Conforme apresentado nas seções anteriores, os APLs possuem uma estrutura de governança que pode ser classificada por tipos e formas, e avaliada por suas boas práticas de coordenação. Geiger (200-) afirma que as estruturas de governança agem no aglomerado coordenando ações de natureza coletiva e colaborativa proporcionando possibilidades de inserção competitiva às empresas a ele pertencentes. O autor

57 55 denomina essas ações como ações de governança e que possuem direções, naturezas e objetivos variados, podendo ser associados à redução de custos, acessos ao mercado e novas tecnologias, capacitação de recursos humanos, busca de financiamento, constituição de consórcios, entre outros. Ainda segundo Geiger (200-) e Andersson et al.,( 2004), a tipologia das ações de governança em aglomerados produtivos locais distingue-se de acordo com sua maturidade. Em aglomerados embrionários, geralmente ocorrem ações que maximizam as externalidades; em aglomerados maduros, há um favorecimento de ações de natureza mais complexa como incentivo à inovação e upgrading em cadeia global de valor. Como APLs desenvolvem ações conjuntas para alcançar a eficiência coletiva, estas ações com frequência relacionam-se fundamentalmente a alguns padrões e elementos básicos. Desse modo, Geiger (200-) afirma que, em seu empenho, para inserirem-se competitivamente em cadeias de valor, os APLs atuam sobre elementos de governança, por meio de ações de governança. Estes elementos o autor denomina-os como Elementos de Governança : Na figura 8, Geiger (200-) apresenta o diagrama das ações da Estrutura de Governança de APLs. Esse diagrama ilustra que a combinação entre os elementos de governança e as ações de governança resulta no processo que objetiva suas estratégias competitivas, como observado por Suzigan, Garcia e Furtado (2007) citado na página 31.

58 56 Figura 8 - Diagrama esquemático das ações da estrutura de governança para a inserção competitiva do Arranjo Produtivo Local Fonte: Geiger (200-) Para que a Estrutura de Governança de APLs alcance a eficiência coletiva é necessário que ocorra gradativamente a interdependência das relações entre os elementos de governança e suas ações. Assim, as ações apoiadas pela coordenação do APL desenvolvidas pelos membros do APL tendem a ser mais eficientes e a estrutura de governança menos hierárquica.

59 57 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa tem por finalidade encontrar respostas para questionamentos propostos, por meio de método científico, segundo afirma Gil (1999). Desse modo, como forma de abordagem ao problema, neste projeto optou-se pela pesquisa empírica com aplicação de método qualitativo. A partir da percepção das dinâmicas que envolvem a governança dos APLs de confecção referendou-se o ambiente no qual estão inseridos, para analisar e interpretar os fenômenos deste meio e, dessa forma, atingir os objetivos propostos neste projeto. Justifica-se a adoção da abordagem qualitativa, segundo Bryman (1989) apud Fornasier e Martins (2006), por considerar o ambiente natural como importante fonte de dados, com ênfase no processo histórico, enfoque mais desestruturado, o que permite flexibilidade e versatilidade à pesquisa e emprego de mais de uma fonte de dados. Além desses fatores, Gil (1999) acrescenta outros como o emocional e o intencional implícitos na atitude e no comportamento dos entrevistados. Além disso, para Gil (1999), a pesquisa qualitativa trabalha com dois tipos de dados: verbais e visuais. Os dados verbais serão coletados por meio de entrevistas semiestruturadas ou sob forma de narrativa, podendo ser abordagens em grupos ou aplicação individual. Os dados visuais são resultado da aplicação de métodos de observação através de participação das reuniões das Governanças dos APLs de confecções do Polo Têxtil de Confecção do Paraná, visitas aos membros do comitê gestor, objetivando a coleta de informações para construção de ativos políticos e socioculturais dos membros. Em relação aos objetivos, esta pesquisa assumiu um caráter exploratóriodescritivo, pois iniciou-se a partir de dados, observações informais e levantamento em fontes secundárias (referências bibliográficas, documentais, entre outras) que permitiram aprofundar os conhecimentos sobre diferentes aspectos e suas aplicações às particularidades acerca do problema de pesquisa. Além disso, buscou a solução do problema, através de levantamento de dados, utilizando questionário nas entrevistas para coletar esses dados junto aos atores e agentes participantes envolvidos com os APLs. Para Lakatos e Marconi (2006) do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa do fenômeno foi mais abrangente e partiu de verificações mais particulares chegando às leis ou teorias.

60 58 Em relação à abordagem do problema, a estratégia de pesquisa é o estudo de caso, que, segundo Yin (2006), contribui na investigação empírica e consiste na investigação do fenômeno dentro de seu contexto real, buscando extrair resultados que confirmem implicações prévias ou criem perspectivas para novos questionamentos. O autor ainda descreve a contribuição para a compreensão que se obtém dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. 3.1 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Como instrumento de pesquisa foi utilizada a entrevista por meio de questões estruturadas e padronizadas, estabelecidas a partir de um protocolo, tendo como menção o referencial teórico. Segundo Lakatos e Marconi, (2006) e Yin, (2005), a entrevista é um processo de investigação para a coleta de dados que auxiliam na análise ou no tratamento de um problema social. Além disso, segundo Earterby-Smith e Lowe (1999) apud Souza (2006), a entrevista apresenta oportunidades de obtenção de dados não encontrados em referências documentais importantes para a pesquisa de estudo de caso. Desse modo, oportuniza ao pesquisador explorar um problema baseado na experiência pessoal do entrevistado. O trabalho de campo teve como instrumento o protocolo, que, segundo Yin (2006, p. 92), é uma das principais estratégias que aumentam a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e destina-se a conduzir o pesquisador a realizar a coleta de dados do estudo de caso. Outro instrumento utilizado nesta pesquisa para coleta de dados foi um roteiro (apêndice A) que conduziu as entrevistas junto aos gestores dos APLs de confecção do Polo Têxtil de Confecção do Paraná. 3.2 AMBIENTE DA PESQUISA E ESCOLHA DO CASO Como objeto de pesquisa deste estudo de caso, definiram-se três dos arranjos produtivos de confecção do Paraná. Enquadram-se como objeto de estudo

61 59 de caso, as governanças de APLs localizadas no Norte-Noroeste do estado do Paraná, restritas ao setor de confecção. O universo abordado são as Governanças dos Arranjos Produtivos Locais formalmente organizados, da cadeia têxtil, setor de confecção, Polo Têxtil de Confecções do Paraná localizado na região Norte e Noroeste do Estado do Paraná, conhecido como Corredor da Moda, compreendem os municípios de Londrina, Apucarana, Maringá e Cianorte, região onde está, segundo Camara et al(2006), a maior concentração de indústrias do setor têxtil/ vestuário do Estado do Paraná. A seleção do Polo Têxtil de confecção do Paraná como campo de pesquisa se deu devido a: Importância econômica do setor para a Região; Facilidade de acesso e disposição dos gestores dos APL em contribuir com o desenvolvimento da pesquisa; Proximidade para o pesquisador, que reside na região. As visitas ocorreram entre setembro e novembro de As entrevistas foram realizadas com os coordenadores das Governanças dos APLs. A escolha baseou-se no pressuposto de que os coordenadores conhecem as particularidades dos APLs e, além disso, são os agentes centralizadores das informações. O modelo para a análise das estruturas dos arranjos produtivos, quadro 2 e o roteiro (Apêndice A), contribuíram para alcançar um diagnóstico do envolvimento dos agentes das governanças, a fim de entender suas relações, o escopo de atuação, valores, visão, missão, a organização inicial e as atuais necessidades dos atores da governança de APLs. Também foi adaptado o diagrama esquemático das ações da Estrutura de Governança (fig. 8) desenvolvida por Geiger (200-). Desse modo, para atingir os objetivos proposto no trabalho foram aplicados na pesquisa tópicos referentes às informações gerais sobre: Caracterização do APL; Estratégias de cooperação;

62 60 Estrutura de Governança; Gestão de governança; Capital social. Temas Unidade de análise Referência Caracterização do APL Estratégias de cooperação Estrutura de Governança Gestão de governança Capital social Quantidade de empresas; Porte das empresas; Empregos gerados; Produção estimada; Mercado de atuação. Formas de cooperação; Formas de atuação das empresas; Desenvolvimento e estruturação de estratégias conjuntas; Promoção da capacitação tecnológica; Promoção da logística; Desenvolvimento de projetos; Presença de fornecedores especializados de alta qualidade; Parceria para desenvolvimento tecnológico com centros tecnológicos e universidades; Transmissão de conhecimento e informações. Missão e visão do APL; Forma de inserção nos mercados e formas de organização da produção; Interação dentro do arranjo produtivo; Quantidades de empresas participantes na tomada de decisões de APL; Participação de diferentes entidades; Formação de grupos temáticos; Ações realizadas pelos grupos; Promoção de encontros temáticos. Divulgação dos resultados das ações da Governança; Promoção e local da qualificação da mão de obra; Representatividade política, econômica e social; Identidade sócio-político-social; Ações para promoção e fortalecimento do capital social. Zacarelli (2000); Suzigan, Garcia e Furtado, (2007); Porter (1986); Casaroto Filho e Pires (1998); Suzigan, Garcia e Furtado (2007); Casaroto Filho e Pires (1998); Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005); Weber (1909); Shumpeter (1934, 1939 e 1942); Von Hippel (1994); Cowan et al. (1999); Amato (2002); Silva (2008); Humphrey e Shmitz (2002); Porter (1986 e 1999); Suzigan, Garcia e Furtado (2002 e 2007); Messner (2002); Andersson et al. (2004); Cassiolato e Lastres (2001 e 2003); Puga (2003); Porter (1998); Humphrey e Shmitz (2000); Geiger (200-); Alvares et al. (2008); Andrade e Rossetti (2007); Albertini (2007); Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005); Atroper e Harrisom (1991) apud Suzigan, Garcia e Furtado (2002 e 2007). Quadro 2 - Modelo para análise da estrutura da governança em APL Fonte: Elaborado pela autora

63 61 4 RESULTADO E DISCUSSÕES 4.1 AGLOMERADOS PRODUTIVOS DO POLO TÊXTIL DE CONFECÇÃO DO PARANÁ Conforme ilustra o mapa 1, localizada na região Norte e Noroeste do Paraná, o Polo Têxtil de Confecção do Paraná engloba os municípios de Londrina, Apucarana, Maringá e Cianorte, segundo Correira ( 2001). Com grande potencial têxtil confeccionista, a região é o segundo maior Polo industrial têxtil e de confecção do Brasil, produzindo cerca de 150 milhões de peças ao ano, do total de 600 milhões da produção nacional, conforme Camara; Souza; Oliveira (2006) e BRASIL TÊXTIL (2006). MARINGA LONDRINA CIANORTE APUCARANA Mapa 1 - Polo Têxtil de Confecção do Paraná (Localização do Polo Têxtil) Fonte: Elaborado pela autora O setor têxtil confeccionista é o segundo maior empregador de mão de obra do Paraná, sendo que o Polo Têxtil de Confecção do Paraná emprega cerca de 30 mil trabalhadores industriais de um número de 83 mil trabalhadores do segmento em

64 62 todo estado, conforme CENSO (2006); Camara, Souza, Oliveira (2006) e SIVEPAR (2006). Camara, Souza e Oliveira (2006), por meio de análise dos APLs segundo a classificação de Mytelka e Farinelli (2000) e Suzigan et al. (2003) discutiram o grau de desenvolvimento dos aglomerados produtivos de Londrina, Apucarana, Maringá e Cianorte, a partir do cálculo do coeficiente locacional de empregos e estabelecimentos. Suas pesquisas classificaram Cianorte como vetor de desenvolvimento local; Apucarana como núcleo de desenvolvimento regional e setorial; Maringá como vetor avançado e aglomerado organizado; e Londrina como uma aglomeração informal e com potencial para se tornar um aglomerado organizado. Neste último caso, a organização do APL de vestuário de Londrina veio a se concretizar no final do ano de 2006, data posterior à publicação da pesquisa. Os autores ainda consideraram que a articulação entre os APLs, contribuiria para a constituição do Polo Têxtil de Confecção do Paraná, beneficiando o desenvolvimento da cadeia têxtil-confeccionista e, com isso, fortalecendo as vantagens já existentes Apucarana Capital do Boné Com população de 121 mil habitantes (estimativa para 2009) dos quais pessoas são economicamente ativas (PEA), IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,799 e PIB per capita de R$ 9.592,00, Apucarana é município polo do Vale do Ivaí, região que compreende 28 municípios, localizada no norte do Estado do Paraná. Apucarana está no centro do eixo de 180 km, entre Londrina e Maringá, que compõem o chamado Polo Têxtil de Confecção do Paraná. O polo produtor de Apucarana abastece o Brasil com vários tipos de bonés. (IPARDES, 2009) Ao longo do tempo, as empresas de confecção de bonés de Apucarana foram se modernizando para continuar competitivas no mercado. No começo, em 1972, as primeiras empresas de boné da região produziam artesanalmente bandanas e tiaras para serem comercializadas em feiras, exposições e praias do

65 63 litoral Paranaense. Até o início dos anos 1980, o processo de dublagem 2 era realizado em São Paulo bem como a aquisição de equipamentos e insumos. (Plano de Desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Bonés de Apucarana, 2005; CENSO 2006). A partir da década de 1990, com a expansão da demanda nacional de bonés, o setor cresceu desordenadamente fazendo com que as empresas adotassem o preço como fator competitivo, afetando assim a rentabilidade e lucratividade. Este fato fez com que as empresas mudassem suas estratégias utilizando a diferenciação do produto como forma de agregar valor ao mesmo. Desse modo, os fabricantes de boné iniciaram o processo de importação de máquinas de bordado computadorizadas e ao mesmo tempo instalaram na região empresas distribuidoras de matérias-primas, máquinas e equipamentos, dando início aos bonés bordados, com maior valor agregado e diferencial competitivo (CENSO 2006). O segmento também investiu pesadamente em marketing e Apucarana passou a ser conhecida como a Capital do Boné, pela produção do brinde mais utilizado pelas empresas no país. O SEBRAE Apucarana exerceu um papel importante para o aglomerado e desde 1997 vem articulando ações, estimulando a cooperação, interação e aprendizagem. Destacam-se a Associação Brasileira dos Fabricantes de Bonés de Qualidade ABRAFAB Q, com 13 empresas participantes, que realizou um projeto de exportação, cerificação ISO 9000 e central de compras; e a Associação das Indústrias de Bonés e Brindes de Apucarana ASSIBBRA, com 17 empresas, que operacionalizou uma central de compras e a produção conjunta de insumos para bonés, formando um estoque regulador. A carência de mão de obra qualificada, essencial para a expansão do setor, envolveu a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana ACIA, empresários do setor e Prefeitura de Apucarana, para iniciarem um processo de negociação junto ao Ministério da Educação/PROEP para implantar na região um 2 Colagem do tecido à esponja, plástico ou entretela, com a finalidade de aumentar a resistência, estabilidade e impermeabilidade dos materiais, geralmente realizado na parte frontal do boné (Censo industrial do arranjo produtivo local de confecções de bonés de Apucarana no Estado do Paraná).

66 64 centro de formação e treinamento de mão de obra nas áreas têxtil e de confecção. Disso resultou a implantação do Centro Moda, uma escola técnica para formação e capacitação de profissionais para a indústria do vestuário e moda. Em 2006, essa escola técnica, o Centro Moda, passou a ser um dos Campi da Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR. Em fevereiro de 2007, iniciou o Curso Médio Integrado em Industrialização do Vestuário e no segundo semestre do mesmo ano, o Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda. Em 2003, o município de Apucarana passou a implantar o modelo de APL com apoio de entidades locais e do SEBRAE/PR. A partir de 2004, formou-se o comitê gestor do APL de Bonés de Apucarana, com a participação de empresários e entidades parceiras, que elaboraram o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor de Bonés do município dentro da metodologia dos APLs, obtendo como resultado um conjunto de ações que nortearam, a partir de então, as atividades inovadoras, de qualidade e sustentabilidade do setor. Apucarana, conhecida como Capital Nacional do Boné possui uma produção média anual em torno de quarenta e quatro milhões de peças/ano, o que representa mais da metade da produção nacional do setor. Todos os elos da cadeia produtiva estão presentes em Apucarana e hoje encontram no mercado local os insumos e os equipamentos necessários à produção do boné (Plano de Desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Bonés de Apucarana, 2005; CENSO 2006). Em 2004 o APL de bonés de Apucarana foi definido pelos governos estadual e federal como um dos seis APLs piloto em todo o país, e desde então, está sendo estudado pelo Grupo Permanente de Trabalho (GPT) para APLs, sob coordenação do MDIC. Analisando o quadro histórico da formação do APL de boné de Apucarana, percebe-se que o aglomerado ocorreu de forma natural, objetivando as vantagens competitivas, conforme descreve Porter (1999).

67 Dados coletados em campo Para iniciar a coleta de dados, foi realizada a participação em reuniões da Governança a fim de expor os objetivos da pesquisa aos membros da Governança do APL. O estudo de caso foi realizado por meio de entrevista com o coordenador da governança do APL, que é empresário do setor de confecção, no entanto, suas respostas foram relativas ao APL de bonés de Apucarana Caracterização do APL de Apucarana De acordo com o coordenador do APL entrevistado, atualmente Apucarana conta com 165 fábricas de confecção de boné, formalmente constituídas. Além dessas empresas, no Arranjo Produtivo de Apucarana, a cadeia produtiva de confecção de bonés é formada por 560 empresas que incluem indústrias de tecido, de viés, empresas de bordado, serigrafia, atacadista de aviamentos, indústria de abas plásticas, fabricantes e fornecedoras de equipamentos, entre outras. Figura 9 - Empresas complementares existentes no APL de confecções de bonés de Apucarana Fonte: Adaptado do Censo industrial do Arranjo Produtivo Local de confecções de bonés de Apucarana do Estado do Paraná (2006 p. 86)

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