Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Decisão contra informação incompleta. Não há restrição de acesso. Recursos Humanos Interesse pessoal Informação já disponibilizada Acata-se a recomendação do recorrido Não conhecimento Recomendações. Impossibilidade de se identificar a autoridade responsável. Omissão. Indicar a autoridade responsável por responder os recursos. Indicar a possibilidade de recursos. Alegação contraditória. Comando do Exército CEX. Recorrente: J.S.F. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 03/04/201 Cidadã requer: Informações sobre o percentual aplicado na distribuição das vagas designadas pelo Departamento-Geral de Pessoal do Exército Brasileiro para a arma de artilharia do Centro de Operações de Oficiais da Reserva de Porto Alegre 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 25/04/201 25/04/201 28/04/201 (CPOR/PA); Informação sobre se o seu filho, classificado como aluno 03 na artilharia do CPOR, seria o próximo a ser chamado, caso surja uma vaga no decorrer deste ano. Ademais, motiva seu pedido pelo fato de ter lhe parecido estranho que fossem destinadas duas vagas para o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva de Santa Maria-RS, que possui 18 alunos, e duas vagas para os alunos do CPOR de Porto Alegre, que possui 30 alunos. O SIC do Exército afirma que a resposta ao pedido de informações segue em anexo no sistema e-sic. No entanto, nenhuma resposta foi postada no sistema. Cidadã afirma o seguinte: Recebi como respondido,consultar anexo, mas não existe nenhum anexo. No protocolo que se refere ao mesmo assunto no anexo manda consultar o anexo do protocolo , onde volto a repetir não existe anexo. Gostaria de ter acesso a resposta de meu pedido o mais breve possível. A respeito do assunto o SIC-EB informa que: O Departamento-Geral do Pessoal fixa, anualmente, o número de vagas para Oficiais Temporários. Todavia, a correspondente distribuição nas Organizações Militares do Rio Grande do Sul é de responsabilidade da 3ª Região Militar. Portanto, informações complementares e demais esclarecimentos podem ser obtidos com o próprio Comandante do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre, Coronel Paulo Antônio NAHON Penido Monteiro, pessoalmente ou pelo telefone (51) , nos termos do inciso IV do 1º do artigo 15 do Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, que dispõe, in verbis: Art.15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado; II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência; IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável pela informação ou que a detenha; (...) (grifo nosso). 22

3 Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 29/04/201 06/05/201 Em seu recurso, a cidadã afirma: A informação sobre as vagas designadas pela DGP estão devidamente corretas e entendidas. Ainda, informa que o que não procede é a informação de consultar o comandante do Cpor de Porto Alegre, Cel. Nhaon, pois em data anterior ao contato com o SIC-EB já havia contatado com ele por telefone e o mesmo não soube me informar sobre o "PERCENTUAL APLICADO NAS VAGAS" com o nº de alunos (matematicamente)e também o porque da visita dos alunos as unidades (informados que poderiam ser designados a elas apos o estagio) sendo que Santa Maria recebeu 02 vaga com um número inferior de alunos. Gostaria de receber esta informação de um órgão superior do Comando de exército, pois na 3ª Região Militar não consegui, para que eu possa entender, ainda peço a informação de que surgindo uma vaga para artilharia até o final do ano, meu filho, como aluno 03, possa ser chamado. O SIC-EB informa que: O Departamento-Geral do Pessoal fixa, anualmente, o número de vagas para Oficiais Temporários e que a correspondente distribuição dessas vagas pelas Organizações Militares é encargo das Regiões Militares. Tal fato advém da variação periódica que ocorre no efetivo existente no âmbito da Força Terrestre, decorrente de promoções, movimentações, licenciamentos e passagens para a reserva, dentre outros fatores que causam impacto no número de militares a serem convocados; Com relação à afirmação de suposta garantia de uma vaga para o filho da recorrente, em caso de abertura de novos claros a serem preenchidos, não há qualquer registro que permita inferir a sua autenticidade, bem como qualquer amparo legal que lhe confira credibilidade; Com relação à indicação do Comandante do CPOR de Porto Alegre como autoridade para o esclarecimento dos pedidos apresentados, cabe destacar que ocorreu em caráter complementar, visando a atender integralmente à cidadã, na 23

4 Recurso à CGU Informações adicionais. É o relatório. 16/05/201 23/07/201 medida do que impõe a Lei de Acesso à Informação; O SIC-EB, em consonância com a lei que regula seu funcionamento, informa ao cidadão a partir de dados existentes na instituição a que pertence, sendo do requerente a inteira responsabilidade pela interpretação das informações encaminhadas. Cidadão interpõe recurso à CGU com os mesmos argumentos iniciais. Foi encaminhado ao Comando do Exército solicitação de informações adicionais para melhor instrução processual, cuja resposta foi considerada satisfatória. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbi: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 24

5 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, verifica-se que não consta nas respostas do Comando do Exército a possibilidade da recorrente impetrar recursos, tanto em primeira quanto em segunda instância. Da mesma forma, não foi comunicado à solicitante os prazos para o exercício desse direito. Nesse sentido, observe a norma: Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso. Antes de iniciar a análise sobre a solicitação da requerente, é imprescindível que se pontuem importantes questões de forma que não foram atendidas pelo Comando do Exército Brasileiro neste procedimento de acesso à informação. Em primeiro lugar, verificou-se que a cidadã não obteve resposta ao pedido inicial de acesso. No espaço do sistema E-Sic onde deveria estar a resposta da entidade pública, encontrou-se apenas um texto que avisa à solicitante de que a resposta ao seu pedido seguiria em anexo. No entanto, no espaço reservado aos anexos, não havia resposta alguma. 5. Verificou-se, posteriormente, que em nenhuma resposta o Comando do Exército informa à solicitante a possibilidade de impetrar recursos durante a fase interna do procedimento ou o prazo para propô-los. Da mesma maneira, o Comando do Exército não informa quais autoridades da sua cadeia de comando foram responsáveis pela produção das respostas. Todas elas são assinadas apenas pelo Serviço de Informações ao Cidadão do Exército Brasileiro, em desconformidade com as normas de acesso às informações públicas. 6. É importante frisar que a lei de acesso à informação é o mecanismo legal que procura instrumentalizar o direito humano de acesso à informação, consagrado na Constituição Federal de 25

6 1988 e em diversos Tratados e Convenções internacionais assinados pelo Estado Brasileiro. Dessa forma, o cidadão quando a utiliza, seja para ter acesso a documentos oficiais, seja para tomar conhecimento de procedimentos internos afetos à organização estatal, está exercendo um direito inerente à cidadania, que é garantido pelo ordenamento jurídico pátrio. Portanto, a omissão do órgão público e o desrespeito aos procedimentos institucionalizados pela LAI, sem apresentar quaisquer justificativas, constitui ofensa à própria cidadania, uma vez que inviabiliza o exercício de um direito inerente à pessoa humana. Por isso, recomenda-se que o Comando do Exército sane essa falha no seu fluxo interno de atendimento ao cidadão, de forma a garantir o pleno exercício de direitos fundamentais no âmbito do acesso à informação. 7. Observa-se no relatório que a cidadã procura duas informações. Primeiramente, quer se informar sobre os critérios utilizados na distribuição das vagas designadas pelo Departamento-Geral de Pessoal do Exército Brasileiro para a arma de artilharia do Centro de Operações de Oficiais da Reserva de Porto Alegre (CPOR/PA). Por fim, gostaria de ser informada sobre a possibilidade do seu filho, que foi classificado em terceiro lugar, na arma de artilharia do CPOR, vir a ser chamado, caso haja vacância no decorrer do ano. Percebeu-se que ambas as informações foram concedidas pelo Serviço de Informação ao Cidadão, nas instâncias recursais. 8. No entanto, verificou-se, também, que a informação sobre os critérios de seleção do certame militar não ficou suficientemente clara à cidadã, em função de informações contraditórias que a mesma recebeu das instituições militares recorridas. Dessa forma, acredita-se que houve no entendimento da cidadã dúvida razoável sobre a existência de determinado critério matemático para definir o provimento de vagas entre os dois Órgãos de Formação de Reserva de Oficiais da Terceira Região Militar, um localizado em Porto Alegre e o outro em Santa Maria. Por esse motivo, esta Controladoria-Geral da União solicitou ao Comando do Exército informações adicionais sobre este pedido de acesso, para o qual recebeu a seguinte resposta: Antes de responder aos questionamentos feitos pela Sra. J. S. F., é importante entendermos que o Departamento-Geral do Pessoal (DGP) fixa, mediante portaria, para cada Região Militar (RM), o efetivo máximo de militares temporários que cada Grande Comando pode possuir anualmente. 26

7 O DGP em sua distribuição estabelece o efetivo-teto (limite da cota) para as seguintes categorias de oficiais temporários: Oficial Técnico Temporário/Oficial Engenheiro Militar Temporário (OTT/OEMT), Oficial Combatente Temporário/Oficial Intendente Temporário (OCT/OIT) e Oficial Médico, Farmacêutico, Dentista e Veterinário. Portanto, o DGP não distribui, especificamente, oficiais da arma de artilharia para a RM. Ele distribui o número máximo de oficiais combatentes temporários que a RM pode ter. Dentre estes, estão inseridos os oficias temporários da arma de artilharia. A RM é o escalão do Exército que, recebendo do DGP o número máximo que pode ter de militares temporários, apoia em pessoal as organizações militares localizadas em sua área de jurisdição. A RM somente decide quantos concludentes de Órgão de Formação da Reserva de Oficias (CPOR e NPOR) vai convocar, após consolidar as necessidades das organizações militares. No caso citado pela Sra. J. S. F., a 3ª RM convocou 4 (quatro) Asp OCT de artilharia, sendo 2 (dois) do CPOR de Porto Alegre e 2( dois) do NPOR do 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, localizado na cidade de Santa Maria - RS. Observa-se que a 3ª RM tem mais de um Órgão de Formação da Reserva de Oficias. Então, neste caso, a 3ª RM estabeleceu, antecipadamente, a tributação destes OFOR para atender as várias OM que estão em sua área de jurisdição, cumprindo, assim, o previsto no art. 34, da Portaria nº 46 DGP, de 27 MAR 12 (grifo meu). Portaria n 46, DGP, de 27 de Março de Art. 3 Caso exista mais de um OFOR para atender a uma mesma RM, cabe a esta o estabelecimento antecipado da tributação para as OM sob sua jurisdição. 9. O Comando do Exército, ainda, esclareceu que o Departamento-Geral de Pessoal (DGP) é o órgão de direção setorial responsável por distribuir o efetivo-teto, ou seja, o limite, de oficiais temporários para as Regiões Militares (RM). O DGP procede à distribuição do efetivo militar do Exército após o Chefe do Poder Executivo (Presidente da República) fixar, em Decreto, 27

8 anualmente, o seu contingente. Em 2014, o efetivo militar foi definido pelo Decreto n 8.210, de 21 de Março de 201 Ao verificar-se o referido Decreto, percebeu-se que o total do efetivo de oficiais temporários foi estabelecido assim: III - OFICIAIS TEMPORÁRIOS POSTO OCT / OIT OMT/ODT/OFT/OVT OTT/OEMT 1o TENENTE o TENENTE TOTAL Observa-se, dessa maneira, que a DGP fixa um número máximo de oficiais temporários, com base em um Decreto Presidencial anual, para cada Região Militar. As organizações militares localizadas na área de jurisdição de uma RM, então, apresentam a estas as suas necessidades de militares temporários. Em seguida, afirma o Comando do Exército, após a consolidação do número total de militares temporários de que necessita, a Região Militar convoca-os para atender à sua demanda, desde que não se ultrapasse o efetivo-teto que lhe foi distribuído pela DGP. Portanto, a RM utiliza quantidade de oficiais temporários suficiente para atender às necessidades das organizações militares que estão sob sua jurisdição. 11. A Região Militar que possui mais de um órgão de formação da reserva de oficiais, como é o caso da 3 RM, que possui o NPOR do 3 Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado de Santa Maria e o CPOR de Porto Alegre, estabelece antecipadamente a tributação destes órgãos, conforme o artigo 34 da Portaria n 46/12 da DGP, supra. No caso em análise, a 3 RM utilizou este critério de tributação para atender às necessidades de oficiais temporários combatentes das organizações militares localizadas em sua área de jurisdição. Não foi utilizado, portanto, critério de proporcionalidade para a definição das vagas para as referidas organizações militares. Assim, acredita-se que este recurso não deve ser conhecido por esta CGU, pois não se adequa aos critérios de admissibilidade da Lei de Acesso à Informação, uma vez que não houve negativa no pedido de acesso à informação. 12. Deve-se ressaltar, no entanto, que o Comando do Exército Brasileiro poderia ter sido mais claro em relação às explicações dadas à cidadã. Percebeu-se que a forma como o procedimento em 28

9 questão foi gerenciado, com orientações contraditórias recebidas de Oficiais, causou dúvidas quanto ao entendimento dos critérios de seleção utilizados por esta Força no ingresso de oficiais temporários em seu efetivo, o que motivou o pedido de esclarecimentos desta Controladoria-Geral da União. Conclusão 13. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do referido recurso, uma vez que a informação solicitada foi entregue à requerente. 1 Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo; b) Que a autoridade que decida o recurso em primeira instância seja diferente daquela que decidiu o pedido inicial; c) Que a autoridade que responda o recurso em segunda instância seja a autoridade máxima do órgão ou entidade, conforme estabelece a Lei de Acesso à Informação. JORGE ANDRÉ FERREIRA FONTELLES DE LIMA Analista de Finanças e Controle 29

10 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Comando do Exército Brasileiro. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 210

11 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 3533 de 08/09/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Decisão contra informação incompleta. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 08/09/2014 Relação de Despachos: Para aprovação superior. JORGE ANDRE FERREIRA FONTELLES DE LIMA ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 19/08/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 50b69680_8d af8951