RELATÓRIO DE GRUPO 4º ano

Transcrição

1 RELATÓRIO DE GRUPO 1º Semestre/2016 Turma: 4º ano Professora: Eleonora Dantas Brum Professora auxiliar: Izabela Moreira Alves Coordenação pedagógica: Maria Aparecida de Lima Leme O segundo ciclo é o início de um período muito importante na vida das crianças. Deixam para trás uma fase em que dependem mais do adulto, começam a descobrir com mais critério e objetividade suas preferências, amigos, atividades. Percebem o mundo além das fronteiras de sua vida e são capazes de começar a pensar de maneira mais crítica e responsável nas ações tanto suas como de outras pessoas. Assim, nesta fase pretende-se que elas se percebam pertencentes a um vasto mundo, parte de uma sociedade com características próprias e sejam responsáveis por suas escolhas. Estimulando o conhecimento de possibilidades afetivas, cognitivas e de desenvolvimento interpessoal espera-se que elas exercitem o diálogo, desenvolvam a capacidade de argumentação, busquem novos conhecimentos e reconheçam o outro como detentor dos mesmos direitos e deveres. Meus desafios com o grupo deste ano são muitos. Além do tamanho, vinte e cinco crianças, a turma recebeu cinco novos colegas, perdeu outros, enfim, modificou-se enquanto dinâmica e organização. Acredito que todas as mudanças são benéficas e num primeiro momento dediquei-me a conhecê-los melhor e incentivar a socialização. Izabela me ajudou muito, pois conhecia muitas crianças no ano anterior e pude com sua ajuda antecipar algumas ações. Começamos o ano nos conhecendo e descobrindo nossas peculiaridades. Quando pensei no objeto disparador tinha em mente estas crianças, com suas curiosidades, interesses, imaginação e vontade de aprender coisas novas. A luneta foi um verdadeiro achado que não só os motivou, como provocou uma série de situações estimuladoras, discussões interessantes, descobertas e pesquisa.

2 Galileu Galilei foi nosso companheiro inicial. Conhecemos um pouco de sua vida e pesquisa, vimos vídeos e enfim estavam prontos para a descoberta do objeto. A próxima etapa foi estabelecer a rede de relações e expectativas de conhecimento que poderiam advir do objeto disparador. Uma das ligações feitas, que merece ser narrada, é a usar sem malícia. Na conversa que se seguiu, Antônio explicou seu ponto de vista: não podemos usar a luneta para espionar os outros. Assim partimos para o espaço, um mundo novo a descobrir, surpreendente, cheio de mistérios e mitos. A Internet traz muita informação para as crianças e nem sempre são fidedignas. Minha primeira intenção foi desmistificar algumas lendas que davam como certo a existência de ovnis, seres de outros planetas, catástrofes iminentes e outras. Começamos a ler um livro maravilhoso: George e o segredo do Universo de Stephen Hawking. A história se desenvolve a partir do encontro de duas crianças muito diferentes que, a partir de suas vivências e proximidade física (são vizinhos) descobrem-se e ao Cosmos, computador maravilhoso que tem a capacidade de levá-los a lugares no espaço nunca alcançados. Líamos para eles um pouco todos os dias e íamos discutindo as questões mais interessantes. E uma coisa puxa outra, uma pesquisa traz novidade e nosso papel é estimulá-los a pensar e criar. Uma conversa da roda trouxe o assunto seres vivos e no dia seguinte recebíamos uma doação trazida por Helena: um vaso com uma planta carnívora. Outros questionamentos surgiram: ela come os insetos?, como se alimenta, e surgiu a pesquisa sobre seres vivos e não vivos, diferenças entre animais e plantas. Trabalharam em grupo e fizeram cartazes que foram apresentados à Cida, nossa diretora e professora de Ciências.

3 As perguntas que Cida fez às crianças despertaram a necessidade de mais pesquisa. Fomos ao laboratório para observar nossas plantas: E o espaço? Como voltar a ele? Nossa luneta ainda estava na sala e fizemos algumas experiências de observação de nosso espaço, a escola.

4 O Geoatlas foi uma descoberta! Aprendemos a ler um outro tipo de texto : hemisférios, continentes, países, cidades, distâncias e viagens. Este estudo suscitou a necessidade de conhecer os pontos cardeais e colaterais, a bússola, as legendas e escala, diferenças entre mapa físico e político, enfim, começar a construir um repertório para entender o espaço geográfico. Recebemos, então, um presente inesperado. Natália nos trouxe uma coleção maravilhosa de deuses egípcios composta de textos informativos e delicadas esculturas. Quando apresentei para as crianças, foi mágico. Todos queriam saber quem eram esses deuses, o que significavam os objetos que usavam, o que faziam. A pesquisa começou e a ideia de fazermos um museu cresceu e se concretizou. As crianças de outras turmas vieram e compartilharam os livros, as explicações e as novas informações. Enquanto este movimento acontecia no grupo, não descuidamos dos aspectos mais formais e essenciais à escrita e compreensão de textos. Tenho procurado mostrar às crianças que tudo tem uma linguagem específica e devemos nos apropriar dela para poder conhecer o mundo. O que falamos é diferente do que escrevemos, há regras para se fazer um texto ou um registro, ou ainda contar uma história. Apesar de não darmos ênfase nesta fase à

5 gramática normativa, as regras gramaticais têm que ser apropriadas pelas crianças no texto, na prática, na releitura e reescrita. O texto que escrevo tem uma finalidade: ele deve ser compreendido por todos e dar seu recado. Assim como a oralidade, peço sempre que narrem fatos que sejam do interesse de todo o grupo, ou que vão contribuir para ampliar nossas experiências. E para tanto precisamos conhecer as regras de pontuação, o uso de maiúscula (os substantivos próprios são escritos em letras maiúsculas), a segmentação da palavra, retomando a separação de sílabas, a ordem alfabética e o uso do dicionário, desta vez observando outros elementos contidos nas definições das palavras de nossa língua. Aplicar as regras de concordância verbal e nominal, tanto na escrita quanto na linguagem oral. E, por falar em leitura, o livro Ei, tem alguém aí, de Jostein Garder mais uma vez provou ser uma fruição e uma descoberta. Pelas observações que fizeram percebi um início de pensamento reflexivo, um amadurecimento das ideias a respeito do mundo e de si mesmos e uma disposição para compreender outros conteúdos e ideias. Quanto mais mediarmos as experiências de leitura das crianças, mais as incentivaremos a valorizá-la como fonte de informação. As imagens falam por si!

6 E a matemática? Outra linguagem com seus símbolos próprios e com desafios novos. Quando os números na casa dos milhares aparecem, surgem as hesitações, por força da não consolidação dos conceitos. Precisamos voltar ao início, rever as ideias envolvidas nos algoritmos e criar novas formas de compreensão. Isso acontece, principalmente na multiplicação retangular. O objetivo principal foi compreender o conceito de multiplicação (fundamental para o conceito e operação de divisão), mas outras habilidades permearam as atividades: organização no espaço, uso correto da régua, cálculo mental. Estimativas, cálculo mental, escritas pictóricas dos problemas, todos os recursos são bem-vindos para facilitar a compreensão dos conceitos. Tenho proposto problemas e desafios variados no intuito de mostrar que existe um caminho lógico na resolução dos mesmos e ele deve ser percorrido sem que se pergunte a priori: que conta eu faço?. O caminho é individual e a socialização das respostas das crianças garante a demonstração das estratégias e a compreensão de que se pode chegar de várias maneiras à resposta. Percebo um interesse grande da maioria das crianças pela matemática e tenho buscado atender a esse interesse com atividades desafiadoras.

7 Este ano temos nos enriquecido muito com as visitas que recebemos: tio de Nara, que nos ensinou a história da origem dos ovos pintados na Ucrânia; pai de Noa, que nos trouxe um pouco da cultura judaica, Ludmila que nos ajudou a compreender os movimentos dos planetas em torno do sol. A História como disciplina também nos exige uma linguagem própria. Antes dela, conceitos importantes para compreender tempo e espaço e as modificações que ocorrem. Nosso estudo visa a compreensão da história de nossa cidade, Campinas, mas antes disso temos que nos apropriar de habilidades e competências necessárias. Perceber a passagem de um tempo muito longo é difícil. A linha do tempo da família, feita a partir das informações que trouxeram sobre datas e locais de nascimento de pais e avós, permitiu a constatação de hábitos de vida e sociedade que se modificaram através do tempo: roupas, carros, até as guerras que aconteceram neste período foram objeto de nossa Linha do Tempo.

8 E a luneta? Finalmente conseguimos fazer uma capa apropriada para as crianças poderem levar para casa e observar o céu noturno. Voltamos ao assunto assistindo a um vídeo sobre a formação do planeta Terra. Quantas perguntas, quantos desafios! Novamente chamei Cida para nos ajudar a entender com segurança o porquê da existência da vida neste planeta. Começando pelo Big Bang até chegar aos átomos e moléculas da Terra recém-nascida. As circunstâncias que propiciaram a formação de gases próprios para a vida e onde ela começou. A visita ao Museu Dinâmico de Ciências completou o projeto. Fomos apresentados ao relógio de sol, ao pêndulo e suas propriedades, ao eixo inclinado da Terra, aos gráficos de umidade em vários lugares do planeta, entre outros. Neste momento estávamos prontos para organizar nossa pesquisa e apresentação do portfólio do semestre. Combinamos os temas, as formas de apresentação, as informações mais importantes a respeito do Sistema Solar. Paralelamente à Matemática começamos a estudar proporcionalidade a partir de uma constatação sobre o tamanho e relação entre o Sol e os planetas. Números astronômicos, distâncias impossíveis de serem imaginadas, mitos e lendas que cercam as curiosidades humanas sobre o espaço sideral! Quanto trabalho tivemos para apresentar a vocês, pais, o fruto deste semestre cheio de desafios e descobertas! Estamos prontos para o próximo semestre, para mais uma etapa do nosso crescimento, com disposição, dedicação e muita discussão!