O ENSINO DA LEITURA EM ESPANHOL: RELATO DE UM PROJETO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS
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- Estela de Carvalho Vilalobos
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1 O ENSINO DA LEITURA EM ESPANHOL: RELATO DE UM PROJETO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS Gabrill Olivira Rodrigus Grad-Univrsidad Fdral Fluminns Luciana Maria Almida d Fritas Univrsidad Fdral Fluminns Est trabalho aprsnta um projto pdagógico d oficina d litura m língua strangira Espanhol, aplicada nas três séris do Ensino Médio no Instituto d Educação Prof. Ismal Coutinho (IEPIC), scola da Rd Estadual do Rio d Janiro, localizada no municíoio d Nitrói, qu é convniada campo d stágio para os licnciandos da Univrsidad Fdral Fluminns. A oficina dsnvolvida dsd 2008 intgra o projto Espaços pdagógicos formativos: a formação d profssors m articulação com as scolas públicas, contmplado três vzs conscutivas com o Edital Prodocência da Caps/EB. As aulas são dsnvolvidas aplicadas por licnciandos m Ltras (Português- Espanhol), bolsistas d Iniciação à Docência, sob orintação d profssors da Prática d Ensino d Ltras da Faculdad d Educação 1. Sus objtivos são propiciar mais um campo para a construção crítica ativa d xpriência d stágio curricular, aprimorar a comptência litora dos alunos do Ensino Médio das scolas rd pública convniada, lvar os alunos a s rconhcrm como co-construtors d sntido dsnvolvr sua capacidad d litura crítica m divrsas línguas, inclusiv a matrna. O foco do projto stá na litura, d divrsos gênros tmas, concbida como construção d sntido mio para o dsnvolvimnto da autonomia crítica do aluno. Os Parâmtros Curriculars Nacionais Língua Estrangira (1998) apontam para a inviabilidad do nsino das quatro habilidads comunicativas (comprnsão 1 Dayala Paiva d Mdiros Vargns Luciana Maria Almida d Fritas (spanhol) Ricardo Luiz Tixira d Almida (inglês). I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
2 produção oral scrita), considrando a ralidad da maioria das scolas brasiliras. Dst modo, sugrm o foco no dsnvolvimnto da comprnsão litora, justificávl pla xigência d tal habilidad m xams formais m língua strangira pla contribuição qu aporta ao ltramnto do aluno. Com xcção da situação spcífica d algumas rgiõs turísticas ou d algumas rgiõs plurilíngus, o uso d uma língua strangira parc star, m gral, mais vinculado à litura d litratura técnica ou d lazr. Not-s também qu os únicos xams formais m Língua Estrangira (vstibular admissão a cursos d pósgraduação) rqurm o domínio da habilidad d litura. Portanto, a litura atnd, por um lado, às ncssidads da ducação formal,, por outro, é a habilidad qu o aluno pod usar m su contxto social imdiato. Além disso, a aprndizagm d litura m Língua Estrangira pod ajudar o dsnvolvimnto intgral do ltramnto do aluno. A litura tm função primordial na scola aprndr a lr m outra língua pod colaborar no dsmpnho do aluno como litor m sua língua matrna. (...) Assim, o foco na litura pod sr justificado pla função social das línguas strangiras no país também plos objtivos ralizávis tndo m vista as condiçõs xistnts [na maioria das scolas brasiliras]. (BRASIL/SEB,1998, p ) Fundamntado nssa prspctiva, o projto basia-s na prática da litura m língua strangira ntndida como o aprimoramnto d capacidad do aprndiz d construir sntido a partir do txto, ralizando infrências alcançando a comprnsão global do txto. Prtnd-s, ainda, qu o aluno, ao lidar com os difrnts gênros discursivos, sja capaz d rconhcr sus distintos lmntos, idntificando-as a partir d sua função social. No qu tang aos tmas transvrsais, spra-s qu o aluno adquira consciência crítica qu auxili ftivamnt su posicionamnto na socidad. Isso significa qu, partindo d uma visão sociointracional d litura (MOITA LOPES, 1998), assumimos o txto o ato d lr como uma construção social. Difrnt d uma concpção gral, lr m língua strangira não é tão difícil, como xplica Frnándz (1991),. Torna-s dispnsávl um xclnt domínio do vocabulário ou da gramática, isto é, a comptência linguística não é imprscindívl. E, ainda, há a vantagm d dslocar-s na litura, rtrocdndo ou avançando, conform a ncssidad. Sgundo sta autora, é fundamntal a comptência discursiva para lr, ou comptência litora, qu s constitui por alguns conhcimntos stratégias, a sabr: i. conhcimntos prévios xpriência sociocultural; ii. stratégias pssoais d litura aprndizagm; iii. comptência discursiva na língua matrna na nova língua, principalmnt m rlação à familiaridad com o gênro o tipo txtual, o qu favorc o rconhcimnto da strutura, capacidad d rconstruir o sntido à I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
3 mdida qu a litura avança a apropriação dos lmntos linguísticos qu colaboram para a corência fazm progrdir o discurso. Albuqurqu, Jungr y Santos (2000) concordam qu sabr lr não implica somnt o domínio d vocabulário ou d rgras gramaticais. Expõm, ainda, um pnsamnto frqunt no qu s rfr à litura: num primiro momnto, pod sr associada à tarfa d dcifrar signos, palavras frass, mas rchaçam tal concpção, pois a idntificação do significado d um vocábulo isolado não constitui litura, snão dcodificação. Sgundo ssa concpção tórica d litura, a ascndnt, os txtos são (...) utilizados como um prtxto para o nsino d gramática vocabulário, com isso, os procssos cognitivos do litor suas contribuiçõs para a comprnsão txtual são, nst momnto, compltamnt ignorados. (LOBIANCO, 1997, p. 76) Entndmos qu a litura s dá a partir da intração ntr o litor, utilizando sus conhcimntos sistêmicos, txtuais d mundo (LOBIANCO, 1997; MOITA LOPES, 1996), o txto. Tais procdimntos abrangm difrnts atividads, ntr las a busca pla conxão discursiva, por mio da anális dos rcursos lingüísticos, aprovitamnto da prvisibilidad strutural do discurso utilização d infrências. Nst modlo, dv-s abarcar a bidircionalidad do fluxo da informação dos procdimntos d intrprtação, uma vz qu a atividad d litura é um procsso ntr litor autor, buscando a construção do significado. Para o trabalho m sala d aula, optamos plo nsino d litura basado m um procdimnto qu conta com as sguints tapas: pré-litura, litura suprficial profunda pós-litura (MOITA LOPES, 1996; LOBIANCO, 1997) A pré-litura consist na aprsntação do txto visa à ativação do conhcimnto prévio do aluno sobr o assunto, ainda, ao lvantamnto d hipótss sobr o assunto do txto a sr trabalhado. Nsta fas, o profssor dv lvar os alunos a rconhcrm o tipo d txto a sr lido, bm como sua função dstinatários, além d stablcr os objtivos da atividad. A sguir, há a litura suprficial, na qual spra-s qu o aluno vrfiqu ou rformul as hipótss sugridas durant a pré-litura, admais d obtr uma comprnsão gral do txto. Na litura profunda, o aluno dv dmonstrar uma comprnsão dtalhada do msmo. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
4 A fas final da atividad, a pós-litura, dfin-s pla proposição d qustõs qu stimulm discussõs m sala. Nsta fas, os alunos dvm avaliar o txto trabalhado, aprsntando suas opiniõs criticando-o /ou comparando-o com outros txtos lidos. Esta fas prtnd dar conta do tmas transvrsais (PCN-LE, 1998) contribuir para a formação d cidadãos, tndo m vista qu a consciência crítica m rlação à linguagm possibilita o surgimnto d novas práticas sociais por mio da criação d spaços na scola para construção d contra-discursos (PCN-LE, 1998, p. 47). A partir dsss prssupostos tórico-mtodológicos, os licnciandos constrom o matrial qu aplicarão nas oficinas. Como xmplo do trabalho ralizado, aprsnta-s a sguir uma atividad utilizada m uma das aulas iniciais da oficina: Acoso scolar o Bullying El acoso scolar amnaza a casi un 2% d los niños spañols Bullying s una palabra inglsa qu significa intimidación. Inflizmnt, s una palabra qu stá d moda dbido a los innúmros casos d prscución y d agrsions qu s stán dtctando n las sculas y colgios, y qu stán llvando a muchos scolars a vivir situacions vrdadramnt atrradoras. El Bullying s rfir a todas las formas d actituds agrsivas, intncionadas y rptidas, qu ocurrn sin motivación vidnt, adoptadas por uno o más studiants contra otro u otros. El qu jrc l bullying lo hac para imponr su podr sobr l otro, a través d constants amnazas, insultos, agrsions, vjacions, tc., y así tnrlo bajo su complto dominio a lo largo d mss incluso años. La víctima sufr calada n la mayoría d los casos. El maltrato intimidatorio l hará sntir dolor, angustia, mido, a tal punto qu, n algunos casos, pud llvarl a conscuncias dvastadoras como l suicidio. Casos concrtos d bullying En España s stima qu un 1,6% d los niños y jóvns studiants sufrn por st fnómno d manra constant y qu un 5,7% lo viv sporádicamnt. Los datos varían n función d la funt d la qu procdan y dl nfoqu manjado a la hora d studiar l fnómno. Una ncusta dl Instituto d la Juvntud (INJUVE) lva l porcntaj d víctimas d violncia física o psicológica habitual a un 3% d los alumnos. Y afirma qu un I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
5 16% d los niños y jóvns ncustados rconoc qu ha participado n xclusions d compañros o n agrsions psicológicas. El Dfnsor dl Publo sñala qu n 5% d los alumnos rconoc qu algún compañro l pga, mintras l Instituto d Evaluación y Assoraminto Educativo (IDEA) indica qu un 49% d los studiants dic sr insultado o criticado n l colgio, y qu un 13,4% confisa habr pgado a sus compañros. Libr, libr. Mis ojos sguirán aunqu parn mis pis. Estas furon algunas d las últimas palabras qu djó scritas Jokin Zbrio, d 14 años, ants d suicidars, tirándos al vacío con su biciclta, dsd lo alto d la muralla d Hondarribia, España, n sptimbr d Jokin vnía sufrindo l acoso d sus colgas dsd hacía años. Las continuas amnazas, humillacions, insultos, golps, palizas, lo hiciron sufrir y lo llvaron a la murt. El hcho hizo sonar la alarma social, política y ducativa, y ha gnrado múltipls dbats. Pro, lamntablmnt, no frnaron l fnómno. Los casos d bullying afloran y cada día nos prcatamos qu no son rcints ni raros. Font: Pré-litura 1) O dsnho mostra um rosto infantil trist. Qual dv sr o assunto tratado no txto? Dircionar a litura para o tma m qustão (crianças adolscnts sndo vítimas d abusos). 2) Você sab o qu é bullying? Pssoal. Litura suprficial 1) Transcrva o fragmnto qu xplica a motivação para a prática do bullying a forma como ocorr. El qu jrc l bullying lo hac para imponr su podr sobr l otro, a través d constants amnazas, insultos, agrsions, vjacions, tc., y así tnrlo bajo su complto dominio a lo largo d mss incluso años. 2) Rlacion: (1) 1,6% (2) 5,7% (3) 3% (4) 16% (5) 5% (6) 49% (7) 13,4% (3) São vítimas d violência física ou psicológica frquntmnt. (5) Admitm srm maltratados (Dfnsor dl Publo). (1) Crianças jovns sofrm bullyng constantmnt (7) Admitm tr maltratado colgas. (4) Crianças jovns psquisados admitm participação na prática do bullying. (6) Admitm sr insultado ou criticado (IDEA) I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
6 (2) Crianças jovns sofrm bullyng sporadicamnt. Litura profunda 1) Dpois d lr o txto, o qu você ntndu sr o bullying? Qu são formas d agrssõs intncionadas rptidas qu são fitas por um ou mais d um studant contra outro. É uma forma d imposição sobr o outro através d amaças, agrssõs, xingamntos, tc. 2) O qu o bullying pod causar, a xmplo do caso d Jokin Zbrio? O bullying causa mdo, dor, angustia pod causar até a mort, como s pod prcbr plo caso d Jokin Zbrio, vítima do bullying, qu s suicidou. Pós-litura 1) Você já foi vítima d bullying ou conhc alguém qu tnha sido? Pssoal. 2) Você acha qu o praticant d bullying tm idéia dos danos físicos psicológicos qu pod star causando no outro? Pssoal. 3) O qu você pnsa sobr o bullying? Pssoal. 4) Em sua opinião, o qu a scola pod fazr para acabar com ss problma? Os pais podm ajudar a rsolvê-lo? Como? Pssoal. Esta atividad tm como bas um txto qu vrsa sobr um assunto atual, prsnt na ralidad dos alunos. A atividad d pré-litura comça ants qu ls liam o txto, com prguntas sobr o assunto a sr tratado. Sgu, ntão, uma primira litura as qustõs d litura suprficial, qu objtivam a localização d informaçõs pontuais no txto. Dpois, uma litura mais dtalhada propõ-s a litura profunda, qu pd uma comprnsão global do txto. Ao final, as qustõs d pós-litura rlacionam o tma tratado à ralidad do aluno, fazndo com qu haja uma rflxão um posicionamnto crítico por part do aprndiz. As atividads dsprtam o intrss dos alunos, uma vz qu são slcionados tmas qu façam part d su cotidiano. Espcificamnt no xmplo aprsntado, os alunos mostraram curiosidad sobr o txto, o qu facilitou o procsso intrativo. O projto Oficina d Litura m Língua Estragira tm possibilitado um aprimoramnto da formação docnt inicial dos licnciandos d Ltras (habilitaçõs I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
7 Português-Inglês Português-Espanhol), com ênfas nos procdimntos ligados ao nsino d litura, o dsnvolvimnto da comptência discursiva crítica dos alunos da unidad d nsino parcira. Além disso, tm viabilizado a laboração d matrial d nsino d litura m inglês spanhol, contndo gênros discursivos variados atividads voltadas não apnas para o nsino dos códigos lingüísticos, mas principalmnt para o nsino das stratégias d litura m qualqur língua, incluindo a matrna REFERÊNCIAS: BRASIL/SEB (1998): Parâmtros Curriculars Nacionais: trciro quarto ciclos do Ensino Fundamntal Língua strangira. Brasília: Scrtaria d Educação Fundamntal/ MEC. FERNÁNDEZ, Sonsols (1991): Comptncia lctora o la capacidad d hacrs con l mnsaj d un txto. Em: Rvista Cabl. Nº 7, Disponívl m: Acssado m 30/04/2008. ALBIQUERQUE, A.E.D.; JUNGER, C.S.V.; SANTOS, A.C, (2000): Lctura intractiva n class d E/LE. Em: Rvista Hispanista, vil. I, nº 3, out-nov-dz. LOBIANCO, Márcia (1997): Ensinando litura na sala d aula d inglês: toria prática. Em: TADDEI, E. (Ed) Prspctivas: O Ensino da Língua Estrangira. Rio d Janiro: SME. MOITA LOPES, Luiz Paulo (1996): Oficina d Linguística Aplicada. Campinas: Mrcado das Ltras. QUINTANA, Hilda. La nsñanza por comprnsión lctora. Disponívl m: Acssado m 05/05/2008. I CIPLOM: Foz do Iguaçu - Brasil, d 19 a 22 d outubro d 2010 ISSN p
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