Mercados e Políticas Agrícolas
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- Sabrina Candal
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1 Mercados e Políticas Agrícolas Aula 7: Evolução das preferências dos consumidores em relação aos bens alimentares
2 Características dos consumidores que condicionam a sua escolha de bens alimentares Físicas Psicológicas Sociais Culturais Disponibilidade de recursos
3 Fatores físicos Saúde Idade Género Condição física
4 Fatores psicológicos Avaliação das características organoléticas (sabor, aroma, textura, ) Estado de espírito Experiências de consumo anteriores
5 Fatores sociais Família Pressão de grupo Ocasião Moda e publicidade Estilo de vida
6 Disponibilidade de recursos Acesso à informação Tempo para obter e confecionar os alimentos Conhecimento e habilidade Rendimento
7 Atributos dos alimentos valorizados pelos consumidores sabor e outras características sensoriais Atributos de busca Atributos de experiência valor nutritivo Atributos de confiança Muitos Nelson (1970, 1974); Darby e Karni (1973); Sloof outros et al. (1996); Becker (2000)
8 Atributos de busca Podem ser aferidos diretamente pelo consumidor no momento da compra Incluem, entre outros, o aspeto, o cheiro, a marca, o preço e o local de venda.
9 Atributos de experiência Só são conhecidos pelo consumidor no momento da utilização ou consumo do bem. São exemplos a textura, o sabor e a perecibilidade
10 Atributos de confiança Embora de grande importância, não podem ser diretamente avaliados pelo consumidor no momento de compra ou de consumo. São menos evidentes e envolvem um elevado grau de incerteza na perspetiva dos consumidores, pelo que têm que ser comunicados (rotulagem, certificação). Podem referir-se como exemplos o teor em gordura, o valor energético, a origem geográfica e o modo de produção.
11 Tendências do consumo alimentar
12 Fatores condicionantes da evolução dos hábitos alimentares no mundo Mobilidade social Aumento do consumo de carne Fast-food Urbanização Alimentos pré-processados Dieta pouco diversificada Envelhecimento demográfico Dietas condicionadas
13 Tendências de consumo na cadeia agroalimentar na Europa 1) SAÚDE Maior consciência dos consumidores relativamente à ligação entre alimentos e saúde, o que favorece a procura por alimentos saudáveis, reforçada pelo envelhecimento da população e pelo aumento de doenças relacionadas com os hábitos alimentares Segurança alimentar Alimentos funcionais Dietas vegetarianas
14 Tendências de consumo na cadeia agroalimentar na Europa 2) CONVENIÊNCIA Conveniência no contexto dos bens alimentares pode ser definido em termos de redução em tempo e esforço (mental e físico) gasto para adquirir, armazenar e consumir alimentos. A conveniência é um dos atributos a que os consumidores têm vindo a dar cada vez maior importância, desde que não comprometa características como a frescura Produtos compostos Pronto-a-comer
15 Tendências de consumo na cadeia 3) Hedonismo agroalimentar na Europa O consumo de produtos associados ao prazer de comer continua a atrair cada vez mais consumidores Sofisticação Autenticidade Origem
16 Valor das vendas de produtos com DOP e IGP na EU 27 ( ) Fonte: European Comission, Agriculture and Rural Development
17 Tendências de consumo na cadeia agroalimentar na Europa 4) SUSTENTABILIDADE A responsabilidade social e ambiental dos consumidores tem-se tornado uma tendência cada vez mais visível Alimentos biológicos Canais de distribuição curtos Movimentos como o Slow Food Iniciativas verdes da grande distribuição
18 10 9 euro Evolução do volume de vendas de produtos biológicos na Europa (10 9 euros) ,52 30, ,1 13,5 15, ,2 19,6 21,5 22,8 24,3 26, Fonte:
19 Como avaliar as preferências dos consumidores? Avaliação da disposição dos consumidores a pagar por diferentes atributos dos alimentos, através de dois grupos de métodos: Preferências declaradas mercados hipotéticos Preferências observadas mercados reais
20 Preferências reveladas Os dados traduzem as decisões dos indivíduos em situações que tiveram consequências económicas efetivas. Têm aplicação quando existe um mercado competitivo no qual os preços de equilíbrio podem ser usados para aferir a disposição dos consumidores a pagar por diferentes bens e por diferentes atributos desses bens. Técnicas utilizadas: inquéritos, nos quais os consumidores são questionados sobre decisões anteriores; técnicas de observação; dados secundários relativos a preços e quantidades; leilões experimentais.
21 Preferências declaradas Os indivíduos são inquiridos relativamente à decisão que tomariam se uma dada situação hipotética fosse real. Técnicas utilizadas: inquéritos a especialistas, avaliação contingente; experiências de escolha discreta (choice experiments).
22 Preferências reveladas Vantagens: Traduzem as decisões dos consumidores em contextos reais. Desvantagens: Não permitem a observação de algumas variáveis que podem ser determinantes para a explicação da disposição a pagar Só poderem ser aplicados a bens efetivamente transacionados no mercado (com exceção dos leilões experimentais)
23 Preferências declaradas Vantagens: Flexibilidade a avaliação pode ser feita relativamente a qualquer bem, mesmo quando não existe um preço de mercado que traduza a sua verdadeira escassez Abrangência permite a participação de um número de inquiridos superior ao que acontece nos leilões experimentais Desvantagens: Os indivíduos são colocados em situações hipotéticas e não se sentem vinculados às suas respostas; não é claro que os indivíduos, num cenário deste tipo, declarem as suas verdadeiras preferências
24 Classificação dos métodos de determinação da Disposição a Pagar Determinação da Disposição a Pagar Preferências Reveladas Preferências Declaradas Informação dos mercados reais Leilões Experimentais Inquéritos Diretos Inquéritos Indiretos Experiências de laboratório Inquéritos a especialistas Análise conjunta Experiências em contexto de "loja" Avaliação contingente Escolha discreta
25 Classificação dos métodos de determinação da Disposição a Pagar Determinação da Disposição a Pagar Preferências Reveladas Preferências Declaradas Informação dos mercados reais Leilões Experimentais Inquéritos Diretos Inquéritos Indiretos Experiências de laboratório Inquéritos a especialistas Análise conjunta Experiências em contexto de "loja" Avaliação contingente Escolha discreta
26 Preferências declaradas - técnicas Avaliação contingente É solicitado aos participantes que atribuam um valor a um determinado bem. Os inquiridos são postos perante um cenário hipotético que têm de avaliar, pressupondo-se que agem de uma forma idêntica à que adotariam num mercado real. São-lhes colocadas questões com o objetivo de determinar em quanto avaliariam um bem ou serviço se confrontados com a oportunidade de dele usufruírem em determinadas condições.
27 Preferências declaradas - técnicas Avaliação contingente Formato aberto Consiste em perguntar ao participante qual o valor máximo que estaria disposto a pagar para usufruir de um bem ou serviço. A resposta fornece um valor exato da disposição a pagar declarada por cada indivíduo.
28 Preferências declaradas - técnicas Avaliação contingente Referendo Consiste em perguntar ao participante se está ou não disposto a pagar um determinado valor pelo bem Estaria disposto a pagar x? Sim/Não
29 Preferências declaradas - técnicas Avaliação contingente Formato dicotómico Pergunta-se ao participante se compraria ou não o produto a um dado preço. O valor apresentado vai subindo (descendo) enquanto o participante responder afirmativamente (negativamente). O último nível de preço que conduzir a uma resposta afirmativa representa a disposição do consumidor a pagar pelo bem. Estaria disposto a pagar x? Sim/Não Se sim, estaria disposto a pagar y (Y>x)? Sim/Não
30 Preferências declaradas Avaliação contingente Dificuldades de aplicação Os participantes no estudo têm que querer e ser capazes de revelar a sua disposição a pagar. Mas: Pouco incentivo para levar a sério o processo de avaliação; Pouca experiência em expressar as suas preferências em termos monetários; Respostas estratégicas;
31 Preferências declaradas - técnicas Experiências de escolha discreta Os indivíduos são convidados a declarar a sua preferência entre duas alternativas hipotéticas, onde cada alternativa é descrita por um conjunto de atributos, incluindo o preço.
32 Fotografia: Jorge Moreira
33 Experiências de escolha discreta (exemplo) Assinale a sua opção preferida Cenário 1 Cenário 2 Maçã1 Maçã2 Maçã 1 Maçã 2 Polpa Rija Mole Sabor Ácida Doce Cor Amarela Verde Tamanho Média Média Polpa Rija Mole Sabor Doce Ácida Cor Verde Amarela Tamanho Pequena Grande Origem Variedade tradicional produzida em Portugal Variedade estrangeira produzida em Portugal Origem Variedade estrangeira produzida em Portugal Variedade tradicional produzida em Portugal Preço /kg A sua escolha Preço /kg A sua escolha
34 Preferências declaradas Experiências de escolha discreta Vantagens face à Avaliação Contingente Maior aproximação a uma situação de compra real porque os consumidores são confrontados com escolhas entre produtos alternativos como acontece nos mercados reais Maior aderência à teoria económica (Teoria da Utilidade Esperada; Teoria do Consumidor de Lancaster) Dificulta o comportamento estratégico Adapta-se bem a inquirição on-line
35 Preferências reveladas - técnicas Leilões experimentais São mecanismos incentivo-compatíveis. i.e. utilizam incentivos reais para que os participantes revelem a sua verdadeira disposição a pagar. Cada participante licita um valor de compra para um dado produto, tendo a obrigação de o adquirir se se verificarem certas condições préestabelecidas.
36 Preferências reveladas - técnicas Leilões experimentais Leilão de Vickrey ou do segundo preço São recrutadas 10 a 20 pessoas para participarem em cada sessão. Para um dado produto, cada participante submete uma licitação sem o conhecimento das licitações dos restantes participantes. No final, o participante que apresentou a licitação mais elevada tem que adquirir o bem, embora a um preço igual à segunda maior licitação.
37 Preferências reveladas - técnicas Leilões experimentais Leilão de Becker-DeGroot-Marschak (BDM) A cada participante, isoladamente, é solicitado que licite a sua disposição a pagar. De seguida é extraído um valor aleatório que funciona como preço de mercado; caso o valor extraído seja inferior ao valor da disposição a pagar declarado, o participante é adquire o produto pelo valor extraído Neste tipo de leilão não há a necessidade de juntar vários participantes ao mesmo tempo numa sala. A participação pode ser individual; melhor adaptado a experiências realizadas em contexto de loja.
38 Determinação do preço (leilão BDM) exemplo prático de aplicação Fotografia: Jorge Moreira
39 Laboratórios de economia experimental olseawersubf.hyperphp.com
40 Experiências em contexto de loja Fotografia: Jorge Moreira
41 Experiências laboratoriais vs. experiências em loja Vantagens das experiências em loja Seleção dos participantes permite alcançar mais facilmente a população relevante, os compradores reduz o potencial enviesamento da amostra envolve menor inconveniente para os participantes. Riqueza do contexto - os participantes são inquiridos num espaço físico onde estão predispostos a tomar decisões de consumo Redução de custos - normalmente não envolve um pagamento aos participantes como forma de os compensar pela inconveniência
42 Experiências em laboratório vs. Desvantagens das experiências em loja experiências em loja Maior simplicidade do delineamento e menor controlo sobre a experiência porque, regra geral, os participantes têm menos tempo e atenção para dispensar à experiência quando situados num contexto real de compra.
43 Etapas de aplicação das experiências Informação e consentimento Eliciação da disposição a pagar, eventualmente precedida de prova Questionário: hábitos de consumo características sociodemográficas
44 Etapas de aplicação das experiências Informação e consentimento Eliciação da disposição a pagar, eventualmente precedida de prova Questionário: hábitos de consumo características sociodemográficas
45 Tipos de resultados obtidos através das metodologias avaliação da disposição a pagar Estatísticas descritivas (DAP média; desvio padrão; correlações, ) Estimação de curvas da procura Estimação da contribuição de determinados atributos do produto para a formação do valor total da disposição a pagar dos indivíduos.
46 Disposição a pagar em euros Curvas da procura Nº participantes Se a amostra usada no estudo for representativa, as curvas da procura podem ser extrapoladas para a população em geral
47 Determinação da contribuição de diversos fatores para a disposição a pagar Modelo Variáveis WTPij Disposição a pagar pela variedade I ORGnij avaliação de um conjunto de caterísticas organoléticas que inclui o aspeto, a textura, o sabor, o aroma VAR ri - caraterísticas das variedades que não estão dependentes da avaliação dos inquiridos, tais como a origem da variedade; o perigo de extinção e modo de produção SOCsj características dos inquiridos e das seus agregados familiares (idade, género, nível de escolaridade local de residência, rendimento) Exemplo retirado de Dinis et al. (2011)
48 Exemplo de resultados de um modelo de preços hedónicos Random Effects Fixed Effects OLS Variables Coefficient p > z Coefficient p > z Coefficient p > z App Text Taste Smell Port LR Org Ext Res Rural Gend Age Edhigh Eduniv Nhouse Inc Inc Inc Constant
49 Comparação entre métodos de avaliação da DAP Avaliação Experiências Leilões contingente de escolha Fundamentação na teoria x xxx x económica Mecanismo incentivocompatível 0 0 xxx Flexibilidade xxx xxx x Alcance xx xxx x Necessidade de prova xx x xxx sensorial Simplicidade estatística xxx x xx Possibilidade de extrapolação xxx xxx xx 0 não se aplica; X - verifica-se com pouca relevância; XX verificase com alguma relevância; XXX verifica-se com muita relevância
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