ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho. VISTOS, relatados e discutidos os presentes

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1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO MANDADO DE SEGURANÇA n /001 RELATOR: Des. Genésio Gomes Pereira Filho IMPETRANTE: Marcos Felix da Silva Junior ADVOGADO: Aleksandro de Almeida Cavalcante IMPETRADO: Exmo. Sr. Secretário da Receita do Estado da Paraíba, Nailton Rodrigues Ramalho CONSTITUCIONAL - TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO - Mandado de segurança. Tributário. Isenção. ICMS. Deficiência física. Aquisição de veículo para suas necessidades especiais. Necessidades especiais satisfatoriamente comprovadas. Concessão de isenção do ICMS já efetivada em situação anterior - Reconhecidamente portador de deficiência atestado pelo próprio Estado - Configurada a incapacidade do autor em dirigir veículo automotor convencional - Irrelevância. Respeito ao princípio da isonomia. Concessão. - O portador de enfermidade faz jus à isenção do ICMS na aquisição de veículo automotor. - Restando demonstrado os requisitos exigidos pela lei para a concessão de isenção do ICMS, não há como negar ao impetrante o direito a tal benefício fiscal. autos. VISTOS, relatados e discutidos os presentes ACORDAM os integrantes do Tribunal Pleno do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, conceder a

2 egurança pleiteada, nos termos do voto do relator e da certidão de julgamento de ti. 91. RELATÓRIO Cuida-se de Mandado de Segurança com pedido de liminar(fis. 02/18) interposto por Marcos Félix da Silva Junior em face de ato que considerou ilegal praticado pelo EXMO. SECRETÁRIO DA RECEITA DO ESTADO DA PARAIBA que indeferiu o pedido de isenção do 1CMS para compra de veículo automotor. Em suas razões, assevera que é portador de deficiência física (discopatia degenerativa e hérnia discai com diminuição da amplitude do canal vertebral L5/S1), além de parestesias na perna esquerda(cid: G57 e G55.1), encontrando-se incapacitado para dirigir veículo convencional, Aekcomprovado pelo laudo de n 2 502/2007(fls. 34) do DETRAN-PB e laudo de n 2 11/453/2010(fls. 36), tendo obtido na primeira ocasião isenção de referido imposto no Estado e, na Receita Federal obteve a isenção do IOF e Diz, que diante de sua deficiência solicitou junto a Secretaria do Estado da Receita da Paraíba a isenção do ICMS incidente na aquisição de veículo automotor, passados três anos da primeira aquisição onde foi concedida a isenção, no entanto, teve seu pleito indeferido por não figurar mais o CID do qual é portador no Decreto /09. Ao final, requer a concessão da segurança para que seja em definitivo autorizada a concessão da isênção do ICMS pela autoridade coatora na aquisição de veículo automotor novo. Liminar indeferida, conforme decisão de fls. Informações prestadas às fls. 74/81. A douta Procuradoria de Justiça manifestou no mérito deste mandado de segurança. (fls. 83/86). não se É o relatório. VOTO O cerne da questão gravita em torno da concessão de isenção de ICMS para a aquisição de veículo automotor novo para ser dirigido por motorista portador de deficiência física. No caso dos autos, diz o impetrante que foi indeferido o seu pedido de isenção feito administrativamente, tendo a Administração indeferido em razão de a CID que acomete o autor, não constar na lista de anexo do novo Decreto de 26 de maio de Diz, que o próprio

3 Estado já reconhecera, por meio de duas juntas médicas que o autor é deficienté físico tendo-lhe concedido alsbnção do ICMS e agora quer retroceder para cassar este direito já reconhecido, violando o seu direito liquido e certo de obter o referido benefício, em razão de preencher todos os requisitos exigidos pela norma legal. Assiste razão ao impetrante, sendo de fácil deslinde o caso. Compulsando-se os autos, vislumbra-se que à época do pedido administrativo feito pela impetrante, vigia e vige o atual Decreto n de 26 de maio de 2009, que disciplina acerca da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço (ICMS), o seguinte: -"Art. 1 - Ficam isentas do ICMS as saídas internas e interestaduais de veículo automotor novo com características específicas para ser dirigido por motorista portador de deficiência física. desde que as respectivas operações de saída sejam apuradas por isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, nos termos da legislação federal vigente: (...) 3 0 Para fruição da isenção de que trata este Decreto, o interessado deverá dirigir requerimento ao Secretário de EStado da Receita, instruído co.,n: Laudo de perícia médica fornecido pelo Departamento de Trânsito do Estado DETRAN, onde estiver domiciliado o interessado, que: a) ateste, de forma expressa, que o interessado é deficiente físico, capaz de dirigir; veículo automotor especialmente adaptado, especificando o tipo de deficiência física com o seu respectivo Código Internacional de Doença CID, desde que esteja relacionada no Anexo II deste Decreto". (Grifo nosso). Com efeito, diante do contexto probatório encartado ao caderno processual, infere-se que o impetrante acostou Laudo Pericial (fl. 36), concluindo que este se encontrava "APTO PARA DIRIGIR VEÍCULOS AUTOMOTORES CATEGORIA 'B' COM TRANSMISSÃO AUTOMATICA. INAPTA DEFINITIVAMENTE PARA DIRIGIR VEÍCULOS AUTOMOTORES CONVENCIONAIS. Colacionou aos autos, ainda, o Laudo Pericial de 2007(fls.34) e a autorização para aquisição de veiculo com isenção de IPI (fl. 38), onde demonstra a sinalização positiva pelo Fisco Federal quanto a isenção do IPI e a efetiva concessão da isenção do ICMS dada pelo Estado ao mesmo impetrante três anos atrás. Nessa ordem de idéias, tem-se que o impetrante

4 encontra-se amparado pelo disposto no ordenamento acima citado, uma vez que, consoante demonstrado nos autos, possui deficiência física, ou seja, é portador de "discopatia degenerativa e hérnia discai com diminuição da amplitude do canal vertebral L5/S1), além de parestesias na perna esquerda(cid: G57 e G55.1", não estando apto para dirigir veículos comuns. Não merece, assim, prosperar a alegação do Secretário da Receita Estadual da Paraíba quando aduz que o promovente não faz jus à concessão de tal benefício em razão de sua CID não constar na lista anexo, vez que a retirada de forma aleatória, (visto que a legislação anterior previa a pretendida isenção), quando comprovado que tem a autoridade deficiência física que o torne incapaz para o ato de dirigir, por si só, não retira a condição de deficiente físico ou a debilidade que acomete o impetrante, se mostrando assim ilegal e arbitrário o ato praticado pela autoridade impetrada. Neste sentido: MANDADO DE SEGURANÇA - DEFICIENTE FÍSICO - ISENÇÃO DE ICMS NA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO COM CÂMBIO AUTOMÁTICO DE FÁBRICA - EXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DIREITO SUBJETIVO A SER TUTELADO - SEGURANÇA CONCEDIDA - SENTENÇA CONFIRMADA, EM REEXAME NECESSÁRIO. 1. O Mandado de Segurança consubstancia remédio de natureza constitucional destinado a proteger direito líquido e certo contra ato ilegal ou abusivo de poder emanado de autoridade pública. Logo, se o conjunto probatório dos autos evidencia, de plano, a ocorrência desses fatos (é o caso), correta e legítima a concessão da ordem pleiteada. 2. "A isenção, como exceção ao princípio da igualdade fiscal, deve ser interpretada restritivamente, mas não pode ferir o princípio da isonomia. O objetivo da lei que criou a isenção foi excepcionar o tratamento dado aos deficientes físicos, reduzindo-lhes os ônus fiscais na aquisição de veículo automotor, como forma de compensação dos encargos com as adaptações necessárias ao seu manuseio pelo proprietário. Se o câmbio automático já vem, desde a fábrica, integrado ao veículo, o fato virá refletido no preço do automóvel, não podendo ser o deficiente penalizado por preferir adquirir o veículo já adaptado ao invés de adquirir um veículo comum, sem adaptações - e mandar adaptá-lo. O impetrante demonstrou,

5 aqui, sua total incapacidade para dirigir automóveis comuns 'e a sua habilitação para fazê-lo com veículos adaptados, preenchidos os demais requisitos legais, possuindo, portanto, direito líquido e certo ao benefício fiscal"". (TJMG- Relator Nepomuceno Silva /data do julgamento: 08/02/ data da publicação 07/03/2007) - "MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO. ICMS.. DEFICIÊNCIA FÍSICA. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR COM DIREÇÃO HIDRÁULICA. EQUIPAMENTO DE FÁBRICA. FALTA DE ESPECIAL ADAPTAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. CONCESSÃO. O portador de enfermidade faz jus à isenção do ICMS na aquisição de veículo automotor dotado de direção hidráulica se não pode dirigir veiculo sem este equipamento em razão de sua deficiência física. Sendo o referido equipamento indispensável para a pessoa enferma conduzir o veículo, é irrelevante tratar-se de opcional oferecido aos consumidores em geral que não foi especificamente adaptado para seu uso exclusivà. Recurso desprovido." (TT-RS, AC e RO N , 22. Câmara Cível, Rel. (a): Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em 21/10/2003). (Destaquei). Por outro lado, é de se esclarecer ainda, que o tato da adaptação ser realizada pela montadora, isto é; ser proveniente de fábrica, Wião deve ser considerada óbice para a incidência do ICMS, como justificou a autoridade coatora, uma vez que, através de uma interpretação teleológica da supracitada norma, tem-se que o objetivo primordial dessa isenção foi, justamente, excepcionalizar o tratamento dado aos deficientes físicos, possibilitando, em função de sua necessidade especial, a sua inclusão social, reduzindo-lhe os ônus fiscais, e, assim, facilitar a aquisição do veículo automotor adaptado especialmente às suas necessidades, os quais, em razão dessa adaptação, já são bem mais caros que os carros comuns, garantindo, dessa forma, por força do Principio da isonomia, a igualdade entre os cidadãos portadores de necessidade especiais com os que não as possuem. Outro não é o entendimento dos tribunais: "APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. ISENÇÃO DE ICMS. DEFICIÊNCIA FÍSICA. AQUISIÇÃO DE VEICULO AUTOMOTOR COM

6 DIREÇÃO HIDRÁULICA. EQUIPAMENTO DE FÁBRICA. FALTA DE ESPECIAL ADAPTAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. CONCESSÃO. I - Cabível mandado de segurança contra ato de cobrança de imposto, no caso o ICMS. II - O portador de enfermidade tem direito à isenção do ICMS -nwaquisição de veículo automotor dotado de direção hidráulica se não pode dirigir veículo sem este equipamento em razão de sua deficiência física. RECURSO DESPROVIDO, MANTIDA A SENTENÇA, EM REEXAME NECESSÁRIO." (AC e RO NI' , 22" Camara.Cível, TJ-RS, Rel. (a): Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 01/06/2005). (Grifado) O Superior Tribunal de Justiça, em acórdão p rof e ri d o no RMS n /PR, Relatar Min. Ari Pargendler, também se pronunciou acerca do assunto, reconhecendo o direito à isenção de ICMS na aquisição de veículo dotado de direção hidráulica, ao decidir que: "(...) não identificado pela legislação o que seja "o modelo comum", o intérprete deve se valer da noção que essa expressão tem no âmbito do mercado. (...) no Brasil, diversamente do que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, o carro sem direção hidráulica e com câmbio manual é o modelo comum. Consequentemente, provado que está impossibilitada "de utilizar o modelo comum", a Recorrente tem o direito de adquirir um veículo com direção hidráulica e câmbio automático/hidramático ou cuja alavanca manual tenha sido alterada, com isenção do Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços." (Segunda Turma, D.J ). Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA PLEITEADA, determinando que a autoridade coatora conceda a isenção fiscal pretendida pela impetrante. É como voto. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Leôncio Teixeira Câmara (Vice-Presidente), na eventual ausência do Excelentíssimo Senhor Desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos, Presidente. Relator: Excelentíssimo Senhor Des. Genésio Gomes Pereira Filho. Participaram ainda do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Des.Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti, Nilo Luis Ramalho Vieira

7 (Corregedor-Geral de Justiça), Manoel Soares Monteiro, Márcio Murilo da Cunha Ramos, José Di Lorenzo Serpa, Saulo Henriques de Sá e Benevides, Marcos Cavalcanti de Albuquerque, Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, João Alves da Silva, Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, José Ricardo Porto, Joás de Brito Pereira Filho e João Benedito da Silva. Ausentes, justificadamente, os Exmos. Srs. Desembargadores Maria das Neves do Egito de Araújo Duda Ferreira, Luiz Silvio Ramalho Júnior e Arnóbio Alves Teodásio. Presente à sessão o Excelentíssimo Senhor Doutor José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça, em substituição ao Excelentíssimo Senhor Doutor Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, Procurador-Geral de Justiça..Tribunal Pleno, Sala de Sessões "Des. Manoel Fonseca Xavier de Andrade" do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, no dia 11 de maio de Des. Gene o Gomes Pe Relator Fil o

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