PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <
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1 PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: < Efeito da época de colheita, armazenamento sobre a germinação de sementes de Pennisetum hybridum cv. Paraíso Valdinei Tadeu Paulino 1, Márcia Atauri Cardelli Lucena 2, Suleize Rocha Terra 3, Vanessa Cristina Duarte Oliveira 4 1 Instituto de Zootecnia, IZ-APTA, Nova Odessa-SP, Cx. Postal 60, CEP Instituto de Zootecnia, IZ-APTA, Nova Odessa-SP 3 Estudante da PUC, Campinas-SP, estagiária junto ao CPDNAP-IZ, Nova Odessa-SP 4 Estudante da UNIMEP, Piracicaba-SP, estagiária junto ao CPDNP-IZ, Nova Odessa-SP Resumo Com o objetivo de avaliar os efeitos de épocas de colheita, do armazenamento e da profundidade de semeadura no comportamento germinativo de Pennisetum hybridum cv. Paraíso foram estudadas diferentes épocas de colheita (30, 45, 60 e 90 dias após o inicio do florescimento), vários períodos de armazenamento (50, 70, 85 e 100 dias). O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, num esquema fatorial 4 x 2 (épocas de colheita x armazenamento). Os resultados mostraram que: a) as sementes do capim Paraíso germinaram logo após a colheita não apresentando qualquer
2 tipo de dormência; b) os maiores valores de germinação e valores culturais foram obtidos para sementes colhidas entre 75 e 90 dias após o início do florescimento; c) o armazenamento de sementes em câmara fria (cerca de 17 o C) por um período de até 100 dias não resultou em significativa redução na germinação das sementes. Palavras-chave: Armazenamento, capim Paraíso, época de colheita, germinação, pureza, valor cultural Germination of seeds of Pennisetum hybridum cv. Paraiso under different times of harvest Abstract The aim of this work was to evaluate the effect of times of harvest, the storage and the depth of sowing in the germination behavior of Pennisetum hybridum cv. Paradise, had been studied different times of harvest (30, 45, 60 and 90 days after the beginning of the bloom), some periods of storage (50, 70, 85 and 100 days) and the depths of sowing of 1, 2 and 4 cm. The adopted experimental design was of completely randomized arranged block, in a factorial 4 x 2 (times of harvest x storage). The results had shown that: a) the seeds of grass Paradise had germinated after the harvest soon not presenting any type of dormant; b) the biggest values of germination and cultural values had been gotten for seeds harvested between 75 and 90 days after the beginning of the bloom; c) the storage of seeds in cold chamber (about 17 o C) for a period of up to 100 days did not result in significant reduction in the germination of the seeds. Keywords: cultural value, germination, harvest time, pureness, storage,
3 Introdução A semente é considerada um dos insumos agrícolas mais importantes, contem as potencialidades produtivas da planta de modo prático e resistente, por meio da qual as plantas são propagadas no tempo e no espaço. A qualidade das sementes depende da colheita, recomenda-se que seja colhida preferencialmente logo após atingirem a maturação fisiológica. Há poucas informações sobre a produção e viabilidade de sementes do capim Paraíso durante o armazenamento, sabe-se que seu florescimento ocorre no Estado de São Paulo, a partir de março (VILELA et al., 2004). O armazenamento é uma das maiores limitações à manutenção da qualidade fisiológica das sementes, a conservação da viabilidade e do vigor das sementes depende das condições de armazenamento. A literatura relata que dentre as gramíneas forrageiras tropicais, há um comportamento variável em relação ao potencial de germinação e a época de colheita de sementes. Algumas forrageiras tais como braquiária necessitam de um período de armazenamento de 4 a 11 meses para superar a dormência, enquanto que o armazenamento de Panicum maximum em condições ambientais reduz a viabilidade das sementes (GARCIA e CÍCERO, 1992; CONDE e GARCIA, 1985, PELL e PRODONOFF, 1971). O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de germinação em diferentes épocas de colheita, logo após a colheita e os efeitos do armazenamento sobre a germinação de sementes de Pennisetum hybridum cv. Paraíso. Material e Métodos O experimento foi conduzido, no período de 20 de setembro de 2006 a julho de 2007, no Instituto de Zootecnia de Nova Odessa SP, num solo classificado como Podzólico distrófico, o qual apresentava as seguintes características químicas: ph = 3,7; M.O. = 28 g/dm 3 ; Ca + Mg = 2
4 mmolc/dm 3 ; K = 2,6 mmolc/dm 3. P = 5 mg/dm 3 ; Al = 16 mmolc/dm 3 e V = 6%. Foi feita a correção do solo com calcário dolomítico, na quantidade de 4,5 t/ha, para elevar o índice de saturação por bases a 60%. A área experimental possuía 1000 m². A densidade de semeadura do capim elefante cv. Paraíso (Pennisetum hybridum) foi de 16 kg/ha, com VC = 15% e espaçamento de 0,50 m. No plantio foi utilizada a adubação básica com 40 kg/ha de superfosfato simples. Aos 45 dias de idade foi realizada uma adubação em cobertura com 80 kg/ha de N e 120 kg/ha de K 2 O. Durante o período experimental as precipitações pluviométricas foram de: 845 mm até 28 de março, 860 mm até 14 de abril, 870 mm até 26 de abril e 887,5 mm até 16 de maio. As temperaturas médias das máximas oscilaram entre 32,7 a 23,3 o C e das mínimas entre 19,7 a 12,2 o C, de outubro de 2006 a maio de Foram estudadas quatro épocas de colheita: 28 de março, 12 de abril, 26 de abril e 16 de maio de 2007, essas épocas são equivalentes a 30, 45, 60 e 90 dias após o início do florescimento. A colheita foi realizada manualmente com tesoura de poda. As sementes foram secas naturalmente à sombra até uma umidade de 11 a 12%. Posteriormente, foram beneficiadas e embaladas em sacos de papel e transportadas para o Laboratório de Análise de Sementes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagens do Instituto de Zootecnia, para realização dos testes iniciais de germinação. Parte do lote foi armazenado em câmara refrigeradora com temperatura de 17 o C e com umidade fixa. No dia 06 de julho de 2007, foram realizados testes de germinação. Os testes obedeceram as regras de análises de sementes (BRASIL, 1992). Estudaram-se os tratamentos correspondentes a 50, 70, 85 e 100 dias de armazenamento. Para o teste de germinação do material oriundo dos diversos tratamentos, colocaram-se as quatro repetições de 50 sementes, colocadas em caixas plásticas tipo "gerbox", sobre substrato constituído de duas folhas de papel mata-borrão, as quais foram colocadas em germinador com temperatura de
5 20 C por 16 horas (sem luz), alternada com oito horas a 30 C (com luz branca). As contagens foram efetuadas aos 5 e 10 dias após a instalação do teste. O valor cultural (VC) foi calculado pela expressão: VC= (Germinação (%) x Pureza (%)/100. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 2 (épocas de colheita x armazenamento). Os resultados foram analisados através do programa SAS (1998). Os dados foram submetidos à análise de variância através do PROC GLM (General Linear Models). O modelo estatístico separou como causa de variação o efeito de tratamento. Foi utilizado o nível de significância de 5% para o teste de Tukey. Resultados e Discussão Verificou-se o início do florescimento do capim Paraíso, em 26 de fevereiro de 2007 (Figura 1). Essa observação confirma as obtidas por VILELA et al., 2004, ou seja o florescimento dessa forrageira no Estado de São Paulo ocorre a partir de março, enquanto que o capim Guaçu (Pennisetum purpureum) floresce nas condições de Nova Odessa, somente no início de julho, e suas sementes não são viáveis (PAULINO, ). Na Tabela 1 são apresentados os valores de germinação do capim Paraíso colhido em diferentes épocas, antes e após o armazenamento das sementes (Figura 2). A análise de variância dos dados mostrou diferenças significativas para as médias de germinação apenas para as épocas de colheita. Com o armazenamento, as porcentagens de germinação mostraram valores mais baixos quando colhidas no final de março ou em meados de maio, entretanto 1 Informação pessoal de Valdinei Tadeu Paulino, 2007.
6 as diferenças entre armazenar ou não armazenar, não foram estatisticamente significativas. Não foi observado para as sementes de capim Paraíso, nenhum tipo de dormência ou necessidade de armazenar as sementes para atingirem a maturação fisiológica, pois germinaram bem logo após a colheita. Fato esse que difere do descrito na literatura por GARCIA & CÍCERO (1992), CONDE & GARCIA (1985) para B. decumbens e B. brizantha, que necessitam de um período de armazenamento para quebra da dormência. Analisando-se os dados referentes às épocas de colheita, verificou-se que a germinação das sementes, logo após a data de colheita, isto é sem armazenamento, foi incrementada com as épocas de colheita. Por outro lado sementes colhidas em 28 de março (30 dias após o início do florescimento),mostraram poder germinativo mais baixo 33,8 % ou fisiologicamente imaturas. Após essa data as sementes estavam mais secas e por degrana natural, despreenderam-se das panículas e caíram sobre o solo, dificultando a colheita. A análise de regressão para as épocas de corte estimou a germinação variando segundo a equação quadrática: y= - 0,012x 2 + 2,159x 21,17 com valores de R 2 = 0,98**. Nas condições do experimento, para o parâmetro germinação os valores máximos estimados seriam obtidos entre 75 e 90 dias após o inicio do florescimento. Entretanto o ponto de colheita, nem sempre corresponde a máxima germinação, pois a máxima produção de sementes por área, deve vir acompanhada por altos valores culturais. Ocorre que a maturação não é uniforme nem mesmo dentro de uma mesma panícula, e após certo período a queda de sementes acentuou-se.
7 Tabela 1. Valores de germinação, pureza e valor cultural de sementes de capim Paraíso (Pennisetum hybridum), para as diferentes épocas de colheita e de armazenamento. Ëpocas de colheita/dias Germinação % Pureza Valor cultural, % de armazenamento Antes Após % Antes Após Armazenamento Armazenamento 28 de março/ 100 dias 33,8 Da 26,2 ca 63 a 21 da 16 ca 12 de abril/ 85 dias 48,9 ca 48,3 ba 66 a 32 ba 32 ba 26 de abril/ 70 dias 67,0 ba 67,7 aa 67 a 45 ca 45 ca 16 de maio/ 50 dias 75,2 aa 65,2 aa 68 a 52 aa 44 aa Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas na coluna ou mesmas letras maiúsculas na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey à 5%. Estudando os efeitos das épocas de colheita, em sementes armazenadas, foi obtido um efeito quadrático (y= - 0,00228x 2 + 3,4015x 56,30 com R 2 = 0,98). A partir dessa equação pode-se inferir que a germinação máxima, com armazenamento situar-se-ia por volta de 75 dias. As porcentagens de pureza das sementes de capim Paraíso situaram-se entre 63 a 68 %, foram semelhantes, entre si, para todas as épocas de colheita estudadas. Entretanto, os valores culturais (VC= Germinação (%) x Pureza (%)/100) variaram significativamente (P<0,05) com as épocas de colheita com valores mais elevados para sementes colhidas mais tarde e menores valores para sementes colhidas mais cedo, ou seja 30 dias após o início do florescimento. Como a porcentagem de pureza das sementes foram semelhantes entre si, os menores valores de VC encontrados foram decorrentes das menores porcentagens de germinação dos lotes colhidos mais cedo, que continham maiores quantidades de sementes imaturas. Considerando os valores culturais de sementes comercializadas de Pennisetum hybridum cv. Paraíso de 15%, pode-se considerar que os dados encontrados nesse trabalho, a partir de 45 dias após o inicio do florescimento, são satisfatórios e mais que o dobro que esse valor, oscilando entre 32 a 52 %.
8 Conclusões As sementes do capim Paraíso germinaram logo após a colheita não apresentando qualquer tipo de dormência. Os maiores valores de germinação e valores culturais foram obtidos para sementes colhidas entre 75 e 90 dias após o início do florescimento. O armazenamento de sementes em câmara fria (cerca de 17 o C) por um período de até 100 dias não resultou em significativa redução na germinação das sementes. Literatura citada 1. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasilia, SNAD/DNFV/CLV, p. 2. CONDÉ, A. R.; GARCIA, J. Efeito da época de colheita sobre o potencial de armazenamento das sementes de capim braquiária em condições ambientais. Revista Brasileira de Sementes, Brasilia, v. 7, n. 2, p.85-92, GARCIA, J.; CÍCERO, S. M. Superação de dormência em sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 49, n.1, p 9-13, PELL, A.C.; PRODONOFF, E.T. Storage of hamil grass (Panicum maximum) seed. Proceedings of the International Seed Testing Association, Copenhagen, v.36, p , SAS. User s guide: Statistcs. 7th. ed. SAS Institute Inc., Cary, NC VILELA, H.; NOGUEIRA, A C.; TSUAKO, A. T. Melhoramento genético do capim elefante híbrido BGL (Pennisetum hybridum) híbrido hexaplóide. In: Zootec 2004, Brasília-DF. Anais/CD-Rom...,Brasilia: Figura 1. Aspecto geral do capim Paraíso (Pennisetum hybridum) em pleno florescimento, no Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa/SP.
9 Figura 2. Plântulas de capim Paraíso em processo de germinação (10 dias de idade).
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PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: . Produção e longevidade de sementes de capim elefante Paraíso (Pennisetum hybridum cv.
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