Artigos do Pe. Ademilson publicados no site de Marília

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Artigos do Pe. Ademilson publicados no site de Marília"

Transcrição

1 Artigos do Pe. Ademilson publicados no site de Marília CONCÍLIO VATICANO II 50 ANOS DE SUA ABERTURA No dia 11 de outubro de 1962 teve início a abertura do 21º Concílio Ecumênico, o mais participativo de toda a história da Igreja, reunindo mais de bispos de todo mundo, dentre eles mais de 200 brasileiros. O Concílio Vaticano II transcorreu durante os anos de 1962 a 1965, dividindo-se em quatro períodos. Neste ano, portanto, celebramos o cinquentenário de sua abertura e para melhor conhecer este importante evento eclesial, ocuparemos esta coluna com artigos referentes ao Concílio. A ideia do Concílio nasceu nos primeiros meses do pontificado do Papa João XXIII e em 25 de janeiro de 1959, o papa anunciou aos cardeais de Roma seu desejo de realizar um Concílio. Em nome do Papa, o cardeal Domenico Tardini, Secretário de Estado do Vaticano, enviou carta aos cardeais de todo o mundo, comunicando a intenção do pontífice. Na festa de Pentecostes, no dia 17 de maio de 1959, o Papa nomeou a Comissão antepreparatória e, desta vez, o cardeal Tardini enviou carta a todo o episcopado mundial, comunicando a realização do próximo Concílio e solicitando conselhos e desejos do que os bispos gostariam que fosse tratado. Os bispos teriam toda a liberdade para propor temas a serem discutidos. No dia 05 de junho de 1960 teve início a fase preparatória do Concílio, com a constituição das dez Comissões Preparatórias. Também foram criados: o Secretariado para a divulgação, o Secretariado para a unidade dos cristãos e a Comissão Central do Concílio. Finalmente, em 11 de outubro de 1962 teve início na basílica de São Pedro, no Vaticano, a solene abertura do Concílio Vaticano II. Em média, cada um dos quatro períodos conciliares durou pouco mais de dois meses (I Período: 11/10 a 08/12/1962. II Período: 29/09 a 04/12/1963. III Período: 14/09 a 21/11/1964. IV Período: 14/09 a 08/12/1965). Nos períodos intermediários os bispos puderam voltar para suas dioceses, enquanto as comissões continuariam seus trabalhos. Durante os quatro períodos conciliares ( ) foram aprovados 16 documentos, entre Constituições, Decretos e Declarações. Configurou-se uma nova imagem da Igreja: aberta, dialogante e participativa. Ao invés de condenações, o Concílio utilizou o remédio da misericórdia. A Igreja entrou em diálogo com o mundo e com as outras religiões. Valorizou o Povo de Deus, a colegialidade dos bispos, a missão dos presbíteros e religiosos. Resgatou o diaconato como grau próprio da Hierarquia. Posicionou-se a favor da liberdade religiosa. Assumiu as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos seres humanos como suas. Aproximou a liturgia da vida do povo. Promoveu inúmeras outras iniciativas em favor do diálogo e da comunhão. Alegremo-nos com toda a Igreja por esta dádiva de Deus que foi o Concílio Vaticano II e procuremos conhecer um pouco melhor a riqueza deste Concílio que transformou, de uma vez por todas, a vida de nossa Igreja. 1

2 CONHECENDO O PAPA QUE INICIOU O CONCÍLIO VATICANO II: JOÃO XXIII Angelo Giuseppe (Angelo José) Roncali nasceu no dia 25 de novembro de 1881, em uma humilde e numerosa família de Sotto Il Monte, província de Bérgamo Itália. Duas características marcavam sua família: a limitação de recursos materiais e a prática religiosa. Angelo procurou sempre manter relacionamento com sua família e nunca esqueceu suas raízes. O futuro Papa iniciou sua preparação para o Ministério Presbiteral aos 11 anos de idade em outubro de Durante o período das férias, ao visitar sua família, solicitava nunca ser tratado de maneira diferente ou especial. Também lembrava que as férias seriam oportunidade de estudar e rezar. Enviado a Roma, em 1901, para continuar seus estudos teológicos, Roncali foi ordenado padre em Antes, porém, teve que interromper os estudos para se dedicar ao serviço militar. Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, o Pe. Angelo atuou como capelão militar. No ano de 1921, Angelo Roncali assumiu a presidência da Comissão italiana da Propagação da Fé e, assim, pôde visitar as dioceses italianas. Em 1925 foi nomeado Bispo e enviado para a Bulgária, como visitador e depois delegado apostólico, o que lhe permitiu uma proximidade com os Ortodoxos. No final de 1934, Roncali foi transferido para a Delegação Apostólica de Constantinopla (Istambul Turquia) onde teve contato com o mundo islâmico. Desenvolveu funções diplomáticas e foi Bispo dos católicos de rito latino. No ano de 1944, aos 63 anos de idade, foi transferido para Paris onde desenvolveu a função de núncio apostólico. Em novembro de 1952, já ultrapassado os 70 anos, Roncali recebe do Papa Pio XII o convite para substituir o patriarca de Veneza e torna-se cardeal. Roncali anota em seu diário que aos 72 anos de idade assumiria um ministério diretamente voltado para a pastoral, após longos anos de serviço diplomático. Reconhecia que já estava às portas da eternidade. Veneza seria sua última missão. Entretanto, depois de um longo pontificado ( ), faleceu o Papa Pio XII. Após um pontífice de grande influência na Igreja, o Conclave (reunião dos cardeais que elegem o Papa) estava inclinado a escolher um Papa de transição. Durante o conclave, o cardeal Roncali havia percebido que poderia ser o eleito. Ele desejava que este cálice passasse, mas, como sempre, faria a vontade de Deus em sua vida. Quando consultado pelos colegas cardeais, após um longo período de silêncio, Roncali afirmou: aceito a eleição e me chamarei João. Explicou que se tratava do nome de seu pai e do padroeiro da Igreja onde foi batizado. Colocava seu pontificado sob a proteção de são João Batista e de são João Apóstolo. Desejava ser uma voz que grita no deserto, preparando os caminhos do Senhor, ao mesmo tempo em que desejava reclinar sua cabeça no peito do Senhor e tomar a mãe de Cristo como sua mãe. E assim se fez. João XXIII, contra todas as expectativas, convocou o maior Concílio da História da Igreja e, expressando sua intenção de ser verdadeiramente Bispo de Roma, também convocou um Sínodo para aquela Igreja. Desejava ainda a reforma do Direito Canônico realizada posteriormente por João Paulo II. Duas preciosas imagens acompanharam a vida do Papa Roncali: a Igreja como família e como um jardim florescente. Por ocasião da morte de Pio XII, antes de sua escolha para o papado, ele dizia: Nós estamos aqui na terra não para vigiar um museu, mas para cultivar um jardim florescente de vida reservado a um futuro glorioso. Não foi fácil para João XXIII convocar e conduzir o Vaticano II. Muitas resistências surgiram, inclusive por parte da Cúria Romana. Entretanto, como bom diplomata, o bondoso Papa soube conduzir com maestria os trabalhos até sua morte ocorrida antes do início do segundo período conciliar, no dia 03 de junho de Além da grande obra do Concílio, João XXIII foi responsável por duas importantes encíclicas sociais: Pacem in Terris e Mater et Magistra. No ano de 2000 foi beatificado por João Paulo II. 2

3 CONHECENDO UM POUCO DOS DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II Ao iniciar o Vaticano II, foram preparados 70 (ou 72) esquemas conciliares (mais de duas mil páginas) para debater os temas do Concílio. Os esquemas reproduziam a mentalidade da Cúria romana e, em sua maioria, estavam ainda ligados a uma imagem da Igreja não mais correspondente ao tempo presente. Todo o material foi condensado em 17 esquemas e depois em 16 documentos conciliares, sendo que o esquema sobre a Virgem Maria tornou-se o capítulo VIII da Lumen Gentium. No primeiro período, os Padres Conciliares (membros do Concílio) rejeitaram todos os esquemas, sugerindo mudanças, adaptações ou elaboração de novo esquema. Apenas o esquema sobre a liturgia contava com o apoio dos Padres. Mesmo assim, este esquema foi aprovado apenas no segundo período conciliar. A maioria dos esquemas necessitou de várias redações. Olhando as estatísticas do Concílio, verificamos que os documentos conciliares foram aprovados pela quase unanimidade dos membros do Concílio, alguns chegando a contar com apenas 2, 3 ou 4 votos contrários (havia mais de bispos votando os documentos). Um dado interessante consiste no fato de que documentos que exigiam posição de maior diálogo em relação ao mundo e às religiões sofreram maior rejeição, porém sempre representando posição minoritária. Houve até mesmo um grupo minoritário que fez campanha contra o esquema (que deu origem à Constituição Gaudium et Spes) sobre a Igreja no mundo, recomendando sua completa rejeição. Apesar de seu esforço, dos votantes, apenas 75 votaram contra e 7 votos foram nulos, ou seja, aproximadamente 3% dos bispos não aceitaram o texto. Gaudium et Spes e outros três documentos conciliares foram aprovados apenas na última sessão pública do Concílio. Houve portanto, aprovação de dois documentos no segundo período, três no terceiro e onze no quarto período conciliar. Os documentos recebem nome em latim. Acontecia o mesmo com os esquemas. Por exemplo, antes de se tornar Lumen Gentium, o esquema conciliar intitulava-se De Ecclesia ( sobre a Igreja ). A redação oficial dos textos é em latim e eles recebem o nome das primeiras palavras. Assim, por exemplo, o esquema De Ecclesia, quando chegou à sua versão definitiva recebeu o nome de Consituição Dogmática Lumen Gentium. O texto latino inicia-se assim: LUMEN GENTIUM cum sit Christus.... ( A luz dos Povos é Cristo... ). A Constituição sobre a liturgia começa afirmando: SACROSANCTUM CONCILIUM, cum sibi propanat vitam christianam inter fideles in dies augere... ( O Sacrossanto Concílio, que se propõe fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis... ). Já em relação à Gaudium et Spes, o início do texto latino afirma: GAUDIUM ET SPES, luctus et angor hominum huius temporis... ( As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje... são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo ). Ao citar cada documento, fazemo-lo através da sua sigla (Gaudium et Spes GS, Lumen Gentium LG e assim por diante) e um número que representa um ou vários parágrafos. Podemos também dividir este número em a, b e c e acrescentar o capítulo do texto conciliar. Por ex: LG III, 23d (corresponde ao quarto parágrafo do número 23 do terceiro capítulo da Constituição Dogmática Lumen Gentium como no caso da Bíblia não se cita a página, pois ela pode variar em cada edição). De acordo com sua importância ou peso doutrinal, os documentos dividem-se em: Constituições (4), Decretos (9) e Declarações (3). Lumen Gentium (LG) e Dei Verbum (DV) são chamadas Constituições Dogmáticas. Gaudium et Spes é uma Constituição Pastoral e a Constituição sobre a liturgia é chamada de Constituição Sacrosanctum Concilium. Os Decretos têm normalmente um papel de orientação, como no caso do Decreto Christus Dominus que orienta o múnus pastoral dos Bispos na Igreja ou o Decreto Presbiterorum Ordinis acerca do ministério e da vida dos Presbíteros. Outros textos receberam o nome de Declaração como no caso da Declaração Dignitatis Humanae sobre a Liberdade Religiosa. 3

4 DOCUMENTOS CONCILIARES E SUA APROVAÇÃO AO LONGO DO CONCÍLIO Conforme apresentamos em artigos anteriores, o Concilio Vaticano II desenvolveu-se em quatro períodos ao longo de quatro anos ( ). Apresentamos, a seguir, a sequência de aprovação de cada documento conciliar. Placet significa concordo, aprovo e representa o número de aprovações. Non Placet representa a reprovação. Em caso de textos anda não definitivos, encontra-se também placet iuxta modum aprovo com (desde que haja) modificações. Ao lado do nome latino de cada documento conciliar, esclarecemos brevemente seu conteúdo. Os documentos do Concílio foram promulgados pelo Papa Paulo VI, que se apresenta como Paulo Bispo, Servo dos Servos de Deus, e são assinados pelos Padres Conciliares (como são chamados os bispos que participam de um Concílio, independente de serem Bispos diocesanos, Auxiliares, Arcebispos ou Cardeais). I Período (1962) nenhum documento aprovado II Período (1963) Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a reforma da Liturgia: 2.147placet/ 4 non placet Decreto Inter Mirifica sobre os Meios de Comunicação Social: placet/ 161 non placet III Período (1964) Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja: placet/ 5 non placet Decreto Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo (reintegração da unidade): placet/ 11 non placet Decreto Orientalium Ecclesiarum acerca das Igrejas Orientais Católicas (ligadas a Roma): placet/ 39 non placet IV Período (1965) Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revalação Divina: placet/ 6 non placet Decreto Christus Dominus acerca do Múnus (ministério) Pastoral dos Bispos na Igreja: placet/ 2 non placet/ 1 voto nulo Decreto Perfectae Caritatis sobre a atualização dos religiosos: placet/ 4 non placet Decreto Optatam Totius trata da formação sacerdotal: placet/ 3 non placet Decreto Apostolicam Actuositatem referente ao Apostolado dos Leigos: placet/ 2 non placet Declaração Gravissimum Educationis sobre a educação cristã placet/ 35 non placet Declaração Nostra Aetate trata da relação da Igreja com as Igrejas não-cristãs: placet/ 88 non placet/ 3 votos nulos Promulgados na última sessão pública: Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo de hoje: placet/ 75 non placet/ 7 votos nulos Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja: placet/ 5 non placet Decreto Presbiterorum Ordinis acerca do Ministério e da Vida dos Presbíteros: placet/ 4 non placet Declaração Dignitatis Humane sobre a Liberdade Religiosa: placet/ 70 non placet/ 8 votos nulos 4

5 MOVIMENTOS DE RENOVAÇÃO TEOLÓGICA QUE PRECEDERAM O CONCÍLIO VATICANO II A renovação provocada pelo Concílio Vaticano II foi precedida por movimentos europeus de renovação teológico-pastoral que também atingiram nosso país. Dentre eles, destacam-se os movimentos bíblico e litúrgico. Acrescentam-se: renovação teológica e eclesiológica, movimento ecumênico, movimento missionário, doutrina social da Igreja, atuação do laicato, movimento da mística da pobreza, entre outros. O interesse católico pelos estudos bíblicos ganhou impulso com a fundação da Escola Bíblica de Jerusalém em A partir de então, iniciou-se longo processo de sérios estudos bíblicos, apoiados ou não pelo magistério da Igreja. Em 1943, o Papa Pio XII escreveu a encíclica Divinu Afflante Spiritu, abrindo espaço para uma maior utilização dos métodos histórico-críticos e demais investigações teológicas. Além de traduções de textos bíblicos, foram divulgados nesta época muitos escritos representativos do movimento bíblico. Os estudos bíblicos ganharam maior relevância no mundo católico. No Brasil, o movimento bíblico recebeu impulso com a fundação da Liga de Estudos Bíblicos (LEB) em 1947, durante a primeira Semana Bíblica Nacional em São Paulo. Nascia a leitura popular da Bíblia, com os Círculos Bíblicos. O movimento litúrgico tem sua origem em 1909, por ocasião do Congresso de Malines na Bélgica, tendo como principal nome D. Lambert Beauduin. Entretanto, suas ideias encontram precursores no século anterior, sobretudo em D. Guéranger, primeiro abade de Solesmes (França). Após a II Guerra Mundial, o movimento se expandiu, tornando-se mais popular e passando a ser divulgado pela Ação Católica. Entre as ideias do movimento litúrgico estava a substituição do latim pela língua vernácula. A partir da encíclica Mediator Dei de Pio XII (1948), o movimento sentiu-se incentivado a continuar seu trabalho e, a partir de 1951, os episcopados de vários países apresentaram projetos de reforma litúrgica para Roma. A aprovação da Sacrossanctum Concilium como primeiro documento do Concílio Vaticano II corroborou as ideias do movimento litúrgico. Este movimento chegou ao Brasil em 1933, por meio dos cursos de liturgia ministrados por Dom Martinho Michler (OSB) no Instituto Católico de Estudos Superiores. Foi difundido pela Ação Católica e encontrou obstáculos por parte de setores conservadores da Igreja. Juntamente com estes dois movimentos, crescia o interesse pelo ecumenismo, pela missão e pelas questões sociais. Ampliava-se a reflexão acerca do papel dos leigos, cuja importância era sentida em movimentos como a Ação Católica. A temática e a vivência da pobreza por parte da Igreja também se encontrava na preocupação de alguns teólogos, bispos, presbíteros, religiosos e leigos. Houve um grupo de bispos que durante o Concílio manifestou um compromisso com os pobres através do Pacto das Catacumbas. Enfim, mesmo antes do Vaticano II, apesar de todas as resistências, havia desejo de renovação da vida eclesial. 5

6 SACRAMENTALIDADE DO EPISCOPADO NO CONCÍLIO VATICANO II Entre as conquistas teológicas do Concílio Vaticano II está a reflexão sobre a teologia do Episcopado e a definição de sua sacramentalidade, colocada em dúvida pela Escolástica. A Idade Média reduzia o sacramento ao aspecto cúltico e negou reconhecer no ministério episcopal um grau próprio da Ordem, pois o sacerdócio possuía o pleno poder da transubstanciação. Não havia, neste sentido, diferença entre Presbítero e Bispo. A teologia do segundo milênio privilegiou uma concepção individualista do ministério ordenado, reduzindo-o ao poder de consagrar. O Episcopado era considerado não um sacramento, mas uma dignidade na qual não havia nenhum acréscimo no poder de ordem, mas no de jurisdição. Deste modo, compreendia o Episcopado em função do Presbiterado. O Vaticano II supera a dicotomia entre poder de ordem e de jurisdição. Reconhece o Episcopado não como complemento do Presbiterado, mas como plenitude do sacramento da Ordem. Agora, o Presbiterado é compreendido em função do Episcopado. Juntamente com o múnus de santificar, a legítima ordenação episcopal comunica o de ensinar e reger. Comunicados diretamente por meio da ordenação, seu exercício regula-se por leis canônicas. Para o Concílio, os bispos são vigários e legados de Cristo (LG III, 27a) e não do Papa. São revestidos de autoridade própria, ordinária e imediata, exercida pessoalmente em nome de Cristo. Seu poder não consiste em participação do poder concedido por Deus a Pedro e aos seus sucessores, mas, sim, do poder que foi dado diretamente por Cristo ao conjunto do Colégio Apostólico, e que se transmitiu ao Colégio dos bispos. A autoridade dos bispos não deriva do Papa, mas do próprio Cristo. O Concílio considera o Papa como cabeça do Colégio Episcopal. Assim como os bispos não são seus vigários, ele também não o é do Colégio Episcopal. Por isso, o Romano Pontífice tem poder pleno, supremo e universal na Igreja. Também a Ordem dos Bispos, junto com o Papa, detém o poder supremo e pleno sobre a Igreja inteira. A autoridade suprema na Igreja pode ser exercida de maneira primacial pelo Romano Pontífice ou colegial, pelo Colégio dos Bispos unidos ao Papa. Mesmo exercendo o Primado, o Papa não está fora do Colégio Episcopal e não pode ser separado ou isolado do Colégio. O exercício do primado não se dirige por normas subjetivas ou arbitrárias, mas está vinculado a normas objetivas, como o bem da Igreja, a Palavra de Deus, a Tradição eclesiástica e dos Concílios Ecumênicos e o ofício episcopal. 6

7 A COLEGIALIDADE NO CONCÍLIO VATICANO II O Concílio Vaticano I (dez dez. 1870) definiu o Primado do Romano Pontífice (Papa). Para aquele Concílio, o primado de Pedro continua nos seus sucessores. Juntamente com o Primado, o Vaticano I definiu o Magistério infalível do Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, ou seja, no pleno exercício de seu múnus de pastor e doutor dos cristãos. Interrompido repentinamente por causa da guerra franco-alemã e da ocupação de Roma em 1870, o Vaticano I não pode debruçar-se sobre a doutrina do Episcopado, deixando uma enorme lacuna que poderia levar a favorecer ainda mais o centralismo romano. Entretanto, encontramos uma modesta abertura na Constituição Pastor eaeternus acerca do poder dos bispos, na qual a Constituição afirma que o poder do papa é verdadeiramente episcopal e que não pode por obstáculos ou prejudicar o poder dos bispos, mas o confirma. Sem assumir o compromisso de ser simples continuidade do Vaticano I, o Concílio Vaticano II ocupou-se da teologia do episcopado, definindo sua sacramentalidade e colegialidade. A palavra Colegialidade não figura nos textos conciliares, mas compreende-se seu sentido a partir das noções de colégio, afeto colegial, união colegial, solicitude por todas as Igrejas etc. O Concílio nos ensina que o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos apóstolos, unem-se entre si à semelhança de Pedro e dos demais apóstolos que formam um só colégio apostólico (LG III, 22a). Portanto, o Colégio Episcopal sucede ao Colégio Apostólico (LG III, 22b). Enquanto o Papa sucede a Pedro, os bispos não sucedem a um Apóstolo em particular, mas são sucessores do Colégio Apostólico. A compreensão da Colegialidade Apostólica deduz-se diretamente das Escrituras, do caráter colegial e comunitário do ministério apostólico como ministério dos Doze. Quanto ao paralelismo entre Pedro os outros Apóstolos e Romano Pontífice os Bispos, sucessores dos Apóstolos, Lumen Gentium não apela ao testemunho das Escrituras, mas a uma disciplina muito antiga da Igreja. Desta forma, a Colegialidade Apostólica constitui o modelo para a Colegialidade Episcopal e as bases escriturísticas daquela fornecem as bases desta. A missão universal de Cristo se perpetua de modo perene nos bispos, sucessores dos Apóstolos. O Episcopado como colégio iuris divini (de direito divino) apresenta-se como fundamento dogmático da Colegialidade dos bispos. Distingue-se entre: a) ação estritamente colegial, vivida por todo o Colégio Episcopal, de forma solene no Concílio Ecumênico ou fora dele. O exercício do supremo poder fora do Concílio, exercido pelos bispos espalhados pelo mundo, acontece de duas maneiras: quando o Papa convoca os bispos para uma ação colegial ou quando aprova ou aceita livremente sua ação conjunta; b) realizações parciais da Colegialidade, fruto da ação de parte do Colégio Episcopal, como as Conferências Episcopais, o Sínodo dos Bispos, entre outras instituições. Ambas as manifestações de Colegialidade derivam do mesmo princípio teológico. 7

8 REALIZAÇÕES PARCIAIS DA COLEGIALIDADE NO CONCÍLIO VATICANO II A partir da teologia do Concílio Vaticano II, podemos distinguir entre a ação estritamente colegial, exercida pelo Colégio dos Bispos em comunhão com o Papa (de forma solene no Concílio Ecumênico ) e realizações parciais da Colegialidade, vivida por parte do Colégio Episcopal. Consideram-se as realizações parciais como expressão autêntica e verdadeira da Colegialidade, não se confundindo o que o Concílio chama de afeto colegial com mero sentimento. Trata-se de Colegialidade autêntica e não de segunda categoria. Entre os instrumentos da Colegialidade encontram-se os Concílios Particulares e as Conferências Episcopais, compreendidos na sua realidade teológica e não como organismos meramente prático-pastorais. Acrescenta-se ainda, o Sínodo dos Bispos, instituído durante o Concílio. Ambas as formas de Colegialidade têm a mesma base ontológico-sacramental e a mesma fundamentação teológica, ou seja, a raiz de toda Colegialidade está na legítima ordenação episcopal. Juntamente com os Concílios, Sínodos Particulares, Sínodos dos Bispos e Conferências Episcopais, outros organismos, como o colégio dos cardeais, a cúria romana e visitas ad Limina, favorecem a Colegialidade Episcopal. SÍNODO DOS BISPOS Obs.: após a publicação deste artigo aconteceram outras assembleias sinodais: a Assembleia Geral Ordinária em 2012 (Sínodo sobre a Nova Evangelização ainda com o Papa Bento XVI), a Assembleia Extraordinária de 2014 e a Assembleia Geral Ordinária de 2015 (ambas sobre a família) sob a orientação do Papa Francisco, somando o total de 27 Assembleias Sinodais. Fruto amadurecido no clima do Concílio, durante os debates em torno da Colegialidade, o Sínodo dos Bispos foi instituído pelo motu proprio de Paulo VI Apostolica sollicitudo (15/09/1965). A ideia de sua criação surgiu durante as discussões do Decreto Christus Dominus e do terceiro capítulo da Constituição Dogmática Lumen Gentium. Configura-se como instituição permanente submetida à autoridade papal, com finalidade de prestar ajuda eficaz ao Supremo Pastor da Igreja. Sua tarefa consiste basicamente em informar e aconselhar o Papa. Pode gozar de poder deliberativo quando concedido pelo Romano Pontífice. As assembleias sinodais dividem-se em: geral, extraordinária e especial. Até o presente, foram realizadas 24 Assembleias Sinodais (está previsto um Sínodo para 2012), assim distribuídas: a) No pontificado de Paulo VI: 5 Assembleias sinodais 4 Assembleias Gerais Ordinárias (1967, 1971, 1974, 1977) e 1 Assembleia Geral Extraordinária em b) João Paulo II: 15 Assembleias sinodais 6 Assembleias Gerais Ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994, 2001); 1 Assembleia Geral Extraordinária (1985) e 8 Assembleias Especiais (1980, 1991, 1994, 1995, 1997, 1998 (duas), 1999). c) Bento XVI: 4 Assembleias Sinodais 2 Assembleias Gerais Ordinárias (2005 e 2008) e 2 Assembleias Especiais (2009 e 2010). 8

9 CONCÍLIO VATICANO II: CONTINUIDADE OU RUPTURA? Duas leituras podem ser feitas acerca do Concílio Vaticano II, iniciado há quase 50 anos atrás, em 11 de outubro de 1962: continuidade ou ruptura. Os partidários da continuidade dizem: O Concílio Vaticano II insere-se na grande Tradição da Igreja, na história dos 21 Concílios Ecumênicos. Outros argumentam que tal Concílio seria continuação do Vaticano I, interrompido por causa da guerra franco-alemã e da ocupação de Roma em Os partidários da ruptura defendem que o Concílio Vaticano II inaugurou nova era na história da Igreja, rompeu com concepções tridentinas (ainda do Concílio de Trento séc. XVI) e lançou a Igreja em novo momento histórico nunca antes visto na história. Com as devidas ressalvas, as duas leituras podem ser abordadas. De fato, o Concílio Vaticano II não está isolado na história, não é um evento que caiu dos céus (embora seja uma bênção de Deus), não começou do zero. Insere-se na história dos 21 Concílios Ecumênicos, porém apresenta novidades importantes para a Igreja. Embora alguns papas pretendessem retomar o inacabado Concílio Vaticano I, João XXIII deu um passo além, convocando o Vaticano II. Não se tratava de continuar o Concílio anterior, mas estava sendo convocado um novo Concílio, inclusive com novo nome. Algumas questões não abordadas pelo Concílio anterior, como a teologia do Episcopado, deveriam ser abordadas pelo novo Concílio, mas outros assuntos, impensáveis no passado, estavam em pauta. As ideias divulgadas pelo novo Concílio não brotaram do nada, são fruto de uma evolução, de uma longa caminhada e caracterizam ruptura com algumas concepções não mais adaptadas ao tempo presente. Foi preciso ousadia, coragem e, sobretudo, muita abertura ao Espírito para repensar a vida da Igreja, sua natureza e missão. Passos importantes foram dados: o Povo de Deus considerado antes da Hierarquia; a doutrina da Colegialidade dos bispos completando a doutrina do Primado do Romano Pontífice; a Igreja não limitada à Hierarquia, mas compreendida como Povo de Deus; a liturgia como ação de todo o povo; o respeito às outras religiões e à liberdade religiosa; o reconhecimento da autonomia das realidades terrestres, entre outros. Compreende-se a Igreja não mais como Sociedade Perfeita, na qual se valorizam seus aspectos institucionais e sua hierarquia somente, mas como comunhão, mistério e Povo de Deus. Acontece verdadeira revolução copernicana. Ou seja, assim como o mundo compreendeu que a Terra não é o centro do universo e o universo não gira ao seu redor, a Igreja, sem deixar de ser Mãe e Mestra, apresenta-se como pobre servidora da humanidade, convidando-nos a renunciar às pompas e aos títulos, sendo sinal do Reino de Deus. O Vaticano II apresenta a mesma Igreja de todos os tempos, mas com novo rosto e novas perspectivas. Oferece um vinho novo que não pode ser guardado em odres velhos. 9

10 VATICANO II DE UMA ECLESIOLOGIA JURÍDICA A UMA ECLESIOLOGIA SACRAMENTAL A visão de Igreja anterior ao Concílio Vaticano II consistia basicamente em uma eclesiologia jurídica, ou seja, concentrava maior preocupação com os aspectos exteriores e jurídicos da Igreja. Esta era compreendida como sociedade perfeita e ao mesmo tempo uma sociedade desigual [ visão piramidal de Igreja]. Salientava-se o papel da hierarquia e dos ministros ordenados, compreendidos como superiores aos leigos. Estes tinham um papel passivo e, quando muito, eram colaboradores da hierarquia. O Concílio Vaticano II, por meio do retorno às fontes, sobretudo bíblicas e patrísticas, desloca-se para uma eclesiologia sacramental [Igreja sacramento de salvação] e de comunhão, compreende a Igreja como mistério e como Povo de Deus. Valoriza as diferentes vocações na Igreja e redescobre o papel do leigo. [1º cap. LG apresenta o Mistério da Igreja ] Ao abordar o mistério da Igreja, a Constituição Lumen Gentium apresenta sua dimensão teândrica (LG I, 8), ou seja, analogamente ao mistério do Verbo encarnado, a Igreja é uma só realidade, assembleia visível e comunidade espiritual, provida de órgãos hierárquicos e Corpo Místico de Cristo. Não se considera a Hierarquia em função de certa superioridade em relação os leigos, mas como servidora deles e de toda a Igreja. O Sacerdócio ministerial está a serviço do Sacerdócio de todo o Povo de Deus. A Constituição sobre a Igreja (LG) parte primeiramente da comum dignidade de todo o Povo de Deus 1 e somente depois aborda a constituição hierárquica da Igreja. Ela nos lembra que os bispos, padres e também o Papa são membros do Povo de Deus e, ao mesmo tempo, estão a seu serviço. [LG I O mistério da Igreja/ LG II O Povo de Deus/ LG III A Constituição Hierárquica da Igreja e em especial o Episcopado/ Depois: os leigos (cap. IV), Vocação Universal à Santidade (V), os religiosos (VI), índole escatológica da Igreja (VII), A Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da Igreja]. O retorno às fontes bíblicas pode ser confirmado quando nos recordamos das palavras do Cristo: Quanto a vós não pemitais que vos chamem de Mestre, pois um só é o vosso Mestre e todos vós sois irmãos. A ninguém na terra chameis de Pai, pois um só é o vosso Pai, o celeste. Nem permitais que vos chamem de Guias, pois um só é o vosso guia, Cristo. Antes, o maior dentre vós será aquele que vos serve (Mt 23, 8-11). A Patrística pode ser evocada, entre outros textos, por meio da célebre expressão de São Gregório Magno, ao definir sua missão como Papa: Servus servorum Dei (Servo dos Servos de Deus) [expressão retomada por Paulo VI no início de cada texto conciliar]. 1 Antes de abordar a Hierarquia (cap. III), LG (cap. II) aborda o Povo de Deus (que abrange todos os fiéis, incluindo os membros da hierarquia). Em LG IV, 32c afirma-se textualmente que entre todos os membros do Povo de Deus reina [...] verdadeira igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo. 10

11 VATICANO II: UM CONCÍLIO PASTORAL? Afirma-se, com freqüência, que o Concílio Vaticano II foi um Concílio Pastoral. Alguns, querendo desmerecer sua importância, atribuem à palavra pastoral um valor quase irrisório como se o Concílio tivesse sido um simples encontro de bispos para discutir alguns probleminhas da Igreja. Pelo fato de não ter definido dogmas nem condenado heresias, alguns se sentem no direito de não concordar com as orientações do Vaticano II. Já afirmamos em artigos anteriores que o Papa que convocou o Concílio João XXIII não tinha intenção de propor dogmas ou realizar condenações, embora, durante o Concílio, um grupo minoritário tenha lutado pelo dogma da mediação universal de Nossa Senhora e pela condenação explícita do comunismo. Não estava em jogo preservar um museu ou uma peça de antiguidade, mas cultivar um jardim. Afirmava o Papa: o nosso dever não é só vigiar este tesouro precioso como se nos preocupássemos unicamente com sua antiguidade, mas o de dedicarmo-nos, com vontade determinada e sem temor, à obra exigida por ele e pelos tempos atuais, continuando desta forma o caminho que a Igreja vem fazendo há vinte séculos. Neste novo Concílio, o método seria diferente. Em lugar da severidade das condenações, seria aplicado o remédio da misericórdia. Esclarecendo o verdadeiro rosto da Igreja, não se apresentaria a doutrina em tom de condenação ou de ultimato. De acordo com o continuador do Concílio Paulo VI seu objetivo seria: exposição da teologia da Igreja, sua renovação interna, empenho pela unidade dos cristãos e o diálogo com o mundo contemporâneo. Estavam em jogo outras preocupações e motivações, mais pastorais que simplesmente dogmáticas. Evidentemente não se tratava de contrapor a pastoral à teologia, mas era o momento de assumir o estilo do bom pastor como critério para toda atividade da Igreja e seu ensinamento. A Igreja deveria ser situada perante o mundo não como a grande inquisidora nem mesmo apresentando resposta pronta para todos os problemas, mas em atitude de diálogo. Não seria a hora de impor, mas de propor o Evangelho e de discernir os sinais dos tempos. O Concílio caminhou em clima de diálogo, não obstante as muitas tensões ocorridas nele. Todos os documentos foram aprovados pela quase unanimidade dos membros. Aqueles que exigiam posicionamento mais sério, crítico e dialogal encontraram maiores resistências. Nenhum dos dois papas queria impor à minoria a opinião da maioria. Não foi fácil chegar a um consenso. Apesar de sua preocupação pastoral, o Concílio não deixou de discutir pontos importantes da doutrina e, ainda que não tenha proposto novos dogmas, soube apresentar a fé cristã de maneira adequada às exigências de seu tempo histórico. Re-propôs com maestria e extrema coragem a doutrina da Igreja, situando-a de uma maneira totalmente nova perante o mundo. Fruto de um longo processo de renovação teológica, fez justiça a teólogos cujas ideias anteriormente foram vistas como suspeitas, ampliou os horizontes do diálogo ecumênico e inter-religioso, resgatou o valor do sacerdócio comum a todos os fiéis, contemplou as diferentes vocações do Povo de Deus. No desejo de voltar às fontes sobretudo bíblicas e patrísticas soube lançar-se em direção a um futuro novo. Sem desprezar o passado, dialogou com as ideias do presente, tornando a Igreja mais credível perante o mundo, retirando a poeira e o mofo que se encontravam sobre a ela. 11

12 PARTICIPAÇÃO DOS BISPOS BRASILEIROS NO CONCÍLIO VATICANO II - Parte I Enquanto no Concílio de Trento ( ) não houve participação brasileira e o Vaticano I envolveu um número pequeno de bispos brasileiros, a maioria do nosso numeroso episcopado o terceiro maior do mundo na época esteve no Vaticano II. O evento conciliar percorre as seguintes fases: anúncio aos cardeais em Roma e aos cardeais do mundo todo (1959), fase antepreparatória ( ) na qual se nomeou a Comissão antepreparatória e recolheram-se sugestões dos bispos do mundo inteiro, fase preparatória ( ) com a formação das Comissões Preparatórias e as quatro sessões conciliares ( ). Na fase antepreparatória, 76% dos bispos brasileiros enviaram as sugestões, enquanto a participação nas sessões conciliares foi superior. Por ocasião da primeira sessão, dos 204 prelados, 173 tomaram parte na abertura dos trabalhos conciliares, ou seja, quase 85%. Na última sessão o percentual foi semelhante. Não houve contribuição relevante dos bispos brasileiros, por ocasião do envio de sugestões ao Concílio. As respostas dos bispos brasileiros indicam que, entre a minoria ultraconservadora, liderada por Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Geraldo de Proença Sigaud (ambos ligados à TFP) e os bispos com pensamento mais avançado, como Dom Helder e prelados do Nordeste, havia o campo moderado majoritário, expressando a opinião média do episcopado brasileiro, ainda ligado ao referencial clericalista e eclesiocêntrico. A participação do episcopado brasileiro na fase preparatória foi pequena. A Comissão preparatória, majoritariamente europeia, romana e curial, contou com a participação de dez brasileiros: quatro membros e seis consultores. Os membros brasileiros eram o cardeal Câmara, Dom Alfredo Vicente Scherer, Dom Antônio Maria Alves de Siqueira e Mons. Joaquim Nabuco. Entre os consultores estavam: Dom Helder, Dom Geraldo Fernandes Bijos, Dom Alfonso M. Ungarelli, Frei Boaventura Kloppenburg, Pe. Estevão Bentia e Dom José Vicente Távora. Verifica-se, porém, boa articulação do episcopado brasileiro durante o Concílio, sobretudo por meio de Dom Helder Câmara. PARTICIPAÇÃO DOS BISPOS BRASILEIROS NO CONCÍLIO VATICANO II - Parte II Durante o Concílio, o episcopado brasileiro teve participação modesta na Aula Conciliar, nas comissões e assessoria. Somente 70 padres conciliares brasileiros fizeram algum tipo de intervenção e 30 deles apenas uma vez. A maioria dos brasileiros optou pela adesão às intervenções coletivas. A CNBB chegou ao Concílio desprovida de assessoria teológica e, ao longo do Concílio, teve poucos assessores próprios, embora tenha se beneficiado com a presença de teólogos estrangeiros que ministraram diversas palestras a nossos bispos. Apesar da pequena participação direta no Concílio, nosso episcopado mostrou-se bem articulado e coeso nas votações e pioneiro na recepção. Foi o primeiro episcopado a sair do Concílio com um Plano de Pastoral elaborado (PPC), disposto a colocar em prática as orientações conciliares e adequar a Igreja do Brasil à imagem de Igreja do Vaticano II. Dom Helder Câmara desempenhou papel importante na articulação do episcopado brasileiro, tanto nas votações quanto nas redes de relações estabelecidas no Concílio. Nunca interveio na Aula Conciliar, mas se valia constantemente de outros canais para apresentar suas propostas, atuando nos bastidores. Suas amizades e contatos durante o Concílio auxiliaram no bom andamento dos trabalhos. Dom Helder promoveu encontros, reuniões, diálogos e trabalhou incansavelmente pelo bom êxito da assembleia conciliar. A experiência do Concílio possibilitou a articulação de algumas redes de relações. Além da própria CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os bispos brasileiros ligados à maioria conciliar, sob a liderança de Dom Helder, participaram das redes do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano), da Igreja dos pobres e do Ecumênico. Puderam ainda participar de outras redes de relações que lhes possibilitaram troca de informações, reflexões e importante atualização teológica. 12

13 PARTICIPAÇÃO DOS BISPOS BRASILEIROS NO CONCÍLIO VATICANO II - Parte III Rede de relações Como afirmado em artigo anterior, os bispos brasileiros puderam participar, durante o Concílio, de inúmeras redes de relações que lhe possibilitaram contato com a mais elevada escola teológica e com prelados de todo o mundo. O Concílio significou uma riqueza teológica, pastoral e cultural inigualável. A experiência acumulada durante o Vaticano II produziu efeitos importantes em nosso episcopado e em toda a Igreja do Brasil. Entre as redes de relações, encontrava-se o grupo conhecido como Igreja dos Pobres. Constituía-se de um grupo de bispos, inclusive alguns brasileiros, comprometidos com questões sociais e dispostos à vida despojada. Como resultado deste grupo, temos o Pacto das Catacumbas (cf. artigo) celebrado por aproximadamente 40 Padres Conciliares. Grande importância desempenhou O Ecumênico, como era chamado por Dom Helder. Consistia no grupo que reunia diversas Conferências Episcopais e outros organismos, contando com a liderança do cardeal Leo Suenens de Malinas-Bruxelas (Bélgica) e com o apoio de secretaria da Conferência Episcopal francesa. Este grupo também se intitulava Conferência dos 22 devido ao número de organismos envolvidos. Ninguém falava em seu nome durante o Concílio. Influía indiretamente no debate conciliar por meio de informações e orientações transmitidas aos padres conciliares. Segundo Raimundo Caramuru de Barros assessor da CNBB durante o Concílio, o grupo teria começado depois de uma conversa entre Dom Manuel Larraín e Dom Helder Câmara às vésperas do Concilio, na qual Dom Larraín dizia temer a possibilidade de um Concílio breve, consolidando as posições de Trento e Vaticano I. Desta conversa inicial teria nascido o grupo, coordenado por Suenens e contando com Helder como um de seus mais influentes articuladores. Havia também o Coetus Internationalis Patrum, maior grupo de pressão da minoria conservadora conciliar. Contava com a presença dos três fundadores o francês Marcel Lefebvre e os brasileiros Proença Sigaud e Castro Mayer e aproximadamente 250 prelados. O grupo colocava objeções à Colegialidade Episcopal. Defendia o dogma da mediação de Nossa Senhora e a condenação do comunismo. Apresentava visão negativa em relação aos judeus e postura antiecumênica. Combatia o esquema sobre a Igreja no mundo contemporânea, recomendando sua completa rejeição. A radicalização de suas posições fez o grupo isolar-se no Concílio. Acrescentam-se, ainda, as redes formadas por famílias religiosas, nacionalidades, línguas bispos acolhidos nas casas de suas congregações e pelos bispos ligados aos movimentos leigos assistentes e ex-assistentes da Ação Católica. Além disso, cada bispo estabelecia inúmeros outros contatos, possibilitando diálogo, troca de experiências e aprofundamento dos temas discutidos no Concílio. 13

14 PARTICIPAÇÃO DOS BISPOS BRASILEIROS NO CONCÍLIO VATICANO II - Parte IV - As Conferências da Domus Mariae A maioria do episcopado brasileiro, durante o Concílio Vaticano II, hospedou-se na Domus Mariae sede da Ação Católica Feminina na época. O local possibilitou reuniões, encontros e palestras. Outro ponto de apoio era o Colégio Pio Brasileiro que proporcionou encontro entre bispos e estudantes e acolheu reuniões e atividades da CNBB. Na primeira sessão conciliar, Dom Helder convidou alguns peritos e padres conciliares para falar aos bispos sobre os temas tratados no Concílio. Tal iniciativa prolongou-se ao longo das outras sessões. Ao todo foram realizadas 94 conferências. Além de bispos e assessores brasileiros, houve palestras com importantes teólogos estrangeiros como Karl Rahner, Hans Küng, Yves Congar alguns cardeais, oito leigos (quatro mulheres), o teólogo protestante Oscar Cullman, os monges de Taizé (Roger Schutz e Max Thurian) e o representante do Patriarca Athenágoras I, Adrej Scrima. As Conferências da Domus Mariae possibitaram aos bispos brasileiros um reencontro com a teologia mais atualizada e da melhor escola europeia, também com a experiência do Oriente Cristão e com as tradições protestante e ortodoxa, além do contato com a incipiente reflexão teológico-pastoral latino-americana. A experiência conciliar amadureceu e fortaleceu a CNBB e também o CELAM. Criou oportunidade de encontros, convivência e trocas de experiências. Ofereceu formação teológica de alto nível a nossos bispos. Segundo o historiador Pe. Beozzo, nossa Conferência Episcopal conheceu no Concílio um segundo nascimento. O CONCÍLIO VATICANO II E O PACTO DAS CATACUMBAS Em meio às várias redes de relações surgidas entre os bispos participantes do Concílio Vaticano II estava a que ficou conhecida como Igreja dos Pobres. Constituía-se de um grupo de bispos, inclusive alguns brasileiros, comprometidos com questões sociais e dispostos à vida despojada. Ao final do Concílio, aproximadamente 40 padres conciliares concelebraram a Eucaristia na Catacumba de Santa Domitila, firmando o Pacto das Catacumbas. Consta que este compromisso teria sido assinado depois por 500 bispos. Entre os bispos brasileiros signatários do Pacto das Catacumbas encontravam-se D. Helder Câmara e D. José Maria Pires (este ainda vivo). Esta geração de bispos procurou aproximar-se dos pobres, inclusive no seu estilo de vida. Seu desejo (expresso no texto do Pacto) era viver de acordo com a maior parte da população, no que concerne à habitação, alimentação, meios de transporte etc. Assumiu o compromisso de não possuir nenhum bem no próprio nome e confiar aos leigos a gestão financeira de sua diocese. Recusava títulos que expressassem grandeza ou poder, bem como privilégios e prioridades, evitando sustentar todo tipo de vaidade. Estes bispos abandonaram suas insígnias de ouro, substituindo-as por objetos mais simples, despojaram-se de seus palácios, morando em residências modestas ou, como D. Helder, em um pequeno quartinho nos fundos de uma Igreja. A não ostentação de riqueza e poder estava associada a um compromisso com a causa dos pobres. Apesar de tamanha simplicidade e vivência profética, nunca impuseram seu estilo de vida a seus padres ou a qualquer pessoa. Foram os primeiros a dar exemplo. 14

15 DOM HELDER, A CNBB E O CONCÍLIO VATICANO II parte I Helder Pessoa Câmara, nascido em Fortaleza CE aos 07 de fevereiro de 1909 e falecido aos 27 de agosto de 1999 em Recife PE, destacou-se ao lado dos grandes movimentos e experiências renovadoras da Igreja no Brasil. D. Helder foi Bispo auxiliar do Rio de Janeiro de 1952 a Embora nomeado para São Luiz MA em 1964, a morte do Bispo de Recife levou Paulo VI a transferi-lo para aquela Sede. Assumiu Recife durante o período do Golpe Militar e desde o início explicitou sua opção pelos pobres. Durante a Ditadura Militar até seu nome era proibido nos noticiários, o que não o impediu de denunciar os desmandos do governo. Quando não podia fazê-lo em seu próprio país, fazia-o em outros. Teve papel importante na origem da CNBB e do CELAM além de articulador dos bispos brasileiros no Vaticano II, mantendo contato com outras Conferências Episcopais e redes de relações dentro do Concílio (Cf. art. participação bispos Conc.). Figura chave no Planejamento Pastoral e na história da CNBB, Dom Helder ainda como padre e depois como Bispo foi assistente eclesiástico da Ação Católica. Idealizador e primeiro secretário da Conferência Episcopal Brasileira, atuou na Secretaria Geral por 12 anos. Como Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, destacou-se na organização do 36º Congresso Eucarístico Internacional, na Cruzada São Sebastião (projeto habitacional que pretendia resolver o problema das favelas cariocas) e na criação do Banco da Providência, entre outras iniciativas. Na época de Olinda e Recife, foi o primeiro presidente do Regional Nordeste II. Colaborou com a descentralização da formação em pequenas comunidades e a criação do ITER (Instituto de Teologia do Recife). Pastoralmente, optou pelo trabalho colegiado e valorização dos leigos. Criou o movimento de Evangelização Encontro de Irmãos 2, a Operação Esperança 3 e a Comissão de Justiça e Paz. D. Helder manteve relações estreitas com o Cardeal Montini, da Secretaria de Estado do Vaticano, que depois se tornou o Papa Paulo VI. Na secretaria geral da CNBB merecem destaque seus contatos com o Núncio Armando Lombardi. Teve participação atuante no Vaticano II, articulando o episcopado brasileiro, tanto nas votações quanto nas redes de relações estabelecidas no Concílio. Sem nunca ter tomado a palavra durante a Aula Conciliar, apresentou suas propostas, atuando nos bastidores. 2 Movimento de evangelização popular da arquidiocese, que se espalhou por outras dioceses vizinhas. 3 No campo e na cidade organizou-se a animação de movimentos populares. 15

16 DOM HELDER, A CNBB E O CONCÍLIO VATICANO II parte II Entre as muitas participações de D. Helder no Concílio Vaticano II, destaca-se sua atuação nas redes de relações, como a Igreja dos Pobres e o Ecumênico 4. Dom Helder ainda organizou encontros e conferências, envolvendo os bispos brasileiros e outros prelados. Durante o Concílio e nos intervalos dos períodos conciliares, D. Helder escreveu diversas cartas circulares, nas quais apresentava suas expectativas e o desenvolvimento do Concílio. Para Raimundo Caramuru de Barros, assessor teológico-pastoral da CNBB na época do Concílio, o grupo chamado por D. Helder de o Ecumênico e também conhecido como Conferência dos 22 (por causa do número de organismos envolvidos) teria começado depois de uma conversa entre Dom Manuel Larraín e Dom Helder às vésperas do Concilio, na qual Dom Larraín dizia temer a possibilidade de um Concílio breve, consolidando as posições de Trento e Vaticano I. Desta conversa inicial teria nascido o grupo, coordenado pelo Cardeal belga Suenens e contando com Helder como um de seus mais influentes articuladores. Dentre os fatos importantes ocorridos no Vaticano II, os cronistas apresentam o que ficou conhecido como intervenção Liénart que marcou mudança radical na primeira Congregação Geral (13/10/1962), fazendo com que o Concílio fosse assumido pela Assembleia e não estivesse apenas nas mãos da Cúria Romana. Pe. Beozzo, importante historiador da Igreja, assegura que D. Helder Câmara e seu amigo Dom Manuel Larraín (bispo de Talca Chile) tiveram papel importante neste episódio. Larraín contatara Helder, mostrando-se preocupado com a possibilidade de uma lista prévia, apresentada pelo Secretário do Concílio, para a eleição das Comissões Conciliares. Seria necessário conversar com alguns cardeais para postergar a eleição, dando tempo à assembleia para sugerir nomes, o que de fato ocorreu. Ambos organizaram uma reunião com os delegados do CELAM, sugerindo alguns nomes para as comissões, não apenas de latino-americanos. Pacientemente, o nordestino franzino mostrava sua força, seu poder de persuasão e espírito de liderança. Entre suas preocupações estavam os pobres, pelos quais sempre lutou. Terminado o Concílio, após o Pacto das Catacumbas 5, D. Helder radicalizou sua opção pelos pobres, assumindo um estilo de vida ainda mais austero. 4 Cf. artigo sobre participação dos bispos brasileiros no Concílio. 5 Cf. artigo. 16

17 DOM HELDER CÂMARA E AS CIRCULARES CONCILIARES Em relação a D. Helder Câmara, afirma o historiador Pe. Beozzo: Ao final do primeiro período conciliar de 1962, já era apontado como uma das dez mais importantes lideranças da magna assembleia, mesmo sem ocupar nenhum posto nos vários organismos oficiais de direção do Concílio. Ao longo do Concílio Vaticano II, D. Helder passava as madrugadas em vigília e oração e, durante este tempo, escrevia cartas a seus colaboradores, chamados por ele de sua família entre eles, amigos e amigas que o acompanharam desde os anos 40. As cartas eram dirigidas ao Rio de Janeiro e ao Recife. São chamadas de Circulares Conciliares (297 cartas) e Interconciliares (279), pelo fato de serem escritas durante o Concílio Vaticano II ( ) e também nos períodos intermediários, quando os bispos voltavam para suas dioceses. Tais circulares expressam o pensamento desta grande figura da Igreja do Brasil e são registros diários de eventos, encontros, reflexões, projetos e expectativas. Além destas cartas, Dom Helder escreveu muitas outras. Acrescentando as pós-conciliares, o número ultrapassa Os destinatários das cartas de D. Helder eram chamados por ele de Família de São Joaquim (quando escrevia para seus amigos e colaboradores do Rio de Janeiro que tinha como sede episcopal o palácio São Joaquim) e Família Mecejanense 6 (abrangendo também Olinda e Recife após sua transferência para aquela sede). As cartas permitem conhecer as impressões, sonhos, desejos e projetos de D. Helder em relação ao Concílio Vaticano II, além de manifestar a preocupação pastoral com sua família. Era uma maneira de fazer com que os amigos e colaboradores mais próximos também participassem do Vaticano II. Pode-se ter acesso aos textos das Circulares Conciliares e Interconciliares (cujos originais eram manuscritos) por meio de uma coletânea organizada por Luiz Carlos Luz Marques e Roberto de Araújo Faria e publicada pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE). A coletânea, fruto de parceria entre o governo de Pernambuco e o Instituto Dom Helder Câmara, consta de dois volumes divididos em três tomos cada. 6 Messejana era uma pequena cidade a sudeste de Fortaleza que D. Helder considerava símbolo de um lugar ideal, onde as pessoas poderiam viver em paz e em harmonia com o Criador. 17

18 HELDER CÂMARA E GIOVANI BATTISTA MONTINI Entre as muitas amizades travadas por Dom Helder Câmara, destaca-se a relacionada com Giovani Battista Montini. O projeto da CNBB, idealizado por Dom Helder, contou com o apoio do então Monsenhor Giovani Battista Montini que estava a serviço da Secretaria de Estado do Vaticano. Dom Helder foi nomeado bispo em 1952, meses antes da criação da CNBB e Montini tornou-se Arcebispo de Milão dois anos depois, em Em dezembro de 1958, Montini foi criado cardeal por João XXIII e no ano de 1963 eleito Papa. Quando trabalhava na Secretaria de Estado do Vaticano, Monsenhor Montini (ainda não era bispo) foi procurado algumas vezes por Helder Câmara e lhe ofereceu apoio para a criação da Conferência Episcopal Brasileira. Nos primeiros contatos entre ambos (dezembro de 1950 e outubro de 1951), Helder ainda era padre. Depois tornou-se bispo antes de Montini ser elevado ao episcopado. No primeiro encontro Monsenhor Motini testou o Pe. Helder sobre suas possíveis segundas intenções, afirmando: só me resta uma dúvida: o Secretário normal, natural da CNBB seria Mons. Câmara, mas a Conferência é de bispos e ele não o é. Helder respondeu, sem vacilar, que Montini, sem ser bispo, era o elo do Episcopado de todo o Mundo, em sua assessoria a Pio XII. Não se entende este episódio como uma provocação, mas como expressão de liberdade e sinceridade que marcaria a relação entre ambos e ao mesmo tempo uma espécie de profecia acerca do futuro: Dom Helder se tornaria um dos bispos mais expressivos do Brasil, um dos mais atuantes no Concílio Vaticano II e respeitadíssimo em todo o mundo. Montini ascenderia ao episcopado, cardinalato e pontificado. Cada um a seu modo deixaria importantes marcas na vida da Igreja. No ano seguinte, em um segundo encontro, Montini reconheceu estar em dívida com o Brasil e prometeu que em breve a Conferência seria criada. Muitos bispos e o próprio Dom Helder testemunham a amizade entre o Dom (assim Dom Helder era chamado por seus amigos) e Montini. O clima de cordialidade marcava o encontro entre ambos. Desde os tempos de Monsenhor, Montini admirava Helder Câmara e o considerava peça chave no episcopado brasileiro. A admiração continuou mesmo depois do pontificado de Montini. Ao menos duas ocasiões testemunham o carinho e a simpatia de Montini, já Papa Paulo VI, pelo seu amigo Dom Helder. Em audiência reservada, em março de 1964, conforme nos relata Dom Helder em uma de suas cartas, o Santo Padre (Paulo VI) recebeu-o afavelmente, de abraços abertos e chamou-o de meu queridíssimo Helder Câmara. O Papa ainda elogiou o amor de Dom Helder pela Igreja, seus trabalhos no Rio de Janeiro, na CNBB e também no Concílio. Dom Helder agradeceu o carinho com que o papa, pessoalmente, acompanhou sua transferência para Olinda e Recife. Outra ocasião foi testemunhada por Dom Paulo Evaristo Arns. Paulo VI perguntara de supetão a Dom Paulo: e Dom Helder, como vai e o que acha dele?. O cardeal respondeu, sem entender a motivação da pergunta: sempre o considerei um grande místico e um apóstolo para todas as situações difíceis. Na sequência, o Papa afirmou com convicção: esta é também a minha impressão. 18

19 O CONCÍLIO E OS LEIGOS Embora no I Período Conciliar (1962) o Papa João XXIII tenha convidado o acadêmico francês Jean Guitton para acompanhar as sessões conciliares, foi no II Período (1963), com Paulo VI e algumas mudanças no regulamento, que os leigos puderam tomar parte no Concílio, por meio da figura dos auditores (ouvintes). Foram convidados 13 leigos e apenas homens. No III Período Conciliar (1964) participaram algumas mulheres, dentre elas também religiosas. Pela primeira vez na história, um Concílio admitiu a presença de mulheres. Para o IV Período (1965) foi convidado um casal mexicano, representante do Movimento Familiar Cristão da América Latina. O operário Bartolo Peres, presidente da JOC (Juventude Operária Católica) Internacional, foi o único auditor brasileiro presente no Concílio. Numericamente, os auditores e auditoras não foram muitos: 29 leigos, 13 leigas e 10 religiosas; entretanto o Vaticano II dedicou atenção especial aos leigos. O Concílio demonstra preocupação com os leigos em diversos textos conciliares. Dentre eles, destaca-se o IV Capítulo da Constituição Dogmática Lumen Gentium além de todo Decreto sobre o Apostolado dos Leigos (Apostolicam Actuositatem). Outros textos abordam a atuação dos leigos na vida da Igreja. Entre as grandes conquistas concernentes aos leigos e leigas, o Concílio Vaticano II afirma a comum dignidade de todos os filhos de Deus (LG IV, 32c) e compreende o apostolado leigo não apenas como mera participação no Apostolado da Hierarquia mas participação própria na missão salvífica da Igreja. Dá-se um grande passo na valorização de todo o Povo de Deus na Ação Evangelizadora da Igreja. 19

20 OS LEIGOS NA LUMEN GENTIUM E OUTRAS CONSTITUIÇÕES CONCILIARES A Constituição Dogmática Lumen Gentium dá grande passo na valorização do leigo e de todas as vocações da Igreja antecedendo o capítulo sobre o Povo de Deus ao que trata da hierarquia. O texto conciliar inicia afirmando o que é comum a todo o Povo, para depois tratar das particularidades. LG resgata o Sacerdócio Comum dos Fiéis e afirma que Sacerdócio Comum e Ministerial ordenam-se um ao outro e participam, cada qual a seu modo, do único sacerdócio de Cristo (II, 10b). Há igualmente uma afirmação valiosa sobre a infalibilidade da fé da Igreja (II, 12a): O conjunto dos fiéis, ungidos pela unção do Santo (cf. 1 Jo 2,20 e 27), não pode enganar-se no ato de fé. E manifesta esta sua peculiar propriedade mediante o senso sobrenatural da fé de todo o povo quando, desde os Bispos até os últimos dos fiéis leigos [citação de S. Agostinho], apresenta um consenso universal sobre questões de fé e costumes. A Constituição dedica um capítulo inteiro aos leigos. Reconhece que eles contribuem para o bem de toda a Igreja (IV, 30). Afirma a índole secular como algo específico seu (IV, 31b) e sua dignidade enquanto membros do Povo de Deus (IV, 32-33). Para o Concílio O apostolado dos leigos é participação própria na missão salvífica da Igreja (IV, 33b). LG reconhece ainda a participação dos leigos no tríplice múnus de Cristo: sacerdotal, real e profético (IV, 34-36). Segundo sua ciência, competência e habilidade, [os leigos] têm o direito e por vezes até o dever de exprimir sua opinião sobre as coisas que se relacionam com o bem da Igreja (IV, 37a). Devem os sagrados Pastores reconhecer e promover [...] a dignidade e a responsabilidade dos leigos na Igreja (IV, 37c), utilizando-se de seu prudente conselho. O Código de Direito Canônico reafirma este direito e dever (cân. 212). Ao afirmar a vocação universal à santidade (LG V), o Concílio reconhece [...] que todos os fiéis cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade (V, 40b). Assim, santidade não se restringe a clérigos e religiosos. Cada leigo individualmente deve ser perante o mundo uma testemunha da ressurreição e vida do Senhor Jesus e sinal do Deus vivo. Todos juntos e cada um na medida de suas possibilidades devem alimentar o mundo com frutos espirituais (V, 38). Além da Lumen Gentium, a atuação dos leigos é considerada pela Gaudium et Spes e Sacrosanctum Concilium. A Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo (GS), ao abordar os deveres terrestres dos cristãos, reconhece os leigos como cidadão do mundo chamados a assumir suas responsabilidades, participando ativamente da vida da Igreja, impregnando o mundo de espírito cristão e testemunhando Cristo no meio da comunidade humana (n. 43). Também deseja que muitos leigos adquiram uma conveniente formação nas ciências sagradas e se dediquem a seus estudos (n. 62). Sacrosanctum Concilium menciona quatro vezes os leigos, tornado-os participantes do processo de renovação litúrgica. Poderão atuar como peritos nas Comissões Litúrgicas (n. 44). Sob condições determinadas, terão acesso à comunhão sob duas espécies (n. 55). Alguns sacramentais podem ser administrado por leigos (n. 79) e eles são chamados a recitarem também o Ofício divino (n. 100). 20

CONCÍLIO VATICANO II. Relevância e Atualidade

CONCÍLIO VATICANO II. Relevância e Atualidade CONCÍLIO VATICANO II Relevância e Atualidade Dogma concepção Imaculada de Maria Syllabus Convocação Concilio PIO IX (1846 1878) Vaticano I Renovação Interna da Igreja Decretos Papais Divulgados em Boletins

Leia mais

TRADIÇÃO. Patriarcado de Lisboa JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA 2º SEMESTRE ANO LETIVO 2013 2014 1. TRADIÇÃO E TRADIÇÕES 2.

TRADIÇÃO. Patriarcado de Lisboa JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA 2º SEMESTRE ANO LETIVO 2013 2014 1. TRADIÇÃO E TRADIÇÕES 2. TRADIÇÃO JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA 2º SEMESTRE ANO LETIVO 2013 2014 1. TRADIÇÃO E TRADIÇÕES 2. A TRANSMISSÃO DO TESTEMUNHO APOSTÓLICO 3. TRADIÇÃO, A ESCRITURA NA IGREJA Revelação TRADIÇÃO Fé Teologia

Leia mais

VISITA PASTORAL NA ARQUIDIOCESE DE MARIANA

VISITA PASTORAL NA ARQUIDIOCESE DE MARIANA VISITA PASTORAL NA ARQUIDIOCESE DE MARIANA A Vista Pastoral constitui-se em momento privilegiado de contato do Arcebispo com o povo santo de Deus, confiado aos seus cuidados de pastor, com a preciosa colaboração

Leia mais

ITAICI Revista de Espiritualidade Inaciana

ITAICI Revista de Espiritualidade Inaciana ITAICI Revista de Espiritualidade Inaciana 93 ISSN - 1517-7807 9!BLF@FB:VWOOUWoYdZh outubro 2013 Que a saúde se difunda sobre a terra Escatologia e Exercícios Espirituais Pedro Arrupe, homem de Deus 1

Leia mais

Repasse da 76a. Assembléia da CNBB Sul I Aparecida de 10 a 12/06/2013

Repasse da 76a. Assembléia da CNBB Sul I Aparecida de 10 a 12/06/2013 Repasse da 76a. Assembléia da CNBB Sul I Aparecida de 10 a 12/06/2013 1. Finalidade do Ano da Fé; 2. O que é a Fé; 3. A transmissão da Fé enquanto professada, celebrada, vivida e rezada; 4. O conteúdo

Leia mais

Igreja "em saída" missionária

Igreja em saída missionária Mês das Missões O mês de outubro é, para a Igreja, o período no qual são intensificadas as iniciativas de animação e cooperação em prol das Missões em todo o mundo. O objetivo é sensibilizar, despertar

Leia mais

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA. Estudo 104 CNBB

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA. Estudo 104 CNBB COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA Estudo 104 CNBB ASPECTOS GERAIS DO DOCUMENTO PERSPECTIVAS PASTORAIS TEXTOS BASES DESAFIOS FUNÇÕES DA PARÓQUIA PERSPECTIVA TEOLÓGICA MÍSTICA DO DOCUMENTO PERSPECTIVA

Leia mais

Celebrar e viver o Concílio Vaticano II

Celebrar e viver o Concílio Vaticano II Celebrar e viver o Concílio Vaticano II Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa Celebrar os 50 anos da abertura do Concílio no Ano da Fé 1. Na Carta apostólica A Porta da Fé, assim se exprime

Leia mais

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL Comissão Episcopal Pastoral para Comunicação

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL Comissão Episcopal Pastoral para Comunicação REGULAMENTO DOM HÉLDER CÂMARA I - DATA E LOCAL A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB organiza o 12º Prêmio Dom Hélder Câmara de Imprensa, que tem por objetivo premiar profissionais da mídia

Leia mais

A iniciação cristã como pedagogia de vida comunitária

A iniciação cristã como pedagogia de vida comunitária A iniciação cristã como pedagogia de vida comunitária A evangelização nos dá a alegria do encontro com a Boa Nova da Ressurreição de Cristo. A maioria das pessoas procura angustiada a razão de sua vida

Leia mais

A história da Igreja e sua problemática A história da Igreja na Idade Antiga

A história da Igreja e sua problemática A história da Igreja na Idade Antiga SUMÁRIO Introdução... 11 A história da Igreja e sua problemática... 17 A. Alguns pressupostos e indicações básicos antes de começar o caminho... 17 Trata-se de um ramo da ciência histórica ou da ciência

Leia mais

Catecumenato Uma Experiência de Fé

Catecumenato Uma Experiência de Fé Catecumenato Uma Experiência de Fé APRESENTAÇÃO PARA A 45ª ASSEMBLÉIA DA CNBB (Regional Nordeste 2) www.catecumenato.com O que é Catecumenato? Catecumenato foi um método catequético da igreja dos primeiros

Leia mais

José Eduardo Borges de Pinho. Ecumenismo: Situação e perspectivas

José Eduardo Borges de Pinho. Ecumenismo: Situação e perspectivas José Eduardo Borges de Pinho Ecumenismo: Situação e perspectivas U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a E d i t o r a L I S B O A 2 0 1 1 Índice Introdução 11 Capítulo Um O que é o ecumenismo? 15 Sentido

Leia mais

DIRECTÓRIO GERAL DA CATEQUESE - SDCIA/ISCRA -2 Oração inicial Cântico - O Espírito do Senhor está sobre mim; Ele me enviou para anunciar aos pobres o Evangelho do Reino! Textos - Mc.16,15; Mt.28,19-20;

Leia mais

Todos Batizados em um Espírito

Todos Batizados em um Espírito 1 Todos Batizados em um Espírito Leandro Antonio de Lima Podemos ver os ensinos normativos a respeito do batismo com o Espírito Santo nos escritos do apóstolo Paulo, pois em muitas passagens ele trata

Leia mais

DESCRIÇÃO DOS CURSOS E ENCONTROS DA PJM

DESCRIÇÃO DOS CURSOS E ENCONTROS DA PJM DESCRIÇÃO DOS CURSOS E ENCONTROS DA PJM 1 Páscoa Jovem 1.1. Descrição A Páscoa Jovem é um encontro vivencial realizado para proporcionar uma experiência reflexiva e celebrativa da Paixão, Morte e Ressurreição

Leia mais

MÍSTICA E CONSTRUÇÃO Por que pensar em Mística e Construção?

MÍSTICA E CONSTRUÇÃO Por que pensar em Mística e Construção? MÍSTICA E CONSTRUÇÃO Espiritualidade e profecia são duas palavras inseparáveis. Só os que se deixam possuir pelo espírito de Deus são capazes de plantar sementes do amanhã e renovar a face da terra. Todo

Leia mais

Diferença entre a Bíblia Católica e a Protestante

Diferença entre a Bíblia Católica e a Protestante Diferença entre a Bíblia Católica e a Protestante Hugo Goes A Bíblia é formada por duas partes: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Em relação ao Novo Testamento, não há nenhuma diferença entre a

Leia mais

ESCOLA DE PASTORAL CATEQUÉTICA ESPAC

ESCOLA DE PASTORAL CATEQUÉTICA ESPAC ESCOLA DE PASTORAL CATEQUÉTICA ESPAC 1. ESPAC O QUE É? A ESPAC é uma Instituição da Arquidiocese de Fortaleza, criada em 1970, que oferece uma formação sistemática aos Agentes de Pastoral Catequética e

Leia mais

CURSO PARA CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA E COORDENADORES DE GRUPOS JOVENS

CURSO PARA CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA E COORDENADORES DE GRUPOS JOVENS CURSO PARA CAPACITAÇÃO DE LIDERANÇA E COORDENADORES DE GRUPOS JOVENS Apresentação A JUVENTUDE MERECE ATENÇÃO ESPECIAL A Igreja Católica no Brasil diz que é preciso: Evangelizar, a partir de Jesus Cristo,

Leia mais

Diocese de Amparo - SP

Diocese de Amparo - SP Formação sobre o documento da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe Diocese de Amparo - SP INTRODUÇÃO De 13 a 31 de maio de 2007, celebrou-se em Aparecida, Brasil, a V Conferência Geral

Leia mais

Plano Diocesano da Animação Bíblico-Catequética

Plano Diocesano da Animação Bíblico-Catequética Plano Diocesano da Animação Bíblico-Catequética 2 0 1 2-2 0 1 5 DIOCESE DE FREDERICO WESTPHALEN - RS Queridos irmãos e irmãs, Com imensa alegria, apresento-lhes o PLANO DIOCESANO DE ANIMAÇÃO BÍBLICO -

Leia mais

A Regra da Ordem Terceira da Sociedade de São Francisco ii.2) A Constituição da TSSF

A Regra da Ordem Terceira da Sociedade de São Francisco ii.2) A Constituição da TSSF A Regra da Ordem Terceira da Sociedade de São Francisco ii.2) A Constituição da TSSF 1. A Ordem 1.1.a A Ordem Terceira da Sociedade de São Francisco (TSSF) vem originalmente da revivificação dentro da

Leia mais

São Paulo, Ano I, n. 01, jan./abr. de 2014 ISSN 2358-0224. Podemos falar de ética nas práticas de consumo?

São Paulo, Ano I, n. 01, jan./abr. de 2014 ISSN 2358-0224. Podemos falar de ética nas práticas de consumo? São Paulo, Ano I, n. 01, jan./abr. de 2014 ISSN 2358-0224 9 772358 022003 Podemos falar de ética nas práticas de consumo? São Paulo, Ano I, n. 01, jan./abr. de 2014 164 A teologia católica e a ética no

Leia mais

Lembrança da Primeira Comunhão

Lembrança da Primeira Comunhão Lembrança da Primeira Comunhão Jesus, dai-nos sempre deste pão Meu nome:... Catequista:... Recebi a Primeira Comunhão em:... de... de... Local:... Pelas mãos do padre... 1 Lembrança da Primeira Comunhão

Leia mais

Carta de Paulo aos romanos:

Carta de Paulo aos romanos: Carta de Paulo aos romanos: Paulo está se preparando para fazer uma visita à comunidade dos cristãos de Roma. Ele ainda não conhece essa comunidade, mas sabe que dentro dela existe uma grande tensão. A

Leia mais

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997 Reunidos na cidade de Quebec de 18 a 22 de setembro de 1997, na Conferência Parlamentar das Américas, nós, parlamentares das Américas, Considerando que o

Leia mais

PASTORAL É O HOJE DA IGREJA

PASTORAL É O HOJE DA IGREJA PASTORAL É O HOJE DA IGREJA As mudanças sociais são desafios à Evangelização. A atualização da mensagem cristã nas diversas realidades e em diferentes tempos fez surgir a Pastoral. Hoje em nossas paróquias

Leia mais

CONGRESSO EUCARÍSTICO. 1º ponto: O padre e a Eucaristia 2º ponto: Congresso Eucarístico

CONGRESSO EUCARÍSTICO. 1º ponto: O padre e a Eucaristia 2º ponto: Congresso Eucarístico CONGRESSO EUCARÍSTICO 1º ponto: O padre e a Eucaristia 2º ponto: Congresso Eucarístico O PADRE E A EUCARISTIA Eucaristia e Missão Consequência significativa da tensão escatológica presente na Eucaristia

Leia mais

Marista e Vaticano II: Eles não têm mais vinho? Márcio L. de Oliveira

Marista e Vaticano II: Eles não têm mais vinho? Márcio L. de Oliveira Marista e Vaticano II: Eles não têm mais vinho? Márcio L. de Oliveira 1. Celebrar e (Re) Pensar Ensina-nos a contar os nossos dias, para que venhamos a ter um coração sábio (Sl 90,12). As palavras do salmista

Leia mais

São Paulo ganha dos companheiros. São atribuías a S.Paulo 14 cartas. Umas são dele mesmo: Romanos, 1 e 2 aos Corintios, a Filemom, aos Gálatas, aos

São Paulo ganha dos companheiros. São atribuías a S.Paulo 14 cartas. Umas são dele mesmo: Romanos, 1 e 2 aos Corintios, a Filemom, aos Gálatas, aos No Antigo Testamento são citadas algumas cartas, como no 2ºMacabeus, capi.1º. Mas é no Novo Testamento que muitas cartas foram conservadas como parte integrante da revelação de Deus. No Novo Testamento

Leia mais

RELACIONAMENTO JURÍDICO DO ESTADO BRASILEIRO COM INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, NO QUE CONCERNE À EDUCAÇÃO

RELACIONAMENTO JURÍDICO DO ESTADO BRASILEIRO COM INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, NO QUE CONCERNE À EDUCAÇÃO RELACIONAMENTO JURÍDICO DO ESTADO BRASILEIRO COM INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, NO QUE CONCERNE À EDUCAÇÃO GEORGE DE CERQUEIRA LEITE ZARUR Consultor Legislativo da Área XV Educação, Desporto, Bens Culturais,

Leia mais

Diz respeito ao que vamos realizar em Cristo, pelo poder do Espírito Santo para cumprir a nossa missão:

Diz respeito ao que vamos realizar em Cristo, pelo poder do Espírito Santo para cumprir a nossa missão: II) NOSSA VISÃO Diz respeito ao que vamos realizar em Cristo, pelo poder do Espírito Santo para cumprir a nossa missão: A) Adorar a Deus em espírito e verdade Queremos viver o propósito para o qual Deus

Leia mais

Entre 18 e 20 de fevereiro será celebrado em Sassone (Itália) a XXIV Assembleia Nacional da Federação Italiana de Exercícios Espirituais (FIES).

Entre 18 e 20 de fevereiro será celebrado em Sassone (Itália) a XXIV Assembleia Nacional da Federação Italiana de Exercícios Espirituais (FIES). Entre 18 e 20 de fevereiro será celebrado em Sassone (Itália) a XXIV Assembleia Nacional da Federação Italiana de Exercícios Espirituais (FIES). O objetivo é a relação entre os Exercícios Espirituais e

Leia mais

PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) 2014-2016 VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) 2014-2016 VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) 2014-2016 VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL 1 PLANO ESTRATÉGICO 2014-2016 REUNIÃO DA COMISSÃO EXECUTIVA ABIDJAN 2014 2 PLANO ESTRATÉGICO 2014-2016

Leia mais

Eu vim para Servir (Mc 10,45) Campanha da Fraternidade 2015

Eu vim para Servir (Mc 10,45) Campanha da Fraternidade 2015 Eu vim para Servir (Mc 10,45) Campanha da Fraternidade 2015 50 anos de ALEGRIA 7 /12/ 1965 Gaudium et Spes 24 /11/ 2013 Evangelii Gaudium IGREJA FRENTE AO MUNDO - Uma nova imagem da Igreja Antes: sociedade

Leia mais

CARTA INTERNACIONAL. Indice:

CARTA INTERNACIONAL. Indice: CARTA INTERNACIONAL Indice: Introdução. I. Equipas de Jovens de Nossa Senhora II. A equipa III. As funções na equipa IV. A vida em equipa V. Abertura ao mundo, compromisso VI. O Movimento das E.J.N.S.

Leia mais

Os encontros de Jesus. sede de Deus

Os encontros de Jesus. sede de Deus Os encontros de Jesus 1 Jo 4 sede de Deus 5 Ele chegou a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, que ficava perto das terras que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6 Ali ficava o poço de Jacó. Era mais ou

Leia mais

ASSOCIAÇÃO DA IGREJA METODISTA 1ª REGIÃO ECLESIÁSTICA SEDE REGIONAL

ASSOCIAÇÃO DA IGREJA METODISTA 1ª REGIÃO ECLESIÁSTICA SEDE REGIONAL Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 2008. CGE/011/08 Aos/Às Pastores e Pastoras Estimados/as irmãos e irmãs Jesus Cristo é o Senhor! Encaminho esta carta através do seu pastor/a, visto não possuirmos ainda

Leia mais

CONSELHOS EVANGÉLICOS

CONSELHOS EVANGÉLICOS CONSELHOS EVANGÉLICOS 1- RAZÃO TEOLÓGICA 1.1. Fato de Vida na Igreja A vivência da virgindade-pobreza-obediência de Jesus Cristo é fato de vida que existe na igreja desde suas origens. O estado religioso:

Leia mais

Reunião dos Bispos da região da África Caritas sobre a identidade e missão da Caritas

Reunião dos Bispos da região da África Caritas sobre a identidade e missão da Caritas Adresse Postale : 8395 Lomé TOGO Tél. (228) 22.21.29.37 Fax : (228) 22.22.00.26 Email : secaf@caritas-africa.org omptes bancaires: BTCI 9030 63094 01 71 UTB 31 004224 1 004 0 00 ECOBANK 7010181400066601

Leia mais

CONSTITUIÇÃO DA IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL CERTIFICADO

CONSTITUIÇÃO DA IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL CERTIFICADO CONSTITUIÇÃO DA IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL CERTIFICADO Certificamos que o presente texto é a nova Constituição da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil aprovado na 26ª Reunião do Sínodo da Igreja

Leia mais

Nº 3 - Nov/14 TRABALHO COMUNITÁRIO

Nº 3 - Nov/14 TRABALHO COMUNITÁRIO ! Nº 3 - Nov/14 o ã ç n e t a A T S PRE TRABALHO COMUNITÁRIO Apresentação Esta nova edição da Coleção Presta Atenção! apresenta pontos importantes para a implantação de projetos e programas de base comunitária.

Leia mais

BIÊNIO 2012-2013. Tema Geral da Igreja Metodista "IGREJA: COMUNIDADE MISSIONÁRIA A SERVIÇO DO POVO ESPALHANDO A SANTIDADE BÍBLICA. Tema para o Biênio

BIÊNIO 2012-2013. Tema Geral da Igreja Metodista IGREJA: COMUNIDADE MISSIONÁRIA A SERVIÇO DO POVO ESPALHANDO A SANTIDADE BÍBLICA. Tema para o Biênio 1 IGREJA METODISTA PASTORAL IMED PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E PLANO DE AÇÃO BIÊNIO 2012-2013 Tema Geral da Igreja Metodista "IGREJA: COMUNIDADE MISSIONÁRIA A SERVIÇO DO POVO ESPALHANDO A SANTIDADE BÍBLICA

Leia mais

Virgindade perpétua de Maria Santíssima

Virgindade perpétua de Maria Santíssima Virgindade perpétua de Maria Santíssima Maternidade e virgindade são alternativas da mulher, que se excluem por natureza, que Deus quer reunir milagrosamente na sua Mãe. Os textos mais antigos chamam a

Leia mais

UMA ESCOLA SABATINA MISSIONÁRIA

UMA ESCOLA SABATINA MISSIONÁRIA UMA ESCOLA SABATINA MISSIONÁRIA Uma das principais funções da Escola Sabatina é levar os membros a cumprirem a missão. Desde o início, havia uma clara certeza de sua função missionária: Há, na Escola Sabatina,

Leia mais

BREVE HISTÓRICO DA PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA - TAUAPE

BREVE HISTÓRICO DA PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA - TAUAPE BREVE HISTÓRICO DA PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA - TAUAPE A Paróquia de São João Batista do Tauape foi criada por sua Excia. Revma. Dom Antônio, de Almeida Lustosa, na época Arcebispo de Fortaleza, pelo decreto

Leia mais

Grandes Santos de Deus.

Grandes Santos de Deus. Grandes Santos de Deus. Grupo de da IBRVN 2010 2010 John Wyckliff (1320 31 /12/1384) A estrela Matutina da Reforma. Valoroso campeão da Verdade! Foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador

Leia mais

Estudos bíblicos sobre liderança Tearfund*

Estudos bíblicos sobre liderança Tearfund* 1 Estudos bíblicos sobre liderança Tearfund* 1. Suporte para lideranças Discuta que ajuda os líderes podem necessitar para efetuar o seu papel efetivamente. Os seguintes podem fornecer lhe algumas idéias:

Leia mais

A transmissão da fé na Família. Reunião de Pais. Família

A transmissão da fé na Família. Reunião de Pais. Família A transmissão da fé na Família Reunião de Pais Família Plano Pastoral Arquidiocesano Um triénio dedicado à Família Passar de uma pastoral sobre a Família para uma pastoral para a Família e com a Família

Leia mais

como fazer um planejamento pastoral

como fazer um planejamento pastoral josé carlos pereira como fazer um planejamento pastoral paroquial e diocesano Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos Assistente editorial: Jacqueline Mendes Fontes Revisão: Iranildo Bezerra Lopes

Leia mais

NORMATIVAS PASTORAIS PARA A CELEBRAÇÃO DO BATISMO

NORMATIVAS PASTORAIS PARA A CELEBRAÇÃO DO BATISMO DIOCESE DE BRAGANÇA MIRANDA NORMATIVAS PASTORAIS PARA A CELEBRAÇÃO DO BATISMO Para os Párocos e respetivas comunidades Cristãs, especialmente para os Pais e para os Padrinhos 2012 1 A ESCLARECIMENTO PRÉVIO

Leia mais

Informativo da Congregação Pobres Servos da Divina Providência Delegação Nossa Senhora Aparecida. Permanece conosco

Informativo da Congregação Pobres Servos da Divina Providência Delegação Nossa Senhora Aparecida. Permanece conosco Notícias de Família Informativo da Congregação Pobres Servos da Divina Providência Delegação Nossa Senhora Aparecida 06 JUNHO 2014 Permanece conosco Vivemos dias de graça, verdadeiro Kairós com a Celebração

Leia mais

Apresentação. (Solicitação do saudoso Santo Padre o Beato João Paulo II)

Apresentação. (Solicitação do saudoso Santo Padre o Beato João Paulo II) Apresentação A Renovação Carismática Católica do Estado do Piauí, movimento eclesial da Igreja Católica, tem por objetivo proporcionar às pessoas uma experiência concreta com Jesus Cristo, através do Batismo

Leia mais

Mosaicos #7 Escolhendo o caminho a seguir Hb 13:8-9. I A primeira ideia do texto é o apelo à firmeza da fé.

Mosaicos #7 Escolhendo o caminho a seguir Hb 13:8-9. I A primeira ideia do texto é o apelo à firmeza da fé. 1 Mosaicos #7 Escolhendo o caminho a seguir Hb 13:8-9 Introdução: Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Não se deixem levar pelos diversos ensinos estranhos. É bom que o nosso coração seja

Leia mais

Diocese de Aveiro IGREJA DIOCESANA RENOVADA NA CARIDADE É ESPERANÇA NO MUNDO

Diocese de Aveiro IGREJA DIOCESANA RENOVADA NA CARIDADE É ESPERANÇA NO MUNDO Diocese de Aveiro IGREJA DIOCESANA RENOVADA NA CARIDADE É ESPERANÇA NO MUNDO Plano Diocesano de Pastoral para o quinquénio 2008-2013 A PALAVRA DO SR. BISPO PONTO DE PARTIDA 1. INICIAMOS UMA NOVA PERSPECTIVA

Leia mais

Selecionando e Desenvolvendo Líderes

Selecionando e Desenvolvendo Líderes DISCIPULADO PARTE III Pr. Mano Selecionando e Desenvolvendo Líderes A seleção de líderes é essencial. Uma boa seleção de pessoas para a organização da célula matriz facilitará em 60% o processo de implantação

Leia mais

3º Congresso Vocacional do Brasil

3º Congresso Vocacional do Brasil III CONGRESSO VOCACIONAL DO BRASIL Tema: Discípulos missionários a serviço das vocações Lema: Indaiatuba, Itaici, 03 a 07 de setembro de 2010 3º Congresso Vocacional do Brasil Dom Leonardo Ulrich Steiner

Leia mais

O líder influenciador

O líder influenciador A lei da influência O líder influenciador "Inflenciar é exercer ação psicológica, domínio ou ascendências sobre alguém ou alguma coisa, tem como resultado transformações físicas ou intelectuais". Liderança

Leia mais

A Apostolicidade da Fé

A Apostolicidade da Fé EMBARGO ATÉ ÀS 18H30M DO DIA 10 DE MARÇO DE 2013 A Apostolicidade da Fé Catequese do 4º Domingo da Quaresma Sé Patriarcal, 10 de Março de 2013 1. A fé da Igreja recebemo-la dos Apóstolos de Jesus. A eles

Leia mais

Igreja em estado permanente de missão

Igreja em estado permanente de missão Igreja em estado permanente de missão Igreja : lugar da animação bílblica da vida e da pastoral A conversão pastoral da paróquia Urgência da conversão Pastoral Toda conversão supõe um processo de transformação

Leia mais

Mostra de Projetos 2011. Promoção da Saúde e do Desenvolvimento Integral das Gestantes e das Crianças que mais necessitam

Mostra de Projetos 2011. Promoção da Saúde e do Desenvolvimento Integral das Gestantes e das Crianças que mais necessitam Mostra de Projetos 2011 Promoção da Saúde e do Desenvolvimento Integral das Gestantes e das Crianças que mais necessitam Mostra Local de: Piraquara Categoria do projeto: I - Projetos em implantação, com

Leia mais

O trabalho voluntário é uma atitude, e esta, numa visão transdisciplinar é:

O trabalho voluntário é uma atitude, e esta, numa visão transdisciplinar é: O trabalho voluntário é uma atitude, e esta, numa visão transdisciplinar é: a capacidade individual ou social para manter uma orientação constante, imutável, qualquer que seja a complexidade de uma situação

Leia mais

Mantendo uma Posição Firme

Mantendo uma Posição Firme Livro 1 página 65 Lição Nove Mantendo uma Posição Firme (O Batismo e a Membresia na Igreja) Introdução: O batismo e a membresia na igreja säo coisas inteiramente diferentes. Eles estão juntos nesta lição

Leia mais

Nº 8 - Mar/15. PRESTA atenção RELIGIÃO BÍBLIA SAGRADA

Nº 8 - Mar/15. PRESTA atenção RELIGIÃO BÍBLIA SAGRADA SAGRADA Nº 8 - Mar/15 PRESTA atenção RELIGIÃO! BÍBLIA Apresentação Esta nova edição da Coleção Presta Atenção! vai tratar de um assunto muito importante: Religião. A fé é uma questão muito pessoal e cada

Leia mais

A grande refeição é aquela que fazemos em torno da Mesa da Eucaristia.

A grande refeição é aquela que fazemos em torno da Mesa da Eucaristia. EUCARISTIA GESTO DO AMOR DE DEUS Fazer memória é recordar fatos passados que animam o tempo presente em rumo a um futuro melhor. O povo de Deus sempre procurou recordar os grandes fatos do passado para

Leia mais

3º Congresso Vocacional do Brasil Contagem regressiva

3º Congresso Vocacional do Brasil Contagem regressiva III CONGRESSO VOCACIONAL DO BRASIL Tema: Discípulos missionários a serviço das vocações Lema: Indaiatuba, Itaici, 03 a 07 de setembro de 2010 3º Congresso Vocacional do Brasil Contagem regressiva Ângelo

Leia mais

É 14.16), 2016: 1 AGENDA ACADÊMICA

É 14.16), 2016: 1 AGENDA ACADÊMICA Com o Seminário Regional Nordeste, 60 anos depois: mudanças e permanências, realizado de 27 a 29 de maio deste ano, em Natal, a Arquidiocese natalense, o Observatório Social do Nordeste e seus parceiros

Leia mais

Aula 33 Creio na Igreja Católica - 9

Aula 33 Creio na Igreja Católica - 9 Aula 33 Creio na Igreja Católica - 9 1 - A Igreja é Apostólica (CIC 857-865). 1.1 - Como entender? A Igreja, desde o seu nascimento, nunca duvidou que Jesus a fundou sobre os Apóstolos. Eles são, por assim

Leia mais

PARA O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS

PARA O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS uprsubmissions@ohchr.org PARA O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DE DOCUMENTO DE DIREITOS HUMANOS REFERENTE A CUBA (Sobre o EPU de Cuba Segundo ciclo) 5 DE OUTUBRO DE 2012-10-01 Coordenação Nacional da PJR

Leia mais

FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS E ASSESSORESCAMINHOS DE ESPERANÇA

FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS E ASSESSORESCAMINHOS DE ESPERANÇA FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS E ASSESSORESCAMINHOS DE ESPERANÇA A beleza de ser um eterno aprendiz. (Gonzaguinha) Por que pensar em formação de lideranças e assessores? A Pastoral da Juventude busca potencializar

Leia mais

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Discurso do Deputado Darci Coelho (PP-TO) sobre a inauguração do campus da Faculdade Católica no Tocantins, proferido na sessão de 02/03/2005. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, A inauguração,

Leia mais

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DIRETORIA

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DIRETORIA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DIRETORIA NOME CARGO DESCRIÇÃO Claudemir da Silva 1º Dirigente - Dirigir as atividades espirituais e administrativas da Congregação, por delegação do Pastor da Igreja a que estiver

Leia mais

GRUPOS. são como indivíduos, cada um deles, tem sua maneira específica de funcionar.

GRUPOS. são como indivíduos, cada um deles, tem sua maneira específica de funcionar. GRUPOS são como indivíduos, cada um deles, tem sua maneira específica de funcionar. QUANTOS ADOLESCENTES A SUA CLASSE TEM? Pequenos (de 6 a 10 pessoas) Médios ( de 11 pessoa a 25 pessoas) Grandes ( acima

Leia mais

SEMANA DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA PARÓQUIA SANTO ANTONIO Itapira SP

SEMANA DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA PARÓQUIA SANTO ANTONIO Itapira SP SEMANA DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA PARÓQUIA SANTO ANTONIO Itapira SP CREIO (N)A SANTA IGREJA CATÓLICA I CRER DE MODO ECLESIAL NO CONTEÚDO DA FÉ CRISTÃ. A PROFISSÃO DE FÉ DA IGREJA A FÉ BATISMAL A PROFISSÃO DE

Leia mais

FORUM PERMANENTE DA AGENDA 21 LOCAL DE SAQUAREMA REGIMENTO INTERNO. CAPITULO 1-Da natureza, sede, finalidade, princípios e atribuições:

FORUM PERMANENTE DA AGENDA 21 LOCAL DE SAQUAREMA REGIMENTO INTERNO. CAPITULO 1-Da natureza, sede, finalidade, princípios e atribuições: FORUM PERMANENTE DA AGENDA 21 LOCAL DE SAQUAREMA REGIMENTO INTERNO CAPITULO 1-Da natureza, sede, finalidade, princípios e atribuições: Artigo I: O Fórum Permanente da Agenda 21 de Saquarema, criado pelo

Leia mais

ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS POR UMA TURMA DO 3ºANO DO ENSINO MÉDIO À LUZ DOS CRITÉRIOS DO ENEM

ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS POR UMA TURMA DO 3ºANO DO ENSINO MÉDIO À LUZ DOS CRITÉRIOS DO ENEM ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA (X ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS POR UMA TURMA DO 3ºANO DO ENSINO

Leia mais

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 09 DE JUNHO DE 2014 Às vinte horas do dia nove de junho de dois mil e quatorze, na sede da Câmara Municipal, reuniu-se

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 09 DE JUNHO DE 2014 Às vinte horas do dia nove de junho de dois mil e quatorze, na sede da Câmara Municipal, reuniu-se ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 09 DE JUNHO DE 2014 Às vinte horas do dia nove de junho de dois mil e quatorze, na sede da Câmara Municipal, reuniu-se em Sessão Ordinária a totalidade dos Vereadores, sob

Leia mais

OBLATOS ORIONITAS. linhas de vida espiritual e apostólica

OBLATOS ORIONITAS. linhas de vida espiritual e apostólica OBLATOS ORIONITAS linhas de vida espiritual e apostólica Motivos inspiradores da oblação orionita laical O "carisma" que o Senhor concede a um fundador, é um dom para o bem de toda a Igreja. O carisma

Leia mais

Universidade Metodista de São Paulo

Universidade Metodista de São Paulo Universidade Metodista de São Paulo Ciências Sociais Pólo Brasília Mulher e Sociedade Ane Cruz Mulher e Sociedade A sociedade primitiva Estudos já comprovaram que nem sempre a organização da humanidade

Leia mais

Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil LUZES DOS DOCUMENTOS

Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil LUZES DOS DOCUMENTOS Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil LUZES DOS DOCUMENTOS Ficha 1 1 Formação Integral (I) A com juventude para todo trabalho de evangelização A, como fundante (falando- se em, com atenção também

Leia mais

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

COMO FAZER A TRANSIÇÃO ISO 9001:2015 COMO FAZER A TRANSIÇÃO Um guia para empresas certificadas Antes de começar A ISO 9001 mudou! A versão brasileira da norma foi publicada no dia 30/09/2015 e a partir desse dia, as empresas

Leia mais

Índice Introdução... 13 Abreviaturas... 17 1. Natureza da liturgia cristã... 21 1.1. O termo liturgia... 21 1.1.1. No helenismo... 22 1.1.2. No Antigo Testamento... 22 1.1.3. No Novo Testamento... 23 1.1.4.

Leia mais

QUESTÕES ELABORADAS A PARTIR DO TEXTO O CARISMA FUNDADOR Discurso de Chantilly Pe. Henri Caffarel

QUESTÕES ELABORADAS A PARTIR DO TEXTO O CARISMA FUNDADOR Discurso de Chantilly Pe. Henri Caffarel QUESTÕES ELABORADAS A PARTIR DO TEXTO O CARISMA FUNDADOR Discurso de Chantilly Pe. Henri Caffarel 1. Pe. Caffarel afirma que carisma fundador é muito mais do que uma simples boa idéia. Então, o que ele

Leia mais

728DD62502. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,

728DD62502. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Discurso pronunciado pelo Deputado João Mendes de Jesus S/PARTIDO em 09/08/2005 Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Antes de me reportar aos senhores quero lembrar que a Igreja Universal

Leia mais

Ata do Lançamento do Ano Pastoral FAMÍLIA SALESIANA 2015/2016

Ata do Lançamento do Ano Pastoral FAMÍLIA SALESIANA 2015/2016 Ata do Lançamento do Ano Pastoral FAMÍLIA SALESIANA 2015/2016 Aos dezanove dias do mês de Setembro de dois mil e quinze realizou-se em Fátima, na Casa Nossa Senhora do Carmo, o encontro de apresentação

Leia mais

MARIA, ESTRELA E MÃE DA NOVA EVANGELIZAÇÃO

MARIA, ESTRELA E MÃE DA NOVA EVANGELIZAÇÃO MARIA, ESTRELA E MÃE DA NOVA EVANGELIZAÇÃO anuncie a Boa Nova não só com palavras, mas, sobretudo, com uma vida transfigurada pela presença de Deus (EG 259). O tema da nova evangelização aparece com freqüência

Leia mais

MINISTÉRIO PESSOAL (1) TEXTO BASE 1PEDRO 4:10-11. Rev. Helio Sales Rios Igreja Presbiteriana do Jardim Brasil Estudo Bíblico Quartas-Feiras

MINISTÉRIO PESSOAL (1) TEXTO BASE 1PEDRO 4:10-11. Rev. Helio Sales Rios Igreja Presbiteriana do Jardim Brasil Estudo Bíblico Quartas-Feiras MINISTÉRIO PESSOAL (1) TEXTO BASE 1PEDRO 4:10-11 Rev. Helio Sales Rios Igreja Presbiteriana do Jardim Brasil Estudo Bíblico Quartas-Feiras INTRODUÇÃO O grande problema que a igreja enfrenta hoje, para

Leia mais

Relatório da Pastoral da Juventude do Brasil 13 o Encontro Latino Americano de Responsáveis Nacionais

Relatório da Pastoral da Juventude do Brasil 13 o Encontro Latino Americano de Responsáveis Nacionais Instrumento de Consulta Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Setor Juventude Pastoral da Juventude do Brasil Relatório da Pastoral da Juventude do Brasil 13 o Encontro Latino Americano de Responsáveis

Leia mais

Predestinação. Aula 15/06/2014 Prof. Lucas Rogério Caetano Ferreira

Predestinação. Aula 15/06/2014 Prof. Lucas Rogério Caetano Ferreira Aula 15/06/2014 Prof. Lucas Rogério Caetano Ferreira S S O homem é pecador Romanos 3:9-18 S Pecadores merecem a morte Genesis 2:17, Romanos 6:23 S Portanto, se é para Deus ser justo e dar somente o que

Leia mais

CARTA DA TERRA PARA CRIANÇAS

CARTA DA TERRA PARA CRIANÇAS 1 CARTA DA TERRA A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade que seja justa, sustentável e pacífica. Ela diz o que devemos fazer para cuidar do mundo:

Leia mais

IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL

IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL SEGUE ABAIXO QUADRO COMPARATIVO ENTRE ESTATUTO ANTIGO E ESTATUTO NOVO DA PAULO ESTATUTO ANTIGO 2009 Conforme Assembleia Geral Extraordinária 16/05/2008 ARTIGO 1- NOME E NATUREZA DA IGREJA A Igreja Anglicana

Leia mais

MARATONA SCALABRINIANA - 2013. QUESTÕES PARA o 1º. Ano A e B - EF

MARATONA SCALABRINIANA - 2013. QUESTÕES PARA o 1º. Ano A e B - EF MARATONA SCALABRINIANA - 2013 QUESTÕES PARA o 1º. Ano A e B - EF 1. Qual a data de nascimento de Scalabrini e em qual país ele nasceu? Resposta: Scalabrini nasceu no dia 08 de Julho do ano 1839, na Itália.

Leia mais

METODOLOGIA PARA A ESTATUINTE UFRB DOS OBJETIVOS. Art. 2º - São objetivos específicos da ESTATUINTE: a) definir os princípios e finalidades da UFRB.

METODOLOGIA PARA A ESTATUINTE UFRB DOS OBJETIVOS. Art. 2º - São objetivos específicos da ESTATUINTE: a) definir os princípios e finalidades da UFRB. METODOLOGIA PARA A ESTATUINTE UFRB DOS OBJETIVOS Art. 1º - A ESTATUINTE consiste em processo consultivo e deliberativo que tem por objetivo geral elaborar o Estatuto da UFRB. Art. 2º - São objetivos específicos

Leia mais

Ambiência escolar Marista: desafios da educação popular na evangelização

Ambiência escolar Marista: desafios da educação popular na evangelização Ambiência escolar Marista: desafios da educação popular na evangelização Adriano de Souza Viana 1 A práxis pastoral no ambiente educativo é sempre desafiante. Melhor dizendo, toda ação educativa é sempre

Leia mais

Divulgação nos Boletins da Arquidiocese

Divulgação nos Boletins da Arquidiocese Divulgação nos Boletins da Arquidiocese Convidamos todas as paróquias, pastorais e lideranças a enviarem comunicados sobre festas, encontros, palestras e demais eventos, para divulgarmos em nosso Boletim

Leia mais

COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ PASTORAL EDUCATIVA REUNIÃO DE PAIS E CATEQUISTAS 09 DE FEVEREIRO DE 2010

COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ PASTORAL EDUCATIVA REUNIÃO DE PAIS E CATEQUISTAS 09 DE FEVEREIRO DE 2010 COLÉGIO AGOSTINIANO SÃO JOSÉ PASTORAL EDUCATIVA REUNIÃO DE PAIS E CATEQUISTAS 09 DE FEVEREIRO DE 2010 ORAÇÃO DE ABERTURA CANTO (REPOUSAR EM TI) Música de Tânia Pelegrino baseada na obra Confissões, de

Leia mais

Capitulo 3 ESPIRITUALIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA

Capitulo 3 ESPIRITUALIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Capitulo 3 ESPIRITUALIDADE DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Deus nos alerta pela profecia de Oséias de que o Povo dele se perde por falta de conhecimento. Cf. Os 4,6 1ª Tm 4,14 Porque meu povo se perde

Leia mais