Por: Carlos Henrique de Castro Ribeiro. Orientador: Prof. José Carlos Gomes Soares

Transcrição

1 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE CONTAS E GESTÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA E CONTROLE EXTERNO Diagnóstico do cumprimento da Lei Complementar n.º 131/2009 pelas Prefeituras Municipais fluminenses e pelos entes concedentes de transferências voluntárias às referidas Prefeituras: A contabilidade como base da transparência da gestão fiscal para o exercício do controle social Por: Carlos Henrique de Castro Ribeiro Orientador: Prof. José Carlos Gomes Soares

2 REFERENCIAL TEÓRICO Teoria da Agência (Principal x Agente) (JENSEN e MECKLING, 1976) Assimetria informacional no setor empresarial (IUDÍCIBUS, MARTINS e CARVALHO, 2005) Assimetria informacional no setor público (CRUZ, 2010)

3 Controle Social: REFERENCIAL TEÓRICO [...] tendo em vista a complexidade das estruturas políticosociais de um país e do próprio fenômeno da corrupção, o controle da Administração Pública não se deve restringir ao controle institucional. É fundamental para toda a coletividade que ocorra a participação dos cidadãos e da sociedade organizada no controle do gasto público, monitorando permanentemente as ações governamentais e exigindo o uso adequado dos recursos arrecadados. A isto se denomina "controle social" (CGU, 2012).

4 REFERENCIAL TEÓRICO Sem informação é inviável controlar a arrecadação e a aplicação de recursos públicos. Dessa forma, a transparência se consagra como uma condição indispensável para exercício da cidadania. Além disso, ela estimula os administradores a agirem com responsabilidade e zelo na gestão governamental. (VIEIRA, 2011) Em síntese, o controle social somente poderá ser exercido em sua plenitude se houver informação acessível ao usuário e de modo íntegro e tempestivo.

5 Caracterização do problema A LRF, em seu art. 48, qualifica como instrumentos de transparência da gestão fiscal: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias as prestações de contas e o respectivo parecer prévio o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal e as versões simplificadas desses documentos

6 Caracterização do problema Estudos nos levam ao questionamento sobre a compreensão desses documentos pela sociedade: "A dificuldade de compreensão da linguagem complexa inerente aos assuntos fiscais e orçamentários torna as informações produzidas e divulgadas pouco acessíveis aos cidadãos" (CULAU e FORTIS, 2006)

7 Caracterização do problema Além disso, os documentos apresentam informações consolidadas, correspondendo ao resultado de um período (bimestral, trimestral, quadrimestral, semestral ou anual), o que é útil para uma análise de caráter mais geral sobre o desempenho, mas não permite a visão de informações mais detalhadas, mais próximas da realidade diária da população. (SILVA, 2011)

8 LEI COMPLEMENTAR nº 131/ ALTERA A LRF Art. 1.º O art. 48 da Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: Art Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: [...] II liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; Obrigatoriedade do Portal da Transparência!

9 Decreto nº 7.185/ Define o que é (art. 2º; 2. ) : Tempo Real Liberação de informações em meio eletrônico até o 1º dia útil subseqüente à data do registro contábil no sistema utilizado pelo órgão (inciso II) Meios eletrônicos de acesso público Internet - (inciso III)

10 HIPÓTESE Nenhuma das Prefeituras Municipais fluminenses está plenamente aderente às exigências determinadas na Lei Complementar n.º 131/2009 e no Decreto n.º 7.185/2010.

11 OBJETIVO GERAL Verificar se as Prefeituras Municipais fluminenses superaram os desafios e implantaram ou adaptaram os seus portais da transparência com o conteúdo mínimo de informações e nível de tempestividade exigidos pela Lei Complementar n.º 131/2009 e pelo Decreto n.º 7.185/2010, bem como se houve transferências voluntárias a município fluminense que eventualmente ainda não tenha atendido plenamente às referidas normas.

12 METODOLOGIA Considerando os objetivos gerais da pesquisa, a questão principal que se pretendeu responder consistiu em: Quais os níveis de aderência das Prefeituras Municipais fluminenses às exigências determinadas na Lei Complementar n.º 131/2009 e no Decreto n.º 7.185/2010?

13 METODOLOGIA Home pages válidas: "nomedomunicípio.sigladoestado.gov.br" (Resolução CGI.br/RES/008, do Comitê Gestor da Internet no Brasil CGI.br.) Coleta de dados realizada entre os meses de novembro de 2014 e março de 2015, período em que foram feitas três tentativas de acesso. Estratégica metodológica baseada na aplicação de lista de verificação estruturada. Criação de um indicador que reflita o grau de atendimento à referida legislação: o it131. Dimensões: conteúdo e tempestividade.

14 METODOLOGIA Item Questão Base Normativa C1 Existe um Portal da Transparência? Inciso II do art. 48 da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com o inciso III do 2.º do art. 2.º do Decreto C2 C3 C4 C5 C6 É possível o acesso ao Portal da Transparência sem exigências de cadastramento de usuários ou utilização de senhas para acesso? Permite consultar o valor do empenho da despesa? Permite consultar o valor da liquidação da despesa? Permite consultar o valor do pagamento da despesa? Permite consultar a classificação orçamentária da despesa, especificando a unidade orçamentária, função, subfunção, natureza da despesa e a fonte dos recursos que financiaram o gasto? Inciso III do 2.º do art. 2.º do Decreto Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea a do inciso I do art. 7.º do Decreto Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea a do inciso I do art. 7.º do Decreto Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea a do inciso I do art. 7.º do Decreto Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea c do inciso I do art. 7.º do Decreto 7185.

15 METODOLOGIA Item Questão Base Normativa Permite consultar a pessoa física ou jurídica C7 beneficiária do pagamento da despesa, inclusive nos desembolsos de operações independentes da execução orçamentária, exceto no caso de folha de pagamento de pessoal e de benefícios previdenciários? Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea d do inciso I do art. 7.º do Decreto C8 C9 C10 Permite consultar o procedimento licitatório realizado em face da despesa, bem como à sua dispensa ou inexigibilidade, quando for o caso, com o número do correspondente processo? Permite consultar o bem fornecido ou serviço prestado, quando for o caso? Permite consultar a previsão da receita, e o respectivo lançamento, quando for o caso? Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea e do inciso I do art. 7.º do Decreto Inciso I do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea f do inciso I do art. 7.º do Decreto Inciso II do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com as alíneas a e b do inciso II do art. 7.º do Decreto C11 Permite consultar a arrecadação da receita, inclusive referente a recursos extraordinários? Inciso II do art. 48-A da LC 101, incluído pela LC 131, combinado com a alínea c do inciso II do art. 7.º do Decreto 7185.

16 METODOLOGIA Dimensão conteúdo A cada resposta positiva, somou-se um ponto. Para cada resposta negativa nenhum ponto foi somado. Média aritmética das respostas às questões Cn C n N C = 11

17 METODOLOGIA Dimensão tempestividade A cada resposta positiva, somou-se um ponto. Para cada resposta negativa nenhum ponto foi somado. Média aritmética das respostas às questões Cn, excetuando-se as questões C1 e C2 pela sua inaplicabilidade direta a esta dimensão. 1 9 C n N T = 9

18 METODOLOGIA O indicador it131 Valores entre 0,00 e 1,00 Calculado a partir de média ponderada do resultado das dimensões conteúdo e tempestividade, cujos pesos, respectivamente de 75% e 25%, procuraram refletir a gradação de relevância identificada entre elas. it131 = 75 x NC + 25 x NT 100

19 RESULTADO Confirmada a hipótese da pesquisa e, ainda, a existência de assimetria informacional entre o agente (governo) e o principal (sociedade), prevista na Teoria da Agência.

20 RESULTADO CONSOLIDADO Nenhuma das 92 Prefeituras Municipais fluminenses se apresentou plenamente aderente aos ditames da Lei Complementar n.º 131/2009 e do Decreto n.º 7.185/2010, por terem alcançado it131 inferior a 1,00 na média das três rodadas de acesso, apesar de algumas delas terem alcançado nota máxima em uma ou duas rodadas.

21 RESULTADO CONSOLIDADO 24 Prefeituras (26%) média igual ou superior a 0,67 (alguns ajustes para aderência plena à legislação) Destaque para as Prefeituras: Itatiaia: 0,96 Bom Jesus do Itabapoana: 0,92 Cabo Frio: 0,90

22 RESULTADO CONSOLIDADO 19 Prefeituras (21%) it 131 médio entre 0,33 e 0,66 (nível intermediário de aderência)

23 RESULTADO CONSOLIDADO 49 Prefeituras (53%) 16 Prefeituras (17%) Nota igual a 0,00: não localizado Portal da Transparência; retorno de mensagem de erro; ou retorno de página em manutenção. Nível inexistente ou precário de aderência à legislação 18 Prefeituras (20%) 15 Prefeituras (16%) it131 médio acima de 0,00 até 0,14: localizado Portal da Transparência, mas não apresentam as informações no modo exigido na LC 131 it131 médio entre de 0,15 e 0,32: Por apresentarem informações mínimas exigidas na LC 131

24 RESULTADO CONSOLIDADO Nível de aderência das Prefeituras à LC n.º 131/ Quase aderentes Nível intermediário de aderência Nível inexistente ou precário de aderência

25 PENALIDADES PREVISTAS Art. 73-C - O não atendimento, até o encerramento dos prazos previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no inciso I do 3.º do art. 23. Ou seja: o ente não poderá receber transferências voluntárias!

26 LEVANTAMENTO DAS TRANSF. VOLUNTÁRIAS Critério: montante transferido em determinado exercício financeiro. Base: Exercício de 2014, considerando que o último prazo para cumprimento da LC n.º 131/2009 expirou em 28/05/2013 (municípios com população de até habitantes)

27 LEVANTAMENTO DAS TRANSF. VOLUNTÁRIAS 240 instrumentos com início da vigência em 2014 com 74 das 92 Prefeituras fluminenses. R$ ,09: Montante das últimas liberações de recursos realizadas no exercício de 2014, destinadas à 69 das 92 Prefeituras. 226 instrumentos com início da vigência em 2014 com 58 das 92 Prefeituras, atingindo o montante de R$ ,80 de responsabilidade do concedente.

28 NORMAS TRANSF. VOLUNTÁRIAS Portaria Interministerial (MP/MF/CGU) n.º 507, de 24/11/2011, a qual estabelece como uma das condições para a celebração de convênios o disposto no inciso XVII do art. 38: XVII - comprovação de divulgação da execução orçamentária e financeira por meio eletrônico de acesso ao público e de informações pormenorizadas relativas à receita e à despesa em atendimento ao disposto no art. 73-C da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, comprovado por meio de declaração de cumprimento, juntamente com a remessa da declaração para o respectivo Tribunal de Contas por meio de recibo do protocolo, aviso de recebimento ou carta registrada; (grifo nosso)

29 NORMAS TRANSF. VOLUNTÁRIAS Não foi localizada disposição sobre exigência quanto ao cumprimento do art. 73-C da LRF, como condição para celebração de instrumentos e transferências voluntárias, no seu Manual de Convênios mantido pela Superintendência de Normas Técnicas da Contadoria Geral do Estado, de 17/01/2014.

30 PROPOSIÇÕES Por ocasião da celebração de instrumentos de transferências voluntárias ou da remessa dos recursos correspondentes, que as normas regulamentadoras de cada ente concedente estabeleçam a exigência prévia de certidão expedida pelo Tribunal de Contas competente ou pelo órgão do sistema de controle interno do concedente (órgãos responsáveis pela fiscalização da gestão fiscal nos termos do art. 59 da LRF), de que o convenente ou o pretenso convenente está aderente aos ditames da Lei Complementar n.º 131/2009 e demais normas regulamentadoras.

31 DESDOBRAMENTOS

32 DESDOBRAMENTOS

33 DESDOBRAMENTOS

34 Muito obrigado!