ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Transcrição

1 PARECER CASA MILITAR. DEFESA CIVIL. CONTRATAÇÃO DIRETA. DISPENSA DE LICITAÇÃO. SITUAÇÃO EMERGENCIAL. É juridicamente viável a contratação direta da prestação de serviços de transporte aéreo locação de aeronave com tripulação para atender as necessidades das equipes da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil e da Governadora do Estado. Impossibilidade temporária de haver a utilização das aeronaves pertencentes ao Estado do Rio Grande do Sul. Os pressupostos fáticos constantes do processo administrativo revelam a necessidade e urgência na utilização da aeronave e dos serviços, bem como a impossibilidade jurídica e inconveniência de aguardar-se a instauração e conclusão de normal procedimento licitatório, estando atendidas as exigências do art. 26 da Lei nº 8.666/93. Inteligência do disposto no art. 24, IV, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 1. O senhor Secretário de Estado Chefe da Casa Militar consulta esta Procuradoria-Geral do Estado sobre a viabilidade jurídica de ocorrer a contratação direta da locação de aeronave (helicóptero), consoante o que consta do Ofício nº 398/SAdm/09, datado do dia 12 de novembro de 2009, nos seguintes termos: 1

2 (...) A Casa Militar tem a responsabilidade de garantir a segurança pessoal da senhora Governadora do Estado e, nessa atividade, conta com as aeronaves do Departamento de Serviços Aéreos (DAS), órgão subordinado à Secretaria da Infraestrutura e Logística. Nos compromissos da senhora Governadora em todo o território gaúcho, notadamente naqueles cumpridos nas regiões metropolitana e serrana, temos nos valido da segurança e agilidade proporcionadas pelo deslocamento helitransportado. De outra parte - ainda que não menos importante a Casa Militar, por força de lei, exerce a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, atividade na qual se demonstra imprescindível a utilização de aeronaves de asa rotativa a fim de inspecionar e assistir comunidades atingidas por fenômenos meteorológicos que tenham trazido destruição ambiental. Ocorre que os dois helicópteros de propriedade do Estado, alocados ao DAS, se encontram baixados sem uma previsão exata de retorno operacional, conforme restou demonstrado neste processo (fls. 06 à 10). As paradas dessas duas aeronaves tem impactado sobremaneira às operações da Casa Militar, uma vez que não temos alternativas no Estado do Rio Grande do Sul para realizar esse tipo de transporte em condições plenas de acomodar uma autoridade e sua comitiva, tanto como transportar equipes de Defesa Civil. Diante da situação, sumariamente relatada até então, restou suficientemente demonstrado a absoluta necessidade, conveniência e oportunidade da locação de um helicóptero colimando atender às necessidades de Estado descritas nesse arrazoado. Como medida acautelatória foi ouvida a subchefia jurídica da Casa Civil (fls. 22 à 24) que enxergou legalidade na medida e recomendou que caso o montante do valor contratado ultrapassasse o limite previsto no Decreto de 29 de setembro de 2003 fosse o processo remetido ao exame dessa Procuradoria-Geral do Estado. Solicito-lhe, então, com a urgência que o caso requer a emissão do posicionamento desse distinto órgão de assessoramento e defesa jurídica do Estado. 2

3 ( ). ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL O processo administrativo me foi distribuído no dia 16 de novembro (fl. 95-v), sendo que dele constam os seguintes documentos, informações e/ou elementos informativos: Mem. nº 075/D Adm-SDC/09, datado de 20/10/2009, elaborado pelo Subchefe de Defesa Civil (fl. 2), Ofício nº 135/SOp/2009, de lavra do Subchefe de Operações da Casa Militar, onde são explicitadas as necessidades e as características mínimas do objeto do contrato (fls. 3-5), Ofício nº 353/SAdm/09, de lavra do Secretário de Estado Chefe da Casa Militar, indicando os motivos por que é necessária a utilização da aeronave (fls. 6-7), informação sobre a situação atual da frota de aeronaves do Estado do Rio Grande do Sul prestada pela SEINFRA (fl. 10), cópias de ofício-circular ou convite e de minuta de contrato enviadas a diversas sociedades empresariais que atuam no mercado de locação de aeronaves (fls ), manifestação favorável da Subchefia Jurídica e Legislativa da Casa Civil (fls ), propostas enviadas pelas empresas contadas (fls ), análise comparativa dos preços (fl. 40) e documentação apresentada pela empresa que ofertou o menor preço: Helimarte Táxi Aéreo Ltda. (fls ). É o relatório. 2. De acordo com o que consta da minuta do contrato de prestação de serviços de transporte aéreo (fls ), na sua cláusula primeira, o objeto está assim descrito: 1.1 O presente contrato visa contratação de empresa para prestação de serviços de transporte aéreo nacional, conforme objeto abaixo. Quantidade Descrição Contratação de empresa para prestação de serviços de transporte aéreo nacional, em vôos diurnos e noturnos, em aeronaves tripuladas para transporte de passageiros com vistas a atender a Defesa Civil do Estado e o Gabinete da Governadora do Estado, em 3

4 01 aeronave com asa rotativa (helicóptero), com capacidade mínima de 04 (quatro) passageiros, dotada das seguintes características: - Ar condicionado; - Certificado de Aeronavegabilidade atualizado; - Certificado de matrícula atualizado; - Seguro total contra terceiros Seguro LUC - Seguro de Reta; - Programa de Manutenção atualizado; - Coberta com contrato de manutenção em oficina especializada; O prazo de vigência do contrato é de 90 (noventa) dias, com a possibilidade de ser prorrogado até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias. pagamento do preço: Há indicação dos recursos financeiros que serão utilizados para o Casa Militar Atividade/Projeto: 6362 Elemento de Despesa: Rubrica: 3301 Locação de veículos Recurso: 0001 Tesouro livre. A situação fática retratada neste processo administrativo revela a viabilidade jurídica da contratação direta pretendida pela Administração Pública, com base no permissivo do art. 24, IV, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos. A informação jurídica prestada pela douta Assessoria Jurídica da Subchefia Jurídica e Legislativa da Casa Civil está adequada aos pressupostos fáticos constantes dos autos, reveladores da situação emergencial que legitima a contratação direta almejada: necessidade do objeto do contrato, com potencial risco de dano ao interesse público, a impossibilidade transitória de utilização das aeronaves que integram a frota pública. Adotam-se, no presente caso e no que couber, as considerações e fundamentos jurídicos que foram expressados em diversos pareceres e informações desta Procuradoria-Geral do Estado (v.g. Parecer nº , Joline Baldwig 4

5 Erig Weiller, Parecer nº , Maria Denise de Vargas Amorim, Parecer nº , Bruno de Castro Winkler e Parecer nº , Bruno de Castro Winkler). Avaliando-se todos os elementos informativos e pressupostos fáticos constantes dos autos, tem-se como juridicamente viável a contratação direta, com base no art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93, estando igualmente satisfeitos os requisitos ou exigências previstos pelo art. 26, parágrafo único, do mesmo diploma legal (caracterização da situação emergencial, razão da escolha do fornecedor e justificativa do preço), destacando-se, ainda, que o prazo de vigência da contratação está adequado ao referido permissivo legal. Além da necessidade da contratação e do risco potencial de dano referidos pela Administração Pública, bem como do que se pode supor ou inferir do caso concreto, é de ser destacado que nas datas de ontem e hoje (19 e 20 de novembro) houve sucessivos pedidos de urgência no exame do caso concreto, motivados pelos amplamente noticiados problemas decorrentes de tempestades que atingiram vários Municípios e localidades deste Estado, que provocaram ou causaram mortes e a destruição de diversos prédios, bem como em razão das previsões acerca da ocorrência de novos temporais nos próximos dias (risco iminente). 3. Ante o exposto, conclui-se no sentido de ser juridicamente viável a contratação direta da sociedade empresarial Helimarte Táxi Aéreo Ltda., pelo preço por ela ofertado (valor/hora de R$ 4.000,00), adotando-se como instrumento contratual a minuta de contrato encartada nos autos, cuja redação, se for o caso, poderá sofrer alterações ou aperfeiçoamentos, mas desde que sejam mantidas as suas bases, cláusulas e condições essenciais, destacando-se que a observância desses limites materiais torna desnecessária a ocorrência de novo exame desta PGE. É o parecer. 5

6 À consideração superior. Porto Alegre, 20 de novembro de 2009 Bruno de Castro Winkler Procurador do Estado Ref. Exp. Adm. nº /09-8 6

7 Processo n.º /09-8 Acolho as conclusões do PARECER n.º , da Procuradoria do Domínio Público Estadual, de autoria do Procurador do Estado Doutor BRUNO DE CASTRO WINKLER. Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado Chefe da Casa Militar. Em 20 de novembro de Eliana Soledade Graeff Martins, Procuradora-Geral do Estado.