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1 pub NEOTÉFILO conversas sobre assessoria a grupos de jovens Hilário Dick

2 NEOTÉFILO conversas sobre assessoria a grupos de jovens Hilário Dick São Leopoldo pub 2016

3 NEOTÉFILO conversas sobre assessoria a grupos de jovens Autor: Hilário Dick Supervisão e capa: Rodrigo Fagundes Produção: PUB Editorial D547n Dick, Hilário Neotéfilo : conversas sobre assessoria a grupos de jovens / por Hilário Dick. São Leopoldo: PUB Editorial, p. : il. ISBN: Evangelização Juventude. 2. Assessoria Jovens. 3. Neotéfilo. I. Título. Catalogação na Publicação Bibliotecária Vanessa Borges Nunes - CRB 10/1556 CDU PUB Editorial Rua Waldemiro da Silva, 420, M22 BL M. CEP São Leopoldo - RS. Fone: contato@pubeditorial.com.br

4 Sumário Prólogo A situação do ministério da assessoria A identidade do/da assessor/a de jovens Os desafios de ser assessor/a Assessoria e animação Espiritualidade do/da assessor/a da evangelização da juventude Funções e tipos de assessores/as Assessoria e projeto de vida A capacidade e a mística de resistir Bibliografia

5 Prólogo 5

6 Embora haja muitos/as, faltam Neotéfilos/as dando vida e criatividade para jovens e adolescentes. Também se fala pouco deles/as ou para eles/as. Por isso escrevi e insisti no que aqui vai. Todo/a Neotéfilo/a é um/a amante da juventude. Numa sociedade que não aprendeu a amar a juventude, os/as Neotéfilos/as são mais importantes ainda. Houve um tempo em que eu, assim como a sociedade, tinha medo dos/das jovens. De fato, se formos atrás do que se fala ou do que se mostra sobre a juventude, é loucura ser um/a Neotéfilo/a. Contudo, a sociedade e os/as jovens precisam de Neotéfilos/as. Não só simples Neotéfilos/as: Neotéfilos/as apaixonados/as. Estas conversas se dirigem aos/às Neotéfilos/as. O/a Neotéfilo/a não deveria ser, mas é uma pessoa muito especial, porque o mistério o/a levou a amar e a querer amar sempre mais a juventude. Ser Neotéfilo/a é saber alegrar-se com a novidade encarnada em rapazes e meninas brotando como as rosas do jardim. Há quem teima em ver somente os espinhos; outros ficam embasbacados com as pétalas que são seus filhos, suas filhas, e se esquecem de dar carinho, de regar, de podar e pôr adubos. Neotéfilo/a é um amante muito realista. Acompanha a flor em todos os seus momentos. Há os que o/a chamam de assessor/a; há jovens que os/as chamam carinhosa ou temerosamente de tios. Vai chegar o dia em que vamos falar mais de acompanhantes, que podem ser chamados de acólitos da juventude. Neotéfilo/a é tudo isso. Talvez seja um/a tio/tia com vontade de ser assessor/a; talvez seja um/a assessor/a com jeito de tio/tia; talvez um acompanhante ou, então, um cuidante. O/a assessor/a é 6 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

7 quem deseja ser patota mesmo não sendo da patota. O/a acompanhante come o mesmo pão junto e com o/a jovem. Neotéfilo são reflexões para quem vive e deseja viver a vocação de ser acompanhante de grupos de jovens; a vocação de estar junto aos/às jovens e adolescentes, descobrindo a beleza da vida, especialmente da vida em comunidade. O jovem e a jovem são seres que descobrem que somos coletivos e que a felicidade mais profunda está fora de nós. O/a Neotéfilo/a é um/a cicerone dessa aventura. É para ele/a que vão essas cartas falando diversas coisas. Fala-se, por isso: 1. Da situação social e eclesial dos/das assessores/as. É importante dar-nos conta de que plantar rosa é bonito, mas exige trabalho e cuidado. Nem sempre os/as plantadores/as de rosas têm o apoio que precisam; 2. Da identidade do/da Neotéfilo/a. Até sabemos que eles/as são importantes, mas o que é ser assessor/a? O que é o ministério da assessoria? Que qualidades ele/a deve ter? 3. Dos desafios que o/a assessor/a precisa enfrentar. Apresentam-se, por isso, ângulos bonitos do que é um plantador de rosas De uma qualidade muito carinhosa do/da assessor/a que é a animação. A animação é tão vital, falar com as rosas é tão importante, que até se misturam Prólogo 7

8 uma função e uma encarnação temporária da animação chamada animador; 5. Da mística do/da assessor/a. Trata-se de tentar dizer como deve ser o que chamamos de espiritualidade do/da assessor/a. Mesmo que o dito seja pouco, é preciso balbuciar palavras que ajudem outros/as a viverem um estado de espírito interior; 6. Das várias funções dos/das variados/as Neotéfilos/as que existem e devem aparecer para a alegria do jardim ser mais completa; 7. Da assessoria relacionando-se entranhadamente com o projeto de vida. Assim como todo/a jovem sonhador/a de autonomia e de protagonismo pode ser enriquecido/da com seu projeto de vida pensado, escrito e assumido, o mesmo vale para o/a assessor/a; 8. Da importância da resiliência. Não vivemos tempos fáceis e é preciso encontrar formas de resistência, não perdendo a alegria da vida de ser assessor/a em tempo de turbulência. A espiritualidade e a psicologia podem apontar-nos caminhos vivendo a proposta da evangelização da juventude proposta pelos bispos do Brasil. Caro/a Neotéfilo/a, o mais importante não é o que você vai ler, mas aquilo que você vai sublinhar e acrescentar. Hilário Dick 8 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

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10 Assim como você, Neotéfilo/a, também me pergunto, muitas vezes, sobre a situação do ministério da assessoria no trabalho com a juventude, porque a situação poderia estar bem melhor. Está difícil perceber qual a questão. Não está claro se ela (a questão) vem por parte dos/das jovens, um segmento que representa uma onda em nossa sociedade enfrentando muitos desafios; se é uma questão de percepção do exercício do ministério sacerdotal, por parte dos presbíteros; ou se é uma questão eclesial, frente uma conjuntura que mostra uma Igreja tonta ante os novos paradigmas; ou se há outras causas que nem sabemos exprimir. Precisamos convencer-nos que a Pedagogia não é uma questão de brincadeira. Para iniciar, gostaria de dizer três coisas: 1) que o ministério da assessoria preocupa; 2) que o ministério da assessoria oferece grandes alegrias; 3) que o ministério da assessoria deve fazer sonhar. A assessoria preocupa Não esqueço o clamor dos/das delegados/as da Pastoral da Juventude da América Latina no 2º Congresso Latino-Americano, em Punta de Tralca, no Chile, em Já se estava na fase da votação das conclusões. Quando se falou da necessidade do acompanhamento e da assessoria nos grupos de jovens, a assembleia se levantou e aplaudiu. O desafio dizia: Se se continua designando assessores sem vocação, formação nem opção 10 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

11 pelos/as jovens, dificultar-se-á pôr em prática a proposta da Pastoral da Juventude, porque esta proposta exige agentes não somente capacitados intelectualmente, mas sobretudo, capazes de compreender a vida e o linguajar dos/das jovens e disponíveis para dedicar seu tempo a essa tarefa 1. Lembro-me que me levantei, olhei aqueles 800 delegados/as e suspirei: E ainda há gente que pensa que os jovens não querem assessores/as que caminhem com eles! O acompanhamento e a assessoria são um grito dos/das jovens. O ministério da assessoria, em termos gerais, preocupa por um segundo motivo: que a situação possa denotar o distanciamento da Igreja junto aos/às jovens. Distanciamento, em primeiro lugar, por parte da hierarquia. Recordo-me da Conferência Episcopal de Medellín, falando (quando tratam da juventude e dos que trabalham com ela) da necessidade de promover Centros de Estudo e Investigação no que se refere à participação da juventude na solução dos problemas do desenvolvimento e dizendo que se faça uma distribuição mais planejada dos sacerdotes, possibilitando melhor atendimento dos movimentos de jovens ou, então, que se dê à formação de assistentes de juventude (sacerdotes, religiosos/as, leigos/as) a importância que exerçam num continente onde a maioria é jovem. 1 Veja II Congreso Latinoamericano de Jóvenes, Punta de Tralca, Desafio nº 19. A situação do ministério da assessoria 11

12 O documento Evangelização da Juventude Desafios e Perspectivas Pastorais, da Conferência dos Bispos do Brasil, pode representar a negação dessa desconfiança; a reafirmação da opção pela juventude feita pelos bispos da América Latina, em Aparecida, pode, igualmente, significar que estou enganado, mas na prática a distância parece continuar sendo real em muitos cantos. Do afetivo para o efetivo pode haver espaços enormes. Um aspecto que deve preocupar, contudo, é que o Documento de Aparecida não faz referência nenhuma a você, Neotéfilo/a: nada sobre assessoria. O distanciamento da Igreja com relação à juventude verifica-se, em segundo lugar, no mundo dos presbíteros. Nos encontros de assessores/as de anos passados percebia-se uma presença bonita e significativa de sacerdotes. Verificava-se um entusiasmo que deixou saudade. O que sucede hoje? Quem são os padres que sabem, de fato, o que é uma evangelização da juventude e que se encontram para melhorar o exercício de evangelizadores/as no mundo juvenil? Talvez alguém diga que esse ministério está sendo exercido, agora, por leigos e leigas. De fato, o aumento dos leigos e leigas nesse ministério é uma grande novidade. Temos que reconhecer, contudo, que a novidade, na grande maioria dos casos, não se dá por incentivo presbiteral. É uma descoberta de pessoas sentindo-se chamadas para esse ministério, enfrentando mais resistências do que apoios por parte do clero. Não é uma afirmação absoluta, mas tem muito sentido. Além 12 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

13 disso, não podemos esquecer a complementaridade de leigos/as, religiosos/as e padres neste serviço. Um terceiro espaço onde se verifica o distanciamento da Igreja com relação aos/às jovens situa-se no mundo dos religiosos e religiosas. Sei, Neotéfilo/a, que é duro dizer isso sabendo que são eles/as (os religiosos e religiosas) que garantiram e garantem várias instâncias na evangelização da juventude, mas, no geral, essa é a verdade. Se há tantas Congregações que têm como carisma o trabalho com a juventude, onde estão elas e como se manifesta a vivência desse carisma? Penetrando nas casas de formação, deparar-nos-emos com outro sintoma: os/as próprios/as candidatos/as à vida religiosa são tratados/as, realmente, como jovens? Está claro o que entendemos por juventude? Nem sempre fica evidente que sustentar colégios, por mais méritos que isso represente, não significa estar próximo da juventude. Ainda mais quando se acredita que um dos grandes desafios no trabalho com essa categoria é ajudar para que ela assuma o seu protagonismo. Um quarto aspecto do distanciamento da Igreja com relação aos/às jovens relaciona-se com a vida nas dioceses. Quantas dioceses são capazes, hoje em dia, de pôr à disposição da juventude algum padre? Em 1994, segundo dados da assessoria nacional do Setor Juventude da CNBB, 90% das dioceses diziam ter assessor diocesano. 5% deles dispunham de tempo integral e 10% eram semiliberados; 85% acumulavam o serviço da assessoria com outros trabalhos; 30% eram leigos, na maioria ainda A situação do ministério da assessoria 13

14 jovens 2. Os dados atuais certamente serão outros. Uma tendência que se percebe é que o clero está deixando esse ministério por conta de casais conhecidos como tios e tias. Certamente se trata de pessoas cheias de boa vontade, mas muitas vezes - sem preparo específico, desinformadas, em geral, da proposta da Igreja para a evangelização juvenil. Podem estar munidos de uma grande dedicação (amor) aos/às jovens (às vezes por causa dos filhos que têm) mas não lhes são oferecidos momentos em que aprofundem, de fato, o sentido e a abrangência do ministério da assessoria, numa proposta eclesial. Claro que há dioceses que fazem uma linda caminhada, não esquecendo capítulos como o protagonismo juvenil, a formação para a autonomia e a formação integral. Não se pode negar, no entanto, que nesse campo os cenários de igreja se manifestam em sua conflitividade concreta. O ministério da assessoria oferece alegrias Você percebeu, caro/a Neotéfilo/a, que a barra está um tanto pesada. Há, contudo, motivos que nos estimulam para a continuidade, porque há razões para tal. Tentarei dizer por onde andam algumas alegrias de minha parte. Iniciarei falando dos resultados. Entendo como resultados o fato de ver homens e mulheres, sacerdotes e religiosos/as serem testemunhas do Reino em muitas 2 A visão cronológica situa a adolescência entre os 12 e 17 anos e a juventude entre os 15 e 30 anos. 14 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

15 partes por causa do seu amor à juventude. Em alguns meses, nos últimos tempos, foram mortos sete sacerdotes por causa dos/das jovens. Estou convencido de que poucas instituições formaram lideranças, para a sociedade e a Igreja, como a Pastoral da Juventude. Lembro-me, com alegria, de uma colega de trabalho voltando de um encontro sobre Políticas Públicas para a Juventude, em São Paulo, dizer-me com admiração: 70% daqueles/as participantes diziam de boca cheia que sua experiência decisiva foi a participação nos grupos de jovens da Pastoral da Juventude... Poderia ditar-lhe muitos nomes de jovens que assessorei e que, agora, me superaram trabalhando em diferentes campos da sociedade e da Igreja. Um abraço deles/as ou uma visita deles/as, com seus sorrisos agradecidos, não há nada que substitua. Foi, em segundo lugar, por causa do ministério da assessoria que foram aparecendo, em vários lugares do Brasil e da América Latina, Centros e Institutos de Apoio aos/às jovens e assessores/as. Não vou citar local ou pessoas porque seria um pouco delicado. Basta dar uma olhada nos diferentes tipos de Cursos para Assessores/as que foram e estão pipocando no meio de dificuldades e entusiasmos; cursos de Pós-Graduação em vários lugares. Indo um pouco atrás dessas iniciativas você vai descobrir que são frutos da Pastoral da Juventude. Perceber pessoas assumindo responsabilidades locais, regionais e nacionais em vista de um projeto pastoral que amadureceram, é algo que ninguém explica. Uma terceira alegria que me atrevo a citar é o avanço decidido de uma preocupação mais científica (não só A situação do ministério da assessoria 15

16 pastoral) no trabalho com a juventude. Dizer que o único Curso de Pós-Graduação em Juventude é fruto de assessores da Pastoral da Juventude é um orgulho. O/a verdadeiro/a Neotéfilo/a não fica girando em torno da sacristia. Ele/a tem um coração missionário indo ao encontro de todos os gritos da juventude. Está se querendo entender os discursos que a gente faz e fez na História. Claro que isso é, ainda, uma utopia. Mas uma utopia que já tem ninhos concretos em muitos lugares. Uma quarta alegria coloca-se no mundo da generosidade que há neste trabalho. Ter disponibilidade relaciona-se com generosidade, com doação, com dar a vida pela juventude. Lembro-me de nossos mártires como o Pe. Florisvaldo Orlando, o Pe. Albano Trinks, o Frei Jessé, o Pe. Gisley Azevedo... Lembro-me de tantos que não encontram desculpas para dizerem não. O que me comove são figuras de leigos/as que, além do trabalho de sobrevivência, puxam de seu próprio bolso parte significativa de seus recursos para dedicar-se à juventude. Todos sabemos, Neotéfilo/a, que trabalhar com jovens não dá dinheiro. Pelo contrário, você paga para trabalhar... Estou convencido que isso não é o ideal para uma Igreja que tem recursos para outras coisas. Há leigos/as que nos dão um banho de gratuidade e parece que a Igreja-Instituição custa a aprender. Outra alegria que o ministério da assessoria me dá é reconhecer que na proposta pedagógica da Pastoral 16 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

17 da Juventude há muita mão de pedagogos/as, isto é, de Neotéfilos/as que, de mãos dadas com as mais diversificadas lideranças juvenis, foram capazes de sistematizar o que há de mais maduro e mais completo no serviço da evangelização juvenil. É com esse pano de fundo que leio Civilização do Amor Tarefa e Esperança ou Civilização do Amor Projeto e Missão e outras publicações da Conferência Episcopal Latino-Americana, e é com esse pano de fundo que procuro ler as conclusões das assembleias em seus diversos níveis, também o documento Evangelização da Juventude Desafios e Perspectivas Pastorais, dos bispos do Brasil. Uma Pastoral da Juventude, mesmo sendo dos jovens, é uma caminhada bonita de acompanhante e acompanhado/da, de jovem e adulto/a, de sacramentos da novidade abraçados a conhecidos/as e desconhecidos/as Neotéfilos/as espalhados por ali. Uma última alegria que experimento, prezado/da Neotéfilo/a, é recordar como a assessoria, na evangelização da juventude, foi se afirmando como ministério. Mais do que uma mera função, trata-se de viver uma vocação. Recordo, de modo especial, figuras como Tere Lanzagorta, do México; Carmem Lúcia Teixeira, de Pires do Rio (Goiás), de Dom Julio Bonino (do Uruguai) falando da espiritualidade do/da assessor/a, do falecido Pe. Horácio Penengo, do Uruguai e de Dom Bráulio Sãez Garcia (Bolívia). Não me foge da memória a figura alegre deste bispo discorrendo, pela primeira vez, em Zipaquirá (Colômbia), sobre a assessoria como ministério. Por vir da parte de um bispo, o momento foi especial. Como esquecer o Pe. Florisvaldo A situação do ministério da assessoria 17

18 Orlando (de São Luiz de Montes Belos) e o Pe. Maurício Jardim (Porto Alegre)? A descoberta da assessoria como ministério foi-se dando aos poucos, em muitos lugares. Um dos espaços que não posso deixar de nomear é o Curso de Assessores de Jovens (Porto Alegre) e, dentro desse espaço, as figuras do Ir. Cláudio Rockenbach, de José Lino Hack, do Pe. Jorge Boran, do Pe. Hugo Bersch, da Ir. Enedina Pierdoná, da Ir. Augusta Ghisleni e muitos/as outros/as Neotéfilos/as até a medula dos ossos. Isso se deu, principalmente, nos anos de Ainda hoje me comovo percebendo a revelação que significou a oração do assessor e da assessora da Pastoral da Juventude. Num abrir e fechar de olhos, essa reza se espalhou pela Pátria Grande... A assessoria leva a sonhar... O ministério da assessoria, caro/a Neotéfilo/a, tem outra faceta. Ele também faz sonhar... Faz sonhar, em primeiro lugar, com a juventude como sendo uma causa. Como escreve o poeta Thiago de Mello, não somos nem melhores nem piores. Somos iguais. Melhor é nossa causa. Para trabalhar com jovens é preciso que a juventude seja uma causa. Pela causa a gente dá muito; até a própria vida. A causa caminha com a gente em toda parte: no coração, na cabeça e no bolso. A causa faz sonhar. Uma segunda faceta do ministério da assessoria nos leva a olhar para a Igreja. Até dizem que a Igreja é a juventude do mundo. Na Conferência Episcopal de Medellin 18 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

19 diz-se que a Igreja vê na juventude a constante renovação da vida da humanidade e descobre nela um sinal de si mesma. Mais ainda: na mensagem do Concílio Vaticano II aos/às jovens diz-se que a Igreja é a verdadeira juventude do mundo ou, então, que a juventude é o símbolo da Igreja, chamada a uma constante renovação de si, a um contínuo rejuvenescimento. Fico pensando, então, na figura do Papa João Paulo II. É com a juventude que ele se encontrava, sistematicamente, para beber dela, em nome da Igreja, o vigor de não ser velha e bolorenta. Leia-se Diálogo Noturnos em Jerusalém, do Cardeal Carlo Martini 3. Essas coisas, Neotéfilo, me fazem sonhar e ter esperança. Olhemos, por isso, as nossas comunidades. Em qualquer lugar... Vão ser muito raras as paróquias em que não se vejam os jovens animando a catequese, a crisma e outras coisas mais. Vamos ver que a juventude até se presta para ser mão de obra barata de párocos que perderam o senso da novidade verdadeira. E me lembro, então, dos jovens como agentes vitalizadores da sociedade, dos quais fala Mannheim, e das sociedades incapazes de renovar-se com a ajuda da juventude. Quem, senão os/as jovens, são capazes de propor Escolas de Liturgia e Escolas de Bíblia para jovens? Até estou pensando que se deveria pensar em Escolas de Catequese para jovens... Outro fato que me leva a sonhar é o espírito missionário da juventude. Não se trata tanto de viajar para outros 3 São Paulo: Paulus, A situação do ministério da assessoria 19

20 continentes, como fazem instituições movidas mais pelo espírito das benesses do que pelo espírito de querer encontrar-se com outras realidades. Impressiona-me encontrar jovens de diversos países, morando em periferias, para serem evangelizadores/as. Deixam a família, os estudos e se mandam, sem medo do desconhecido e das dificuldades, para ser presença junto aos/às mais necessitados/as. Não existe coisa mais linda do que poder ajudar os/as jovens a abraçarem a sua história, a sua autonomia e serem eles/as mesmos/as, movidos/as pela força da doação. Por isso, Neotéfilo/a, a juventude deve ser uma causa e o grupo de jovens precisa ser levado com paciência, alegria e pedagogia, porque o grupo é o lugar da felicidade do/da jovem. Você já experimentou isso, não é verdade? Estava pensando nesses sonhos voltando de um encontro de final de semana com 200 adolescentes irrequietos/as, cheios/as de vida, expiando pela porta da juventude. 20 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

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22 Falar da identidade do/da assessor/a de um grupo de jovens, de uma Pastoral ou de um movimento de jovens não é tão simples como parece ser, nem é tão complicado como corremos o risco de imaginar essa figura. Devemos ter clareza, contudo, sobre várias coisas. Lembro-me de dois pais de família vindo, pela primeira vez, para um Encontro Regional de Assessores da Pastoral da Juventude. Os dois eram pais de adolescentes, fizeram o Encontro de Casais com Cristo, eram simpáticos, idealistas, descobriram-se amantes da igrejacomunidade e o pároco pediu-lhes para participarem, na capital, de um Encontro Regional de Assessores da Pastoral da Juventude. Lá se foram eles, com todo entusiasmo, para essa nova aventura. Além de nunca terem estado na capital, era a primeira vez que iriam participar de um encontro assim... Contudo, com toda a disposição e com toda a comunicabilidade deles, eles se sentiram, de repente, como peixes fora da água... Procuram ser ótimos pais, procuram acompanhar o grupo de jovens de sua paróquia, descobriram há pouco que a igreja não é só dos padres, estão com vontade doida de ajudar aquela gurizada, mas sentiram-se, de repente, tomando água, com risco de se afogarem... Essa situação não é irreal. É muito concreta. A situação destes dois pais suscita muitas perguntas e vou tentar expressar algumas. A primeira pergunta que faço, é: Eles estavam no lugar certo? O que é um lugar certo? O 22 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

23 pessoal soube acolhê-los? O que significaria, neste caso, acolher? Acho, contudo, que é preciso deixar de perguntar e fazer duas afirmações: O/a assessor/a é uma pessoa que vive um processo de assessoria. Para ser assessor/a não basta, por exemplo, ser pai de família, ter certa idade. Pode ser muito bom, mas não basta. Não basta, para ser assessor/a, ser padre, ser religioso/a. Pode ser muito bom, mas não basta. Bastaria se valesse a nomeação ou a indicação Mas nenhuma nomeação ou indicação faz milagres. Há critérios (nem sempre escritos, nem sempre explicitados) que definem um/a assessor/a pelo que é e pelo que acredita. Alguém pode ser assessor/a para uma instituição, mas não para uma outra. Alguns critérios que podem ajudar: a) que ele/a seja um/a militante da fé cristã, na teoria e na prática; b) que ele/a seja alguém que entende de processo de educação na fé de um grupo, de uma instituição e de uma pessoa; c) que ele/a seja um/a militante da instituição na qual trabalha, pensando-a e planejando-a; d) que ele/a (assessor/a) seja uma presença, isto é, esteja aí nos altos e baixos, nos momentos mais e menos decisivos. Para ser assessor/a de alguma instituição não basta ter boa vontade, mas a boa vontade é fundamental; não A identidade do/da assessor/a de jovens 23

24 basta saber um mundo de coisas sobre essa tal de instituição, mas é preciso envolver-se nesta instituição, lutar por ela e seus objetivos; não basta querer trabalhar nesta instituição, é preciso ser e fazer-se reconhecido por ela. E outras coisas mais... Caro/a Neotéfilo/a, falar da identidade do/da assessor/a de jovens nem sempre é tão evidente... O que aconteceu com os dois pais de família? O problema estaria, por acaso, com o pároco que não soube escolher, dentro do seu ministério, os assessores acertados? O problema estaria em eles serem assessores de uma determinada instituição que foram participar de um encontro de outra instituição? Mas eles querem aprender a trabalhar com jovens! pode dizer alguém. Certo! E trabalhar com jovens, que exigência oferece? Todos pensam as mesmas coisas quando se fala de evangelização juvenil? Na evangelização tudo é a mesma coisa? Todos querem e precisam de assessores/as... Muita gente, na sua profissão, serve-se de assessores/as. O/a ministro/a tem seus/suas assessores/as; o/a presidente/a tem seus/suas assessores/as; o/a deputado/da tem seus/suas assessores/as; o/a empresário/a tem seus/suas assessores/as... O que pensa um bispo, o que pensa um/a diretor/a de colégio, o que pensa um pároco quando chama alguém para ser assessor/a dos 24 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

25 grupos de jovens, assim como aqueles pais de família? O que pensa a gurizada quando, junto a eles, caminha um tio ou uma tia que diz gostar deles e gostaria de estar junto a eles/as porque o pároco pediu, porque também tem filhos/as da idade deles/as, porque outros tios/as pediram para eles/as exercerem este ministério? Um/a assessor/a entende de quê? Um/a assessor/a serve para quê? O pároco tem, na sua comunidade, um grupo de terceira idade e ele não dispõe nem de tempo nem de jeito para trabalhar com terceira idade. A quem ele vai chamar para assessorar este grupo? Fica claro que a sociedade em geral (profissionais, instituições, movimentos, partidos etc.) precisa muito de assessores/as. Gente que faça acertar melhor nos objetivos, gente que ajude a ter sucesso nos empreendimentos. Ninguém escapa disso, nem o grupo de jovens, nem a Pastoral da Juventude, ninguém. De vez em quando os tais de assessores/as chamam outros entendidos/as para assessorá-los... Vamos chamá-los/as de assessores/as ou de peritos/as? Todos nos damos conta que não são a mesma coisa e que um/a é diferente do/da outro/a... A diferença é que um/a está na assessoria todo dia; o/a outro/a, porque tem experiência ou é especialista em algum assunto, está aí para ser consultado/da. Fica claro, em segundo lugar, que o/a assessor/a está no cotidiano da coisa e não é, simplesmente, um/a perito/a, chamado/da somente em certos momentos para alguns aspectos. O/a A identidade do/da assessor/a de jovens 25

26 assessor/a do qual queremos falar está no cotidiano, está no processo da coisa. Alguém que sabe e acompanha o que a empresa faz, os problemas que a empresa enfrenta e está aí, para assessorar visando o melhor. Nesse sentido pensamos no/a assessor/a, pedagogo/a, que caminha junto, sente responsabilidade com a caminhada, gosta das coisas acontecendo. Talvez seja bem pago/a, talvez não ganhe nada, mas gosta... Um/a bom/a assessor/a que está aí porque ganha bem é diferente daquele/a que está aí porque isso o/a faz feliz. História da assessoria Caro/a Neotéfilo/a, essas questões são fundamentais e mexem na nossa vida de assessor/a. Vamos olhar o assunto sob outro prisma, entrando diretamente no trabalho com a assessoria no serviço de evangelização dos/a jovens, numa perspectiva de Igreja. Como aparece nos cenários de Igreja essa figura do assessor e da assessora de jovens? Parece-nos que podemos distinguir três tipos. O/a assessor/a aparece, primeiramente, como o/a diretor/a. O/a diretor/a espiritual, dizem alguns... Isso aconteceu nas Congregações Marianas, isso acontece com movimentos que você conhece, isso não é coisa do passado. Esse/a diretor/a é a encarnação de um cenário de Igreja e de Congregação. De uma pedagogia. O/a diretor/a é nomeado por alguém, manda, é padre, decide. 26 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

27 Ele/a é mais do que diretor espiritual; ele é o dono daquela espiritualidade. Também vivi isso; vocês também sabem dessas realidades. Avançando um pouco na história e olhando ao redor, descobrimos uma segunda figura de assessor/a. Chamam-no de assistente ou assistente eclesiástico. É nomeado pelo bispo e tem que ser padre. Assim foi no tempo da Ação Católica, pelos anos de Os religiosos e religiosas (não padres) não podiam ser assistentes ; eles/as eram adjuntos/as. Embora mande e decida, o/a assistente manda e decide menos. Os/as leigos/as, pertencentes à Ação Católica, com algum poder de articulação e organização, recebiam dos pastores o mandato... Não agiam em função da vocação batismal, mas em função do exercício, a serviço da hierarquia. Mas a história foi avançando... A terceira figura do/da assessor/a chega, enfim, à figura do/da assessor/a como tal. Ele/a depende, ainda, de alguma nomeação clerical, mas em proporções menores, menos controladas. Está aí para ser presença mais pedagógica e menos doutrinal. Até hoje há lugares, contudo, em que o/a assessor/a deve ser do clero, mesmo que eleito ou indicado pelas bases. A aceitação do/da leigo/a ou até do/da religioso/a como assessor/a diocesano/a também não está, ainda, totalmente tranquila. Verificam-se curtos circuitos em mais lugares do que se imagina. Não vai demorar em que se falará mais, também, na Pastoral da Juventude, de acompanhantes. A identidade do/da assessor/a de jovens 27

28 A pergunta que, neste contexto, podemos repetir é: Para que os pastores ou os vigários ou as instituições chamam, ou não chamam, os/as assessores/as? O que os move, de fato? É o medo de perder o controle da situação, da empresa ou é a vontade decidida de prestar um verdadeiro serviço de evangelização, oficializando um ministério? É por esses mares que navegamos, ainda hoje. Há coisas que se chocam e se complementam: a nomeação, o preparo e a vocação; há três realidades, também, que se complementam ou deveriam complementar-se no campo da assessoria: o papel do sacerdote, o papel do/da religioso/a e o papel do/da leigo/a. Assessores/as da Pastoral da Juventude Quando falamos de assessores/as queremos referirnos, especialmente, a assessores/as de uma evangelização da juventude que, segundo os bispos do Brasil, tenha uma proposta evangelizadora com seu modelo de Igreja, de sociedade e de pessoa humana; com sua proposta pedagógica na qual acredita, com seu método no qual confia e com sua espiritualidade que procura incentivar; com sua organização que leva ao exercício do empoderamento juvenil, que vise a formação de cidadãos comprometidos com a realidade social e econômica e que sabe que nem todos os caminhos levam à felicidade coletiva 4. 4 Veja Evangelização da Juventude Desafios e Perspectivas Pastorais. Brasília, publicações da CNBB nº 3, Para quem deseja trabalhar na evangelização da juventude este documento deve ser um livro de cabeceira. Muito bonito o capítulo sobre o ministério da assessoria (nº ). 28 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

29 Falando de identidade do assessor/a de jovens ou de grupos de jovens, tudo isso deve ser tomado em conta. Não se pode ser assessor/a de uma evangelização juvenil sem ter firmeza nessas pilastras. Mesmo que o/a assessor/a tenha vontade de levar seu carisma para dentro de uma realidade eclesial mais ampla, ele/a deve ter clareza tanto do seu carisma como da instituição eclesial na qual deseja inserir-se. A assessoria compreendida na terceira acepção do conceito de assessor/a é o assunto que vai ser objeto de descrição e análise, de agora em diante. Assessoria como ministério eclesial A primeira grande descoberta é a da assessoria como ministério eclesial. A assessoria não é uma mera função com determinadas atividades. Não se trata somente de fazer coisas, mas de ser alguém numa Igreja toda ela ministerial. Sabemos que na igreja-comunidade há muitos serviços que a comunidade precisa e reconhece. O ministério visa a edificação da comunidade inserida na sociedade, sentindo o chamado de anunciar e viver o Evangelho, despertando a fé, celebrando os sacramentos, santificando a vida, servindo a sociedade e contribuindo para a construção da justiça e da fraternidade. Um destes ministérios é o trabalho de assessoria junto à evangelização da juventude. A identidade do/da assessor/a de jovens 29

30 Nesse sentido, na dimensão teológico-pastoral, o/a assessor/a da Pastoral da Juventude é uma pessoa chamada por Deus para exercer o ministério a serviço dos/das jovens, assumindo esse ministério como opção pessoal, como envio de Igreja e como aceitação (busca, reconhecimento) por parte dos/das jovens. Por isso que afirmamos, em primeiro lugar, que a assessoria é um chamado. Um chamado que se fundamenta 1) em Jesus Cristo, vivendo seu projeto como sacerdote, profeta e rei; 2) na ministerialidade da Igreja, chamada a ser serviço; 3) no caráter batismal que leva todo/a e qualquer batizado/ da à participação da ministerialidade da Igreja; 4) na opção preferencial pelos/as jovens, escolhidos/as como causa para a qual se sentem chamados/as a dedicar o melhor de suas vidas, dentro da comunidade. Além de viver um chamado, o/a assessor/a vive uma missão a ser vivida junto aos/às jovens em suas diferentes especificidades. Como Jesus, cabe ao/à assessor/a viver seu ministério como profeta, lendo os sinais da realidade e da cultura juvenil, denunciando as opressões que a juventude vive e anunciando-lhes o caminho da conversão, da felicidade e da fé na Igreja e na sociedade; cabe ao/à assessor/a de jovens, também, viver o ministério da celebração, celebrando a realidade na qual serve, oferecendo seu testemunho e assumindo, junto aos/às jovens, a realidade que vivem em forma de oração; cabe ao/à assessor/a, em terceiro lugar, viver o ministério de criador/a de comunidades que crescem na fé, se orga- 30 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

31 nizam e fazem vigorar, na realidade específica, a igreja como sacramento do Reino. Estas coisas, caro/a Neotéfilo/a, não são acidentais. Elas fazem a personalidade teológica do/da assessor/a. Ter convicção nessas coisas, para quem quiser trabalhar na assessoria da evangelização da juventude, é sagrado. Caso contrário, corremos o risco de viver na superficialidade do mistério. Quero dizer-lhe mais, prezado/da Neotéfilo/a: isso é um processo; isso é uma travessia que se aceita ou não se aceita empreender. Mística... Além da dimensão teológico-pastoral que precisa ser descoberta e vivida, temos a dimensão espiritual. O ministério da assessoria anseia, por isso, em segundo lugar, por alguém que seja uma pessoa de fé, vivendo uma espiritualidade que se expresse na relação pessoal com o/a Pai/Mãe que o/a chama, com Jesus Cristo, que se torna nele/a (no/a assessor/a) sempre mais seu caminho, e com o Espírito Santo, que o/a move a ser, como Deus, serviço, vivendo no cotidiano essa dimensão transcendental banhada pela confrontação com a realidade, especialmente a realidade de pobreza e exclusão. A opção pelos jovens faz parte do ministério da assessoria, fazendo como Deus em Jesus Cristo. O/a assessor/a olha a realidade juvenil, faz uma aliança com o/a jovem e vê Deus amando a todos/as, mas de modo especial os jovens e as jovens pobres, e é capaz de contemplar, nesta A identidade do/da assessor/a de jovens 31

32 realidade explosiva, uma realidade divina com vontade de se revelar. Faz parte desta mística ser um curioso de juventude, lendo livros e artigos que falem da realidade juvenil. Pessoa de fé A vivência de fé do/da assessor/a já tem caminho andado. Seu projeto de vida já não está nos seus primeiros passos, já conquistou riquezas do discernimento e, por isso, pode-se dizer que a coerência do/da assessor/a é consistente, sua fé já tem raízes e já carrega, em si, o vigor de um/a acompanhante. Não se imagina um/a assessor/a pronto/a: imagina-se um/a assessor/a que já teve tempo de deixar-se calejar por Deus e pelo mistério da vida. Para ser assessor/a leva-se tempo; um tempo misterioso que se trai por aquilo que o tempo colocou nele/a. Quem deixa Deus trabalhar em si tem mais condições de perceber o sabor de sua caminhada na vida dos/das jovens. Psicologicamente sentado/a Como vê, Neotéfilo/a, estamos falando do ser do/da assessor/a; não tanto do seu fazer. A dimensão psicológica acrescenta, por isso, outras riquezas a serem cultivadas. Embora ninguém possa dizer-se amadurecido psicologicamente, chega o tempo em que o/a assessor/a, com toda simplicidade, tem a licença de ser uma presença firme, carinhosa e desafiante. Ajuda nisso o projeto de vida; ajuda nisso o confronto refletido com a realidade; 32 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

33 ajuda nisso uma curiosidade paciente com o fenômeno juvenil. O/a assessor/a, por mais identificado/da que esteja com o mundo juvenil, não é um/a jovem a mais. Ele/a é alguém capaz de uma palavra diferente, de uma atitude diferente, mas que vai ao encontro do que o/a jovem sonha ver em alguém mais vivido/da. Não se trata de ser psicólogo/a de canudo; trata-se de perceber fenômenos da psicologia manifestando-se na vida dos/das jovens. Ser maduro/a não significa não estar na travessia, é saber remar. Pedagogo/a Tudo que foi dito até agora é bonito, maravilhoso. No entanto, é ter a convicção de que o assessor/a é um/a pedagogo/a. Como diz o dicionário, um prático da educação da fé. Perceber a educação da fé como um processo, perceber a vivência das opções pedagógicas como um processo, perceber que a militância se coloca na geografia do processo, perceber que a vocacionalidade se encarna na vivência de um processo, perceber que a experiência de Deus das pessoas é um processo: isso é maravilhoso! Por isso que digo, Neotéfilo/a, que o/a assessor/a é especialmente um/a pedagogo/a. Alguém que acompanha a construção de pessoas e de grupos. É muito mais do que ser um/a didata; é ser companheiro/a; é ser alguém que caminha junto, assim como Deus que caminhava na frente e atrás de seu povo... O/a assessor/a A identidade do/da assessor/a de jovens 33

34 carrega dentro de si uma proposta convidando para respostas. O/a assessor/a é alguém que fez aliança com os/as jovens e é fiel nessa aliança, como Deus. O/a assessor/a é um/a educador/a a partir da vida e para a vida. É teoria e prática. Adivinha sentido no que os/as próprios/as jovens, autores/as da ação, não descobriram. Como é bela sua vocação, Neotéfilo/a! Na estrada do social Além do que falamos, há outra dimensão importante na identidade do/da assessor/a da Pastoral da Juventude. Além de tudo, o/a assessor/a é uma pessoa encarnada na realidade social, com um profundo sentido de pertença a esta realidade. Sente empatia com a realidade, especialmente do/da jovem. Chora, ri, sofre... É um/a ator/atriz social. A realidade o/a convoca... Denuncia, anuncia, tem coração de pobre. Torna-se protagonista na transformação do ambiente em que vive. Identifica-se com a realidade que vive seja ela do meio educacional, profissional, comunitário... não interessa. Participa e leva outros/as a participarem. Também como pertencente à Igreja, não fica indiferente. Não fica indefinido/da, não sabendo distinguir e sistematizar o cenário de Igreja que vive e encontra. O/a assessor/a não fica perdido/da em sua realidade de grupo. Acompanha as articulações, discute com colegas de ministério, participa de equipes de assessores/as. Não é um/a isolado/da que trabalha com jovens; é um/a cidadão/ã que sabe manifestar-se e posicionar-se. 34 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

35 Como você vê, Neotéfilo/a, falar do ser do/da assessor/a é falar, por assim dizer, da mística que o/a move. Se acrescentássemos a tudo isso o amor à juventude, a capacidade de morrer ou desaparecer como João Batista, e outros dados sobre os quais desejamos falar em outro momento, aí está o que caracteriza um/a Neotéfilo/a. Consideramos um problema alguém desejar ser assessor/a e não pensar nessas coisas e não ter vontade de alimentar-se de uma utopia. A identidade do/da assessor/a de jovens 35

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37 Falar de assessoria é falar de uma atitude de vida. Corre-se o perigo, por isso, de dar conselhos, de dizer coisas corriqueiras que se vive, mas ninguém ensina. Ser assessor/a é viver uma aventura que dá a alegria e a felicidade da aventura, isto é, que não serve para quase nada. A assessoria à Pastoral da Juventude ou, melhor, para os grupos de jovens, é uma responsabilidade de educador/a assumida gratuitamente e, por isso, não é um peso. Quando é um peso, algo não está bem porque deixou de ser alegria. A vivência da assessoria aos grupos de jovens é um estilo de vida que ninguém mandou abraçar. É a expressão do amor a uma causa escolhida. Assim como a vida do casal, a assessoria é um processo de felicidade e realização que se vai vivendo e dá um sabor especial para a vida. Ninguém sabe explicar, no fundo, porque casou ou não casou. É vontade de ser feliz, de construir felicidade e nada mais. Com todas as consequências que essa decisão traz consigo. Falar de assessoria, prezado/da Neotéfilo/a, é falar de uma atitude de vida. Às vezes de forma repetitiva, mordendo o rabo mais uma vez, mas avançando. Toda vida não é assim? A assessoria tem um significado polissêmico. Significa várias coisas. É-se assessor/a de grupo, é-se assessor/a de vários grupos da comunidade, é-se assessor/a em nível de diocese etc. Mais ainda: há assessores/as que trabalham com estudantes, outros/as com gente pobre de vila, outros/as com grupos mais do centro, outros/as com jovens da roça, outros/as com universitários/as. É-se Os desafios de ser assessor/a 37

38 o mesmo de diferentes formas. E, contudo, não podemos ser especialistas em tudo... Precisamos abraçar a identidade que mais nos fala porque não somos assessores/as somente de um grupo; somos assessores/as de uma realidade que precisa ser a expressão do Reino, no jeito e na realidade. Não se constroem personalidades falando somente de Deus e da afetividade; as personalidades precisam abraçar seu mundo e torná-lo Reino. Precisamos falar, por isso, caro/a Neotéfilo/a, de algumas exigências de felicidade da vivência da assessoria. Para um ministério ser fonte de felicidade, deve obedecer a certos critérios objetivos que resultam em alegria de viver e de se doar. É sobre estas exigências ou estes desafios que gostaria de falar agora para você. São diferentes águas que bebemos para sermos felizes em nosso ministério. Vou falar de alguns e você pode acrescentar outros. O ministério da assessoria aos grupos de jovens pede amor à juventude Um amor diferente do amor que se tem aos pais, aos adultos e às crianças. Gosto de dizer que a juventude, para o assessor/a deve ser uma causa. Uma causa que me acompanha sempre, que me incomoda, que me alegra, que me desafia, que me faz crescer. Amar a juventude é gostar de um segmento, é gostar de tudo que são e sofrem, é gostar... As razões são sempre mais profundas, em todos os aspectos. Não é que os jovens sejam mais; 38 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

39 eles são a causa que dá sabor à vida. Olho, acompanho, leio, participo, pergunto, vibro, choro, estudo porque são jovens, nada mais. Assim como sou capaz de abraçar essa realidade, pesquiso sobre ela e quero conhecê-la sempre mais. Se isso falta, provavelmente não fui chamado/da para exercer meu ministério ali porque a realidade não penetra no mais fundo de mim. A assessoria penetra nas entranhas... Precisamos superar certo romantismo no amor à juventude; é preciso ser especialista em juventude, acompanhando, lendo e estudando. O ministério da assessoria supõe uma proposta de vida O ministério da assessoria não é vazio nem mudo; ele tem, caro/a Neotéfilo/a, algo a transmitir; ele tem algo de muito bom a implantar no coração da juventude. Esse algo se chama proposta global. Aí está uma Teologia, aí está uma Pedagogia, aí está uma Espiritualidade, aí está uma Organização, aí está um modo de ser, aí está uma Política, uma Economia. Um lar para o qual se deseja convidar a todos/as. O ministério da assessoria faz sonhar com a pessoa que desejo ser, mas também com o cidadão e a cidadã feliz que a sociedade precisa. O/a assessor/a é alguém que sabe onde está a fonte do mel... e quer que todos/as saboreiem, do seu jeito, a doçura da vida. Não será bom/boa assessor/a quem não carregar dentro de si uma proposta de pessoa, uma proposta de sociedade, uma proposta de Os desafios de ser assessor/a 39

40 comunidade, uma proposta de sentido. Não que ele/a vá impor sua proposta: ele/a vai oferecê-la com tudo que é, com o entusiasmo que a proposta lhe infunde. Sente, dentro de si, essa liberdade e essa obrigação. O ministério da assessoria caracteriza-se pela presença O ministério da assessoria, em terceiro lugar, caracteriza-se pela presença. Assessor/a, aliás, vem de ad + sedere = sentar-se junto a. Ele/a está ao lado; caminha com. Os grupos de jovens não querem alguém que mande, alguém que decida por eles. Eles querem um companheiro/a. Alguém que não sabe alegrar-se em estar junto precisa pedir a graça da assessoria. Sempre digo, prezado/da Neotéfilo/a, que os/as jovens não querem muito; eles/as simplesmente querem que estejamos com eles/as de corpo e alma, alegrando-se com eles/as, auxiliando-os/as no que precisarem, discutindo com eles/as. Nem sempre temos consciência da importância desse gesto simples de doação. Não se trata de estar aí como barata tonta. Os/as jovens sabem quando a gente está simplesmente de corpo e não de modo íntegro. Por isso falamos de assessoria e de acompanhamento. Não é a mesma coisa, mas os dois se complementam 5. Se o/a assessor/a é aquele/a que se senta junto a, o acompanhante é alguém que come, com o/a jovem, do mesmo pão. Claro que a liturgia 5 Como leitura complementar do que se fala aqui, recomenda-se Acompanhamento Mística do Acólito da Juventude. São Paulo: CCJ, É um escrito em mutirão de Carmem Lúcia Teixeira, de Salvador Segura Levy e de Hilário Dick. 40 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

41 do acompanhamento tem novos ingredientes, exigindo mais psicologia e mais discernimento, mas o acompanhamento é um aspecto da assessoria. Em toda a pessoa moram aspectos de assessor/a e de acompanhante. Estou convencido, por exemplo, que um bom grupo de jovens é um dos melhores acompanhantes dos participantes desse grupo. O desafio é ser uma presença significativa. Ser significativo/a depende do que sei e dos motivos de vida que carrego em mim. Não estou convencido que os jovens e adolescentes de hoje não precisam de modelos. Precisam, admiram e gostam. O ministério da assessoria não se vive só Outro aspecto do ministério da assessoria é que ele/a não é vivido de forma isolada. O/a bom/boa assessor/a procura caminhar e crescer com outros/as assessores/as para celebrar seu ministério, para trocar experiências, para pedir ajuda, para conviver. Como é sagrado, Neotéfilo/a, encontrar-se, viver, celebrar e alegrar-se com a juventude crescendo em liberdade, sabedoria e graça... Como é lindo, Neotéfilo/a, celebrar juntos, como servos, o mistério da juventude no mundo. Daí se depreende a importância que se dá, na evangelização da juventude, às equipes de assessores/as nas diversas instâncias. Até se falava, há um tempo, da complementaridade entre a assessoria de sacerdotes e a assessoria de leigos/as e de religiosos/as. Há facetas que se tornam mais bonitas Os desafios de ser assessor/a 41

42 quando complementadas por outros/as. As formas de tornar isso realidade não têm regras. É a equipe que vai decidir isso. Não precisam ser muitos encontros. O importante é que o assessor/a se encontre em equipe. Umas vezes para conviver; outras vezes para trocar experiências; outras vezes para estudar. Sempre para celebrar. O ministério da assessoria exige participação Muitas vezes fiquei pensando por que os Encontros de Assessores são sempre bons. É que são momentos de sonharmos juntos o mesmo sonho. Um/a assessor/a que não se dá o tempo de participar das atividades dos/das jovens em encontros, assembleias, passeios, retiros, não está no melhor caminho. A palavra na qual quero insistir, Neotéfilo/a, é participar. É participando que se saboreia a felicidade de ser assessor/a. Participar é associar-se pelo pensamento e pelo sentimento. O/a bom/boa assessor/a, por isso, é um/a curioso/a, um/a desejoso/a de saber. Lê livros sobre juventude, lê boletins que os/as jovens produzem, lê relatórios de encontros e assembleias. O/a bom/boa assessor/a participa e encontra formas de priorizar essas participações. É diabólico não ter vontade de participar. Isso exige planejamento; isso exige liberdade; isso exige ter amor a uma causa. A informática nos oferece muitas possibilidades de participar, de receber e informar, de acompanhar. Os Meios de Comunicação exigem vivacidade e qualidade de presença. 42 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

43 O ministério da assessoria pede identidade Outro desafio para ser um/a bom/boa assessor/a é ter clareza sobre a identidade do que é ser assessor/a. Como já se disse, não se trata somente de exercer certas funções; trata-se de um modo de ser convencido/da de que essa atitude, essa presença, esse silêncio, esse apoio, essa palavra... são importantes e ajudam a construir outras pessoas. A assessoria não é algo estático; não é uma gaveta que a gente puxa em certos momentos. A assessoria faz-se na travessia, distribuindo discursos sem palavras, espalhando músicas sem caixas de som... Isso não é algo que vem de fora; isso brota do interior que cada um/a é e tem, sem preocupações em guardá-lo só para si. É como a semente que morre; é como a beleza de dar lugar ao outro. O ministério da assessoria exige encarnação Um outro aspecto da assessoria, como desafio, é a encarnação do/da assessor/a nas diversas realidades que vive e acompanha. Se o ministério da assessoria se dá com estudantes, é fundamental que o campo da educação esteja no/a assessor/a; se o ministério da assessoria se dá com jovens da roça, é fundamental que a realidade do campo tenha um lugar muito forte no/a assessor/a. Trata-se não somente de entender de juventude, mas Os desafios de ser assessor/a 43

44 entender a realidade em que os/as jovens estão mergulhados/as no seu dia a dia. É o que Jesus fez toda a vida, permanecendo, a maior parte de sua vida, encafuado na realidade de Nazaré... O/a assessor/a precisa ser um/a militante da realidade que acompanha, não somente da realidade que representa. Um/a militante da realidade universitária, da realidade rural, da realidade comunitária; um/a militante de Igreja vivendo no mundo; um/a militante de sociedade banhada com os valores do Reino. É ser diretor espiritual no sentido mais completo e mais integral. Como você pode ver, Neotéfilo/a, o ministério da assessoria é uma missão muito bonita. Exigente como o amor, escancarada como a esperança e enraizada como a fé. Pensando no que faz e no modo como o faz, vá acrescentando outros desafios e outras descobertas que a vida já lhe ensinou. O que vai dito talvez seja um simples aperitivo Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

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46 Amigo/a Neotéfilo/a, o acompanhamento aos grupos de jovens, assim como os acompanhamentos personalizados dentro da evangelização da juventude, são um desafio que necessita ser enfrentado por você com decisão e alegria. É bonito ver como a Pastoral da Juventude assume o acompanhamento como uma opção pedagógica! Não deixe de assumi-la com o mesmo entusiasmo. Significa que estamos tratando de um assunto importante. De um modo de ser. De um modo de trabalhar. De uma crença numa forma importante de intervenção no campo da evangelização da juventude. O acompanhamento coloca-se no campo da educação. E nada mais importante que a educação da pessoa humana. É, ao mesmo tempo, uma atitude e uma prática. Houve um tempo em que, para falar do serviço da animação, se falava de assessoria jovem. O que se queria dizer era falar de um/a personagem que vinha surgindo em lideranças mais vividas dos grupos e o termo que apareceu foi animador. Apesar de algumas sistematizações, as coisas ainda não estão claras. As coisas de Deus levam tempo para serem digeridas... Vem-se falando de animador/a - diferente de coordenador/a - e a clareza quanto à identidade desse personagem já se torna mais nítida, apesar de um tropel de perguntas, dúvidas e questionamentos. Algumas coisas estão claras: 1) precisa-se de acompanhamento; 2) não podemos deixar de promover o protagonismo dos jovens; 3) faltam assessores/as em geral e assessores/as preparados/as. 46 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

47 O/a assessor/a não poderia viver, também, um processo de formação, especialmente quando essas figuras surgem dos próprios grupos? O que é certo é que vamos vivendo, na evangelização da juventude, um processo de descobertas. A realidade não é estática. Há aspectos que precisam nascer e aspectos que exigem revisão e aprofundamento. Uma dessas novidades é a realidade do/da animador/a. Leia essas considerações como sendo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de uma característica do assessor/a. Fazendo essa combinação de conceitos, gostaria de chamar a atenção: 1) para a assessoria como um processo, onde a animação é importante, mas secundária, não mexendo na descrição de uma figura chamada animador/a ; 2) para a figura de alguém que se vai iniciando na assessoria, pedindo tempo, experiência etc. não assumindo o papel, a figura de assessor/a, uma responsabilidade considerada forte demais por razões nem sempre explicáveis. Poderíamos dizer que o animador/a é a encarnação de alguém que está em processo de assessoria. Partindo de outros Tomemos em mãos duas reflexões: 1) a que está sistematizada em Civilização do Amor - Tarefa e Esperança 6 e 2) um artigo de Joilson de Souza Toledo, que se encontra 6 Civilização do Amor - Tarefa e Esperança. Orientações para a Pastoral da Juventude Latino-Americana. Seção Juventude do CELAM. São Paulo: Paulinas, São Paulo, Assessoria e animação 47

48 na revista PJ a Caminho (n.º 74, 1998). O que se afirma na publicação da Seção Juventude, do CELAM, é muito significativo 7. Falando dos agentes que participam mais diretamente do cuidado diligente e diário da Pastoral da Juventude, o livro cita quatro figuras: o/a animador/a, o/a assessor/a, o pároco e o bispo. Sem faltar ao respeito, acredito que aqui há uma confusão porque deixa a entender que o fato de ser pároco ou bispo isso os leva a ser ipso facto assessores. O que não é verdade. Deixa claro, também, que o animador, em primeiro lugar, é um/a jovem leigo/a, o que não deixa de ser verdade, mas não toda a verdade. Não é um adulto/a e nem é coordenador/a; não é religioso/a, mas leigo/a, o que é verdade, mas não toda a verdade 8. Descreve muito bem o que seja animar, explorando a riqueza semântica deste verbo. Outra parte que desenvolve refere-se a algumas características do/da animador/a. As nove características citadas são muito abrangentes. É, de fato, uma forma de descrever o serviço da animação na Pastoral da Juventude. Outra verdade evidente é que a figura que se deseja descrever localiza-se na geografia de uma experiência formadora, deixando a entender que o/a animador/a é alguém que exerce um ministério no contexto da formação, em sentido amplo. Em grande parte, é ver- 7 Veja-se obra citada, p Não concordamos que o/a animador/a seja somente leigo/a. Pensamos nos/ nas religiosos/as jovens e em tantos/as religiosos/as em formação. Pensamos, também, nos seminaristas. Por que estas figuras não poderiam ser animadoras? Esses/as agentes pastorais se colocariam naturalmente no serviço da assessoria apenas pelo fato de pertencerem ao clero? 48 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

49 dade. Trabalha-se para se preparar uma segunda figura que existe na personalidade do/da animador/a. Parece que o animador/a, assim como o/a coordenador/a, não tem fim em si. Estão, essencialmente, em transição. O/a animador/a e o/a coordenador/a não chegam; estão sempre a caminho. Seriam diferentes, nisso, do/da assessor/a. Por mais estranho que pareça, o/a assessor/a é uma figura que, apesar de sempre poder melhorar, chegou, isto é, não está em transição. Está numa outra travessia... Pelo fato de estarmos frente a um processo não se trata de alguém ser mais ou menos; o/a animador/a e o/a assessor/a estão vivendo a sua plenitude em momentos diferentes. O artigo de Joilson de Souza Toledo se intitula Assessoria Leiga Jovem. Tomando a liberdade, proponho que se altere o título para Animador/a. Temos aí uma descrição, quase perfeita, daquilo que é o/a animador. Ensaia a descrição desenvolvendo sete pontos: 1) é um/a discípulo/a de Jesus; 2) está em sintonia com a proposta da evangelização da juventude da Igreja; 3) é uma presença significativa; 4) é alguém que ouve; 5) é alguém que faz ponte; 6) é alguém que questiona e propõe; 7) é alguém que colabora na formação permanente. Na concepção que tentamos construir de animador/a esta descrição é excelente, mas falta algo com a vivência madura de fé, de projeto de vida, de tempo vivido. Assessoria e animação 49

50 Desejamos, por isso, acrescentar um aspecto diverso: que todo/a assessor/a deve ser um animador/a, com a diferença que um e outro se distinguem pela idade, pela maturidade, pelos anos vividos. Isso não é dramático. Isso é lindo! Estamos falando de atitude, de postura ou, até, da espiritualidade ou da mística do/da animador/a. Releia-se o que Joilson escreve e veja-se, atrás do que consegue expressar, a figura de um/a educador/a (de um/a assessor/a) em formação. Um estilo provisório de vida. Uma forma de ser, em crescimento. Uma vocação que se vai vivendo e amadurecendo. Tentando acrescentar aspectos Claro que as funções do/da animador/a ou do/da assessor/a são importantes, Neotéfilo/a. Mais importante, contudo, é a alma com que se exercem estas funções. Por isso gostaríamos de avançar um pouco além daquilo que o artigo de Joilson e a apresentação da Seção Juventude do CELAM sugerem e dizem. Procuramos ter em nossa frente figuras muito concretas de animadores/as assim como você metidos/as numa prática generosa, perguntando-se, inquietos/as, se eles/as estão frente à possibilidade de ser assessor/a. Trata-se, portanto, de ajudar a descobrir uma identidade. Uma identidade que não é só pessoal; é eclesial e comunitária. Não se trata de alguém puramente pedagógico; trata-se de alguém que também é teológico. Um modo divino de ser... O mesmo fenômeno acontece em sacerdotes, leigos/as e religiosos/as. 50 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

51 Cheguei a pensar, algumas vezes, observando esse processo realizar-se em pessoas concretas, que o teológico da figura do/da assessor/a atrapalha para alguns/algumas animadores/as - assusta, incomoda porque exige uma adesão muito forte. O assunto, no entanto, não é somente de formação teológica. Eu com eu não basta Ser animador/a de grupo (tanto no sentido de figura como de característica ) significa, Neotéfilo/a, ter fome e sede do comunitário. Ele/a (o/a animador/a) acredita no grupo e ama a vivência grupal porque nela se esconde felicidade. Realização. Crescimento. Acredita que, no grupo, o/a jovem - seu/sua colega mais novo/a - se encontra com as utopias e as necessárias frustrações. É comunitário porque sabe, sente e afirma que a fé cristã não se vive sozinho/a. Descobriu que a graça batismal lhe conferiu uma missão carregada de alegrias e compromissos, isto é, construir comunidade. Não somos, unicamente, comunitários/as: fomos feitos/as para construir comunidades. Vai-se rolando, por isso, (o/a animador/a) na sabedoria do Deus que é Trindade e se orgulha em dizer que a Trindade é a melhor comunidade e que todos/as sonhamos ser como Ela. Ser criador/a de comunidade exige, igualmente, o reconhecimento da comunidade e há qualidades que a comunidade, mesmo de forma inconsciente, mas com razão, exige da figura. Assessoria e animação 51

52 Como é bom acompanhar! Joilson fala de presença significativa do/da animador/a e de alguém que sabe escutar. Ser e aprender a ser presença... Os/as jovens precisam de presenças e a presença é uma conquista. Na pedagogia espiritual falamos, por exemplo, de acompanhamento. Todos/as - também os jovens - precisam de acompanhantes. Quem é reconhecido/da como acompanhante? Acompanhar significa ir em companhia de, seguir a mesma direção, observar a marcha, ser da mesma política, participar dos mesmos sentimentos, orientar. O acompanhamento, nesse sentido, é uma lição a ser aprendida. Talvez a mais fascinante do/da animador/a. Inspira-se, igualmente, em Deus acompanhando o povo de Deus. Às vezes Ele ia na frente; outras vezes atrás, mas acompanhava. Até nos momentos dos piores erros. Consolava e castigava; ria e chorava; sabia das necessidades do povo. O acompanhamento desafia porque não tolera acomodação e pressupõe resistência. O/a animador/a é alguém que se dispõe a ser um/a aprendiz de acompanhamento porque sabe que a sabedoria também vem com o tempo. Só serve quem vive para servir... Prezado/da Neotéfilo/a, no mais íntimo do animador/a mora um lavador/a de pés, um enxugador/a de lágrimas, um muro de fraternidade, um/a construtor/a de utopias. Isso supõe um aprendizado. Na caminhada que 52 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

53 vai fazendo, ele/a (o/a animador/a) descobre a diferença do poder-poder e do poder-serviço, a diferença de fazer sozinho/a e de fazer junto aos/às outros/as, a necessidade que o povo tem de poder, mas um poder que se veste de serviço desinteressado e gratuito. Vai aprendendo que gastar dinheiro para trabalhar também realiza e carrega realização. Não sabe muito, ainda, do que é serviço, mas cada vez que sabe que serviu, experimenta uma alegria tão bonita que só as lágrimas do coração expressam. Vai aprendendo isso do coração da Bíblia: a Eucaristia. Jesus foi assim, não é verdade? Jesus, no entanto, também teve que aprender a ser Messias. Morro de curiosidade Um/a animador/a que não é curioso/a até pode achar que é animador/a, mas não é. Trata-se de uma curiosidade específica que se traduz em alguns campos de curiosidade. Um destes campos, sempre mais próximo e sempre mais assumido, é tudo que significa evangelização da juventude. Tudo lhe interessa e encontra mil formas de saber o mais possível de eventos, de discussões, de artigos, de brigas, de acontecidos e acontecendo na Pastoral da Juventude, de experiências partilhadas. Outra curiosidade que assusta um pouco todo/a animador/a é a Teologia. Tudo que se refere à fé encanta e atemoriza. Assim como o/a menino/a bonito/a que deseja conquistar sua/seu companheiro/a de vida. Todo/a animador/a de qualquer pastoral sabe muito bem que a Teologia não Assessoria e animação 53

54 fica fora do seu jardim. Se ela entra, exige resposta. O/a animador/a sabe que se quer ser animador/a, precisa dar testemunho de um mundo de coisas porque este mundo de coisas é a vivência cristã. Morre de curiosidade, mas sabe que pode queimar os dedos do coração. Sabe que é chato ser aparência. O animador/a que não vive nessa teimosia de saber mais das coisas da Vida ainda tem muito para caminhar. Um aspecto da curiosidade do/da assessor/a é ser curioso/a, também, de juventude: lê, estuda pesquisas, marca presença, vive de olhos abertos. Sabe o que está acontecendo dentro e fora da Pastoral. Amante do novo O/a jovem não é só o diferente, amigo/a Neotéfilo/a; ele/a é a expressão da novidade. O/a animador/a que não sabe ruminar, dia e noite, essa realidade do mastigar e ruminar o/a jovem que é e o/a jovem que está deixando de ser, na sua descoberta do novo, talvez esteja enganado no que está querendo abraçar. Não significa concordar com tudo. Muitas vezes é ir além do próprio jovem, em busca de si mesmo. Ser animador/a não é ser juvenilista (querer ser o que a idade não mais permite); é entender progressivamente tudo que o/a jovem é sob os mais diferentes pontos de vista, principalmente como filho/a de Deus e imagem e semelhança da eterna novidade da vida. Aí está uma das maiores graças do/da animador/a como figura e como característica do/da assessor/a. Fica evidente que a idade o/a ajuda a estar mais 54 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

55 próximo/a das expressões de novidade que os/as jovens vivem e expressam, mas de repente não basta. O segredo é transformar isso em lição de vida. Os/as jovens não deixam de ser os/as professores/as onde o animador/a fica sentado/da, feliz, no banco de escola... Muito além do umbigo mora um/a missionário/a Se há uma expressão que precisa ser dita para o animador/a, esta expressão é apaixonado/da da fé. Basta olhar para os que conhecemos. Como se explica isso e mais aquilo se não soubermos ver, atrás de tudo, um apaixonado/da das coisas da vida, com cheiro de Deus? Por isso o animador/a vai carregado/da de propostas alternativas, fundadas no Evangelho que começou a conhecer. Por isso o espírito missionário que o/a arrasta e o/a faz contagiar. Sente-se feito/a para o ministério da missão. Carrega em si a paixão do/da missionário/a. Não há mares que o/a seguram. É verdade que as ondas assustam, mas ele/a é como o cão que já experimentou o gosto da lebre... Para ele/a não há obstáculos. Pela proposta que é e vive, ele/a tem mel que atrai. O/a animador/a vai além de um só grupo; ele/a contagia outros grupos. Nem sempre vai para fazer ; muitas vezes vai por ir porque ser presença é ser, também, gratuidade. Assessoria e animação 55

56 Concluindo Este é um pequeno retrato do interior do/da animador/a e da animação no ministério da assessoria. Meu irmão, minha irmã Neotéfilo/a, quando dentro da gente não mora um/a grande sonhador/a, não somos capazes de alimentar utopias em ninguém. Muito menos no/a jovem que, sendo presente, é esperança. Tente juntar esta reflexão com as anteriores (citadas) e verá que a neblina está deixando a estrada. Já é hora de correr mais (não demais) porque, lá, naquele alto e naquele vale, há muito sentido de jovem esperando por isso tudo que o/a animador/a representa para essa enxurrada de grupos que existem e desejam florir para a vida. A justiça e o amor. 56 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

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58 Alguém, um dia, escreveu a oração do/da assessor/a e da assessora da evangelização da juventude. Não deixa de ser um poema. Não deixa de ser um grito. Não deixa de ser um programa de vida. Quero rezar com você, Neotéfilo/a, essa oração. Desculpe meus pobres comentários. Se não lhe servirem, deixe-os de lado. Sou, Senhor, alguém que, contemplando a vida escondida da juventude de Teu Filho, vive envolto/a na alegria de assessorar jovens, sonhando integrá-los e integrá-las na tarefa de construir o Teu Reino. O ponto de partida é o/a jovem Jesus do qual os Evangelhos pouco ou quase nada falam, mas que não deixou de ser jovem até o final de sua vida, dando sua vida quando estava no máximo de sua moratória vital. Assim foi e assim é, como a sociedade de hoje, que tem pouco a dizer da juventude. Na maioria das vezes, eles/as são um problema e é preciso arrancar, no escondido da juventude, a riqueza que ela é e tem. Precisamos saber contemplar o divino que há no/a jovem. A juventude é uma realidade teológica que nos dá alegria. Sentir-se envolto na alegria dessa realidade é a primeira grande aventura espiritual de todo e de toda assessora. O grande sonho é incluir toda ela na construção do Reino. No serviço à juventude precisamos ser reinocêntricos/as. Sei que o sonho da juventude, na sua pureza, é um pedaço do Teu sonho de amor. 58 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

59 É uma graça saber encarar a juventude como o sacramento da novidade. Um dia escrevi um livreto que intitulei O divino no jovem e não me arrependi. A juventude é uma realidade teológica à espera de sua descoberta 9. Deus não sonhou um mundo envelhecido ; Deus quer apesar dos meus 80 anos que aprendamos a ver a eterna novidade do dia a dia. Basta saber adivinhar o sentido da juventude como a encarnação viva e vibrante do novo. Como já disse, é uma graça. Não quero rezar por mim, mas por ela (a juventude) que, nas suas buscas, é e pode ser uma companheira de caminhada. Caro/a Neotéfilo/a, sonhar com os/as outros/as se realizando é uma coisa de Deus. É saber contemplar a beleza que ainda não brotou; é adivinhar a generosidade ainda abafada; é vislumbrar a alegria de caminhar numa estrada recheada de irmãos e irmãs sonhando os mesmos sonhos. Que a juventude encontre em mim uma aliança que já celebrei com ela, mesmo que ela não o saiba. Sempre nos comovemos recordando a aliança que Deus celebrou com o seu povo. Assim é o/a assessor/a com relação à juventude. No escondido das coisas, a festa 9 Veja Evangelização da Juventude Desafios e Perspectivas Pastorais, nº 80 e 81. Documento 85 da CNBB. Espiritualidade do/da assessor/a da evangelização da juventude 59

60 da aliança já aconteceu. Não importa que a juventude o saiba. Um dia vai descobri-lo... Não é algo que se faz para convencer. É um gesto de gratuidade. Podem até não dar importância. O importante é a aliança selada. Que eu seja fiel, nesta aliança, assim como Tu, nos altos e baixos da vida do Teu povo. Sabemos que a juventude também vive seus altos e baixos. Claro que não é o que gostaríamos de ver. O importante é ver como Deus se comportou. Lembremonos da história da prostituta contada pelo profeta Ezequiel (Ez 16,1-63). Assim como Javé, assim deve ser quem trabalha com a juventude. Neotéfilo/a, estou profundamente convencido que a juventude tem faro para perceber quem a ama e quem não a ama. Senhor, Tu és, para nós, um Emanuel: concede-me a graça de perceber os clamores que saem do coração da juventude e ser presença no meio dela. Falamos muito da importância da mística da presença entre a juventude. Isso tem raízes divinas. Todo/a assessor/a tem dentro de si a vocação emanuelina de estar junto. Compreender isso é uma graça. Não podemos vulgarizar o vigor da presença. Isso significa escutar; isso significa estudar; isso significa conviver não para ser somente um/a deles/as, mas para ser o que eles/as 60 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

61 desejam ser. É mais do que curiosidade; é vontade de beber da beleza que a juventude encarna. Ensina-me a ouvir, para que saiba discernir entre o bem e o mal. Vivemos cheios/as de comunicações, mas num mundo de monólogos. Fazer silêncio e escutar faz parte da aventura de ser assessor/a. Sempre digo que rezar é fazer silêncio e escutar o que Deus tem a nos dizer para sugerir-nos mais felicidade. Os gritos muitas vezes silenciados dos/das jovens estão à espera de nossa escuta. Se a sociedade ouvisse mais os/as jovens, provavelmente seria bem melhor, mais fraterna e com menos farisaísmos. Como é triste ouvir dizer que a juventude não tem nada a ensinar aos adultos... Tu que disseste a Moisés que estavas com ele, concede-me a graça de não ser grande a distância entre mim e a juventude. Trata-se, efetivamente, de uma graça. O fazer-se próximo/a pode ser feito de muitas formas: gostando, estando, lendo, acompanhando, participando, estudando, curiosando... A graça está em querer fazer tudo isso e mais. Todos/as precisamos de presenças, mas a juventude muito mais. Não porque precise, mas porque vai percebendo que todo ser humano é feliz se for comunitário/a. Anote isso, Neotéfilo/a. Para sua missão, é vital. Espiritualidade do/da assessor/a da evangelização da juventude 61

62 Como Teu Filho é Caminho, faze de mim uma estrada aberta, comprometida e segura, com a única pretensão de ser imagem de Jesus de Nazaré. A grande pretensão é viver o seguimento de Jesus e sonhar que a juventude veja essa nossa vontade e nos perdoe quando somos medíocres na vivência coerente dessa proposta. É a única forma de sermos trilhas para outros e outras. Essa coisa de modelo e de exemplo me encuca muito. Se atrás de nós e se dentro de nós não estiver a imagem do Caminho, da Verdade e da Vida, continuaremos sendo sem significação. Concede-me um coração eucarístico, capaz de doação sem limites: transforma minhas debilidades e inseguranças. Vou aprendendo, prezado/da Neotéfilo/a, que celebrar a Eucaristia é comer e beber a nossa utopia. Isso me fala muito: do amor sem medida, do grão de trigo que morre para dar fruto, da necessidade de bebermos da fonte primeira, de sermos para os/as outros/as, de sabermos fazer da vida uma festa... Vivendo assim vamos sendo perdoados/as e temos a coragem, também, de perdoar-nos em nossas mesquinharias. Também o/a assessor/a enfrenta o tormento do apóstolo Paulo que dizia não fazer o bem que queria, mas o mal que não queria (Rm 7,19). 62 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

63 Que eu tenha um coração de pastor/a que se alegra em ver o/a outro/a crescer na gana de abraçar o mundo a que tem direito. A mística do/da assessor/a é a do desaparecimento, de dar lugar ao/à outro/a e alegrar-se em ver o/a outro/a explodindo para a vida, para a autonomia, para um universo em que se sente sujeito responsável e alegre. Infelizmente nem sempre somos assim porque o desaparecer não é tranquilo; não é tranquilo perceber que o/a outro/a foi capaz de ir mais além do que eu. Ver isso, contudo, é uma alegria que não se explica. A mística do/da assessor/a é também a da vigilância do/da pastor/a. Cuidar da juventude é como cuidar do universo. Não faltam os/as assaltantes ; não faltam os/as que tem poder de enganar. Senhor, que não fuja da urgência de ser profeta e saiba deixar crescer, em mim, a roseira bonita da sabedoria que vou encontrando no teu coração de Pai e Mãe. São duas graças enormes que o/a assessor/a não pode deixar de pedir: a de ser profeta/profetiza e a de ser sábio/a. As duas dependem de Deus e de nós. A profecia tem, muitas vezes, o gosto amargo da dor; a sabedoria tem, muitas vezes, o peso de um aprendizado não reconhecido. Contudo, caro/a Neotéfilo/a, vamos em frente, nem sempre sabendo a hora, nem sempre calculando as Espiritualidade do/da assessor/a da evangelização da juventude 63

64 consequências do gesto. Talvez enxerguem, algum dia, a roseira que plantamos. Que eu saiba, no ministério da assessoria, sujar as mãos na realidade e plantar a política do cotidiano e da utopia. Duas outras graças: a graça de abraçar e enfrentar a realidade como ela é, em sua crueza, e a graça de não perder de vista o horizonte da utopia. Ser assessor/a é saber espalhar, sempre, realismo e esperança. Uma esperança que tenha raízes na eternidade; uma esperança de alguém que vê o que já existe e espera o sempre esperado. Eduardo Galeano fala do papel do horizonte, de fazer caminhar. Neotéfilo/a, seja muito feliz na vontade doida de comer horizontes... Derrama, Senhor, a Tua bênção sobre todos os/as assessores e assessoras da evangelização da juventude. Que o trabalho deles/as seja uma opção de vida. E que a juventude, para todos/as eles/as, seja uma fonte de eternos desafios. Assessor/a é quem sabe caminhar com os/as outros/as, também com seus colegas de ministério. A graça a ser desejada é a do exercício da assessoria como opção de vida. É, ao mesmo tempo, um Dom, mas um Dom que assusta. A tentação é pensar que isso não é possível, que as circunstâncias não vão permitir, que isso é para poucos/as, que a realidade é outra etc. Uma coisa, 64 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

65 no entanto, é certa: que a juventude nunca deixa de ser um eterno desafio que incomoda e não permite a acomodação que faz da vida uma ausência de novidades. Abençoa, Senhor, os/as jovens que já encontrei e a juventude que ainda vou encontrar. Assessor/a é quem sonha com juventude feliz, aquela que já encontrou e aquela que virá. Sonhar com juventude não é voltar a ser o que não pode mais ser; é desejar que a novidade não morra; é sonhar que os/as jovens não sejam velhos/as ; é sonhar a espera da novidade do Reino. Muitas vezes fico chocado quando os/as adultos/as só sabem dizer que trabalhar com jovens deve ser muito difícil, deixando a entender que é, praticamente, impossível. Sei que você, Neotéfilo/a, não pensa assim. Oxalá nunca pense assim, de forma tão derrotada e tão sem graça. Na alegria do Teu serviço, que eu nunca me esqueça da Mãe de Teu Filho. Que Ela e João Batista me deem a água necessária para saber animar a vida, explodindo na sinceridade da juventude. Amém. Deus nos livre de que a figura de Maria e de João Batista apareçam aqui como simples refrão que nos foi transmitido. Afinal, quem acompanhou a juventude de Jesus senão os dois? O coração dela tem muito a dizer... Espiritualidade do/da assessor/a da evangelização da juventude 65

66 O coração de João Batista deve saber muito bem porque afirmou que importava que Ele (Jesus) crescesse e ele (João) ficasse amarrando as sandálias do primo. São duas fontes inspiradoras para quem se sente chamado a trabalhar com jovens. Arrisco-me a dizer que essa é a espiritualidade do/da assessor/a. Para tudo que falta, o que vale é a expressão do teu coração teologal. 66 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

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68 O assunto das funções e tipos de assessores/as, mais do que delicado, exige capacidade de adaptação e discernimento. A vontade é de esclarecer alguns aspectos da assessoria na evangelização da juventude. Se você, Neotéfilo/a, não tiver lido e estudado Assessoria e Acompanhamento na Pastoral da Juventude 10, é importante que o faça. Vou repetir dados daí, de forma sintética, mas minha pretensão é outra. A pretensão é auxiliar no amadurecimento da figura do/da assessor/a na prática. Tudo que foi dito anteriormente já implica em atitudes; precisamos ir mais adiante. A pergunta que se ouve refere-se ao papel do/da assessor/a, isto é como diz muito bem Assessoria e Acompanhamento - sobre o conjunto de atitudes, funções, posicionamentos e estilos de vida e ação que (o/a assessor/a) põe em prática para o cumprimento de sua missão, em íntima e coerente relação com seu próprio ser e com sua própria realidade 11. Vou distinguir algumas partes, visando obter mais evidências sobre o papel do/da assessor/a. 1) Falarei de funções gerais do assessor/a; 2) Tentarei descrever diversos tipos de assessores/as, tomando em conta a preparação e a experiência; 3) Tentarei apresentar outros tipos de assessores/as considerando os diversos tipos de grupos de jovens; 4) Vou atrever-me a sintetizar o que o/a assessor/a deve saber; 5) Apresentarei a assessoria como um processo. 10 São Paulo: CCJ, 1994, p Op. cit. p Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

69 Funções gerais Todo/a assessor/a, caro/a Neotéfilo/a, deve estar atento/a a várias dimensões: À dimensão pessoal Cultivando a capacitação teológica, científica e técnica, preocupando-se com sua formação integral. Independente de onde esteja, o/a assessor/a precisa cuidar de si e de sua especificidade, priorizando momentos que sejam para ele/a. À dimensão do acompanhamento pessoal ao/à jovem Ajudando-o/a na sua caminhada de fé, na sua opção de vida e seus diversos relacionamentos. Este acompanhamento exige atenção e disponibilidade; À dimensão do acompanhamento ao grupo Percebendo seus processos, favorecendo uma experiência comunitária de fé, desenvolvendo processos de formação integral, dando atenção à formação das lideranças que vão surgindo, ajudando os/as jovens na organização, fornecendo ao grupo uma visão ampla do trabalho com os/as jovens, vivendo com eles/as a dimensão festiva da vida; Funções e tipos de assessores/as 69

70 À dimensão do relacionamento com outros/as assessores/as Não deixando de pertencer a uma equipe de assessores/as para trocar experiências e conviver; À dimensão do relacionamento com a comunidade Em nível social e eclesial, colaborando num clima de inserção dos/das jovens e de aceitação da juventude por parte dos adultos/as. São funções gerais que todo assessor/a precisa levar em conta. São funções que revelam o coração de educador/a, de formador/a de cidadãos/ãs estando junto e atento a eles/as, carregando uma proposta de vida. Por serem gerais não significa que estas funções não sejam importantes. Muitas falhas acontecem nessas orientações simples que, por parecerem conselhos, não são levadas a sério. Está em jogo uma mística revelando-se nas pequenas coisas. São coisas que sabemos, mas, de fato, muitas vezes deixamos de curtir e dar-lhes a devida atenção. Desejosos/as, iniciantes e maduros/as... Acusam-me, prezado/da Neotéfilo/a, de insistir demasiadamente, por vezes, na idade destes agentes, mas é por ela que inicio esta reflexão. Não é só idade; afirmo que o ministério da assessoria exige tempo. Não há assessor/a, em nossa perspectiva, que não carregue uma experiência de vida e de fé. Falamos de maturidade 70 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

71 e, por mais que se possa questionar o fato, a maturidade é um fato que se pode ver. Está na cara... Estamos falando de uma figura concreta, com um conjunto de responsabilidades que não podem ser confiadas a qualquer um, embora, também na assessoria, não possamos exigir demais. A assessoria exige vocação, exige preparo, exige tempo, exige coerência. Há quem queira ser assessor/a, tem uma boa idade (mais de 24 anos), mas não tem experiência de grupo, não sabe o que seja evangelização da juventude, não sabe o que é ser coordenação ou coordenador/a, nunca participou de uma assembleia, carrega pouca formação religiosa, nunca ouviu falar de acompanhamento... Vamos dizer que, apesar desses limites, ele/a pode ser assessor/a da Pastoral da Juventude? Mas ele/a tem um bom relacionamento, sabe lidar com a moçada, tem liderança... R.: Os critérios que nos orientam em nossas afirmações e decisões devem ter raízes em vários espaços. Uma afirmação que considero fundamental é que o ministério da assessoria supõe um processo pessoal e grupal, um processo de fé e um processo de pedagogia. Devemos distinguir, no entanto, alguns passos: há pessoas desejosas de sê-lo (que ótimo!); há assessores/as iniciantes (que ótimo!) e há assessores/as maduros (que ótimo!). Seria, contudo, muita irresponsabilidade não ter Funções e tipos de assessores/as 71

72 critérios claros, no ministério da assessoria, que visem realização pessoal e eficácia. Os critérios objetivos, básicos, relacionam-se à idade, à vivência de fé e ao conhecimento da evangelização da juventude em sua proposta global. Não significa que o fato de ter 30 anos seja motivo suficiente para ser assessor/a; não significa que o fato de ser religioso/a ou seminarista ou padre ou casado/da e por seja suficiente para dizer-se assessor/a. Pode até acontecer que uma pessoa mais vivida, com mais formação capte o mistério da assessoria com bastante rapidez e assuma o papel que lhe cabe. Pode, contudo, acontecer o contrário: não aceitar a proposta, não concordar com o método, não acreditar nas opções pedagógicas. Vai ser assessor/a de quê? Deve ficar bem claro que se trata de ser assessor/a de uma instituição que tem sua proposta, suas instâncias, sua crença, sua metodologia etc. Alguém que não sabe ou rejeita essas coisas todas pode ser assessor/a de outra instituição, mas não da evangelização da juventude proposta pela Igreja. Todo/a assessor/a é militante de uma causa pedagógica em prol da felicidade dos/das jovens. Está convencido/da de que aquilo pelo que luta e discute é libertador e o que pode haver de melhor para os/as jovens, para a igreja e para a sociedade. Estamos falando de pedagogos/as ; estamos falando de educadores/as na fé. Estou insistindo nessas obviedades porque elas nem sempre são muito claras. Não deixo de lado a convicção que tudo é processo, que há aspectos um tanto impon- 72 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

73 deráveis, mas não se pode brincar com uma identidade, por mais nuanças que ela tenha. Recordo com emoção pessoas muito concretas, preparadas, com experiência de anos, recusando serem assessores/as porque não se sentem preparados/as. Nem sempre ficava claro para mim as razões dessa postura. O que sei é que está em jogo um discernimento pessoal, grupal e institucional. A assessoria é mais do que uma função; é uma vocação. Os critérios relacionam-se com a pessoa, com a vivência de fé dessa pessoa, com a capacidade educativa, com o compromisso institucional e com uma decisão da pessoa e do grupo que o/a rodeia numa perspectiva de fé. Metidos/as em vários espaços Como se vê, a figura do/da assessor/a é polissêmica, tomando coloridos muitos diversificados. Existem, no entanto, ainda outros tipos. Quero referir-me aos assessores/as que acompanham realidades específicas. Distingo, neste campo, quatro outros tipos de assessores/as: Os/as que acompanham os grupos das comunidades em geral É a grande maioria. São grupos que se reúnem nas sacristias, nos salões da comunidade etc. Não raras vezes são grupos com longa história, formando uma quase instituição. Ser assessor/a desses grupos exige presença Funções e tipos de assessores/as 73

74 formativa, presença articuladora, presença, ponte... A Pastoral da Juventude corre certo perigo de visualizar demasiadamente esse tipo de grupos. São grupos cuja característica é a inserção na comunidade em geral, ajudando na liturgia, na catequese, oferecendo e animando momentos festivos. Há gente metida nas associações existentes na comunidade, na organização pastoral da paróquia etc. Um desafio do/da assessor/a é conseguir que os participantes desses grupos assumam suas realidades específicas de trabalhadores, de estudantes etc. É muito importante garantir o planejamento e a articulação desses grupos, ajudando-os a que vivam, de fato, uma formação integral e não caiam na tentação de viverem uma fé desarticulada da realidade social. Os/as que acompanham grupos de estudantes Fica claro que não tem quase nada a ver com o tipo anterior. Os grupos se encontram nas escolas, a inserção deles se dá no mundo escolar, na educação e no movimento estudantil. Muitos dos/das participantes de grupos tem pouca ou nenhuma experiência comunitárioparoquial, destacando-se o papel que tem a preparação da crisma. Estamos frente a um/a assessor/a que navega em outro mundo... São grupos de, no máximo, três anos, que enfrentam o desafio de serem, de fato, mais estudantes que genericamente jovens ; são decididamente adolescentes; o processo de educação na fé precisa acontecer em ambiente educacional ; a liderança se mostra 74 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

75 mais na escola do que na comunidade etc. Não é hora de dizer o que deve ser o/a assessor/a num contexto assim. O certo é que ele/a é muito importante, precisa ter noção de processo, ser criativo/a, viver empapado/da de realidade estudantil e não deixar de lado tudo que falamos anteriormente sobre a assessoria. É evidente que este/a assessor/a não pode navegar sozinho/a, precisa aprender a construir uma articulação de estudantes e de grupos estudantis que seja válida etc. A assessoria, neste espaço, exige clareza de identidade. Caso contrário, não haverá felicidade. Pelo fato de serem grupos distantes da paróquia, cabe ao/à assessor/a estar atento/a para que não deixe de acontecer a inserção na igreja local e que os grupos amadureçam sua pertença à comunidade eclesial. Os/as que acompanham grupos da realidade rural É outro mundo que se apresenta para a assessoria. O espaço que os grupos enfrentam é o vasto mundo do que chamamos de roça: os problemas da terra, a questão dos agrotóxicos, o êxodo rural, as explorações existentes, as cooperativas, a agricultura familiar, a vida das comunidades, a mística da terra etc. O desafio é colaborar no processo de educação da fé a partir das realidades concretas. A tentação que se apresenta é que os grupos do interior não assumam ou não saibam assumir a sua realidade concreta para colocar tudo numa perspectiva de amadurecimento na fé. Ser assessor/a nesse espaço exige medidas muito específicas e ciência clara do que se quer com um grupo de jovens nesse espaço. Ao mesmo Funções e tipos de assessores/as 75

76 tempo em que o/a assessor/a precisa estar empapado/da de campo, com suas belezas e conflitos muito sérios, precisa descobrir como ser, ali, um/a educador/a na fé. É evidente que não vai poder fazer isso sozinho/a. A convivência com outros/as assessores/as, mesmo que não estejam no mesmo espaço, é fundamental. Precisamos de assessores/as que sejam militantes nestes diferentes espaços. Isso não se dá de uma hora para outra. Exige condições de viabilidade, decisão e opção. Os/as que acompanham os grupos de jovens trabalhadores do meio popular É um enorme desafio. Em alguns lugares falam de jovens do meio popular, mas não é o suficiente. São necessários/as assessores/as que auxiliem os grupos de jovens a assumirem a sua realidade de trabalho, de emprego, de salário. Podemos imaginar as águas por onde esses assessores/as deveriam navegar... Relações, capitalismo, sindicalismo, questões trabalhistas, sentido do trabalho etc. Na evangelização da juventude ainda é uma utopia sonhar com jovens discutindo, para valer, essa realidade. Isso vale tanto para os rapazes como para as moças. Para os que são do clero ou da vida religiosa o desafio também é enorme. Está na hora de isso se tornar realidade. É um espaço onde, mais do que em outros lugares, vale a complementaridade na assessoria. 76 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

77 Os/as que acompanham grupos de universitários É outro enorme desafio: o mundo da academia, o mundo da ciência, o mundo do movimento estudantil, o mundo da cultura... Deixar essa tarefa para outra pastoral que não seja a Pastoral da Juventude é uma ilusão. Exige, por parte dos assessores/as, estarem metidos/as nesse campo. Não basta saber Teologia, não basta saber celebrar, não basta ser professor/a. É preciso acreditar na possibilidade da vivência de um processo de educação na fé com os/as jovens deste espaço seletivo, é verdade, mas real. Houve um tempo em que se falava de Pastoral Universitária (os universitários sendo protagonistas) e de Pastoral da Universidade (a instituição sendo a protagonista). Trata-se de formar profissionais com valores evangélicos, em todos os campos; trata-se de formar cidadãos capazes de colocarem o saber a serviço do povo, numa dimensão de fé. Metidos em diversas instâncias Há, ainda, outra tipologia de assessores/as. Referimonos, de modo especial, às diversas instâncias organizativas que necessitam de assessores/as com capacidades e funções específicas. Desejamos referir-nos a cinco instâncias: Funções e tipos de assessores/as 77

78 A instância fundamental é a assessoria aos grupos de base Há assessores/as que ficam nesta instância a vida inteira. Somente não digo graças a Deus se isso significa fechamento neste pequeno e maravilhoso grupo porque tanto o grupo quanto o assessor/a precisam articular-se com outros grupos. De preferência de modo orgânico, isto é, fazendo-se participar da igreja jovem, caminhando juntos de forma organizada. A organização é uma opção pedagógica que não pode ser esquecida, porque ela (a organização) é uma das melhores escolas de formação do/da jovem e do assessor/a. Tudo que se falou de mística da assessoria, de atitude de assessor/a vale aqui também. Nessa instância vale tudo: planejamento, formação integral, vivência de um processo, forma criativa de ser, inserção social etc. Uma segunda instância para exercer o ministério da assessoria é a paróquia onde funcionam mais grupos Conheço paróquias com mais de 10 grupos de jovens. O passo mais acertado é garantir que haja alguém que esteja próximo de cada grupo. Pode ser um/a adulto/a, pode ser um/a animador/a pode ser através do/da próprio/a coordenador/a de grupo. O/a assessor/a, nesse caso, deve encontrar a forma de acompanhar cada grupo e algumas lideranças que vão se projetando. São importantes as visitas, o fornecimento de subsídios para os 78 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

79 grupos, reuniões de coordenação, planejamento paroquial etc. Não pretendemos dar dicas para cada caso. O importante é o/a assessor/a sentir-se responsável e ter alguma palavra para cada situação. Ajuda para tal uma boa organização pessoal e a definição de prioridades, tendo consciência do campo que lhe toca acompanhar. O mesmo vale, na sua realidade específica, para um/a assessor/a que acompanha mais grupos de estudantes, trabalhadores/as etc. Embora haja um relacionamento privilegiado com os/as coordenadores/as, o/a assessor/a não pode deixar de lado os grupos como tais. Chegar às bases Uma outra instância sucede quando alguém é escolhido/da ou indicado/da para ser o/a assessor/a de alguma coordenação, seja ela de paróquia, de diocese ou de regional. O importante é chegar, através desta coordenação, para as bases. Trata-se, em geral, de reuniões de planejamento ou de atividades programadas ou a serem programadas. Não é aconselhável alguém ficar somente neste nível. Tornam-se especialmente importantes as visitas. Embora sejam visitas gratuitas, o/a assessor/a sempre deve carregar nas mangas algum convite, alguma palavra, alguma orientação, alguma informação do mundo mais amplo seja diocese, seja regional, seja organização nacional e latino-americana. É através destes comunicados dados com sabor que se esconde a consciência que o/a jovem e os grupos vão criando consciência de Funções e tipos de assessores/as 79

80 igreja e de sociedade. O/a assessor/a, por isso, precisa acompanhar, saber das coisas, ler documentos, ler notícias, ler subsídios, repassar decisões da coordenação etc. Isso vale para todos os tipos de assessores/as que vimos acima. Coisa triste é você visitar um grupo e não ter nada a revelar ou a confirmar. A prática levará o/a assessor/a a aperfeiçoar-se no planejamento, no conhecimento da realidade, no conhecimento de Teologia, na forma cada vez mais madura de ser igreja, no conhecimento da realidade juvenil com sua cultura e sua psicologia etc. É uma formação que se dá na ação. Isso não vale somente para a juventude. Diria, até, que isso vale especialmente para quem aceitou assessorar grupos de jovens. Miserável o/a assessor/a que se considera formado/da. Os nove saberes de um/a assessor/a Já ficou claro que o assessor/a vive em permanente formação. A todo instante se apresentam novos desafios, novos gritos e novas leituras. Procurando elencar coisas que o/a assessor/a precisa saber, atrevo-me a citar algumas: 1. O/a assessor/a precisa saber, primeiramente, o que é evangelização da juventude, distinguindo pastoral e movimento. Não faltam escritos sobre isso, mas os temas mais importantes encontram-se em Civilização do Amor Tarefa e Esperança. Deveria ser um livro de cabeceira. Junto, Evangelização da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais. Não há outros documentos que 80 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

81 sistematizem tão bem, de forma sintética, o que seja evangelização da juventude; 2. Outra coisa que o/a assessor/a precisa saber refere-se à clareza quanto ao processo de educação na fé proposto pela Igreja para a juventude. Falamos de clareza ; talvez disséssemos melhor conhecimento teórico e prático. Uma das características do/da assessor/a é a sistematização do que vive, do que vive seu grupo e do que vive a Pastoral como um todo; 3. Ter noção segura do que é vida de grupo com suas fases, exigências... resultando num processo. Aqui valem tanto os conhecimentos pedagógicos como a capacidade de percepção de aspectos psicológicos; 4. Ter noção de psicologia do/da jovem e do/da adolescente, resultado de experiências, de vivências, de leituras, de cursos Ter noção do que seja acompanhamento individual e grupal. Se alguém não tiver pescado nessas águas, pouco terá a falar no seu contato com a juventude dos grupos. Sempre se diz, com muita razão, que o/a assessor/a tem muito a ver com a memória histórica do grupo, da paróquia, da diocese etc. É uma forma muito bonita de acompanhar; 6. Ter noção de planejamento. Não basta o mínimo ; é preciso meter-se neste campo com consciência e ser capaz de educar nesta atividade; Funções e tipos de assessores/as 81

82 7. Ter conhecimento das opções pedagógicas da evangelização da juventude, sendo capaz de vislumbrar a amplitude de cada uma delas, inclusive da opção metodológica. Estou convencido que este é um dos grandes segredos da personalidade de um/a assessor/a. Trata-se de saber e não dizer de cor uma fórmula que não mexe no mais íntimo de mim. Trata-se de um ato de fé pedagógico muito claro e de uma leitura da prática que se tem com a juventude. Não vale tudo; nem tudo tem o mesmo peso. 8. Ter noção séria sobre a Igreja e sobre os diversos cenários em que ela navega, sabendo posicionar-se. Falamos disso porque a experiência diz que é através do/da assessor/a que se cria ou não se cria o sentido de pertença a essa comunidade que Jesus fundou; 9. Ter noção séria sobre a sociedade em que vivemos, sabendo fazer análises de conjuntura. Nenhum/a assessor/a tem direito a ser uma barata tonta no sistema que nos envolve. Isso supõe ideologia, supõe política, supõe economia, supõe sociologia. Não se trata de ser um especialista, mas alguém que tem uma postura definida. Processo A assessoria é um processo assumido, cultivado e perseverante. Não adianta forçar as coisas. Não adianta insistir em quem não escutou um chamado. Não adianta insistir em quem, mesmo sem dizê-lo, não quer; em quem 82 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

83 acha que o ministério da assessoria não lhe acrescenta nada. Observa-se, também, que há bons/boas assessores/as que nunca tiveram experiência de grupo de base, que nunca participaram de uma coordenação, mas por razões as mais variadas são felizes na vivência desse ministério. Não se aprende a ser assessor/a sozinho/a. É uma escola; é uma caminhada; é uma travessia que obedece à lógica de coisas que foram ditas aqui. Aprende-se a ser assessor/a atirando-se na água para valer; no início talvez com resistências, mas depois... O ministério da assessoria não nasce de uma nomeação : a nomeação até pode ajudar, mas não é o seu começo. Deve ficar claro que a assessoria não é um cargo clerical, nascido do poder; ele é um serviço complementado, talvez, pelo reconhecimento oficial. A assessoria é serviço, é vocação, é doação. Claro que carrega autoridade, mas autoridade que não nasce de normas e nomeações. Ela é e pode tornar-se fruto de um projeto de vida. Funções e tipos de assessores/as 83

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85 Carrego comigo, caro/a Neotéfilo/a, uma convicção cada vez mais profunda sobre a importância do Projeto de Vida para todas as pessoas, especialmente para os/as jovens e, muito particularmente, para o/a assessor/a de jovens. Sabemos que ao sistema neoliberal não interessam pessoas com convicções profundas (só as que comungam com sua filosofia excludente e tanatófila, isto é, amante da morte). Só personalidades fortes, com vontade de serem sujeitos/as de sua história, vão saber enfrentar o rolo compressor do sistema que vivemos. O tempo da juventude é o tempo de a pessoa estruturar o que deseja ser na vida. Isso vale para qualquer um: para quem está no ensino médio, para quem quer ser ou é religioso/a, para quem é ou pensa ser seminarista, para todos/as. Podemos dizer enfaticamente que faltam pessoas com projeto de vida definido, em todos os setores. Mesmo para os que foram comprados/as ou cooptados/as pelo sistema (e talvez mais para eles/as) falta-lhes um projeto de vida elaborado e assumido por eles/as e não imposto por ninguém. Quero insistir, aqui, na importância que isso tem para quem sonha em viver o ministério da assessoria. Já insistimos em que a dedicação à juventude precisa ser uma opção: um projeto de vida. O projeto de vida é tomar nas mãos a construção de minha felicidade. Falo em construção e insisto nisso. A felicidade não é algo que cai do céu; ela é resultado da alegria em construir. Assessoria e projeto de vida 85

86 Em 2003 foi publicado pela Seção Juventude do CELAM um pequeno escrito intitulado Proyecto de Vida: Camino Vocacional de la Pastoral Juvenil Aportes y Reflexiones de la Pastoral Juvenil Latinoamericana 12. Pode não ser o escrito mais perfeito, mas é uma primeira sistematização, em nível de América Latina e de Pastoral da Juventude, sobre a matéria. Num Curso de Assessores que acompanhava há mais tempo, exigíamos dos/das cursistas a elaboração de um projeto de vida pessoal e pastoral. No começo não foi fácil. As reações eram as mais diversas, mas, no final de um ano de trabalho, a grande maioria reconhecia que tinha sido a parte mais importante do Curso. É sobre isso que desejo fazer algumas afirmações para você, caro/a Neotéfilo/a. Sei que vai ser pouco, mas o assunto é importante demais para não falar dele 13. Quero começar minha proposta afirmando que a elaboração do Projeto de Vida tem muito a ver com o projeto de Deus revelado nas Sagradas Escrituras. Inspirado neste projeto divino, apresentam-se algumas motivações que nos animam na elaboração e no pôr em prática o nosso projeto de vida. São elementos já conhecidos, mas que valem a pena serem recordados. Quero insistir em alguns aspectos: 12 Bogotá, Documento CELAM nº 162, Dou-me a liberdade de aproveitar elementos que vão ser encontrados na publicação do CELAM. 86 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

87 Deus tem um projeto O Deus de nossos pais, prezado/da Neotéfilo/a, se apresenta como o Deus do caminho que acompanha seu povo, que conta com as mulheres e os homens que se envolvem cada dia em seu projeto criador, sonhando um universo feliz, habitado por uma humanidade justa e solidária. É o projeto do amor de Deus Pai que caminha com seu povo, do Filho que se faz Caminho, Verdade e Vida; e do Espírito, pelo qual não faltam, ao longo do caminho, as águas que revigoram a todos/as os/as que descobriram que a vida é caminhar. Um dos aspectos mais originais do Deus dos/das cristãos/ãs é que Ele se revela na história, de forma progressiva e humana, fazendo um convite gratuito para relacionar-nos com Ele e a participar de Sua vida. Eu serei teu Deus e tu serás meu povo (Ex 6,8). Assim como o Deus cristão é uma Trindade, o Deus cristão sonhou que as pessoas vivessem sua felicidade relacionando-se, isto é, vivendo um processo que nunca termina, mas que, dentro da história, vá se encarnando em projetos de vida que se constroem e amadurecem, obedecendo à dinâmica da perfeição. No Evangelho, Jesus nos disse que devemos ser perfeitos, como é perfeito nosso Deus (Mt 5,48), isto é, que vivamos um projeto de vida que seja claro, firme, mas que se vai aperfeiçoando dia após dia, crescendo em decisões e exigências. Assessoria e projeto de vida 87

88 Jesus Cristo é a encarnação do projeto de Deus para o ser humano O projeto de Deus realiza-se, na história, em Jesus Cristo e no Espírito Santo (cf. Ef 1,3-14). É um projeto de salvação e realização plena. Um projeto para que todos/as sejam felizes, livres e gratuitos/as, assim como é Deus Pai, assim como é Jesus Cristo, pela força amorosa do Espírito Santo. Jesus Cristo teve um projeto de vida. Basta recordar o texto do Evangelho de Lucas (cf. 4,18-21) no qual Cristo assume e anuncia o projeto de vida que lhe vem do Espírito. Jesus construiu seu projeto referindo-o ao projeto do Pai. Sofrendo, aprendeu a obedecer (Fl 2,8), porque seu desejo era fazer a vontade do Pai (Jo 4,34). A vivência deste projeto caracterizou-se pelo diálogo e pela relação com o Pai, com a abertura à sua história, identificando-se com as dores e as esperanças de seu povo que andava como ovelhas sem pastor (Mc 6,34). Mostrou com palavras e obras que Deus estava com os/as pobres. Este plano não foi fácil para Jesus Cristo. Jesus teve que discernir seu Projeto de Vida. Teve necessidade da oração para encontrar a força interior que exigia seu projeto de vida e para buscar o modo de realizá-lo. Seu lugar de discernimento foi o deserto. Seu grupo de vida, depois do lar de Nazaré, foi a comunidade dos apóstolos. Com eles realiza experiências de evangelização, assumindo com integridade sempre maior a vontade do Pai (cf. Mc 8, 27-30). 88 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

89 O centro do projeto de vida de Jesus é anunciar e realizar o Reino de Deus Pai. Suas primeiras palavras ao anunciar sua vida pública são: O Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam na Boa Nova (Mc 1,15). O Reino de Deus é uma atitude e uma prática, assim como deve ser qualquer projeto de vida. O Reino, como o grande projeto de Deus, assumido e vivido por Jesus, é universal e os/as portadores/as privilegiados/as dessa Boa Notícia são os o/as pobres, os/as que se fazem como pobres e pequenos/as. O projeto de Deus, anunciado e vivido por Cristo, denuncia as realidades de miséria que desprezam a dignidade humana e anuncia a vivência da fraternidade, da justiça e da solidariedade que engrandecem a pessoa humana. Jesus proclamou e viveu as bem-aventuranças. Nelas está sua vida, sua proposta, seu projeto de vida, convidando para uma resposta. Para realizar sua missão, Jesus reuniu um grupo de pessoas comuns, trabalhadoras, com as quais quis viver a experiência do Reino. Com elas formou uma comunidade de discípulos: o grupo dos Doze (cf. Mc 3,13-19). O Reino é uma realidade comunitária. O projeto de Jesus convida ao seguimento Jesus, contudo, não só vive nem só anuncia o Reino de Deus. Ele convida ao seguimento. Basta recordar o convite que formulou ao jovem rico que não teve a coragem de segui-lo (Mc 10,17-27). A proposta pareceu-lhe Assessoria e projeto de vida 89

90 demasiadamente exigente. O seguimento de Jesus nasce de um encontro pessoal com o Senhor Ressuscitado; é fruto de um caminho realizado junto dele. O seguimento se dá num dinamismo de conversão, tal como deve ser um verdadeiro projeto de vida. O seguimento de Jesus é um compromisso que entusiasma. Quando se descobre que Deus não ama a pessoas pelo que aparentam nem pelo que valem, nem pelo que dão, mas pelo que são, não há mais limites na doação gratuita e militante a favor dos/das outros/as. Nesse momento o projeto de vida se torna militância e se torna vocação. O Projeto de Vida de Jesus é um processo que todo/a cristão/ã deve abraçar. Para os/as jovens e os/as adolescentes este projeto é maravilhoso porque traz consigo o desejo de viver em plenitude, porque leva consigo a vontade de aceitar-se e ser aceito gratuitamente, porque é um projeto que, em sua vivência, nos faz sentir úteis e felizes; porque vibra nele o desejo de vivenciar um mundo fraterno onde as pessoas são respeitadas e valorizadas. Por isso a Pastoral da Juventude propõe o Projeto de Vida de Jesus como caminho de realização, um instrumento para construir uma vida plena e abundante para os/as jovens. O Projeto de Vida responde aos desejos mais nobres e profundos de seus corações. No seguimento a Jesus os/as jovens poderão experimentar e viver a vida em plenitude. 90 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

91 A diferença fundamental entre as pessoas se dá pela qualidade de seu projeto de vida, pelo tipo de valores que os/as orienta, pela centralidade que ocupa em sua personalidade, pela tenacidade que gera para alcançar estes valores e pela capacidade de resistência para manter vivo seu projeto frente às contrariedades da vida. Insistimos, por isso, na relação indissolúvel que deve existir entre o Projeto de Vida, a Vocacionalidade (dimensão vocacional) do ser humano e a Militância. O Projeto de Vida é expressão concreta de pessoas que se vão comprometendo, a partir da assunção de sua vocação, com a vida toda, com a transformação da realidade e que se sentem chamadas a ser construtores/as de comunidade, celebrantes do mundo e profetas de esperança ante os problemas do mundo, ao estilo de Jesus. Desafios para a elaboração do projeto de vida Antes de apresentar um esquema concreto de elaboração de um projeto de vida quero dizer-lhe, amigo/a Neotéfilo/a, que esta elaboração nos põe numa prova de fogo, porque vem carregada de situações que nos desafiam e nos podem fazer desanimar. É necessário, por isso, ter consciência deles e enfrentá-los com decisão. Se conhecermos as situações adversas, poderemos medir, com mais realismo, nossas forças e, se estas estiverem fracas, revigorar-nos buscando apoio e ajuda. Conhecer nossos desafios é uma atitude que ajuda a vencer o medo ao desconhecido. Assessoria e projeto de vida 91

92 O tempo O primeiro desafio, que se apresenta é o tempo. A constante atividade em que vivem os/as assessores/as implica na tentação de não dedicar o tempo necessário para refletir e planejar a vida, de forma que sejam atendidas adequadamente todas as dimensões. Tempo implica reflexão e espaço necessários para partilhar com outros/as e com o/a acompanhante. Essa dificuldade pode ser resolvida com uma organização que priorize o equilíbrio pessoal sobre o ativismo alienante. A superficialidade É outro desafio. Elaborar um projeto de vida significa descer no fundo da gente a fim de descobrir as motivações profundas, os chamados de Deus que se encontram no mais íntimo do coração de cada ser humano para poder, assim, descobri-los e acolhê-los como um convite à realização plena e à felicidade. Não podem existir, portanto, atitudes superficiais em algo que envolve o mais profundo da pessoa e que exige, para sua realização, que seja posto o coração. A lógica neoliberal e capitalista É o terceiro desafio. A sociedade na qual vivemos, caro/a Neotéfilo/a, nos apresenta os valores do consumismo, o individualismo, o êxito que se mede na capacidade econômica e nos convida a buscar o próprio proveito, fazendo-nos esquecer dos que estão ao nosso lado 92 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

93 e tudo que isso significa. O Projeto de Vida deve romper esta lógica e converter-se em ferramenta de humanização para a pessoa que o elabora e para com todos os quais ele se relaciona. O conflito e a crise A vivência de um projeto de vida marcado pelos valores do Evangelho levará ao confronto com os valores que a sociedade neoliberal oferece. O seguimento fiel de Jesus, na chave do Projeto de Vida, terá consequentemente sempre sua carga de conflito e crise. As estruturas fechadas e incoerentes Uma situação que não podemos deixar de nomear é que nem tudo que se encontra ao nosso redor favorece o crescimento maduro e o compromisso. Muitas vezes encontraremos pessoas e instituições, como a família e a própria Igreja, que não compreendem esta proposta e, até, com sua prática contradizem o que pregam. Isso vale tanto para leigos/as como para religiosos/as. Por incrível que pareça, a família ou a comunidade religiosa podem ser empecilhos para a elaboração de um projeto de vida verdadeiro. Assessoria e projeto de vida 93

94 Os contextos assinalados pela violência e pela ausência da perspectiva de futuro A realidade de pobreza, a violência e a exclusão em que vivem amplos setores da população na América Latina são fatores que negam, muitas vezes, a possibilidade de construir um futuro diferente. O desespero e a insegurança marcam a vida de muitos/as e apresentar-lhes a proposta do Projeto de Vida pode soar como uma loucura. Contudo, ele nos oferece a possibilidade de enfrentar e superar esta situação dolorosa. Espiritualismos que fogem da realidade e não geram compromisso Eis outro desafio que gostaria de citar porque algumas propostas de evangelização, presentes na Igreja, não levam a uma fé encarnada nem ao seguimento de Jesus nas realidades em que estamos imersos. Será um desafio permanente para a evangelização da juventude apresentar o seguimento de Jesus de forma atraente e realista. Também para os assessores/as desta pastoral. Um seguimento que implica conflito e cruz. Seguimento que exige uma fé encarnada na realidade, uma fé que se compromete, uma fé assume a vida e a história com todos os seus desafios. 94 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

95 Ausência de acompanhamento para partilhar e confrontar a experiência de fé e a prática pastoral Estou dizendo, com isso, que a elaboração do Projeto de Vida exige acompanhamento. A solidão na experiência militante e no discernimento do Projeto de Vida leva consigo sérios riscos que devem ser evitados. Entre eles citaríamos a autossuficiência e a absolutização do ponto de vista pessoal. É um desafio abrir e acompanhar os espaços onde se reelabora, constantemente, o projeto de vida com a ajuda de outros/as, assim como oferecer aos/às assessores/as ferramentas metodológicas adequadas para este fim. Desarticulação entre a formação e a ação A ação refletida é um eixo central na proposta da formação da Pastoral da Juventude. Este exercício dará elementos vitais para a elaboração do Projeto de Vida porque permite ao assessor/a encontrar-se a si mesmo/a, de cara com a realidade que vive e com o papel que exerce ou pode exercer nela. Permite, também, descobrir a necessidade de uma formação permanente coerente com as necessidades que se vão apresentando para assumir um compromisso de crescimento pessoal e de transformação da realidade. Assessoria e projeto de vida 95

96 Passos para a elaboração do Projeto de Vida Existem muitas propostas que podem facilitar a elaboração do Projeto de Vida. A experiência da elaboração do Projeto de Vida não é e não pode ser, contudo, uma atividade a mais na vida pessoal nem para o caminhar do grupo já que, assumida, seria uma a obrigação ou uma carga asfixiante. Pelo contrário, o processo de elaboração do Projeto pessoal de Vida é fruto de uma decisão pessoal, livre e consciente, que prioriza a necessidade de amadurecer as próprias opções e de projetar a vida. Estamos falando de uma sabedoria de vida mediante a qual a pessoa aprende a harmonizar as ferramentas com as quais realiza uma análise global da realidade social na qual vive, visa um horizonte amplo de sentido humano satisfatório e desenha um caminho a percorrer, prevendo recursos com os quais pode contar. Ao querermos elaborar nosso Projeto de Vida precisamos cuidar de algumas referências indispensáveis. Propomos as seguintes: Onde estou? Como estou? A tomada de consciência da autobiografia. A elaboração da biografia pessoal, as circunstâncias políticas, econômicas, culturais e eclesiais da própria realidade, tanto a próxima como a mais ampla, para assim compreender e responder às estruturas e ao funcionamento da sociedade. 96 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

97 Para onde quero ir? É importante visualizar os assim chamados sonhos, os horizontes, os ideais que caracterizam a pessoa. O Projeto de Vida não é um recurso administrativo pessoal; é como o salmo da própria vida. Quer ser um borrão do Evangelho que o/a assessor/a oferece aos/às demais com sua própria vida. Nesse sonho plasmam-se as convicções de vida e o próprio credo. Quais são os recursos com os quais conto? Para o caminho faz-se necessária uma bagagem. Falar de recursos tem a ver com a experiência de grupo no qual se participa, o projeto de pastoral no qual se está comprometido/da, a profundidade espiritual, o acompanhamento com o qual se pode contar, os níveis de estudo e formação nos quais se deve avançar. Inclusive os recursos financeiros. Como vou alcançar as metas? Um projeto precisa tem seu tempo para que se desenvolva gradualmente. É oportuno estabelecer os objetivos: a curto, médio e longo prazo. Desse modo distribuem-se as forças e as iniciativas para seguir avançando coerentemente. Esquema concreto Trabalhei por vários anos, prezado/da Neotéfilo/a, no acompanhamento do Projeto de Vida dos que faziam o Curso de Assessores, na minha região. Com a ajuda Assessoria e projeto de vida 97

98 de algumas pessoas chegamos à apresentação de um esquema que nos pareceu válido. Apresentamos 8 passos: Minha autobiografia de agente de pastoral, apontando mais o processo vivido do que o relato de fatos acontecidos Trata-se, realmente, de uma autobiografia refletida e interpretada a partir do/da pequeno/a. O que fazia? Uma autobiografia, de alguma forma sistematizada, percebendo os clamores que me moviam, vendo realizar-se, já, naquele tempo o que hoje faço e sonho. Minha vivência de mundo. Qual é o mundo que vejo? Descrever, primeiramente, em poucas linhas, o mundo que vejo sob o ponto de vista econômico, social, político, cultural e religioso, apontando, numa visão ampla, as qualidades e os defeitos que consigo perceber através da minha vivência. Procure fazer essa descrição de modo sintético, mas que expresse realmente o que você observa e sabe. Meu sonho de mundo a) Diga em frases lapidares o mundo que você sonha sob todos os pontos de vista. Qual a sociedade que você sonha? Como é a economia, a política, a vivência social, religiosa, cultural etc.? 98 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

99 b) Descreva, também, em frases lapidares o tipo de homem/mulher que você sonha, o tipo de sociedade, o tipo de vivência religiosa e cultural. Se você sonha constituir uma família, como você a sonha? Que tipo de pai? Que tipo de mãe? Se você sonha ser religioso/a, como é essa vida religiosa? Se você sonha alguma profissão, como é esse/a profissional que você sonha? No mundo das relações, qual a pedagogia que você sonha? Descrição de uma realidade concreta que você acompanha ou da qual faz parte, como agente pastoral 14. a) Descreva pormenorizadamente essa experiência, localizando-a, isto é, descrevendo: 1. O local em que esta experiência está inserida (paróquia, colégio, diocese... com suas características, necessidades...) 2. Em que você trabalha, de fato, dizendo tudo que você faz aí, destacando talvez alguns fatos e dizendo o porquê do destaque. É relato. b) Procure fazer uma avaliação desta realidade concreta, pastoral, onde você atua. Trata-se de uma análise em dois níveis: em âmbito de contexto geral e de contexto pessoal. Valorizar, aqui, o posicionamento de pessoas que questionam meu trabalho ou que têm condições de emperrar meu processo. Por isso é importante apontar as constatações, descrever os desafios e carências e também os avanços. 14 Não se trata de voltar atrás, mas de insistir em que o Projeto de Vida deve nascer da vida. Daquilo que sou e faço, no concreto. Querendo, ou não, estamos naquilo que fazemos. Assessoria e projeto de vida 99

100 Considerando tudo isso, tente expressar: a) As opções básicas que movem sua vida como cidadão/ã e como agente de pastoral. b) As prioridades que, no meio de diferentes trabalhos, você julga que deve assumir para sentir-se realizado/a. c) O objetivo de sua prática pastoral. Este objetivo, pelo que já foi feito, tem sabor de consequência, de resposta, de compromisso amplo e concreto simultaneamente. O objetivo deve dizer muito para mim e ser, ao mesmo tempo, válido para diferentes ações que vou fazer, sem perder a coerência. d) Os princípios (de forma sintética) que vão fundamentar sua ação. É uma espécie de ato de fé sob o ponto de vista teológico, político, sociológico, pedagógico e econômico etc. Modos de alcançar tudo isso Podem ser distinguidas as metas a serem atingidas e as estratégias que vou usar para alcançar as metas. É importante recordar que estamos pensando em formação integral. Portanto, você deve ter presente todos os aspectos da sua vida. Qual(is) a(s) meta(s) que você tem como pessoa, como profissional, como família, como religioso/a? 100 Neotéfilo: conversas sobre assessoria a grupos de jovens

101 As metas vão ser a curto, médio e longo prazo. As metas correspondem às atitudes. As estratégias correspondem aos atos, iniciativas concretas com datas, meios etc. Por exemplo: vou completar o ensino médio e preparar-me para entrar e fazer o curso superior (= meta). Vou fazer o Curso Supletivo porque já tenho mais idade, porque devo trabalhar, vou fazer de noite. Onde? O que devo fazer para que isso se torne realidade. Até quando? (= Estratégia). Projeto de vida Considerando as metas e as estratégias, qual o plano de ação que vai mover minha vida? Importante distinguir vários aspectos: pessoal, familiar, pastoral, teológico, formativo, econômico, afetivo etc. Avaliação deste projeto de vida O projeto de vida tem aspectos a serem mudados, melhorados, acrescidos; há coisas que não mudam; outras são aprofundadas e confirmadas. De quando em quando você vai retomar esse Projeto de Vida para ser avaliado? Quanto tempo você vai dar para essa avaliação? Como se vai dar essa avaliação? Nota: Pode haver muitas redações do Projeto de Vida. Tente datar e enumerar essas redações. Cada nova redação supõe uma releitura das elaborações anteriores. Há aspectos que permanecem e outros exigem atualização. Assessoria e projeto de vida 101

102 102

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