A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA NO PROCESSO EDUCATIVO: EXPERIÊNCIAS DO PET GEOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL FLORIANO VIEGAS MACHADO
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1 A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA NO PROCESSO EDUCATIVO: EXPERIÊNCIAS DO PET GEOGRAFIA NA ESCOLA ESTADUAL FLORIANO VIEGAS MACHADO Jhérsyka da Rosa Cleve¹; Maria José Martinelli Silva Calixto²; Leonardo Calixto Maruchi¹; Cássio Alexandre Sarti Figueiredo¹; Deborah Henning Barrizon¹; Rafael Alves Soares dos Santos¹, Wiliam Moreno Vascon¹ 1 Acadêmicos de Geografia UFGD, Bolsistas PET Geografia UFGD 2 Professora Orientadora, Tutora do PET Geografia UFGD RESUMO: A linguagem cinematográfica tem se construído como importante papel de mediação para o ensino de Geografia, permitindo a discussão de situações próximas ou distantes das que se inserem os educandos, este trabalho traz reflexões em torno da utilização de recursos cinematográficos aplicados pelo PET Geografia na escola estadual Floriano Viegas Machado, localizada no município de Dourados-MS. É um desdobramento do Projeto de Ensino promovido pelo PET Geografia UFGD intitulado Cinema e Educação Linguagens e Olhares geográficos que objetiva a exibição de filmes, com temáticas voltadas à ciência geográfica. O projeto desde seu inicio era voltado a comunidade acadêmica, no ano 2013 os bolsistas optaram a desenvolver em uma escola pública do município de Dourados. A atividade tem como objetivo estreitar as relações dos bolsistas com a comunidade escolar, possibilitando a troca de experiências entre os alunos e os bolsistas envolvidos no projeto. Os filmes e/ou documentários são previamente selecionados, exibidos e discutidos internamente, são exibidos duas vezes no mês na Escola Floriano Viegas nas séries do sextos, sétimo e oitavo ano do ensino fundamental. O projeto tem obtido resultados satisfatórios ao promover um elo entre a ciência e entretenimento, proporcionando a experiência aos bolsistas ao estarem tendo contato com a comunidade escolar. Sendo assim, são vivenciadas experiências a partir da exibição das obras contribuindo para a formação de futuros profissionais comprometidos em construir uma qualificação não apenas teórica, mas sim prática a favor do processo de ensino aprendizagem que condiz com as novas demandas que o sistema de ensino oferece. Palavras-Chave: Educação, recursos audiovisuais, ciência geográfica
2 INTRODUÇÃO Este trabalho traz reflexões em torno da utilização de recursos cinematográficos na Escola Estadual Floriano Viegas e especificamente no ensino de Geografia, ele é um desdobramento do Projeto de Ensino no qual é promovido pelo PET¹ Geografia UFGD intitulado Cinema e Educação Linguagens e Olhares geográficos ² que tem como objetivo a exibição de filmes, com temáticas voltadas à ciência geográfica e educação possibilitando um diálogo entre os bolsistas e o público alvo. A atividade visa possibilitar a reflexão e o debate entre os alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Floriano Viegas, e a experiência do processo de ensino e aprendizagem aos bolsistas do grupo Pet Geografia. O uso de mídias visuais no ensino não é algo novo, desde a década de 1930 Roquette Pinto, importante defensor da utilização dos meios de comunicação em massa na educação brasileira, prenunciava que os meios midiáticos teriam funções pedagógicas importantes. Assim a utilização dos mais diversos recursos na educação devem ser disponibilizados, pois hoje não da para imaginar uma educação restrita a meios impressos, as novas tecnologias despontaram no dia-a-dia escolar e a quantidade de informação a que os alunos tem acesso é imensa, exigindo o desenvolvimento de metodologias de trabalho que incorporem esses novos meios de comunicação, dessa forma a importância deste projeto na escola é aliar o conhecimento com as tecnologias presente no cotidiano dos alunos. Como salienta Freire (2004 p.47) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Assim, acreditamos que o projeto de ensino e extensão, desenvolvido até o presente momento tem promovido uma ponte entre educação- ensino de Geografia e cinema, contribuindo em muito na formação bolsistas fortalecendo uma qualificação teórica e prática e que estes futuros profissionais operem a favor do processo de ensino aprendizagem condizente com as novas demandas da escola. Dessa forma, destaca-se a cinematografia, como recurso para o incremento e promoção da contextualização do conteúdo escolar. Como designa Silva (2007), no livro Cinema e Educação, na qual afirma que esta mídia é um poderoso meio de comunicação que não pode ser ignorado, e os filmes podem ser uma fonte de conhecimento. ¹Programa de Educação Tutorial; ² Projeto desenvolvido desde o ano de 2010.Em 2013 prossegue com uma metodologia distinta dos anos anteriores. EDUCAÇÃO E CINEMA
3 A escola é um: [...] dos espaços privilegiados de elaboração de projetos de conhecimento, de intervenção social e de vida [...]. (Moran,2007, p.21). Sendo assim, direcionar um conteúdo deve levar em consideração o desenvolvimento para participação social, trabalhando o conteúdo para que o aluno desenvolva e compreenda o que está sendo ensinado, não simplesmente para a retenção temporária do conteúdo. O papel do professor é essencial, pois é ele quem faz a ligação entre a informação e a realidade social, e o conhecimento científico, possibilitando a compreensão de ambas, utilizando-se dos diversos recursos disponíveis. A utilização de filme pode ser um recurso pedagógico. Neste contexto, destaca-se Carmo (2007), ao dizer que o cinema na educação dirige a um novo enfoque dos conteúdos, provocando mudanças na forma de percebê-los. Dessa forma compreende-se o cinema como uma ferramenta auxiliadora para o professor. Para Dantas (2007), o cinema pode ser visto como um instrumento para gerar a aprendizagem, instigando a construção de novos conhecimentos. Portanto, o cinema pode ser considerado um mecanismo para intervenção pedagógica, auxiliando na compreensão e aprendizagem do conteúdo escolar. A importância desta ferramenta na disciplina de Geografia é fundamental, pois a ciência geográfica trabalha com a leitura dos fatos e fenômenos, levando em consideração a espacialidade destes, nessa perspectiva o cinema pode proporcionar a reflexão ao espectador através de uma viagem virtual pelo espaço geográfico em distintos momentos da história humana, levando-os a perceber que as atuais conjunturas são frutos históricos de jogos de poder. DESENVOLVIMENTO Antes de iniciarmos nossa discussão em torno da metodologia de trabalho vale realizarmos um sucinto resgate em torno da criação do Grupo PET Geografia e do projeto Cinema e Educação Linguagens e Olhares geográficos. O Programa de Educação Tutorial em Geografia da UFGD foi criado em dezembro de 2008 com início efetivo de suas atividades em fevereiro de 2009, no primeiro ano de atividade do Grupo o foco foi o desenvolvimento de ações que congregassem, sobretudo, ensino e extensão e que, posteriormente, pudessem permitir o aprofundamento de temas de pesquisa. Nesse sentido, buscou-se estabelecer uma rotina de trabalho que valorizasse ações coletivas e interdisciplinares. Para isso, o Grupo tem centrado esforços na sua própria
4 qualificação e consolidação de cinco núcleos de trabalho que abordam: Cinema e Educação; Cidadania; Formação e Capacitação; Laboratorial - a construção de saberes e Pesquisa. Partindo do pressuposto de que alguns objetivos estavam previstos para serem alcançados em curto prazo, e outros resultariam do aperfeiçoamento do trabalho e das experiências vivenciadas pelo Grupo, os referidos núcleos de trabalho começaram a ser estruturados em 2009, contudo, conforme já havia sido previsto na proposta inicial, foi no decorrer do ano de 2010 que se iniciou a efetiva implementação das atividades, concretizando-se no ano de Dentro desta gama de atividades, o Cinema e Educação vêm se consolidando desde sua gênese, no inicio do projeto Cinema e Educação tinha seu público alvo a comunidade acadêmica em especial para acadêmicos dos cursos de licenciatura. Nos anos de 2010 e 2011 o projeto era desenvolvido na Universidade, com encontros quinzenais, no qual envolvia professores colaboradores que selecionavam as obras e a partir disso os filmes foram exibidos e debatidos na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Da Grande Dourados. No ano de 2012 o projeto passou a ser desenvolvido nas escolas da rede pública de Dourados, a exibição de filmes era feita mensalmente em diversas escolas do município, entre elas estava a Escola Estadual Floriano Viegas, onde o grupo estreitou as relações e passou a desenvolver durante o ano de 2013 as atividades do Cinema e educação permanentemente nesta escola. A lista a seguir elenca as obras trabalhadas durante as atividades de exibição, a sinopse de cada documentário realizado até o momento. Documentário: A Sombra De Um Delírio Verde Sinopse: Na região Sul do Mato Grosso do Sul, fronteira com Paraguai, o povo indígena com a maior população no Brasil trava, quase silenciosamente, uma luta desigual pela reconquista de seu território. Expulsos pelo contínuo processo de colonização, mais de 40 mil Guarani Kaiowá vivem hoje em menos de 1% de seu território original. Sobre suas terras encontramse milhares de hectares de cana-de-açúcar plantados por multinacionais que, juntamente com governantes, apresentam o etanol para o mundo como o combustível limpo e ecologicamente correto. Sem alternativas de subsistência, adultos e adolescentes são explorados nos canaviais em exaustivas jornadas de trabalho. Na linha de produção do combustível limpo são constantes as autuações feitas pelo Ministério Público do Trabalho que encontram nas usinas trabalho infantil e trabalho escravo.
5 Em meio ao delírio da febre do ouro verde (como é chamada a cana-de-açúcar), as lideranças indígenas que enfrentam o poder que se impõe muitas vezes encontram como destino a morte encomendada por fazendeiros. Documentário Fábrica de Verdades: "Fábrica de verdades" reflete sobre a influência da TV na vida das pessoas, como altera o padrão ético, gera o conformismo e controla as massas. O vídeo apresenta muitos depoimentos de diversas personalidades do país. O filme aborda a importância da mídia e da teledramaturgia para a sociedade brasileira. O papel da televisão está entre os temas da discussão feita com pensadores, políticos e representantes de movimentos sociais. Estes dois documentários foram trabalhados trazendo a realidade dos alunos, abrindo para diálogo entre os bolsistas e aos alunos, no caso do documentário que retrata aos indígenas o debate elencou diversos elementos, nota-se que trabalhar com o recurso cinematográfico é importante em sala de aula, atrai aos alunos e contribui para a formação dos bolsistas como futuros profissionais. Estes dois documentários foram exibidos nas séries do ensino fundamental da Escola Estadual Floriano Viegas, além destes dois documentários, até o presente momento foram trabalhados documentários relacionados ao conteúdo, pois o professor pediu ao grupo Pet Geografia que relacionasse ao próprio conteúdo, um dos conteúdos era sobre a expansão da cana-de-açúcar no Brasil, neste conteúdo os bolsistas do grupo Pet Geografia trabalharam com vídeos relacionados a esta temática e trazendo para a realidade dos alunos no caso de Dourados, apontando elementos das usinas presentes em nossa região. Além deste tema, já foi exibidos documentários que relatassem a Guerra do Paraguai, os bolsistas através deste tema elencaram elementos sobre a cultura paraguaia e a relação entre o Brasil e o Paraguai. E neste projeto não são apenas exibidos os filmes, após cada exibição e o debate os alunos tem atividades para responderem, os bolsistas são encarregados de elaborarem a atividade. Este projeto continua em andamento, tem obtido grande êxito e percebe-se que trabalhar com o recurso cinematográfico neste tempo em que vivemos possibilita aos bolsistas terem uma prática docente e ao trabalharem com este recurso agregam valores em seu futuro profissional, pois estão em contato com a disciplina, a prática docente e trabalhando com um recurso que atende a necessidade dos alunos.
6 RESULTADOS A atividade cumpre seu papel ao abordar temas importantes que fazem parte do cotidiano dos alunos, e a atividade contribui para a formação dos futuros docentes de Geografia no caso os bolsistas do grupo PET Geografia. Tem garantido a experiência e integração, por intermédio da realização de atividades didático-pedagógicas que contribuam na efetivação do processo de ensino aprendizagem. A participação dos bolsistas promovera a integração do grupo, o fortalecimento dos vínculos e o entendimento da indissociabilidade existente entre ensino-pesquisa-extensão. CONCLUSÕES FINAIS O artigo focou na colaboração que as tecnologias da informação e da comunicação possibilitam no processo de ensino e aprendizagem, e como tem contribuído ao laço entre os bolsistas e o comprometimento para que este projeto tenha os resultados que tem obtendo, os filmes são selecionados previamente, debatidos internamente e após todo este preparo os bolsistas exibem na escola, a cada série há uma preocupação de como trabalhar o conteúdo existe também a preocupação social dos valores que os documentários irão transmitir aos alunos. Dessa forma, o projeto contribui para a formação dos bolsistas Pet Geografia fortalecendo o trabalho em grupo, proporcionando o contato com a escola e a prática docente, o uso do cinema tem criado condições para estes futuros professores saberem trabalhar com este recurso. REFERÊNCIAS CARMO, L. O cinema do feitiço contra o feiticeiro. Revista Ibero Americana, n. 32, maio/ago. de Disponível em: < DANTAS, A. L. O cinema como ferramenta pedagógica no ensino médio. Revista Midiálogos. v. 2, n. 2, junho de FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29. ed. São Paulo: Terra e Paz, MORAN, J. M. A Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, SILVA, R. P. Cinema e educação. São Paulo: Cortez, 2007.
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