AUMENTO DA PREVALÊNCIA DE TUMORES ESPECÍFICOS NA ROTINA ONCOLÓGICA DE CÃES E GATOS
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- Manoela Bergler Amorim
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1 AUMENTO DA PREVALÊNCIA DE TUMORES ESPECÍFICOS NA ROTINA ONCOLÓGICA DE CÃES E GATOS INTRODUÇÃO Relatos provenientes da rotina veterinária clínica associados a levantamento de dados laboratoriais revelam que alguns tipos de neoplasia vêm apresentando aumento em seu percentual de incidência diagnóstica. Dentre eles, destacam-se as neoplasias de bexiga, as neoplasias de fígado e as neoplasias de adrenal. NEOPLASIAS DE BEXIGA As neoplasias de bexiga compreendem o carcinoma de células de transição, carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma, carcinoma indiferenciado, rabdomiossarcoma, fibroma e outros tumores mesenquimais. O carcinoma de células de transição invasivo (Figura ) é a forma mais comum de câncer de bexiga e apresenta elevado potencial de causar disseminação adjacente à sua localização anatômica primária em decorrência de punção aspirativa ou instituição de procedimento de coleta similar para determinação diagnóstica. É muito comum que esta neoplasia se espalhe para a cavidade abdominal do animal quando da tentativa de cistocentese para avaliação citológica da lesão. Recomenda-se precaução redobrada na abordagem de coleta de material biológico neste tipo de quadro clínico envolvendo lesões em bexiga com suspeita neoplásica. Este tipo de neoplasia se inicia com sinais inespecíficos e é frequentemente confundindo com processos inflamatórios ou infecciosos na prática clínica.
2 Figura : Carcinoma de células de transição papilar invasivo observado na bexiga de um cão durante exame pós-mortem. Fonte: Withrow e MacEwen (2007) NEOPLASIAS DE FÍGADO As neoplasias hepáticas primárias apresentam maior incidência, segundo a literatura, em gatos e as neoplasias metastáticas provenientes do baço, pâncreas e trato gastrointestinal acometem os cães com maior frequência. Existem quatro tipos básicos de tumores hepáticos primários em cães e gatos, hepatocelular, de ducto biliar, neuroendócrino (ou carcinoide) e mesenquimal (sarcoma). Estes tumores podem ser morfologicamente classificados quanto a extensão da lesão em massivos, nodulares ou difusos (tabela ) e quanto a sua diferenciação celular em benignos ou malignos, sendo os primeiros mais comuns em gatos e os últimos mais comuns em cães. Os tumores malignos, metastáticos ou primários, nodulares ou difusos, representam pior prognóstico tanto em cães quanto em gatos, enquanto os tumores massivos benignos apresentam avaliação prognóstico favorecida por acometer apenas um lobo hepático. Para o estabelecimento de diagnóstico e prognóstico confiáveis recomenda-se a avaliação histopatológica de fragmento de tecido hepático coletado por biópsia. Tabela : Frequência relativa dos tipos morfológicos de tumores hepáticos caninos. Fonte: Withrow e MacEwen (2007) Massivo (%) Nodular (%) Difuso (%) Carcinoma hepatocelular Carcinoma biliar Carcinóide Sarcoma NEOPLASIAS DE GLÂNDULA ADRENAL Os tumores de adrenais apresentam o potencial de desencadear o hiperadrenocorticismo de origem adrenal. Nesse caso, os níveis plasmáticos de ACTH mensurados serão os menores possíveis, visto que a liberação frequente e contínua de quantidade alta de hormônio cortisol pela adrenal submetida a processo neoplásico atuará na glândula hipófise promovendo feedback negativo na produção e liberação do ACTH. Caso o hiperadrenocorticismo seja de origem hipofisária, a concentração de ACTH dosada no plasma do animal apresentará valores bem acimado intervalo de referência para a espécie. Os testes de supressão com baixa dose de dexametasona, estímulo com ACTH e dosagem da relação cortisol:creatinina urinária são as alternativas disponíveis para se realizar a triagem diagnóstica do hiperadrenocorticismo. O primeiro teste apresentará resultados de cortisol basal (pré-administração da dexametasona), cortisol dosado no momento 4 horas e 8 horas após a aplicação do medicamento tipicamente aumentados. Ou seja, não haverá supressão da secreção de cortisol sanguíneo com a administração da dexametasona, indicando que o mecanismo de feedback negativo no eixo hipófise-adrenal não está funcionando adequadamente em decorrência de neoplasia de adrenal ou hipófise. O segundo teste, baseia-se no
3 princípio de que uma ou mais glândulas adrenais acometidas por processo neoplásico irão responder de maneira exacerbada ao estímulo provocado pela ação da administração exógena do ACTH. A mensuração da relação cortisol:creatinina urinária deve ser realizada a partir de amostra de urina preferencialmente coletada no período da manhã, em casa, de modo a evitar situações estressantes para o animal com consequente liberação de cortisol prévia à coleta trazendo interferências na especificidade do exame. Este último teste apresenta elevada sensibilidade para o diagnóstico de hiperadrenocorticismo e é considerado positivo para este diagnóstico quando apresenta valores superiores ao intervalo de referência. Figura 2: Representação da localização anatômica das glândulas adrenais. Fonte: Jark P. C.; Distúrbios da glândula adrenal MATERIAL FRAGMENTO DE TECIDO EM FRASCO COM FORMOL 0% COD / EXAMES 86 / HISTOPATOLÓGICO COM COLORAÇÃO DE ROTINA HE PRAZO (DIAS) LÂMINAS 87 / CITOLOGIA PET 3 SANGUE EM TUBO DE TAMPA ROXA SANGUE EM TUBO DE TAMPA VERMELHA SANGUE EM TUBO DE TAMPA VERMELHA URINA FRESCA 28 / ACTH - HORMONIO ADRENOCORTICOTROFICO 62 / CORTISOL POS SUPRESSAO DEXAMETASONA - 3 DOSAGENS (RADIOIMUNOENSAIO) 630 / DOSAGEM DE CORTISOL POS ACTH - DUAS DOSAGENS - RADIOIMUNOENSAIO 634 / RELACAO CORTISOL CREATININA URINARIA 2
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cullen JM, Popp JA: Tumors of the liver and gall bladder. In Meuten DJ, editor: Tumors in domestic animals, ed 4, Ames, 2002, Iowa State Press. Hammer AS, Sikkema DA: Hepatic neoplasia in the dog and cat, Vet Clin North Am Small Anim Pract 25:49, 995. Knapp DW, Glickman NW, DeNicola DB et al: Naturally-occurring canine transitional cell carcinoma of the urinary bladder: a relevant model of human invasive bladder cancer, Urol Oncol 5:47-59, Labelle P, De Cock HEV: Metastatic tumors to the adrenal glands in domestic animals, Vet Pathol 42:52, Mutsaers AJ, Widmer WR, Knapp DW: Canine transitional cell carcinoma, J Vet Intern Med 7:36-44, Myers NC: Adrenal incidentalomas, Vet Clin North Am Small Anim Pract 27:38, 997. Norris AM, Laing EJ, Valli VEO et al: Canine bladder and urethral tumors: a retrospective study of 5 cases ( ), J Vet Intern Med 6:45-53, 992. Norton JA, Le HN: Cancer of the endocrine system: adrenal tumors. In DeVita VT, Hellman S, Rosenberg SA, editors: Cancer: principles and practice of oncology, ed 6, Philadelphia, 200, Lippincott Williams & Wilkins. Patnaik AK, Hurvitz AI, Lieberman PH: Canine hepatic neoplasms: a clinicopathological study, Vet Pathol 7:553, 980. Strombeck DR: Clinicopathologic features of primary and metastatic neoplastic disease of the liver in dogs, J Am Vet Med Assoc 73:267, 978. Thamm DH: Hepatobiliary tumors. In Withrow SJ, MacEwen EG, editors: Small animal clinical oncology, ed 3, Philadelphia, 200, WB Saunders. Tidwell AS, Penninck DG, Besso JG: Imaging of adrenal gland disorders, Vet Clin North Am Small Anim Pract 27:237, 997. Valli VE, Norris A, Jacobs RM et al: Pathology of canine bladder and urethral cancer and correlation with tumour progression and survival, J Comp Pathol 3:3-30, 995. EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios Primeiro Lab. Veterinário certificado ISO900 da América Latina. Credenciado no MAPA. PABX: (3) ou FAX: (3) tecsa@tecsa.com.br RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow CRMV MG 3708
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