ANAIS 37ºANCLIVEPA p Médica Veterinária R2 em Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia da Universidade Federal

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1 1 MASTOCITOMA GRAU III EM CÃO DA RAÇA PASTOR ALEMÃO Elaine Lopes de CARVALHO 1 ; Luciana Ferreira PANTOJA 2 ;Daniely Figueiró Silva FURTADO 3 ;Wilmy Henrique Soares de ARAÚJO 4 ;Raphael Castro CONDE 5 1 Médica Veterinária R2 em Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia da Universidade Federal Rural da Amazônia -HOVET/UFRA, Belém-PA. medvet.elaine@gmail.com 2 Médica Veterinária R2 em Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia HOVET/UFRA, Belém-PA 3 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária, UFRA, Belém, PA 4 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária, UFRA, Belém, PA 5 Bolsista de Iniciação Científica PIBIC, UFRA, Belém, PA Resumo O mastocitoma, caracteriza-se por proliferação anormal e transformações neoplásicas de mastócitos. Afeta cães de qualquer faixa etária, principalmente adultos. O sinal clínico consiste em reação inflamatória e aumento de volume local, e são classificados de grau I a III. O diagnóstico baseia-se na citologia aspirativa com agulha fina e a análise histopatológica. O tratamento depende da localização e apresentação do tumor, podendo ser cirúrgico, radioterápico e quimioterápico ou ainda a associação destes. Este resumo relata um caso de mastocitoma grau III em canino macho, raça Pastor alemão, que apresentava massa localizada na região caudal do membro torácico esquerdo sub-região de rádio/ulna. A indicação foi cirúrgica para excisão da massa e encaminhamento para análise histopatológica. Conclui-se que o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento da neoplasia sendo possível a remoção cirúrgica total associado ou não a quimioterapia. Palavras-chave: mastocitoma, canino, diagnóstico. Keywords: mastocytoma, canine, diagnosis. Revisão de literatura O mastocitoma é um dos tumores de pele e tecido subcutâneo mais frequente em cães (PATNAIK et al., 1984). Caracteriza-se por proliferação anormal e transformações neoplásicas de mastócitos (ROCHA et al., 2004; PRADO et al., 2012). Os mastócitos são células grandes, distribuídas em quantidade significativa no tecido conjuntivo, órgãos linfoides, medula óssea e no conjuntivo subepitelial dos tratos respiratório e digestório (MADEWELL e THEILEN,1987; TIZARD, 2002; GARTNER e HIATT, 2003), sua função é armazenar mediadores químicos do processo inflamatório no interior de seus grânulos citoplasmáticos (FERREIRA, 2008; SOUZA, 2012). ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0105

2 2 A neoplasia ocorre em animais de qualquer faixa etária, principalmente animais adultos (LONDON & THAMM, 2013). As lesões podem ser firmes a amolecidas, papulares, nodulares a pedunculadas, localização dérmica a subcutânea, bem a mal circunscritas e pele corada a eritematosa a hiperpigmentada, com milímetros ou centímetros de diâmetro (SCOTT et al., 1996; ROSSI, 2008). Os sinais clínicos podem ser sistêmicos devido à liberação de histamina que estimula as células parietais a produzirem ácido clorídrico levando a necrose e úlceras gastroduodenais (STANNARD e PULLEY, 1990). O mastocitoma é classificado em grau I em que representa a neoplasia bem diferenciada, o grau II a moderadamente diferenciada e o grau III a pouco diferenciada ou anaplásica, sendo sempre menor a sobrevida quanto maior o grau de malignidade do tumor (PATNAIK et al. 1984; PINCZOWSKI, 2008). O diagnóstico baseia-se na citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) e análise histopatológica (CESAR, 2008; MELO, 2010). O prognóstico está relacionado à classificação histopatológica do tumor (THAMM & VAIL, 2007; CESAR, 2008). O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica, com posterior avaliação histopatológica do material para determinar a excisão completa do tumor e prever o seu comportamento biológico. A quimioterapia e/ou radioterapia são boas opções para tumores cutâneos onde a localização não permite realização de excisão cirúrgica (TILLEY e SMITH, 2003). Este resumo tem como objetivo relatar um caso de mastocitoma grau III em canino macho, raça Pastor Alemão, que apresentava massa localizada na região caudal do membro torácico esquerdo (MTE) sub-região de rádio/ulna, submetido a retirada cirúrgica, com posterior encaminhamento para tratamento oncológico. Descrição do caso Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia, um canino, macho, raça Pastor Alemão, um ano de idade, com histórico de aumento de volume no cotovelo esquerdo, há seis meses e vinha sendo tratado como calo de apoio, apresentava também hiporexia e fezes pastosas. No exame clínico, observouse na região caudal do MTE sub-região de rádio/ulna, uma massa multilobulada, com 8cm de diâmetro, firme, eritematoso, duro, não aderido a planos profundos, não ulcerado e indolor. A indicação foi cirúrgica para excisão da massa tumoral com margem de segurança de 3cm com posterior encaminhamento para análise ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0106

3 3 histopatológica. Os exames solicitados foram hemograma e bioquímica sérica. No hemograma observou-se hematimetria normal, trombocitopenia, monócitos aumentados e linfopenia. A bioquímica sérica demonstrou ureia 47 mg/dl, creatinina 0,92 mg/dl, FA 27 U/L, ALT 43 UI/L dentro da normalidade para cães. No pós-operatório foram prescritos Cefalexina 10mg/kg BID 10 dias, Meloxicam 0,1mg/kg SID 5 dias e o uso tópico de Digluconato de Clorexidina 10mg/ml BID 10 dias. Após 10 dias o animal retornou para retirada dos pontos, e apresentou boa cicatrização, e sem alterações sistêmicas. No laudo do exame histopatológico evidenciou inclusões císticas de pequena dimensão no derma, revestida por epitélio escamoso (cisto dermóide). Com tecido dérmico bastante colagenoso, neoformação de caráter infiltrativo e multidistribuído, células com pleomorfismo, algumas com forma arredondada e distribuição desorganizada. Presença de células anaplásicas, algumas multinucleadas. Com proliferação vascular e presença abundante de eosinófilos, diagnóstico morfológico neoplasia mastocitoma grau III. Ao ser entregue este laudo, o proprietário foi orientado a procurar um oncologista veterinário. Discussão Segundo Rhodes (2005) a histamina e outras substâncias vasoativas liberadas de tumores de mastócitos podem provocar eritema e edema, e a liberação de heparina aumenta a probabilidade de sangramento, corroborando assim com este caso onde no ato cirúrgico apresentou intensa hemorragia local durante a excisão da massa. De acordo com os autores Thamm & Vail (2007); Cesar (2008); Melo (2010) os exames de CAAF, e principalmente, análise histopatológica, são fundamentais para o prognóstico e determinar o tratamento da neoplasia. Neste relato foi primordial o laudo da histopatologia, e assim após isso o acompanhamento oncológico. Conclusão O diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento do mastocitoma sendo possível a remoção cirúrgica total do tumor e sucesso na cura, associado ou não a quimioterapia, sempre acompanhado de médico veterinário especializado em oncologia. Referências ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0107

4 4 BICHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Clínica de pequenos animais. 3ª ed. São Paulo: Roca, CESAR, J. R. F. Avaliação da expressão da cicloxigenase-2 de macrófagos em diferentes graus histológicos de mastocitoma canino. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Disponível: [Capturado em 20 dez 2015]. FERREIRA, K.C.R.S et al. Estudo Retrospectivo de Cães Acometidos por Mastocitoma Cutâneo Atendidos pelo Serviço de Oncologia Veterinária do Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no Período de Maio de 2004 a Junho de Disponível: [Capturado em 28 jan 2016]. GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, LONDON, C.A.; THAMM, D.H.; VAIL, D.M. Mast cell tumors In: WITHROW, S.J., MAC EWEN, E.G. Small Animal Clinical Oncology, p , MADEWELL, B. R.; THEILEN, G. H. Mast Cell and Melanocytic Neoplasms. In: THEILEN, G.H.: Veterinary Cancer Medicine. Philadelphia: Lea e Febiger, p MELO, P. K. S. MASTOCITOMA CANINO: REVISÃO DE LITERATURA E RELATO DE PROTOCOLO QUIMIOTERÁPICO. Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), PATNAIK, A.K.; Ehler, W.J.; Macewen E.G. Canine cutaneous mast cell tumor: morphologic grading and survival time in 83 dogs. Vet. Pathol., v.21, p , PINCZOWSKI, PEDRO. Mastocitoma Canino: Abordagem Histopatológica e Imunoistoquímica na busca de Biomarcadores Prognósticos. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus De Botucatu ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0108

5 5 PRADO, A. A. F. et al. Mastocitoma em Cães: Aspectos Clínicos, Histopatológicos e Tratamento. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v. 8, n. 14, RHODES, K. H. Dermatologia de pequenos animais Consulta veterinária em 5 minutos. Rio de Janeiro: Revinter, ROCHA, T.M. et al. Mastocitoma em cães. Clínica Veterinária, São Paulo, n. 52, p , set./out ROSSI, K.S. Mastocitoma Subcutâneo em Cão Relato de Caso. Curso de Clínica Médica de Pequenos Animais. Florianópolis, dez SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatologia de pequenos animais. 5 ed. Rio de Janeiro: Interlivros, SOUZA, J.; MARTINS, D. B.; PORTELA, P.; OLIVEIRA, E. Z.; KITZMANN, L. MASTOCITOMA - RELATO DE CASO. XVII Seminário de Interinstitucional de Ensino, pesquisa e extensão. Ciência, reflexividade e (in) certezas 6,7 e 8 nov UNICRUZ-RS. STANNARD, A. A.; PULLEY, L. T. Tumors of the skin and soft tissues. In: MOULTON, J. E. Tumors in domestic Animals. 3. ed. Berkeley: University of Califórnia, cap. 2, p THAMM, D.H.; VAIL, D.M. Mast cell tumors In: WITHROW, S.J., MAC EWEN, E.G. Small Animal Clinical Oncology, p , TILLEY, L. P.; SMITH, F. W. K. J. Consulta Veterinária em 5 minutos. 2 ed. São Paulo: Manole, TIZARD, I. R. (Ed). Hipersensibilidade do Tipo I. In: Imunologia Veterinária: uma introdução. 6. ed. São Paulo: Roca, ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0109