MASTOCITOMA VISCERAL FELINO - RELATO DE DOIS CASOS MASTOCYTOMA VISCERAL FELINE TWO CASE REPORT

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1 1 MASTOCITOMA VISCERAL FELINO - RELATO DE DOIS CASOS MASTOCYTOMA VISCERAL FELINE TWO CASE REPORT Israel Gomes BORGES¹*; Keytyanne de Oliveira SAMPAIO²; Marina Gabriela Monteiro Carvalho Mori da CUNHA 3 ; Didier Quevedo CAGNINI 4 ; Adson Ribeiro MARQUES 1 ; Reginaldo Pereira de Sousa FILHO 5 1 Estudante de Graduação de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Ceará, *israel.gborges95@gmail.com 2 Médica Veterinária, Autônoma 3 Doutora, Pesquisadora da Universidade de Leuven 4 Doutor, Veterinário na DX Diagnóstico 5 Mestre, Veterinário Autônomo da Clínica Catus - Medicina Felina Resumo O mastocitoma visceral em felinos domésticos é uma patologia grave, de curso silencioso e sintomatologia inespecífica. Isso dificulta o diagnóstico precoce, diminuindo a sobrevida do animal. O presente trabalho relata dois casos de mastocitoma visceral, nos quais os animais apresentaram histórico de êmese e emagrecimento súbito. Após exames, optou-se pela laparotomia exploratória e biópsia dos órgãos alterados. Os resultados histopatológicos indicaram mastocitoma esplênico e intestinal. O tratamento foi instituído de acordo com a localização e sinais clínicos. O mastocitoma visceral deve ser incluído no diagnóstico diferencial de êmese e perda de peso em gatos, e a base do seu tratamento deve ser de acordo com a localização, apresentação e o estadiamento da neoplasia, sendo necessário tratamento cirúrgico na maioria dos casos. Palavras-chave: Esplenomegalia; Esplenectomia; Felino; Quimioterapia. Abstract Visceral mast cell tumor in domestic feline is a serious illness that has a silent course with unspecific symptomatology. This makes the early diagnosis difficult and leads to worse survival of the animal. The aim of this study is to report two cases of visceral mast cell tumor, in which the animals had a history of emesis and sudden weight loss. After tests, was opted for exploratory laparotomy and biopsy of the affected organs. The treatment was established according to the location and clinical. The visceral mastocytoma should be included in the differential diagnosis of cats Anais do 38º CBA, p.1037

2 2 presenting emesis and weight loss, and its treatment based on the location, layout and staging of cancer, requiring surgical treatment in most cases. Keywords: Splenomegaly; Splenectomy; Feline; Chemotherapy Revisão de Literatura Os mastócitos são derivados de células precursoras da medula óssea que migram para os diversos tecidos, onde irão se maturar e formar os mastócitos teciduais (LONDON e SEGUIN,2003). O mastocitoma é caracterizado como uma transformação e proliferação desordenada dos mastócitos que formam tumores solitários ou múltiplos (COSTA et al., 2008), podendo ocorrer na pele, linfonodos, medula óssea, sistema gastrointestinal e respiratório (AUGUST, 2011). Essa neoplasia na sua forma visceral é menos frequente em gatos quando comparados aos mastocitomas caninos, sendo comum em animais com mais de quatro anos, sem predileção por gênero e raça (AUGUST, 2011). A forma visceral é o esplênico mais comum em gatos, sendo o intestinal mais grave e mais incomum. O comportamento da forma visceral é variável e imprevisível, apresentando grande potencial metastático (ROGERS, 2009). Quadros de emagrecimento, êmese, diarreia, dificuldade respiratória, efusão pleural e peritoneal, desidratação, perda de peso e febre podem ser observados nos gatos acometidos pela neoplasia. a podem ainda apresentar hematoquezia e melena (SATO, 2003). O diagnóstico é feito pelo exame clínico detalhado e anamnese. Os exames laboratoriais devem incluir citologia aspirativa por agulha fina, radiografias abdominais simples e a ultrassonografia. O exame da p de mastocitoma visceral esplênico, já que esse tem alta sensibilidade para diagnóstico em gatos (ROGERS, 2009). a e radioterapia são os tratamentos terapêuticos de acordo com a forma e a localização (ROGERS, 2009). O objetivo do presente trabalho é relatar dois casos de mastocitomas viscerais em gatos, os sinais clínicos apresentados, terapêutica instituída e resultados de sobrevida obtidos. Anais do 38º CBA, p.1038

3 3 Relato de Caso 1 caso Felino, 13 anos, fêmea, castrada, raça Persa, atendido em uma clínica particular com histórico de êmese esporádicas e perda de peso há pelo menos 60 dias. Na palpação abdominal verificou-se presença de dor e massa tumoral sólida no quadrante cranial direito. Os exames laboratoriais não apresentaram alterações significativas. O animal foi negativo no teste rápido de imunocromatografia para o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) e Vírus da Leucemia Felina (FeLV). A ultrassonografia abdominal revelou a presença de massa tumoral de aproximadamente 6 cm de diâmetro na região caudal do baço. Na laparotomia exploratória confirmou-se a esplenomegalia e presença de massa tumoral sólida e arredondada na porção caudal do órgão, optando-se assim pela esplenectomia. No exame histopatológico foram visualizados numerosos mastócitos neoplásicos, compatível com mastocitoma. O animal retornou para avaliação após 7 dias, o proprietário relatou melhora clínica, sendo ainda acompanhado clinicamente durante 14 meses sem recidiva. 2 caso Felino, fêmea, sem raça definida, 8 anos de idade, atendido em clínica particular com histórico de hiporexia, perda de peso, diarreia com presença de sangue e vômitos há pelo menos 15 dias. No exame clínico verificou-se desidratação de 5% e na palpação foi identificado aumento do linfonodo mesentérico e espessamento das alças intestinais. Solicitou-se exames hematológicos, bioquímicos, dosagem hormonal de T4 total e ultrassom abdominal. Foram identificadas alterações somente no hemograma, com intensa eosinofilia e monocitose. Na ultrassonografia foi verificado espessamento de paredes do intestino delgado e motilidade reduzida, hepatomegalia, esplenomegalia, pâncreas com lobo direito aumentado e linfadenomegalia intestinal. O animal foi negativo no teste imunocromatográfico para a lipase pancreática imunorreativa felina e também para FIV e FeLV. Foram prescritos Famotidina (1mg/kg, SID, VO), Metronidazol (10mg/ kg, BID, VO) e Ondansentrona (0,5mg/kg, BID, VO), durante 5 dias, para estabilização dos quadros de vomito, sendo indicado laparotomia exploratória para avaliação e biópsia dos segmentos intestinais. Durante a laparotomia verificou-se grande espessamento da parede do intestino delgado, linfadenomegalia mesentérica e esplenomegalia. No exame histopatológico observou-se presença de Anais do 38º CBA, p.1039

4 4 células neoplásicas com marcação positiva em citoplasma compatível com mastocitoma. Após o diagnóstico, solicitou-se radiografia torácica, não evidenciando alterações sugestivas de metástase ou efusão. Iniciou-se tratamento com Clemastina, 0,1mg/kg, BID, VO, Famotidina, 0,5mg/kg, SID, VO e associação de vimblastina (2mg/m2, IV a cada 7 dias) e Prednisolona (2mg/kg, SID, VO). Até 80 dias de tratamento, houve melhora clínica. Entretanto, ao exame ultrassonográfico, não houve regressão. Após 90 dias de tratamento o animal piorou o quadro de êmese, além de anorexia e emagrecimento, com isso o proprietário optou por eutanásia. Discussão O mastocitoma visceral é uma neoplasia incomum em gatos que pode envolver o baço, fígado, mediastino, pulmões e linfonodos (SATO, 2003). Os sinais clínicos observados nos relatos corroboram com a literatura, podendo ser destacados vômito, depressão, anorexia, perda de peso repentina, sinais gástricos, desidratação e esplenomegalia (SATO, 2003)., é de suma importância para obtenção de um bom prognostico (HANSON, 2005). O quadro de emese é causado pela hipergastrinemia decorrente da liberação de histamina, podendo levar a quadros de melena, hematoquezia e úlceras (AUGUST, 2011). No segundo relato, a êmese estava associada a enteropatia obstrutiva devido ao espessamento da parede intestinal. Não foi realizado o exame da p, o teste ouro em casos de suspeita de mastocitoma (HANSON, 2005), uma vez que não foi observado mastócitos no hemograma. O diagnóstico foi realizado por meio de exame histopatológico. O tratamento preconizado varia de acordo com o grau de acometimento e com a localização do tumor, podendo ser efetuada a remoção cirúrgica, corticoterapia, radioterapia e quimioterapia (NAVEGA et al., 2002). O caso 1 e 2 apresentaram estádio 0 e 2 de mastocitoma, respectivamente. Apenas o felino apresentando mastocitoma visceral esplênico obteve cura e melhora do quadro. Resultados semelhantes têm sito relatados na literatura, o qual evidencia um melhor prognóstico em casos de mastocitoma visceral, afetando mais o baço do que o intestino (HENRY e HERRERA, 2013). Conclusão Anais do 38º CBA, p.1040

5 5 O mastocitoma visceral deve ser incluído no diagnóstico diferencial de vômitos e perda de peso em gatos. A base do tratamento do mastocitoma deve ser de acordo com a localização, apresentação e o estadiamento da neoplasia, sendo necessário tratamento cirúrgico na maioria dos casos. Referencias 1. AUGUST, J.R. Medicina interna de felinos. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 2. Costa CTA, Elias DS, Melo SR, Matera JM. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia USP; ArchivesofVeterinary Science. Estudo retrospectivo do mastocitoma canino no serviço decirurgia de pequenos animais. v.13, n.3, p , HANSON JA et al. Ultrasonographic Appearance of Splenic Disease in 101 Cats. Veterinary Radiology and Ultrasound. vol. 42. n Oregon. abr, Henry C & Herrera C. Mast cell tumors in cats: Clinical update and possible new treatment avenues. Journal of Feline Medicine and Surgery. v.15. p Nova Iorque, London C, Seguin B. Mast Cell Tumors in the Dog. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, n.33, p Navega PRS, Costa MT, Brito MVV, Basso MAC. Mastocitomas em Canídeos: Estudo retrospectivo. Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Medicina Veterinária, MEUTEN, D. Tumors in domestic animals. 4.ed. Iowa: Iowa State Press, p. 7. Rogers KS. Mast cell disease. In S. J. Ettinger & E. C. Feldman, Veterinary Internal Medicine. Missouri: Elsevier - Health Sciences Division, 2009, 7th ed.; pp Sato AF. Ultrasonographic Findings in Abdominal Mast Cell Disease: A Retrospective Study of 19 Patients. Veterinary Radiology and Ultrasound. v. 45. n Massachussets. abr, Anais do 38º CBA, p.1041