ACHADOS CITOPATOLÓGICOS DE MASTOCITOMA CANINO EM ANIMAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

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1 ACHADOS CITOPATOLÓGICOS DE MASTOCITOMA CANINO EM ANIMAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CITOPATHOLOGICAL FINDINGS OF CANINE MASTOCYTOMA IN ANIMALS ATTENDED AT THE VETERINARY HOSPITAL OF THE STATE UNIVERSITY OF MARANHÃO Higor da Silva FERREIRA 1 ; Allana Freitas BARROS 1, Breno Glaessner Gomes Fernandes de SOUZA 1, Isabel Silva OLIVEIRA 1, Anderson Cássio Campelo COSTA 2, Renata Mondêgo de OLIVEIRA 3, Alessandra Lima ROCHA 4 1 Mestrando em Ciência animal, Universidade Estadual do Maranhão, trogih@hotmail.com 2 Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Maranhão, 3 Doutoranda em Biotecnologia, Universidade Federal do Maranhão. 4 Departamento de Patologia, Universidade Estadual do Maranhão. Resumo: O mastocitoma é uma neoplasia maligna que acomete principalmente os cães, e a citologia aspirativa é uma das principais ferramentas de diagnóstico desta neoplasia. O objetivo do presente trabalho foi realizar um levantamento de dados sobre a ocorrência de mastocitoma em cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Maranhão. Foram avaliados os laudos de exames citopatológicos de cães diagnosticados com mastocitoma atendidos entre o período de janeiro de 2014 a dezembro de Foram obtidas informações sobre a raça, idade e sexo dos animais, bem como a presença de sinais clínicos e a forma como a neoplasia se apresentava. Durante esse período, foram diagnosticados 72 casos, distribuídos da seguinte forma: 6 casos de mastocitoma grau I (8,4%); 37 casos de mastocitoma grau II (52,1%) e 28 casos de mastocitoma grau III (39,4%). Os achados citopatológicos mais encontrados foram presença de células multinucleadas, pleomorfismo acentuado, relação núcleo-citoplasma alta, anisocitose, cromatina condensada e nucléolos evidentes, presentes independente do grau da neoplasia. Desta forma, foi observado que o exame citológico é de fundamental importância no diagnóstico do mastocitoma e, por ser uma técnica simples e realizada em curto período de tempo, permite ao clínico selecionar o melhor tratamento para o paciente. Palavras-chave: Câncer de pele, neoplasia, citologia aspirativa por agulha fina. Keywords: Fine-needle aspiration cytology, neoplasia, skin cancer. Anais do 38º CBA, p.0976

2 Introdução: O mastocitoma é uma neoplasia maligna que acomete principalmente os cães, com uma incidência aproximada de 20%. Pode ocorrer em animais de qualquer faixa etária, porém acomete principalmente animais adultos, com idade média de nove anos (LONDON e THAMM, 2013). As raças mais afetadas são Boxer, pitbull, Golden Retriever, Labrador e Shar-pei (VILLAMIL et. al., 2011). O receptor de tirosina-quinase c-kit está diretamente ligado com a patogenia do tumor, embora a etiologia da doença ainda não está definida (ZEMKE et al., 2001). Daleck et. al. (2009) comprovou que aplicação de substâncias irritantes na pele, infecção viral, alterações genéticas podem causar o aparecimento da doença, mas ainda é desconhecido o motivo da sua incidência alta em cães. A citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) é o diagnóstico de eleição para mastocitomas, devido a observação com facilidade dos grânulos no microscópio (LAVALLE et al., 2003). Os mastocitomas são divididos em três graus conforme os achados da citologia e da histologia: grau 1 bem diferenciado, grau 2 moderadamente diferenciado e grau 3 pouco diferenciado; por ser uma avaliação qualitativa pode ter vários resultados quando observado por pessoas diferentes (PATNAIK et al., 1984; PINKZOWSKI et al., 2008). Em 2011 Kiupel et al. sugeriram uma nova classificação, esta divide o mastocitoma em baixo grau e alto grau de malignidade, diminuindo as diferenças quando observado por mais de uma pessoa. O mastocitoma acomete principalmente a pele e o tecido subcutâneo, sendo raros quando encontrados em outros locais. Apresenta-se de forma múltipla ou única, com poucas alterações (FURLANI et al., 2008; DALECK et al., 2009). O tratamento pode ser realizado através de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia; a escolha do clínico dependerá do grau histológico e do desenvolvimento do tumor (LONDON e SEGUIN, 2003; PRADO et al, 2012). Em decorrência da importância do mastocitoma na rotina clínica veterinária e que uma correta classificação deste tipo de neoplasia é um dos fatores prognósticos mais confiáveis, este o trabalho visa realizar um levantamento de dados sobre a ocorrência de mastocitoma em cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Maranhão e listar os principais achados citopatológicos. Metodologia: Foram analisados os laudos de exames citopatológico de cães diagnosticados com mastocitoma e atendidos entre o período de janeiro de 2014 a dezembro de 2016, no Hospital Veterinário Francisco Edilberto Uchoa Lopes da Universidade Estadual do Maranhão. Buscou-se informações sobre a raça, idade, sexo, sinais clínicos e a forma que a neoplasia se apresentava. O diagnóstico e o grau dos mastocitomas foram classificados conforme Misdrop et al. (1999): Resultados e Discussão (ou Discussão): Durante esse período foram observados 72 casos de mastocitoma atendidos na rotina clínica do Hospital Veterinário Francisco Edilberto Uchoa Lopes. Os Anais do 38º CBA, p.0977

3 casos foram classificados da seguinte forma: 6 casos de mastocitoma grau I (8,4%); 37 casos grau II (52,1%) e 28 casos grau III (39,4%). Os achados citopatológicos encontrados foram: anisocitose com células multinucleadas, pleomorfismo acentuado, relação núcleo-citoplasma alta, cromatina condensada e nucléolos evidentes, presentes independente do grau estudado. Nos mastocitomas grau I foram observadas células de diferentes tamanhos (anisocitose), multinucleadas, pleomórficas, com citoplasma abundante, núcleos de tamanhos diferentes (anisocariose) e nucléolos evidentes. Em mastocitomas grau II, as células frequentemente apresentaram anisocitose, pleomorfismo, citoplasma abundante, anisocariose, nucléolos evidentes e mitose. Nos mastocitomas grau III, todas as células apresentaram anisocitose, anisocariose e pleomorfismo, sendo a maioria multinucleada, também foram observados nucléolos evidentes e presença de mitose. Estes critérios são frequentemente utilizados na distribuição dos graus do mastocitoma (Goldschmidt e Hendrick, 2002). A anisocitose estava presente nos mastocitomas de grau I, grau II e grau III com uma frequência de 87,5%,81% e 100% respectivamente, todos com a células multinucleadas e anisocitose associadas, resultados foram diferentes aos de Thompson et. al. (2011), que observou uma taxa de 10% de anisocitose associação com anisocariose. Células pleomórficas predominaram nos mastocitomas de grau I (62,5%), enquanto que o citoplasma abundante foi predominante em todos os tipos de mastocitoma. Em relação ao sexo dos animais estudados, observou-se frequência de 49% de machos e 51% fêmeas, corroborando com os resultados encontrados Lemarié et al. (1995), que afirmam que o mastocitoma acontece com a mesma intensidade em machos e em fêmeas, apesar de as fêmeas apresentarem o tumor de forma menos agressiva (JARK et. al., 2017) e os cães machos menos tempo de sobrevida (KIUPEL et. al, 2005). Isso sugere a existência de uma influência hormonal no desenvolvimento do mastocitoma dos cães (White et al., 2011). Os animais diagnosticados com mastocitoma durante o período estudado apresentavam a idade de 1 a 20 anos, a faixa de idade mais atingida foi de 6 a 10 anos, destacando a prevalência de tumores de grau II. Cães sem raça definida (SRD) apresentaram as maiores ocorrências (64%) em seguida os cães da raça pitbull (12%), poodle (4%), pinscher (3%), as demais raças tiveram uma frequência inferior a 2%. A maior incidência de mastocitoma em cães SRD pode ser explicada pela predominância destes animais na casuística hospitalar. Conclusão: A realização do exame citológico é de fundamental importância para uma correta classificação dos graus de mastocitoma, que é necessário para um melhor direcionamento para a definição de um tratamento e/ou prognóstico do animal. Anais do 38º CBA, p.0978

4 Referências: DALECK, C.R.; ROCHA, N.S.; FURLANI, J.M.; CESAR, J.R.F. Mastocitoma. In: DALECK, C.R.; NARDI, A.B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, p FURLANI, Juliana Maziero et al. Mastocitoma canino: estudo retrospectivo. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 1, p , GOLDSCHMIDT, M. H.; HENDRICK, M. J. Tumors of the skin and soft tissues. Tumors in Domestic Animals, Fourth Edition, p , JARK, P. C., MUNDIN, D. B., DE CARVALHO, M., FERIOLI, R. B., ANAI, L. A., MARCHI, F. A., TINUCCI-COSTA, M. Genomic copy number variation associated with clinical outcome in canine cutaneous mast cell tumors. Research in Veterinary Science, v. 111, p , KIUPEL, M.; WEBSTER, J.D.; BAILEY, K.L.; BEST, S.; DELAY, J.; DETRISAC, C.J.; FITZGERALD, S.D.; GAMBLE, D.; GINN, P.E.; GOLDSCHMIDT, M.H.; HENDRICK, M.J.; HOWERTH, E.W.; JANOVITZ, E.B.; LANGOHR, I.; LENZ, S.D.; LIPSCOMB, T.P.; MILLER, M.A.; MISDORP, W.; MOROFF, S.; MULLANEY, T.P.; NEYENS, I.; O TOOLE, D.; RAMOS-VARA, J.; SCASE, T.J.; SCHULMAN, F.Y.; SLEDGE, D.; SMEDLEY, R.C.; SMITH, K.; SNYDER, P.W.; 61 SOUTHORN, E.; STEDMAN, N.L.; STEFICEK, B.A.; STROMBERG, P.C.; VALLI, V.E.; WEISBRODE, S.E.; YAGER, J.; HELLER, J.; MILLER, R.. Proposal of a 2-tier histologic grading system for canine cutaneous mast cell tumors to more accurately predict biological behavior. Veterinary Pathology, v. 48, n. 1, p , KIUPEL, M.; WEBSTER, J.D.; MILLER, R.A.; KANEENE, J.B. Impact of tumour depth, tumour location and multiple synchronous masses on the prognosis of canine cutaneous mast cell tumours. Journal of Veterinary Medicine, series A, v.52, p , LAVALLE, G. E. et al. Punção aspirativa por agulha fina para diagnóstico de mastocitoma em cães. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, LEMARIÉ, J.R.; LEMARIÉ, L.S.; HEDLUND, S.C. Mast cell tumors: Clinical management. The Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v.17, n.9, p , LONDON, C. A.; THAMM, D. H. Mast cell tumors. Small animal clinical oncology, v. 5, p , LONDON, C.A.; SEGUIN, B. Mast cell tumors in the dog. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.33, p , MISDORP, Wim (Ed.). Histological classification of mammary tumors of the dog and the cat. Armed Forces Institute of Pathology: American Registry of Pathology: World Health Organization Collaborating Center for Comparative Oncology, Anais do 38º CBA, p.0979

5 PATNAIK, A. K.; EHLER, W. J.; MACEWEN, E. G. Canine cutaneous mast cell tumor: morphologic grading and survival time in 83 dogs. Veterinary Pathology, v. 21, n. 5, p , PINCZOWSKI, P. et al. Mastocitoma cutâneo canino: variação da graduação histopatológica entre patologistas. Revta Clín. Vet, v. 77, p , PRADO, A. A. F., LEÃO, D. A., FERREIRA, A. O., MACHADO, C., Maria, D. A. MASTOCITOMA EM CÃES: ASPECTOS CLÍNICOS, HISTOPATOLÓGICOS E TRATAMENTO. Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p Thompson, J. J., Pearl, D. L., Yager, J. A., Best, S. J., Coomber, B. L., Foster, R. A. Canine subcutaneous mast cell tumor: characterization and prognostic indices. Veterinary pathology, v. 48, n. 1, p , THOMPSON, J. J., PEARL, D. L., YAGER, J. A., BEST, S. J., COOMBER, B. L., FOSTER, R. A. Canine subcutaneous mast cell tumor: characterization and prognostic indices. Veterinary pathology, v. 48, n. 1, p , VILLAMIL, J. Armando et al. Identification of the most common cutaneous neoplasms in dogs and evaluation of breed and age distributions for selected neoplasms. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 239, n. 7, p , WHITE, C.R.; HOHENHAUS, A.E.; KELSEY, J.; PROCTER-GRAY, E. Cutaneous MCTs: associations with spay/neuter status, breed, body Size, and phylogenetic cluster. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 47, p , ZEMKE, Daniel; YAMINI, Behzad; YUZBASIYAN-GURKAN, Vilma. Characterization of an undifferentiated malignancy as a mast cell tumor using mutation analysis in the proto-oncogene c-kit. Journal of veterinary diagnostic investigation, v. 13, n. 4, p , Anais do 38º CBA, p.0980