ADENOCARCINOMA SIMPLES TUBULOPAPILAR RELATO DE CASO SIMPLE ADENOCARCINOMA TUBULOPAPILLARY - CASE

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1 55 ISSN: ADENOCARCINOMA SIMPLES TUBULOPAPILAR RELATO DE CASO Anelise Romera Ferraz 1, Dayane Rodrigues de Morais 1, Dheywid Karlos Mattos Silva 2, Flávia Barbieri Bacha 2 Resumo: As neoplasias mamárias acometem gatos, humanos, porém com maior frequência em cadelas, correspondendo a 50% dos casos e metade são classificados como malignos. O presente relato irá analisar os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos do adenorcarcinoma simples tubulopapilar, diagnosticado em uma cadela da raça poodle, de oito anos, atendida na Clínica Veterinária da UNIGRAN. Este nódulo foi excisado através de mastectomia unilateral direita juntamente com a realização de OSH (Ovário Salpingo-Histerectomia), pois pode diminuir a incidência de tumores, devido a diminuição de estrógeno. O nódulo também foi analisado por citologia, encontrando grande quantidade de células epiteliais aglomeradas, o que pode sugerir um padrão de malignidade. Na histopatologia, método de escolha para a confirmação do diagnóstico, não foi evidenciado invasão vascular, o nódulo era bem delimitado e havia glândulas ao redor, confirmando o diagnóstico sugerido na citologia de adenocarcima simples tubulopapilar. Palavra-chave: Tumores, histopatologia, cadelas, mamas, mastectomia. SIMPLE ADENOCARCINOMA TUBULOPAPILLARY - CASE REPORT ABSTRACT: Mammary neoplasms involve cats, humans, but more often in bitches, corresponding to 50% of the cases and half are classified as malignant. The present report will analyze the epidemiological, clinical and pathological aspects of the simple tubulopapillary adenorcarcinoma diagnosed in a poodle dog, aged eight, attended at the UNIGRAN Veterinary Clinic. This nodule was excised through right unilateral mastectomy along with performing OSH (Ovary Salpingo-Hysterectomy) as it may decrease the incidence of tumors due to decreased estrogen. The nodule was also analyzed by cytology, finding a large amount of agglomerated epithelial cells, which may suggest a pattern of malignancy. In the histopathology, method of choice for confirmation of diagnosis, no vascular invasion was evidenced, the nodule was well delimited and there were glands around, confirming the diagnosis suggested in the cytology of simple adenocarcinoma tubulopapillary. 1 Discentes do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário da Grande Dourados, rua:balbina de Matos, 2121, CEP: , Dourados/MS. ane_romera@hotmail.com. 2 Médico Veterinário, Mestre, Docente da UNIGRAN - Centro Universitário da Grande Dourados, MS, , Brasil. dheywid@hotmail.com Médica Veterinária, Drª, Docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário da Grande Dourados, rua:balbina de Matos, 2121, CEP: , Dourados/MS. flaviabacha@hotmail.com;

2 56 Key words: Tumors, histopathology, bitches, breasts, mastectomy. INTRODUÇÃO As cadelas têm quatro ou cinco glândulas mamárias de cada lado, que se estendem ventralmente na parte torácica a região inguinal. As neoplasias mamárias acometem gatos, humanos, porém com maior frequência em cadelas, correspondendo a 50% dos casos e metade são classificados como malignos (DALECK et al., 1998). Geralmente essas neoplasias não tem predileção à raça, mas são mais detectadas em animais de meia idade a velhos (OLIVEIRA et al., 2003). As neoplasias podem ser diagnosticadas como malignas ou benignas, sendo nódulos únicos ou múltiplos. Na histopatologia, método de diagnóstico utilizado com maior frequência, demonstra uma morfologia incompreensível, pois são tumores epiteliais, mesenquimais e/ou mistos, dificultando a evidência de malignidade (MENDES et al., 2007). Segundo Cirillo (2008) a neoplasia é um tumor observado frequentemente na rotina clínica veterinária, pois há muitos relatos relacionando-a com fatores hormonais. A presença de estrógeno, prolactina, progesterona, andrógenos, hormônios tireoidianos, uso de anticoncepcionais a base de progesterona aumentam as chances de desenvolvimento de nódulos nas mamas, pois causam disfunção hormonal. A importância dos tumores de mama em caninos tem aumentado na clínica de pequenos animais, devido aos casos de crescimento anormal das células, que ocorrem pela desordem da secreção hormonal, propiciando posterior alteração genética. E por ser similar ao câncer de mama humano, os proprietários observam com maior frequência e procuram atendimento veterinário para o tratamento (BOCARDO et al., 2008). Em sua maioria o exame físico e radiografias torácicas devem ser realizados para pesquisa de metástase, porém o diagnóstico confirmatório é sugerido por biópsia com aspiração por agulha fina e exame histopatológico. Os tumores mamários devem ser avaliados quanto ao seu diâmetro, envolvimento de linfonodos regionais e presença de metástase. O tratamento de eleição é a excisão cirúrgica do tumor e recomenda-se a excisão de toda a cadeia mamária, pois como são supridas por vasos sanguíneos que as interligam podem disseminar os nódulos para outras mamas (CIRILLO, 2008). A quimioterapia é um tratamento recomendado para que seja feito em conjunto com a

3 57 excisão cirúrgica, com a finalidade de evitar recidivas locais e metástases (CIRILLO, 2008). O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de relatar um caso de adenocarcinoma mamário em uma cadela atendida na Clínica Veterinária da UNIGRAN. Desta maneira avaliou o estado clínico, citológico e histopatológico, com vista no diagnóstico. RELATO DO CASO CLÍNICO A canina da raça poodle, de 8 anos de idade, com 4,2 kg foi encaminhada ao atendimento clínico com relatos da proprietária que apresentava vários nódulos de diferentes tamanhos na região ventral e dorsal. O exame físico, bioquímicos e hemograma não constaram alteração, sendo assim foi sugerido a realização da mastectomia e nodulectomia, entretanto que fosse feito uma de cada vez. Durante o atendimento clínico foi realizado a punção por agulha fina dos nódulos aderidos nas mamas, encaminhados a análise citológica e exame bioquímico, onde concluiu-se que apresentava grande quantidade de células epiteliais aglomeradas, anisocitose e anisocariose, basofilia citoplasmática e nucléolos evidentes. Na punção foi diagnosticado como adenocarcinoma mamário. O animal foi internado e encaminhado ao procedimento cirúrgico de mastectomia, realizada de forma unilateral completa juntamente com OSH Ovário Salpingo-Histerectomia. Durante a cirurgia observou nódulos firmes e não ulcerados. Os nódulos coletados foram conservados em formol a 10% e enviados para a análise histopatológica para a confirmação do diagnóstico. As alterações microscópicas observadas constituíram de uma variação da arquitetura das células nos túbulos, sendo alguns constituídos de camada bem fina e discreta e outros com mais de uma camada de células neoplásicas proliferadas. Não foi evidenciado invasão vascular, o nódulo era bem delimitado e havia glândulas ao redor. Diante dos achados, diagnosticou-se adenocarcinoma simples tubulopapilar. DISCUSSÃO A princípio não existe predileção racial, mas alguns trabalhos apontam as raças Poodle, Dachshund, Pointer e Retrievers como predisponentes (SILVA et al., 2004), e

4 58 geralmente são mais detectadas em animais de meia idade a velhos (OLIVEIRA et al., 2003). Semelhantemente, o caso relatado é de uma cadela da raça poodle, de 8 anos de idade, encaminhada a Clínica Veterinária da UNIGRAN, para o atendimento clínico com vários nódulos. Este fato tem ocorrido com frequência, pois as neoplasias mamárias de cadelas se assemelham ao de humanos, gerando preocupação por parte dos proprietários (BOCARDO et al., 2008). As cadelas apresentam cinco pares de glândulas mamárias, entretanto este número pode variar de 4 a 6 pares de glândulas e possuem comunicações linfáticas entre elas, separadas apenas por cadeias mamárias direita e a cadeia mamária esquerda, em direção cranial e caudal. As comunicações são entre as glândulas 1 e 2, através do gânglio linfático axilar, e as glândulas 3, 4 e 5 drenadas pelo gânglio linfático inguinal superficial, sendo assim, permite que haja metástase linfática (QUEIROGA; LOPES, 2002). Nesta fêmea, foi excisado os nódulos da 4ª e 5ª mama do lado direito, que são glândulas que se interligam e pode ter ocorrência de metástase. Os nódulos mamários foram excisados através de mastectomia unilateral completa, tratamento de eleição na Clínica Veterinária da UNIGRAN, onde retira toda a cadeia de glândulas mamárias, linfonodos regionais e tecidos, normalmente é o procedimento mais utilizado. Há também a mastectomia bilateral completa (mastectomia radical bilateral) com remoção de ambas as cadeias mamárias, tecidos e linfonodos, porém não é muito indicado devido à grande remoção de pele, causando elevada tensão cutânea levando ao possível rompimento da sutura. O ideal é remover uma cadeia e após 15 dias agendar novo procedimento para retirar a outra (DALECK et al., 1998; QUEIROGA; LOPES, 2002; FELICIANO et al., 2012). De acordo com Fonseca e Daleck (2000) há relatos que o tratamento e prevenção de tumores com a realização associada a ovário-histerectomia tem gerado bons resultados, pois diminui a influência estrogênica no organismo, desta forma aumenta a sobrevida, quando comparados a animais submetidos apenas a mastectomia. Na paciente atendida foi realizado a castração juntamente com a mastectomia unilateral direita. O exame citológico é sempre recomendado em casos de neoplasias mamárias, pois permite diferenciar os processos inflamatórios de outras neoplasias que podem ocorrer próximas à mama (SÁ, 2011). As amostras obtidas por citologia aspirativa por agulha fina (CAAF), neste animal, revelou intensa quantidade de células epiteliais

5 59 aglomeradas, com características citológicas de malignidade, moderada anisocitose e anisocariose, basofilia citoplasmática e nucléolos evidentes. Comparando os resultados obtidos no exame da punção aspirativa com o exame histopatológico é possível observar que as duas técnicas apresentam resultados bastante semelhantes. Entretanto, o exame histopatológico sempre será usado como diagnóstico definitivo. Além disso, os dados da punção, feita imediatamente ao atendimento clínico, permitirá ao cirurgião uma atuação segura, levando em conta a margem de segurança que deverá ser dada quando a neoplasia for maligna (DALECK et al., 1998). De acordo com Daleck (1998), 40% dos tumores diagnosticados são adenocarcinomas, 50% são mistos e 10% são de outros tipos classificados na histopatologia. Além disso, de 50 a 60% são tumores malignos. O adenocarcinoma mamário é um tumor maligno de maior ocorrência e acomete animais entre 7 e 12 anos de idade (CIRILLO, 2008). O adenocarcinoma simples tubulopapilar é uma neoplasia mamária maligna, e o tipo simples é mais frequente, pois não apresenta proliferação concomitante de células mioepiteliais circundadas por uma matriz condromucinosa. Possui arranjo tubular (células semelhantes às células epiteliais luminais) e caráter papilífero, sólido ou escamoso. Tem pleomorfismo e atividade mitótica de alta a baixa. É comum o aparecimento de necroses. Apresentam linfócitos e células plasmáticas ao seu redor. No nódulo coletado apresentou grande quantidade de células ao redor. As neoplasias epiteliais malignas também originam de células epiteliais dos dutos mamários maiores, dutos interlobulares, dutos intralobulares, e epitélio secretório dos alvéolos (SILVA, 2007). A quimioterapia é indicada como um tratamento de doença sistêmica ou metastática, deve ser aplicada como uma terapia adicional ao tratamento cirúrgico, em casos de tumores malignos (CIRILLO, 2008). Entretanto no caso relatado não houve necessidade deste tratamento adjacente. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o quadro clínico, achados citológicos e histopatológicos diagnosticou-se adenocarcinoma simples tubulopapilar. Apesar de ser uma neoplasia maligna pode ter um possível tratamento e não gerar prejuízos ao animal quando o diagnóstico é precoce. As neoplasias mamárias têm ocorrido com frequência em cadelas

6 60 e são levadas ao atendimento clínico devido a sua similaridade com os tumores mamários em humanos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOCARDO, M.; et al. Influência hormonal na carcinogênese mamária em cadelas. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, v. 6, n. 11, jul Disponível em: < pdf>. Acesso em: 21 set CIRILLO, J. V. Tratamento quimioterápico das neoplasias mamárias em cadelas e gatas. Revista do Instituto de Ciências e Saúde. São Paulo, v. 26, n. 3, p , Disponível em: < 008_p pdf>. Acesso em: 16 set COSTA E SILVA da, A. C. H. Neoplasias das glândulas mamárias em cães. Paraná, Disponível em: Acesso em 09 jun DALECK, C. R.; et al. Aspecto clínico e cirúrgicos do tumor mamário em caninos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 28, n. 01, p , Disponível em: < Acesso em: 21 set FELICIANO, M. A. R.; et al. Neoplasias mamarias em cadelas: influência hormonal e efeitos da ovario-histerectomia como terapia adjuvante. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, ano 10, n. 18, jan Disponível em: < Acesso em: 21 set FONSECA, C. S.; DALECK, C. R. Neoplasia mamária em cadelas Revisão de Literatura. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 4, p , Disponível em: < Acesso em: 21 set 2016.

7 61 MENDES, T. C.; et al. Comparação entre os sistemas histomorfológico e de graduação histológica para classificação prognóstica de tumores mamários em cadelas. Acta Scientiae Veterinariae, Rio Grande do Sul, v. 35, n. 3, p , out Disponível em: < Acesso em: 21 set OLIVEIRA de, L. O.; et al. Aspectos epidemiológicos da neoplasia mamária canina. Acta Scientiae Veterinariae, Rio Grande do Sul, v. 31, n. 02, p , jul Disponível em: < Acesso em: 21 set QUEIROGA, F.; LOPES, C. Tumores mamários caninos Novas perspectivas. Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress]. Oeiras, p , out Disponível em: < Id=AKIAJ56TQJRTWSMTNPEA&Expires= &Signature=4H3%2B%2BpR jjbobj4tbwyi7yzbnjha%3d&response-content- disposition=inline%3b%20filename%3dtumores_mamarios_caninos_- _Novas_perspec.pdf>. Acesso em: 28 set SÁ de, S. S.; REPETTI, C. S. F. Carcinoma inflamatório mamário canino Revisão de Literatura. Acta Veterinaria Brasilica, Rio Grande do Norte, v. 5, n. 1, p. 8-14, Disponível em: Acesso em: 09 jun SILVA da, A. E.; SERAKIDES, R.; CASSALI, G. D. Carcinogênese hormonal e neoplasias hormônio-dependentes. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 2, p , mar-abr Disponível em: Acesso em: 28 set 2016.

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