Palavras-chave:Diagnótico, Dermatologia, Oncologia veterinária, Tratamento Keywords:Diagnosis, Dermatology, Veterinary Oncology, Treatment.

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1 1 OCORRÊNCIA MISTA DE GRANULOMA EOSINOFÍLICO E CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM FELINO MIXED OCCURRENCE OF EOSINOPHILIC GRANULOMA AND SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN FELINE Mary Anne Rodrigues de SOUZA 1 ; Karoline Izabela Maria Santos SANTANA 2 ; Gilmaria de Oliveira SANTOS 3 e Rachel Livingstone Felizola Soares de ANDRADE 4 1 Pós Graduanda em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, maryanne_vet@hotmail.com 2 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Faculdade Pio Décimo. 3 Médica Veterinária Funcionária Pública 4 Professora da Faculdade Pio Décimo Resumo: Este trabalho objetiva relatar um caso de ocorrência mista de granuloma eosinofílico e carcinoma de células escamosas em um felino. Foi atendido no Hospital Veterinário Dr. Vicenti Borelli um felino, fêmea, inteira, sem raça definida, 14 anos de idade, pesando 3,350 kg, com histórico reincidiva de lesões nodulares na boca e apetite diminuído. Para diagnóstico, o laudo radiográfico exibiu reação a nível de polpa dentária, sem alterações a nível mandibular e a citologia indicou o diagnótico sugestivo para granuloma eosinofílico felino. O histopatológico apresentou um misto de granuloma eosinofílico com carcinoma de células escamosas. Foi instituído o tratamento com metronidazol e prednisolona por cerca de 30 dias. Após o uso da medicação, o animal apresentou remissão das lesões. Para controle, iniciou o uso do metil prednisolona e Cefovecina sódica. É importante nortear o diagnótico e compreender as opções de tratamento que podem ser utilizadas. Sugere-se que haja mais estudos sobre a ocorrência de CGEF com carcinoma de células escamosas para otimizar a conduta médica e terapêutica. Palavras-chave:Diagnótico, Dermatologia, Oncologia veterinária, Tratamento Keywords:Diagnosis, Dermatology, Veterinary Oncology, Treatment. Revisão de Literatura: O complexo granuloma eosinifílicofelino (CGEF) compreende lesões orais e cutâneas bastante comuns na espécie, envolvendo úlceras eosinofílicas, placas eosinofílicas e granulomas eosinofílicos (BUCKLEY e NUTTALL, 2012). O mecanismo etiopatológico do CGEF necessita ser esclarecido. Contudo, muitos Anais do 38º CBA, p.1405

2 2 autores afirmam que essa enfermidade possui caráter de manifestação de doença alérgica felina (FOSTER, 2003; BUCKLEY, 2012). As manifestações clínicas do CGEF podem apresentar-se de maneira crônica ou recorrente, além de expressar inúmeras lesões de pele e na cavidade oral, com graus diversos de prurido e/ou dor (BUCKLEY, 2012). O diagnóstico embasa-se principalmente na citologia e histopatológico, sendo este, o teste diagnóstico mais confiável para identificar e diferenciar os tipos de lesões (SANDOVAL, 2005). O diagnóstico diferencial engloba principalmente carcinoma de células escamosas na região da boca, dermatofitose, dentre outros (FOSTER, 2003; BUCKLEY, 2012). O tratamento fundamenta-se sobretudo no controle a exposição ao agente causador (BLOOM, 2006). Carcinoma de células escamosas (CCE) constitui a neoplasia oral mais frequente em cães e gatos, representando cerca de 70% dos tumores malignos orais em gatos (LIPTAK, 2013). Essa neoplasia apresenta baixo potencial metastático, em contrapartida, possui alta capacidade de infiltração local. Este trabalho objetiva relatar um caso de ocorrência mista de granuloma eosinofílico e carcinoma de células escamosas em um felino. Relato de caso: Foi atendido no Hospital Veterinário Dr. Vicenti Borelli um felino, fêmea, inteira, sem raça definida, 14 anos de idade, pesando 3,350 kg, com histórico reincidiva de lesões nodulares na boca e apetite diminuído. Ao exame clínico, o animal apresentava secreção purulenta na boca, exposição de furca, tártaro, ulceração em comissura labial direita, linfoadenomegalia submadibular, mucosas hipocoradas e desidratação leve. Não apresentou alterações dignas de nota nos demais sistemas. A proprietária trouxe consigo o laudo de citologia realizada em outra clínica que sugeria a presença de CGEF. Diante das alterações apresentadas, foram solicitados exames complementares como hemograma, bioquímico sérico (ureia, creatinina, AST, ALT e fosfatase alcalina), radiografia cranial e citologia da lesão. O hemograma apresentou leucocitose seguida de um desvio nuclear à direita, linfocitose e trombocitopenia, e Anais do 38º CBA, p.1406

3 3 no bioquímico apontou uremia. O laudo radiográfico exibiu reação em nível de polpa dentária, sem alterações na região mandibular e a citologia indicou o diagnóstico sugestivo para granuloma eosinofílico felino. O animal manifestou melhora clínica por um período de aproximadamente 70 dias, quando apresentou um abscesso oral que foi avaliado mediante exame radiológico que evidenciou aumento de volume e densidade apenas de partes moles na região mandibular sem comprometimento ósseo. A partir deste momento, a paciente se mostrou resistente à terapia imposta, sem melhora clínica e desenvolvendo um quadro de caquexia num período aproximado de 150 dias, onde se observou drenagem do abscesso e retração cicatricial na região de comissura labial. Foi realizado exame radiológico após 90 dias da reincidiva da lesão que revelou irregularidade óssea com aspecto grosseiro em topografia de mandíbula cranial. Diante disto, foi sugerida a realização de biópsia e implantação de sonda esofágica. O exame histopatológico revelou um infiltrado misto de massa tumoral exibindo moderado pleomorfismo celular e nuclear, constituída por células arredondadas, de núcleos vesiculosos, nucléolo central evidente, cromatina marginalizada e citoplasma moderado eosinofílico, Presença de ceratinização irregular noscentros das formações neoplásicas. Área focalmente extensa de necrose, com neutrófilos, eosinófilos eabundantes debris celulares. Vale salientar que no primeiro atendimento foi instituído o tratamento com metronidazol (15mg/kg/VO) e prednisolona (1,0mg/kg/VO) por cerca de 30 dias. Após o uso da medicação, o animal apresentou remissão das lesões. Para controle, iniciou o uso do metil prednisolona (10mg/kg/SC) e cefovecina sódica (1mL/10kg/SC). Quando houve reincidiva foram usados cefovecina sódica (1mL/10kg/SC), metil prednisolona (10mg/kg/SC), amoxicilina (1,0mL/20kg/IM), bellis perennis, calendula officinalis, myristica sebifera (tópico), acetonida de triancinolona (Omcilon-a Orobase ) e doxiciclina (5mg/kg/VO). Discussão: A análise histopatológica confirmou o agregado de granuloma eosinofílico com CCE. Não há relatos na literatura descrevendo a associação do complexo granuloma eosinofílico felino com o carcinoma de células escamosas. De acordo com Ferreira e Nardi (2016), alguns fatores causam o desenvolvimento do carcinoma de células Anais do 38º CBA, p.1407

4 4 escamosas (CCE) como lesão de pele crônica, exposição solar prolongada e infecções pelo papiloma vírus. Todavia, Scott et al. (2002) sugerem que úlceras labiais podem induzir transmutações de natureza maligna que resultam em CCE. A escolha do uso de corticoides para o tratamento é mandatório, como descrito por Buckley (2012), onde ele diz que os glicocorticóides sistêmicos comumente apresentam uma boa resposta nas lesões do CGEF, devendo ser utilizado num primeiro momento a prednisolona para controle da manifestação e para manutenção do tratamento sugere o uso da metilpredinisolona como foi realizado neste caso. Em adição, para as lesões com infecção bacteriana a literatura referencia o uso de antibióticos, tendo predileção para a cefalexina, doxiciclina, clindamicina e amoxicilina com clavulanato de potássio. Diverginddo da literatura, a antibioticoterapia instituída neste caso foi a cefovecina sódica (Convenia ) que se mostrou eficiente para o controle da infecção. Conclusão: O complexo granuloma eosinofílico felino é um grande desafio para a clínica de felinos, pois compreende um grupo de dermatoses comuns em gatos pouco conhecida e, por conseguinte, a diversidade de fatores associados à etiologia da doença predispõe a falha terapêutica. É importante nortear o diagnótico e compreender as opções de tratamento que podem ser utilizadas. Sugere-se que a ocorrência de CGEF com carcinoma de células escamosas requer mais estudos para otimizar a conduta médica e terapêutica. Referência BLOOM, P. B. Canine and feline eosinophilic skin diseases. Veterinary Clinics of North America Small Animals Practice, Livonia, 2006, 36, p , vii. In: LERNER, D. D. Complexo Granuloma Eosinofílico em Felinos Domésticos f. Monografia (Especialização) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, BUCKLEY, L.; NUTTALL, T. Feline Eosinophilic Granuloma Complex(ITIES): Some clinical clarification. Journal of Feline Medicine and Surgery. v. 14, n. 7, p , Anais do 38º CBA, p.1408

5 5 FERREIRA, M. G. P. A.; NARDI, A. B. de. Carcinoma de células escamosas. In: MAZZOTTI, G. A.; ROZA, M. R. da. Medicina Felina Essencial: Guia prático. Curitiba: Equalis, p FOSTER, A. A clinical approach to feline eosinophilic granuloma complex.in: Practice. BMJ Journals, v.25, p. 2-9, LIPTAK, J. M.; WITHROW, S. J. Cancer of the gastrointestinal tract. In: WITHROW, S. J.; VAIL, D. M. Withrow&MacEwen s small animal clinical oncology, ed 5, St Louis, Saunders/ Elsevier, 2013, p 381. SANDOVAL, J. G.; ESMERALDINO, A.; RODRIGUES, N.C.; FALLAVENA, L.C.B.Complexo granuloma eosinofílico em felinos: revisão de literatura. Veterinária em Foco, Canoas, ULBRA/SC, v. 2, n. 2, p , SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatología en Pequeños Animales, 6ª Ed. Buenos Aires, República Argentina: Inter-Médica. In: PAIS, R. M. M. Tricograma como método de estudo de alopécia em felinos. 101 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, Anais do 38º CBA, p.1409