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1 SARCOMA ORAL: A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES COMPLEMENTARES PARA A CONDUTA TERAPÊUTICA DO PACIENTE ONCOLÓGICO RELATO DE CASO Thaís Rosa da SILVA 1 ; Christie Erley Teixeira de OLIVEIRA 1 ; Daniele Kavamura Guimarães de MOURA 1 Yuri das Neves de SOUZA 2 ; Hugo Henrique FERREIRA 3 ; Severiana Cândida Mendonça Cunha CARNEIRO 4 ; Patrícia Lorena da Silva Neves GUIMARÃES 4 1 Acadêmica em Medicina Veterinária na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. thaisrosa.medvet@gmail.com, 2 Acadêmico em Medicina Veterinária da União Pioneira de Integração (UPIS) Distrito Federal 3.Médico Veterinário autônomo. 4.Pesquisadora Doutora do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás, patricialorena2@hotmail.com Resumo Os sarcomas são neoplasmas malignos de células mesenquimais que podem ter características biológicas diferenciadas conforme o tipo de célula afetada. Exames devem ser realizados para caracterização do tipo celular, comportamento biológico e para auxiliar no prognóstico do animal. Mas, apesar de haver alternativas de exames é necessário o conhecimento da especificidade e precisão de todos os testes para estabelecer o diagnóstico. O trabalho relata o caso de uma cadela com 14 anos, teckel, que teve o diagnóstico histopatológico de sarcoma oral. Palavras chaves: cães, imuno-histoquímica, neoplasia. Keywords: dogs, immunohistochemistry, neoplasia. Revisão de literatura A cavidade oral é um local comum para ocorrência de tumores benignos ou malignos (LIPTAK, WITHROW 2007; GUIMARÃES et al., 2012). Os sarcomas são tumores malignos de células mesenquimais que podem ter características biológicas diferenciadas conforme o tipo celular afetado. Em geral, as células mesenquimais são indiferenciadas e apresenta característica auxiliar na regeneração tecidual (PORTINHO et al., 2006). Segundo Machado et al. (2015), o corpo possui nichos ricos em células mesenquimais, e um dos principais locais são nos alvéolos dentários. Alguns exames são necessários para o esclarecimento da enfermidade acometida como a citologia e histopatologia. Esses devem ser usados e ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0774

2 interpretados de forma rigorosa, pois as especificidades e sensibilidades de cada tipo de exame são diferentes. Junqueira (2014) demonstrou que os resultados de 22% de amostras citológicas de nódulos mamários foram inconclusivos, entretanto houve a classificação do tipo neoplásico pelo exame histopatológico. Esse percentual inconclusivo do exame citológico pode ser por falha do profissional ao realizar a coleta do material, localização ou característica do tumor, além do tipo neoplásico, pois alguns sarcomas contêm baixa celularidade. A imuno-histoquímica (IHQ) é um método diagnóstico mais específico e utilizado para determinadas finalidades como: Determinação de microorganismos e celularidade, elucidação de neoplasmas e auxílio no fator prognóstico de tumores em geral. Desse modo, a IHQ é um dos exames para os tumores indiferenciados, como os sarcomas que não tiveram diagnóstico conclusivo pela histopatologia (WERNER et al., 2005). O prognóstico de tumores em animais depende de uma série de fatores em relação à neoplasia, tendo a necessidade de radiografias, exames de ultrassonografia e/ou tomografias de órgãos alvos para metástase, além de remoção cirúrgica e tratamento quimioterápico (MOURA et al., 2007). A criocirurgia é uma alternativa para uso em locais de difícil acesso como a cavidade oral, além de ser menos invasiva e ter um pós-operatório com menor morbidade, se comparada com a ressecção cirúrgica. Silva et al ao realizarem criocirurgia em cão com melanoma oral, observaram que o animal teve um pós operatório favorável recuperando seus hábitos alimentares e obteve ganho de peso. Esse relato descreve o caso de uma cadela que apresentava neoplasma em cavidade oral, formas de diagnóstico e resposta ao tratamento. elato de caso Foi atendida pelo Serviço Odontológico do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás uma cadela, teckel, com 14 anos, apresentando halitose, cálculos dentários e uma massa nas faces vestibulares do segundo dente pré-molar estendendo até o primeiro dente molar da arcada dentária mandibular direita. Segundo o proprietário o animal estava normoréxico e com o comportamento dentro do normal. Ao exame físico foram notados nódulos de aproximadamente 1cm na porção dorsal da região cervical e próximo a parede abdominal, não aderidos e não ulcerados. Ao exame cardiológico foi observado sopro em válvula mitral de grau III. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0775

3 Na avaliação odontológica observou-se uma massa no interior da cavidade oral de aproximadamente 3 cm, ulcerada, com aspecto irregular e macio, além de halitose, cálculos dentários generalizados, gengivites e periodontites grau III e ausência de alguns dentes. Foram realizados exames laboratoriais e de imagens, bem como citologia aspirativa por agulha fina e histopatologia. Sendo este último realizado após biopsia excisional do nódulo oral, seguido de tratamento criocirúrgico. Foi esclarecida ao proprietário a possibilidade de se realizar a mandibulolectomia parcial, no entanto o proprietário não autorizou. Após 39 dias, procedeu-se nova sessão de criocirurgia, pois a massa tumoral recidivou. Após 49 dias da última criocirurgia o animal veio a óbito. Resultados e discussão Segundo Kesting (2015), as fêmeas com idade entre 8 a 15 anos são mais predispostas a terem neoplasias, principalmente melanocíticas e carcinoma de células escamosas, corroborando com a idade, sexo e suspeitas do resultado citológico do relato. No hemograma, leucograma e análise bioquímica de creatinina e alamino amino transferase (ALT) não houve alterações. O laudo radiográfico de cavidade torácica não demonstrou sinais compatíveis com metástase pulmonar. As radiografias convencionais da cavidade oral nas posições médio lateral direita oblíquia e ventro-dorsal do crânio revelaram aumento da radiopacidade de tecido mole em região do segundo dente pré-molar até o primeiro dente molar, porém não foi conclusiva para a determinação de lise óssea mandibular. No exame de citologia coletado por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) observou-se presença de inúmeras células com fragilidade celular, dispostas em sua maioria de forma isolada, os núcleos apresentavam anisocariose, nucleolo evidente, nucléolos angulares e raras figuras de mitose. Dentre as raras células íntegras observou-se aspecto plasmocítoide, algumas vezes entremeadas entre células degeneradas e matriz eosinofílica amorfa. Raros grânulos esverdeados intracitoplasmáticos estavam presentes. Com base nos achados sugeriu-se um provável melanoma amelanocítico ou plasmocitoma. Ao exame histopatológico evidenciou células neoplásicas mesenquimais, médias, fusiforme a alongadas, com citoplasma acidofilico-claro, escasso e mal demarcado com anisocitose, anisocariose, cromatina grosseira, nucléolo ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0776

4 proeminente. Com base nesse achados, firmou-se o diagnóstico de sarcoma oral. Contudo, frente ao grau de anaplasia celular, não foi possível definir a sua origem histogenética. O exame citológico, comparado ao histopatológico, é menos especifico para determinação de neoplasia (JUNQUEIRA, 2015). A citologia foi sugestiva para melanoma amelanocítico ou plasmocitoma, porém no exame histopatológico não foi possível concluir o tipo tumoral. Segundo Junqueira (2015), a citologia é um teste confiável na sensibilidade, porém a especificidade tumoral não assegura o profissional da patologia. Diante dos resultados inconclusivos foi recomendado o envio do material para imuno-histoquímica, a fim de melhor elucidação do caso, porém o proprietário não autorizou a realização do exame. A IHQ é o exame de eleição em casos cujo o diagnóstico tumoral não pode ser definido pelo exame histológico, por se tratar de um teste mais especifico que os exames convencionais (SILVA, 2013). O óbito do animal está correlacionado a vários fatores, principalmente em relação ao avanço do tumor de caráter maligno indeterminado. Apesar de submetido à criocirurgia não houve margem de segurança suficiente para erradicar todas as células neoplásicas, pois ocorreu reincidiva, levando ao agravo da enfermidade. Silva et al. (2006) observaram sobrevida de até nove meses após o inicio do tratamento de melanoma oral, porém neste caso descrito o animal sobreviveu apenas por três meses após a primeira criocirurgia. Segundo Dias et al. (2013), a ressecção de mandibula ou maxila é a melhor solução para as neoplasias que necessitam retirar a massa, pois permite realizar margem de segurança, em cavidade oral. Conclusão A precocidade em se alcançar o diagnóstico é fundamental para se estabelecer o tratamento a tempo de se evitar o avanço da lesão neoplásica. A característica celular dos sarcomas exige métodos diagnósticos mais específicos, como a imunohistoquímica, para que a determinação celular seja esclarecida favorecendo o tratamento, prognóstico e a qualidade de vida do animal. A maxi/mandibulectomia deve ser o tratamento cirúrgico de escolha em casos de neoplasias malignas. Referências ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0777

5 DIAS, F. G. G.; DIAS, L. G. G.; PEREIRA, L. F.; CABRINI, T. M.; ROCHA, J. R. Neoplasias orais nos animais de companhia revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, São Paulo, Ano XI, n.20, 9p., GUIMARÃES, P. L. S. N.; FELGA, H. G.; BERTOLINO, J. F. Cavidade oral e odontopatias. In: HELOU, J. B.; SILVA, C. C. L.; SILVA, L. S.; CONCEIÇÃO, M.; PARENTE, L. M. L. O paciente geriátrico canino e felino. Goiânia: Kelps, p JUNQUEIRA, A. M. C. Estudo comparativo entre citopatologia e histopatologia nos diagnósticos de neoplasias mamárias em cadelas f. Trabalho de conclusão de curso Faculdade de veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, KESTING, A. B. Neoplasmas de cavidade oral em cães f Trabalho de conclusão de curso - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, LIPTAK, J. M.; WITHROW, S. J. Cancer of the gastrointestinal tract Oral Tumors. In: VAIL, D. M.; WITHROW, S. J. Small Animal Clinical Oncology. 4. ed. Canada: Saunders Elsevier, 2007, p MACHADO, C. E. S.; DIOGO, J. F.; GARCIA, V.; FERLIN, C. R.; OLIVEIRA, D. T. N.; PRATA, C. A. Células-tronco de origem dental: características e aplicações na medicina e odontologia. Revista ondontológica araçatuba, v.36, p.36-40, MOURA, V. M. B. D.; FERRIRA, F. P.; RODRIGUES, M. M. P.; CALDEIRA, C. P.; BANDARRA, P. P. Carcinoma de células transicionais vesical em uma cadela são bernardo relato de caso. Veterinária Notícias, Uberlândia, v.13, n.1, p.75-79, PORTINHO, C.P.; COLLARES, M.V.M.; SILVA, F.H.; NARDI, N.B.; PINTO, R.A.; SIQUEIRA, E.; MORELLATO, G.; SUMINO, K. Skull reconstruction with undifferentiated mesenchymal stem cells: experimental study. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, Porto Alegre (RS), v.23, p.161-5, SILVA, J. F. X. Neoplasias de origem melanocítica da úvea do cão e do gato: estudo comparativo das características clínicas e imunohistoquímicas por imunomarcação para ki-67, melan-a e cd f. Dissertação (Mestrado Integrado de Medicina Veterinária) - Universidade de Lisboa, Lisboa, SILVA, M. S. B.; MENEZES, L. B.; SALES, T. P.; LIMA, F. G.; PAULO, N. M. Tratamento de melanoma oral em um cão com criocirurgia. Acta Sciente Veterinare, Porto Alegre, v.34, n.2, p , ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0778