AÇÃO ANALGÉSICA DA NEURÓLISE ACETABULARE DA ACUPUNTURA EM UMA CADELA COM DISPLASIA COXOFEMORAL
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- João Gabriel de Caminha Sequeira
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1 AÇÃO ANALGÉSICA DA NEURÓLISE ACETABULARE DA ACUPUNTURA EM UMA CADELA COM DISPLASIA COXOFEMORAL ANALGESIC ACTION OF ACETABULAR NEUROLYSIS AND ACUPUNCTURE IN A BITCH WITH HIP DYSPLASIA Ana Caroline Malaquias DA SILVA 1 ; Anne Priscila Cavalcante DOS SANTOS 1 ; Areane Silva BRITO 1 ; Jessica Taiane Gomes GREGÓRIO 1 ; Jessika Cerqueira BARBOSA 1 ; Pierre Barnabé ESCODRO 2 ; Marcia Kikuyo NOTOMI 2. 1 Estudante de Graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Alagoas, jessika.c.b@hotmail.com ² Professores do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Alagoas. RESUMO Relata-se o caso de uma cadela de raça Labrador, com nove anos de idade, encaminhada com paresia de membros pélvicos, atrofia muscular e prostação devido a Displasia coxofemoral bilateral. Foi utilizado cloreto de amônio 2% como agente neurolítico na região acetabular, obtendo analgesia menor que 60 dias. A colocefalectomia foi realizada em momentos diferentes em ambos os membros pélvicos, utilizando a acupuntura como terapia pós-cirúrgica coadjuvante, promovendo analgesia e fortalecimento muscular. Conclui-se que o uso de neurolíticos na região acetabular pode ser alternativa terapêutica em casos de DCF e que a eletroacupuntura foi eficaz na terapia da displasia coxofemoral da paciente, porém indicando-se o uso constante da terapia e não em sessões esporádicas. PALAVRAS-CHAVE: Dor, Quadril, Neurólise, Eletroacupuntura. ABSTRACT: The paper reported the case of a 9-year-old Labrador bitch with paresis of pelvic limbs, muscular atrophy and prostation due to bilateral HIP dysplasia. Aammonium chloride 2% was used as a neurolytic agent in the acetabular region, obtaining analgesia less than 60 days. Colocephalectomy was performed at different times in both pelvic limbs, using acupuncture as adjuvant post-surgical therapy, promoting analgesia and muscle strengthening. It is concluded that the use of neuroltics drugs in the acetabular region can be therapeutic alternative in cases of DCF and that the electroacupuncture was effective in the therapy of the hip dysplasia of the patient, however indicating the constant use of the therapy and not in sporadic sessions. KEYWORDS: Pain, Hip, Neurolysis, Electroacupuncture.. Anais do 38º CBA, p.0722
2 INTRODUÇÃO A displasia coxofemoral (DCF) é uma doença de alta prevalência em cães, caracterizada por alteração no desenvolvimento articular coxofemoral e dor em graus variáveis. A DCF apresenta alterações patológicas frequentemente irreversíveis evoluindo à osteoartrose e luxação coxofemoral. Assim tratamentos conservativos e/ou cirúrgicos são indicados com o objetivo de aliviar a dor, reduzir alterações degenerativas secundárias e melhorar a função articular (HULSE e JOHNSON, 2002; COSTA, 2003; MINTO et al., 2012) Ainda não há cura para a DCF, mas existem tratamentos clínicos e/ou cirúrgicos que visam minimizar a dor e proporcionar melhor condição de vida para o animal. Normalmente os tratamentos iniciais são com anti-inflamatórios não esteroidais e condroprotetores, sendo que com a deterioração do quadro clínico, os tratamentos cirúrgicos surgem como alternativa, como a colocefalectomia, que consiste na retirada da cabeça e o colo do fêmur, aliviando a dor e promovendo a formação de uma falsa articulação fibrosa (BRASS, 1989; COSTA, 2003; MINTO et al., 2012). Alguns tratamentos alternativos conservativos são citados na literatura para promover analgesia de animais portadores de DCF, visando minimizar as contra indicações dos anti-inflamatórios não esteroidais, entre elas: a eletroacupuntura e a neurólise química acetabular. A primeira implica em passar energia através de pontos de acupuntura. Já a segunda, tenta mimetizar a técnica da denervação acetabular de forma temporária (BEHEREGARAY et al., 2009; SELMI et al., 2009; ESCODRO et al., 2015). Considerando a preocupação em se oferecer alternativas para a analgesia do paciente canino, portador de DCF, este trabalho objetiva avaliar o uso do cloreto de amônio 2% como fármaco neurolítico acetabular, além de análise da analgesia oferecida pela eletroacupuntura numa cadela da portadora de DCF com 9 anos. RELATO DE CASO Em maio de 2016, foi atendida no Laboratório de Inovação em Cirurgia, Hemoterapia e Terapias Celulares Veterinárias da UFAL (LABINOVET- UFAL), uma cadela da raça Labrador, nove anos de idade, com 28 kg, apresentando caquexia, Anais do 38º CBA, p.0723
3 paresia e atrofia bilateral muscular em membros pélvicos, além de úlceras de decúbito. A proprietária relatou que já estava com tratamento com firocoxib e glicosaminoglicanos há mais de 20 dias, sendo que o animal vinha piorando, trazendo para uma possível eutanásia. A paciente acompanhava exame radiológico evidenciando acentuado arrasamento de cavidade acetabular bilateral, com ênfase para antímero direito, com presença de esclerose de faces articulares. Ainda, os achados indicavam: projeções osteofíticas em bordo crânio-dorsal direito, arredondamento de bordos crânio-dorsal bilateral e caudo-ventral direito, remodelamento ósseo de cabeça e colofemorais bilateralmente, presença de discretas áreas de mineralização adjacente ao colo femoral direito e trocanter menor do fêmur direito. Ao exame clínico confirmou-se o diagnóstico de displasia coxofemoral bilateral. Como alternativa, recomendou-se o uso de terapia farmacológica neurolítica com Cloreto de Amônio 2% (Vetepin ) na inervação acetabular bilateral, conforme citado por Escodro et al. (2015) utilizando o acesso de Selmi (2009), para posterior realização de colocefalectomia do membro pélvico direito (MPD). O intervalo entre infiltração neurolítica e cirurgia foi de duas semanas. Após 40 dias da cirurgia, a paciente iniciou nova fase de exteriorização de dor, momento que foi sugerida a realização de nova colocefalectomia, agora no membro pélvico esquerdo (MPE). A dor pós-operatória se intensificou mesmo com uso de cetoprofeno na dose de 2 mg/kg a cada 12 horas, sendo que optou-se uma semana após a cirurgia, na terapia complementar da DCF com eletroacupuntura, buscando promover analgesia e fortalecimento muscular. As agulhas foram conectadas a maquina de ginástica passiva FJ 3000 a uma frequência alternada de 10 Hz (pulso de 1μAmps) durante 5 minutos e após corrente contínua de 1Htz durante 15 minutos. O tratamento consistiu em dez sessões sendo uma a cada dois dias, durante três semanas. A eletroestimulação foi realizada nos pontos de acupuntura:yao Bai- Hui (espaço lombo-sacral), Vesícula Biliar (VB) 29 (um terço da distância entre grande trocanter e tuberosidade ilíaca), VB 30 (na linha média entre grande trocanter e ísquio), Bexiga (B) 40 (na face posterior da articulação fêmur-tíbio-patelar, na depressão formada após flexão), B60 (na face lateral entre osso calcâneo e tíbia, cranial ao tendão gastrocnêmico). Anais do 38º CBA, p.0724
4 Ainda, no ponto VB34 (depressão cranial e distal a cabeça da fíbula) foi instituído o agulhamento seco e no R3 (face medial de B60) foi utilizado o moxibustão durante todas as sessões. A progressão da terapia com o uso das técnicas da acupuntura foi avaliada com base na observação da locomoção a cada sessão, mostrando melhora a partir da segunda sessão, sendo que na quinta o animal já levantava pra comer, beber e eliminar excreções fisiológicas. Após alta, o animal ficou bem durante 15 dias, quando retornou o quadro álgico. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente relato, a paciente evidenciava dor e atrofia bilateral de musculatura, o que caracteriza a DCF bilateral, que leva muitos pacientes à eutanásia, devido à dificuldade de controle da dor e diminuição severa na qualidade de vida. A infiltração acetabular neurolítica com cloreto de amônio 2% causou analgesia média de 54 dias, podendo ser alternativa temporária coadjuvante no tratamento de DCF, principalmente em momentos pré-operatórios, em animais com riscos cirúrgicos e pacientes não responsivos. O controle da dor em casos de DCF se faz desafio de difícil resolução, sendo que após o efeito do agente neurolítico, mesmo com ressecção do colo e cabeça femoral direita o animal apresenta dor intensa pós-operatória, trazendo a acupuntura como alternativa, visto às contra indicações dos Anti-inflamatórios não esteroidais. Assim, para complementar o tratamento visando tonificar a musculatura e diminuir a dor, foram realizadas dez sessões de eletroacupuntura com moxibustão em acupontos VG4, VB29, VB30, VB34, B60, B40 e R3, pontos já utilizados na rotina para animais com DCF (SCHOEN, 2001; PERRUPATO et al., 2014). Observou-se que após as sessões de acupuntura, o animal apresentava uma melhor locomoção, alcançava distâncias relativamente maiores e brincava, fato que não era observado antes, já que a cadela, na maioria das vezes, ficava deitada por tempo demasiado, inclusive se sujando ao fazer necessidades fisiológicas. Essas principais mudanças ocorreram devido à diminuição da dor e tonificação muscular provocada pela estimulação nos pontos de acupuntura, mas apesar desta melhora, mesmo após a realização das dez sessões, não houve uma recuperação total, pois a claudicação e prostação persistiu após 15 dias. Anais do 38º CBA, p.0725
5 CONCLUSÃO Conclui-se que o uso de neurolíticos na região acetabular, conforme citado por Escodro et al. (2015) pode ser alternativa terapêutica em casos de DCF, sendo que o cloreto de amônio 2% causa analgesia inferior a 60 dias, necessitando mais estudos sobre outros fármacos e janela terapêutica. Ainda, é notório que a eletroacupuntura foi eficaz na terapia da displasia coxofemoral da paciente, porém indica-se uso constante da terapia e não sessões esporádicas, visto que nesse caso, mesmo após dez sessões, a dor retornou em 15 dias. REFERÊNCIAS BEHEREGARAY, W. K. et al. Tratamento de ferida por eletroacupuntura em uma gata, Rio Grande do Sul, Brass,W Hip dysplasia in dogs. Journal of Small Animal Practice, 30: Costa, J.L.O Acetabuloplastia extracapsular em cães com cartilagem auricular de bovino conservada em glicerina. 84f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista Jaboticabal, São Paulo. ESCODRO, P. B. Neurólisequímica acetabular em um cão com displasia coxofemoral. In: XII Encontro de anestesiologia veterinária, 2015, João Pessoa. Anais... João pessoa: Editora da UFPB, p. 65. Hulse,D.A.; Johnson, A.L Tratamento da Doença Articular. In: Fossum, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca, Minto B.W.; Souza, V.L.; Brandão, C.V.S.; Mori, E.S.; Filho, M.M.M.; Ranzani, J.J.T Avaliação clínica da denervação acetabular em cães com displasia coxofemoral atendidos no Hospital Veterinário da FMVZ Botucatu SP. Veterinária e Zootecnia, 19 (1): PERRUPATO, T. F.; QUIRINO A. C. T. Acupuntura como terapia complementar no tratamento de displasia coxofemoral em cães - relato de caso. Rev. Ciên. Vet. Saúde Públ., Mato Grosso do Sul, v. 1, n. 2, p , Schoen, Allen M. Veterinary Acupuncture: Ancient Art to Modern Medicine, 2nd ed. St. Louis, MO: Mosby, Selmi, A.L.; Penteado, B.M.; Lins, B.T Denervação capsular percutânea no tratamento da displasia coxofemoral canina. Ciência Rural, 39: Anais do 38º CBA, p.0726
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