Anais do 38º CBA, p.1438

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1 1 USO DE SISTEMA DE PLACA SANDUICHE EM OSTEOSSÍNTESE FEMORAL EM CÃO USE OF THE PLATE SANDWICH IN OSTEOSYNTHESIS FEMORAL IN CANINE Cassia Regina Oliveira SANTOS*³; Rafael Batatinha ROCHA 1 ; Tarcísio Soares ARAÚJO¹; Ana Amélia Domingues GOMES²; Cleonilson Alves de FREITAS 1 ; Alexandre Redson SOARES²; Durval BARAÚNA JÚNIOR²; 1 Estudante de graduação de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do São 2 Professora do Colegiado Acadêmico de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do São Francisco 2 Professor do Colegiado Acadêmico de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do São Francisco 2 Professor do Colegiado Acadêmico de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do São Francisco 3 Médica Veterinária, Universidade Federal do Vale do São Francisco cassiareginavet@yahoo.com.br Resumo: As fraturas ósseas são afecções comuns em medicina veterinária, as causas traumáticas são muito frequentes na rotina, e por muitas vezes pode ser um desafio para os cirurgiões. Fraturas de ossos longos como fêmur, úmero, rádio e tíbia são comuns em animais de raças pequenas, logo a técnica de veterinary cuttable plate (VCPs) ou placa cutânea veterinária se adequa perfeitamente a animais desse porte. Essa técnica permite a utilização do sistema de placa sanduiche, e visa o aumento da rigidez do local da fratura onde se faz o empilhamento de uma placa sobre outra. O uso de VPCs é bastante promissor na medicina veterinária, pois sabe-se que essa técnica torna a estrutura da placa óssea mais resistente (PIERMATTEI et al, 2016). Relata-se uma ostessintese femoral em cão SPRD (sem padrão de raça definida), após fratura oblíqua em metáfise distal, na qual foi utilizado o sistema de placa sanduiche. Palavras-chave: Fratura, Fixação, Implantes ortopédicos, Keywords: Fracture, Fixation, Orthopedic implants Introdução: Antes do procedimento cirúrgico, diversas considerações devem ser realizadas para compreender o tipo de afecção ortopédica e o melhor meio de promover a osteosíntese. As fraturas têm sua classificação de acordo com o deslocamento ósseo maiores e sua estabilidade, localização, direção e número de linhas de Anais do 38º CBA, p.1438

2 2 fratura; caso os fragmentos fraturados possam ser reconstruídos para permitir suporte do peso (redutível ou irredutível); e caso a fratura seja exposta ao ambiente. O local de fratura pode ser em metáfise articular, região proximal, medial e distal. A fratura ainda pode ser avaliada mediante sua extensão entre as corticais, ou seja, se ela é completa (quando ocorre de uma cortical a oura) ou se ela é incompleta (quando ela atravessa somente uma das corticais). As linhas de fratura também têm suas respectivas classificações onde se dividem em: fissura, transversa, oblíqua, em espiral, cominutiva irredutível, cominutiva não redutível, múltipla ou segmentada (FOSSUM et al, 2015). A melhora da função do membro fraturado é o principal objetivo quando se faz uso de placas e parafusos ósseos. Os parafusos ortopédicos convencionais são divididos em duas categorias, que são os corticais e os esponjosos. O principal objetivo desses parafusos é promover a fixação da placa ortopédica com o osso e manter a estabilidade interfragmentar. (PIERMATTEI et al, 2014). A placa tem a capacidade de conferir ao osso fraturado uma estabilidade rígida quando devidamente utilizada. As tensões externas e internas exercidas no osso fraturado são devidamente suportadas pela placa logo ela pode ser usada em várias ocasiões como em fraturas de ossos longos, fraturas cominutivas e de cães e gatos de diferentes tamanhos. A matéria prima da qual advém as placas ósseas é principalmente o aço inoxidável 316L e o titânio. O aço possui o benefício de ser mais macio e se moldar mais facilmente as diversas faces ósseas. Já o titânio tem maior resistência à fadiga e mostram maior biocompatibilidade, porém não apresenta tanta resistência quanto o aço inoxidável e tem preços mais elevados (PIERMATTEI et al, 2016). Diante da variedade de implantes cirúrgicos algumas placas recebem destaque por serem bastante usadas em fraturas de ossos longos de animais pequenos. As Veterinary Cuttable Plates ou VCPs são bastante usadas em fraturas de ossos longos devido sua facilidade de adaptação e segurança. O uso das VPCs tem sido aplicado em sistema sanduiche no qual faz-se o empilhamento de placa sobre placa. Esse sistema permite uma boa fixação das placas sobre o osso fraturado e quando adaptado também permite flexibilidade ao animal. Por isso a junção de VPCs e sistema sanduiche torna-se uma boa opção para fraturas de ossos longos (PIERMATTEI et al, 2016). Anais do 38º CBA, p.1439

3 3 Relata-se uma ostessíntese femoral em cão após fratura oblíqua em metáfise distal, na qual foi utilizada VCPs e aplicado o sistema de placa sanduiche. Descrição do Caso: Foi atendido no Hospital Escola, um animal da espécie canina, fêmea, SPRD, 3 anos de idade, pesando 4,9 kg e com histórico de fratura no fêmur direito, devido a um atropelamento. No exame físico apresentava claudicação em membro pélvico direito e dor à palpação. Foi solicitado exame radiográfico do fêmur direito e constatou-se a fratura oblíqua de metáfise distal. O animal foi encaminhado para a osteossíntese femoral. Para ato operatório administrouse como medicação pré-anestésica acepromazina (0,05 mg/kg) e morfina (0,1 mg/kg), para indução utilizou-se propofol (4mg/kg) e diazepam (0,3 mg/kg) e para epidural lidocaína (1ml/4,5kg) e morfina (0,1 mg/kg), a manutenção foi realizada com isofluorano com volume de 1,5% e vaporizado em oxigênio a 100%.. Para osteossíntese foi realizada incisão cutânea latero-cranial ao fêmur, iniciando próximo ao trocanter maior e terminando próximo ao côndilo lateral O músculo tensor da fáscia lata foi então localizado e incisado longitudinalmente, permitindo encontrar os músculos bíceps femoral e vasto lateral, que eram afastados em direção cranial e caudal. Após a abertura da musculatura teve-se a exteriorização do foco da fratura oblíqua onde foi realizada a redução por meio de alavanca e com auxilio de pinças redutoras. Por preferência do cirurgião um parafuso foi introduzido atravessando as duas corticais após a redução para auxiliar na fixação inicial. Foram colocadas duas placas de reconstrução (uma sobre a outra) acima dos fragmentos ósseos atravessando a linha de fratura. As placas foram cortadas e moldadas antes de sua implantação. Ambas as placas possuíam oito orifícios nos quais foram colocados três parafusos na cortical lateral proximal e distal. Foi realizada radiografia trans cirúrgica para verificação do posicionamento dos implantes. Procedeu-se com a síntese, fios de mononaylon 3-0 foram usados para sutura da fáscia lata em padrão simples continuo, sutura de subcutâneo com mesmo fio e no mesmo padrão, e sutura da pele com padrão isolado simples por meio de fio mononylon 3-0. Como pós-operatório foi recomendado compressas de gelo no local da cirurgia, durante 15 minutos, por dois dias, como medicação Anais do 38º CBA, p.1440

4 4 foram prescritas cefalexina (30mg/Kg) a cada oito horas, durante dez dias, meloxicam (0,1mg/Kg) a cada 24 horas, durante cinco dias e tramadol (4mg/Kg) a cada oito horas durante sete dias. Radiografias pós-operatórias foram recomendadas a cada 21 dias para o acompanhamento da cicatrização óssea. Discussão: Atendimento de animais com fratura em ossos longos é uma situação corriqueira na medicina veterinária. Principalmente em ossos longos como rádio, úmero e fêmur. Essas fraturas podem ser tanto completas como incompletas e agridem os tecidos e a inervação circundante terminando por dificultar a locomoção (PIERMATTEI et al, 2016). A abordagem cirúrgica é um método eficaz para que o membro fraturado retorne a sua função normal. Um dos sistemas usados para se adquirir o resultado desejado é o uso de placas e parafusos ósseos que quando manuseados de forma correta culminam em uma cicatrização óssea efetiva. Existem várias técnicas de estabilização de fratura óssea com uso de implantes ortopédicos, entre elas o empilhamento de placa sobre placa (ROSE et al, 2009). Esse método de empilhamento é indicado quando se deseja aumentar a rigidez das placas (PIERMATTEI et al, 2016). Essas duas placas de diâmetro iguais são empilhadas uma sobre a outra e parafusadas no osso fraturado. Essa técnica com uso de placas veterinárias cutâneas tem tido sucesso em fraturas de ossos longos de cães de raças pequenas e em gatos, pois ajuda na manutenção das placas e permite uma fisioterapia mais consistente, sem que o cirurgião se preocupe com afrouxamento do implante. A técnica é vantajosa em animais ativos, animais com fraturas cominutivas (cuja partilha da carga óssea está comprometida), e animais idosos devido ao prolongamento no tempo de cicatrização óssea (HAMMEL et al, 2006). O animal do presente caso, segundo seu tutor era bastante ativo fazendo com que esta técnica fosse uma excelente opção. Os diâmetros das placas e parafusos são diferenciados. As placas convencionais são grossas e tem poucos orifícios e os parafusos são fracos e curtos. A placa usada em método sanduiche tem 300 mm de comprimento, 7 mm de largura e 1,0 mm de espessura e os parafusos de 2,0 mm ou 2,7 mm de diâmetro. Quando se aplica uma placa sobre a outra se espera que os furos dos parafusos sejam redondos e o espaçamento entre ambos seja idêntico Anais do 38º CBA, p.1441

5 5 (PIERMATTEI et al, 2016). A fixação de placa sobre placa mostra ineficácia em ossos curtos principalmente quando a tensão dos tecidos moles limita o fechamento da lesão sobre um implante grande (HAMMEL et al, 2006). O sistema de sanduiche usado no presente trabalho teve êxito cirúrgico, mostrando que o uso de placa sobre placa é um excelente método quando aplicado em fraturas de ossos longos. Tratava-se de um animal bastante ativo e a técnica foi eficiente, pois promoveu estabilidade a fratura. Chegando ao objetivo cirúrgico desejado. Conclusão: Os implantes ortopédicos têm se mostrado bastante eficazes quando se fala em estabilização de diversos tipos de fraturas ósseas, e as suas adaptações como o empilhamento de placas, são mecanismos desenvolvidos para aumentar o nível de resistência da cirurgia às diferentes tensões. Tais sistemas de colocações de placas são aliados excelentes que promovem a osteossíntese de ossos longos, essa técnica de placas sanduiche é interessante para determinados tipos de pacientes, e para o paciente em questão foi eficaz para promover a cicatrização óssea com as menores complicações possíveis. Referências: FOSSUM, T. W; et al. Cirurgia de pequenos animais. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, PIERMATTEI; Flo s Handbook od SMALL ANIMAL Orthopedics and Fracture Repais ROSE, B. W; PLUHAR, E. G; NOVO, R. E; LUNUS, S; Biomechanical Analysis of Stacked Plating Techniques to Stabilize Distal Radial Fractures in Small Dogs. The American College of Veterinary Surgeons. 38: , 2009 HAMMEL, S. P; PLUHAR, E. G; NOVO, R. E; BOURGEAULT, C. A; WALLACE, L. J; Fatigue Analysis of Plates Used for Fracture Stabilization in Small Dogs and Cats. The American College of Veterinary Surgeons. 35: , 2006 Anais do 38º CBA, p.1442