Current resources: a possible treatment in psychosis

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Current resources: a possible treatment in psychosis"

Transcrição

1 Recursos da atualidade: um tratamento possível na psicose Current resources: a possible treatment in psychosis Marcia Müller Garcez Doutoranda em Psicologia UFRJ; Participante dos Núcleos de Pesquisas: Clínica Psicanalítica (CLINP UFRJ); Psicose e Saúde Mental (ICP RJ) e das atividades da Escola Brasileira de Psicanálise Seção Rio. Psicanalista na Clínica Falasser. marcia.mgarcez@gmail.com Ruth Helena Pinto Cohen Professora Adjunta da Pós-graduação do Instituto de Psicologia da UFRJ; Membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da AMP. ruthcohen@uol.com.br Resumo: O presente trabalho aborda como a psicose pode ser vista na atual paisagem social e algumas possibilidades de tratamento neste contexto. Exploramos brevemente a estrutura da psicose, assim como suas variações, que hoje se apresentam não só nas formas extraordinárias, mas também em casos não tão raros e que surgem no cotidiano. Como exemplo clínico dessas variações, utilizamos o caso do Homem dos Lobos de Freud, que, apesar de clássico, aponta para uma indefinição diagnóstica e nos orienta sobre as novas formas de abordagem da psicose no século XXI. Ainda contamos com as contribuições da obra do escritor James Joyce, das quais Jacques Lacan faz uso, para o entendimento da psicose e suas possíveis formas de estabilização. Para concluir, sugerimos que um tratamento possível na psicose pode fazer uso do próprio excesso de sentido que a sociedade oferece, acolhendo o retorno deste resto na clínica psicanalítica. Palavras-chave: Psicose; Psicose Ordinária; Laço Social; Psicanálise. Abstract: This paper discusses how psychosis can be seen in the current social landscape and some treatment possibilities in this context. We briefly explore the structure of psychosis, as well as its variations, which present themselves nowadays not only in extraordinary aspects, but also in not-so-rare cases that appear in daily life. As a clinical example of these variations, we use Freud s 'Wolf Man' case, which, even being a classic, points to a diagnostic uncertainty and guides us on new ways to approach psychosis in the XXI century. We also rely on the contributions of the writer James Joyce, which Jacques Lacan makes use, to the understanding of psychosis and its possible ways of stabilization. To conclude, we suggest that a possible treatment in psychosis can make use of the excess of meaning that society offers, welcoming the return of this rest in the psychoanalytic clinic. Keywords: Psychosis; Ordinary Psychosis; Social Bond; Psychoanalysis. 13

2 Discursos, laço social e psicose Se pensarmos na clínica da neurose, a busca por um tratamento psicanalítico evidencia uma tentativa de tratar algum sofrimento ou sintoma, localizando um saber suposto ao analista, através de uma demanda de alívio e cura. Assim, a transferência poderá ser a mola propulsora para que esse encontro possa transformar a busca de sentido em um saber-fazer com o sem-sentido imposto pelo sintoma. Muitas vezes, o mal-estar carrega consigo evidências da nova forma do viver própria ao século XXI. Como afirmam Garcez e Cohen (2012) se, por um lado, parecemos estar evoluindo, avançando tecnologicamente, por outro, estamos padecendo com essa velocidade. Os sintomas e ansiedades, na contemporaneidade, mostram esses efeitos na clínica psicanalítica. (p. 349). Assim, somos levados a questionamentos sobre novas formas de sofrimento influenciadas pelos paradigmas de nossa cultura. Temos com Besset (2004) ao discorrer em seu texto A Política e o Dizer do Analista que em uma cultura tributária dos avanços do discurso da ciência e da tecnologia, a busca de sentido torna-se mais um objeto no mercado dos bens de consumo. (p. 66). A autora também afirma que em tempo de queda dos ideais, é preciso redesenhar-se o semblante para que o sujeito tenha lugar. (p. 65). Dentro desse contexto, a dialética sobre a qual nos debruçamos, gira em torno do sentido que a atualidade imprime e como seus efeitos aparecem para os sujeitos, seja na clínica da neurose ou na psicose. Em O Seminário, Livro 17, Lacan introduz quatro discursos mestre, histérica, universitário e analista a partir dos quais podemos nos orientar a respeito do laço social, já que este é produzido no e pelo discurso (LACAN, /1991). Ao mesmo tempo, embora o consumo e o discurso capitalista uma variação do discurso do mestre que Lacan aponta no final deste seminário pareçam sufocar os sujeitos com a oferta incessante de objetos, Garcez e Cohen 1 defendem que essa também é uma tentativa de evitação do encontro com a castração. Essa nova modalidade discursiva capitalista traz em si a inovação na articulação dos elementos a partir de uma reorganização dos mesmos. Essa movimentação denota a relação do sujeito contemporâneo com os objetos de consumo. Marcamos que esse discurso não favorece 1 Abordagem desenvolvida na dissertação defendida em fevereiro de 2012 pela autora, Marcia Müller Garcez, soba orientação da autora, professora Ruth Helena P. Cohen. 14

3 o laço social, mas aponta para uma defesa que se apresenta no social, na qual o sujeito demanda e se aproveita das ofertas incessantes de gadgets nomeados por Lacan como latusas, visando tamponar de alguma forma o vazio, o buraco da castração, num movimento infinito. Por outro lado, a defesa que tampona não oferece lugar à verdade, ao real e o excesso que transborda se transforma em mal-estar e em sintomas. Se, como dissemos, o discurso poderia oferecer um freio ao gozo, temos aqui, outro, que promove uma infinitização de gozo. Assim, esta parece ser uma saída, embora avessa ao discurso analítico, que pode dar algum suporte para alguém, mas este ainda precisará separar-se da massificação contemporânea para encontrar também formas singulares de tratamento ao gozo. Assim, tempos com a clínica da atualidade tocada pelo último ensino de Lacan, uma direção de tratamento, uma vez que a psicanálise, ao servir-se dos semblantes de sua época, não recua frente ao real, imposto pelos novos modos de sofrimento do ser falante. Ainda sobre o discurso capitalista, Espinoza e Besset (2009) colocam que há uma predominância da relação do sujeito com o objeto, com a evidente promessa de acabar com o mal-estar. Por esse motivo, afirmamos que ele não favorece ao laço social (p. 154). Embora o discurso capitalista dificulte os laços sociais, fazendo com que fiquem mais restritos, não deixa de ser, também, uma tentativa de saída para o horror da castração. O consumo desenfreado e o acesso aos objetos correspondem ao semblante de normalidade instituído pela ciência, como se esta estivesse constantemente oferecendo sentido ao que escapa a qualquer significação. Mas, em relação à psicose? Se o psicótico está fora-do-discurso como Lacan (1972/2003) afirma em O Aturdito, e não pode utilizar o recurso discursivo para dar tratamento ao seu gozo, que é específico, como este se insere no cenário cultural ou civilizatório do século XXI? Miller (2003) em A Invenção Psicótica faz uma passagem pelos tipos clínicos e aponta, em seu texto, o que seria a invenção nesses casos, sublinhando que há uma falta de recursos nos discursos estabelecidos. Para o paranóico, não se trata do problema da relação com o órgão ou ao corpo que não está preso a um discurso estabelecido, mas do problema da relação com o Outro. (p. 11). Ele é então levado a inventar uma relação específica de proteção ao Outro. Já, sobre o dito esquizofrênico, Miller coloca que [...] o problema do uso dos órgãos é especialmente agudo e ele deve ter recursos sem o socorro de discursos estabelecidos, 15

4 ou seja, ele é obrigado a inventar um discurso [...], para poder usar seu corpo e seus órgãos. (p. 11). Esses discursos estabelecidos, nas citações de Miller, são aqueles identificados por Lacan ( /1991), com os quais os sujeitos psicóticos teriam dificuldades em operar. Como consequência eles não podem participar tão facilmente da lógica do laço social. A invenção necessária nos remete aos efeitos da psicanálise e do ato analítico que vão além da estrutura, uma vez que é na singularidade e no funcionamento lógico, de cada caso, que se explicita o tratamento dado ao gozo. O que se verifica nas psicoses, com seu precário aparato simbólico é que podem produzir efeitos no campo social. A partir desse suporte podemos indicar que, para além da estrutura, são as incidências de gozo que queremos enfatizar. Segundo Veras (2010) o vácuo deixado pelo declínio da imago paterna tragou a clínica da subjetividade, sendo esta substituída pela clínica da quantificação. (p. 67). O autor coloca que o mundo despertou para a precariedade do simbólico em relação ao real e que sofremos com essas mudanças na clínica da neurose, desta feita nos interrogamos sobre o que podemos trazer disso para o campo da psicose? (p. 65). Quais os efeitos dessas mudanças? Não lamentamos, com certa nostalgia, a queda dos ideais, mas buscamos acolher em nossa escuta clínica as novas formas de arranjo sintomático. Se a ciência oferece um excesso de sentidos e objetos, que tentam tamponar as faltas dos humanos, na psicose temos outra lógica no que concerne a precariedade simbólica e a falta. Acreditamos que o trabalho clínico pode articular o que está fora-do-laço social com novas propostas de amarrações de sentidos. As psicoses e o diagnóstico diferencial As mudanças sofridas na atualidade e verificadas a partir de seus efeitos no sujeito contemporâneo devem ser contextualizadas no âmbito da psicose que também sofreu alterações. Veras (2010) distribui em três momentos a clínica lacaniana da psicose: 1) a foraclusão do Nome-do-Pai, nos anos 50, com o seminário das psicoses ; 2) a formalização do objeto a e os mecanismos de sua extração ; 3) por fim, a teoria dos nós e o sinthoma joyceano, nos anos 70, com o seminário do sinthoma. (p. 147). 16

5 Sobre este escrevemos o nó borromeano que atrela Real, Simbólico e Imaginário na gravura (1) que segue (LACAN, /2007, p. 21). R I S A lógica borromeana que interessou aos matemáticos foi explorada por Lacan no Seminário RSI ( /inédito) e em O Seminário 23, O Sinthoma, ao tratar do incurável, propiciando uma organização de gozo. Lacan acrescenta aos três registros um quarto nó, nessa escrita topológica. Assim, passamos a uma amarração, um suporte real, que nos serve de instrumento para compreensão da clínica psicanalítica, sobretudo da psicose que requer um tratamento possível daquilo que está desenlaçado. Esse quarto nó, o sinthoma, portanto, vêm reforçar os três outros dispersos, além de se conservar em uma posição tal que ele tenha o aspecto de constituir nó de três. (LACAN, /2007, p. 91). Nota-se na gravura (2). Encontramos as contribuições sobre a referência que Lacan faz a James Joyce, que lhe permitiu fazer a elaboração a partir do sinthoma. Ao tomar o artista, Lacan 17

6 mostra o que é possível fazer quando o nó do pai não se sustenta em sua amarração. Na sua grande obra, Ulisses, o artista recria a vida. Não faz uma análise dela, apresenta o homem sem sentimentalizá-lo numa humanidade ordinária, onde os personagens são escutados muito mais do que vistos. Não se sabe sobre suas aparências, mas conhecemos suas vozes, seus pensamentos. Essa linguagem expressa em frases agudas, exatas, taquigráficas ou sob a forma de refluxos de palavras em repetições entrelaçadas, transforma-se em unidades mais longas (COHEN, 2009). Para acrescentar à distribuição dos momentos da clínica da psicose feita por Veras (2010) e citados acima, podemos contar com uma modalidade categórica póslacaniana, mas não distinta do que Lacan nos deixou no último ensino. Jacques-Alain Miller (2009a) lançou o termo Psicose Ordinária abarcando a questão de pesquisa que se abria sobre os Casos Raros ou Inclassificáveis, colocando em debate as normas clássicas da clínica da psicose. A constatação dessas pesquisas como afirma Brousse (2009) foi que esses casos raros não eram assim tão raros, ao contrário, muito frequentes. (p. 2). No mesmo artigo a autora lembra três fundamentos da teoria clássica da psicose: o privilégio, no primeiro Lacan, do registro simbólico sobre os registros imaginário e real [...], a organização de uma aproximação clínica em torno de um eixo central conhecido sob o termo Nome-do-Pai e, como terceiro ponto desses fundamentos a recusa de categorias intermediárias por razões epistemológicas e éticas ao mesmo tempo. (p. 2). Se pensarmos na rigidez deste último fundamento, somos levados a levantar uma discussão acerca da questão diagnóstica. Como vimos, as modificações sociais e contemporâneas indicam modalidades de tratamento para o sofrimento que aparece sob a forma de novos sintomas. O último ensino de Lacan traz consigo essas novas perspectivas sobre os sintomas, fenômenos e diagnósticos, uma vez que aponta para uma clínica voltada para o real. Como conseqüência dessa orientação para o real, a foraclusão é tida em uma nova perspectiva não mais sendo uma exclusividade da psicose sob a égide do Nomedo-Pai, mas, a que aponta para uma falta generalizada, colocada para todos, deixando a psicose como referência ou, ponto de partida. Com isso passamos a um leque de variações que Miller ilustra no livro La Psicosis Ordinária: [...] aqui temos psicóticos mais modestos, que reservam surpresas, mas que podem fundir-se em uma espécie de média: a psicose compensada, a psicose suplementada, a psicose não desencadeada, a psicose medicada, a psicose em 18

7 terapia, a psicose em análise, a psicose que evolui, a psicose sinthomatizada se me permitem. (2009a, tradução livre, p.201) Em outro artigo, oriundo de um seminário realizado em Paris, Miller (2010) traz um estudo extensivo sobre a Psicose Ordinária que ele afirma não ser uma categoria de Lacan, mas uma categoria da clínica lacaniana. Destacamos como interessante o fato de ele mencionar que essa categoria não tem definição rígida [...] e se tentamos agora lhe dar uma, será uma definição a posteriori. (p. 3-4). Ao longo de sua exploração no seminário, ao enfatizar a passagem pela ordem simbólica, o autor afirma que um delírio é também capaz de ordenar o mundo (p.10) e que assim ele teria aí, uma função simbólica. Para tratar da questão da desordem vivida pelos sujeitos, Miller propõe uma tripla externalidade: social, corporal e subjetiva. A primeira a social designa a relação com a realidade na psicose ordinária (p. 14); a segunda a corporal marca o Outro corporal, ou seja, o corpo como Outro para o sujeito (p.16); e a terceira a subjetiva traz a experiência do vazio, da vacuidade, do vago no psicótico ordinário (p. 18). As três poderiam ser mais exploradas, mas destacaremos aqui, em função do que estamos enfatizando, a externalidade social. Há uma identificação social que pode ser constatada na psicose ordinária que tem um sentido de dificuldade e outro de facilitação, no que diz respeito ao laço social. O primeiro consiste em uma desconexão social, um desligamento seja do mundo dos negócios, trabalho ou outros. O segundo denota uma identificação intensa com o oficio do sujeito, onde este significaria bem mais que um trabalho ou uma maneira de viver (p. 16). Um trabalho poderia ter o estatuto de Nome-do-Pai, ou seja, pode significar aceder a uma posição social. Esses valores simbólicos contemporâneos e seu uso na clínica da psicose é o que destacamos como novas possibilidades de laço. Para voltarmos ao delírio como forma de tratamento e avançarmos ainda mais no fato de que não se trata de uma questão apenas estrutural, recorremos a Caldas (2010) que propõe o amor aproximando-o do delírio. A autora marca essa semelhança uma vez que ambos propiciam tratamento ao gozo. Tal aproximação nos interessa na medida em que o delírio, nessa nova orientação, encontra-se para todos, e não mais exclusivo ao fenômeno vivenciado na estrutura psicótica. Para a autora a escrita amorosa pode se constituir no litoral entre sujeito do significante e o gozo que habita seu corpo, dando a este, pela via do delírio, um tratamento e a chance de fazer laço. (p. 4). Entendemos que vários são os caminhos para o sujeito defender-se do real e constituir assim laços de 19

8 proteção. Esse movimento pode ser pensado no lado da psicose para capturar em cada possibilidade como a autora indica em relação ao amor a chance de fazer laço. Ao lançarmos a ideia de defesa contra o real, temos que recorrer à singularidade da clínica que nos mostra como cada um se arranja, para além do recurso das ficções sociais como exemplificamos no caso do discurso capitalista, ao qual o contemporâneo está submetido. Em alguns casos de psicose a invenção singular se apresenta de forma contundente e com ela temos a possibilidade de aproximar-nos de uma peculiar maneira de conexão com o real. A questão que pretendemos lançar é: na ausência ou precariedade de discursos, ou conectores simbólicos, que solução pode ser alcançável? Como fazer uso do que está em oferta na própria atualidade? Supomos, sob a vertente da psicanálise, que um laço possa ser construído a partir da singularidade de cada sujeito que com seus recursos encontra estabilização, apaziguando seu gozo. Ressaltando que tais recursos podem advir do excesso transbordado na sociedade, que em alguns momentos são invasivos, mas em outros podem servir-se deles. Instrumento Clínico: O Homem dos Lobos de Freud O caso clássico de Freud (1918/1986) faz com que diversos estudiosos repousem até hoje seus olhares, devido à complexidade tanto em termos de variações diagnósticas, quanto em termos de compreensão do mesmo, no intuito de indicar que se trata de algo inaugural para Freud: a análise de um caso que se referia ao tempo da infância. Para a nossa pesquisa, a abordagem, se faz importante pela questão diagnóstica e de localizar, conforme sinalizamos anteriormente com Miller (2010), como aquilo que pode apontar uma desconexão social. No cerne do caso está a questão da castração que, evidenciando não se resolver de forma simples, Freud (1918/1986) aponta para três correntes fundamentais que circunscrevem as soluções para ela. Em primeiro lugar, o paciente rejeitou a castração, no sentido de nada querer saber dela no corpo das meninas; Sobre a outra corrente, temos o fato do homem dos lobos ter reconhecido a castração como fato, resistindo a ela. Esta vertente ainda traz a contraposição de resistir ou ceder. 20

9 Primeiro, revoltou-se, depois, cedeu; mas a segunda reação não anulou a primeira. Afinal, seriam encontradas nele, lado a lado, duas correntes contrárias, das quais uma abominava a ideia de castração, ao passo que a outra estava preparada para aceitá-la e consolar-se com a feminilidade como substituta. A terceira corrente, a mais antiga e profunda, que nem sequer levantara ainda a questão da realidade da castração, era ainda capaz de entrar em atividade. (FREUD, 1918/1986, tradução livre, p. 78) Como exemplo de reconhecimento da castração, Freud associa o episódio alucinatório que o paciente teve ao brincar com um canivete no jardim, e pensou ter visto seu dedo cortado, pendurado apenas por uma pele. Após alguns segundos, que sentira muito medo, voltou a olhar e percebeu que nada havia acontecido. Podemos pensar com Miller (2009b), em aulas que ministrou sobre o Homem dos Lobos, que nesse episódio, localizaríamos não o reconhecimento da castração, mas a terceira corrente, apontada por Freud como possível de reaparecer a qualquer momento. Haveria aí a evidência de uma foraclusão, algo que fica fora do circuito, à parte da linguagem discursiva. Nesse sentido, podemos pensar na alucinação do dedo cortado também como o que da castração jamais fora reconhecido e admitido. (p. 18). Ao retornar sobre o tema das três castrações na segunda parte de suas aulas, o autor diz que essa última corrente, se acontecesse, deveria acertar os ponteiros. (MILLER, 2011, p. 11). Miller (2009b) também fez um apontamento para a função do pai, tão presente no caso, distinguindo-o a partir das vertentes simbólico e imaginária. Não é a discussão sobre haver ou não pai. O autor aponta, pelo contrário, é que há uma multiplicidade de pais, mas a diferença se dá no fato de o pai ter ou não uma função simbólica, pacificadora. O Nome-do-Pai é a função, que sobre essa grande desordem e essa grande onda de angústias, exerce uma organização pacificadora da qual o pai merece a posição simbólica. Essa é, a esse respeito, a ambiguidade da função do pai. (p. 43). O autor ainda acrescenta: Estamos no cerne da questão de saber o que é para nós o Nome-do-Pai. De todo modo, o Nome-do-Pai só tem valor em relação ao pai imaginário ou às instâncias imaginárias. A função imaginária do falo está completamente presente nesse texto. Vemos um pai imaginário, cruel, devorador, quer dizer, uma versão catastrófica da castração. (MILLER, 2009b, p. 44) 21

10 Se localizarmos o caso supracitado nas figuras expostas neste artigo referentes ao nó borromeano, marcando a perspectiva do sinthoma como reforço do que pode estar disperso no nó, teríamos no pai enquanto imaginário, aquilo que necessita de amarração. Graciela Brodsky (2011) em um seminário que proferiu sobre as psicoses ordinárias, destaca que para que o nó exista como tal é preciso que se produza um enodamento (p. 76), ou temos uma falha e esta permite que algum anel se solte e então teríamos o desencadeamento da psicose. A autora marca que apesar da falha a psicose pode não desencadear, podendo haver uma reparação no erro, ou uma amarração estável ainda que sem o Nome-do-Pai. Lembramos que a perspectiva do quarto nó se estende para outras clínicas, não sendo exclusiva da psicose sendo que marca as formas de enodamento como a singularidade do sujeito. Temos então uma função simbólica pacificadora e essencial para as relações que o sujeito estabelece com o mundo. Nas nuances do caso O Homem dos Lobos as amarrações simbólicas ou suas ausências, trazem efeitos para o paciente de Freud no laço social. Destacamos a função de nomeação que fez com que, de alguma forma, ele se apropriasse do nome dado pelo fundador da psicanálise. Esse é um caso que inspira uma análise na atualidade. Lacan 2 sublinha em seu seminário sobre o Homem dos Lobos que ele é um personagem em que uma parte de seu drama é sua inserção, poderíamos dizer, desinserida 3 na sociedade. Assim, fazemos a alusão ao termo externalidade social empregado por Miller (2010) ao tratar das psicoses ordinárias, tirando proveito desse material clínico riquíssimo nos deixado por Freud. Considerações finais Após essa breve passagem pelas considerações teóricas que instigam a repensar a psicose e os laços sociais na atualidade, convidamos a refletir de forma mais contundente sobre como se pode articular o que supostamente parece um paradoxo. Assim, ao localizarmos na clínica de hoje a qual chamamos de orientada para o real, e fazer suas articulações com a paisagem social contemporânea, percebemos que estamos na era do excesso, e, é justamente com este que temos que lidar. O uso que podemos 2 Seminário inédito: O Homem dos Lobos. 1952, terceira aula, tradução livre. 3 Traduzido do espanhol: desinsertada. 22

11 fazer do que está em oferta, na sociedade do século XXI e o que pode o psicanalista recolher do que retorna desse resto na clinica da psicose? Estes desafios instigam-nos a um saber-fazer com os enlaçamentos daquilo que está desamarrado. Freud (1924/1986) no seu texto A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose traz de forma resumida as diferenças que estabeleceu nessas duas clínicas. Na ocasião o autor afirma que a neurose não desmente a realidade, se limita a não querer saber nada dela; a psicose a desmente e procura substituí-la. (tradução livre, p. 195). Mais adiante ele coloca que: à psicose se coloca a tarefa de procurar percepções que correspondam à nova realidade, o que se coloca em sua forma mais radical pela via da alucinação. (tradução livre, p ). Ora, se pensarmos que Freud está marcando neste ponto a alucinação como a forma mais radical de substituir a realidade, podemos com isso abrir precedentes para formas mais tênues de substituições, ou seja, podemos lançar mão de recursos na clínica que auxiliem esses sujeitos nas substituições que necessitam. No percurso histórico-clínico da psicose, Lacan nos indica as mutações que envolvem do conceito de Outro e Nome-do-Pai promovendo um novo passo em direção ao tratamento das psicoses. Destacamos as articulações fundamentais para o estudo sobre o laço social, uma vez que nesse momento teórico, Lacan se lança na teoria dos nós nó borromeano para, a partir daí, então, a elaboração do sinthoma apoiado em James Joyce. Sobre a amarração borromeana realizada por este escritor, temos a forma como o artista criou um saber-fazer com o sinthoma, o que significa utilizar um quarto elemento como instrumento de sutura para enlaçar o que estava desamarrado, vemos que o faz a partir de sua escrita. Valemos-nos desta mesma lógica para pensarmos o caso clássico freudiano do Homem dos Lobos, apoiados nos novos apontamentos de Jacques-Alain Miller (2009b). Nesse breve estudo, tentamos localizar o que assinalamos com Freud, como o mais radical na psicose e chegamos às psicoses ordinárias, com as quais encontramos maiores possibilidades de atrelar o incurável do sinthoma às ofertas de sentido oferecidas pelo Outro da cultura. Após essa contextualização, verificamos que a presença do analista e sua contribuição para a relação da psicose com o laço social pode ser a de recolher os restos daquilo que excede e seu uso no próprio retorno, aplicando-o na clínica. Do secretário ao bricoleur, o analista se oferece como suporte às novas formas de escrita de possíveis laços do sujeito psicótico no cenário da cultura. 23

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BESSET, V. (2004) A política e o dizer do analista. Latusa n. 9. Rio de Janeiro: EBP-Rio, pp BRODSKY, G. (2011) Loucuras discretas: um seminário sobre as chamadas psicoses ordinárias. Belo Horizonte: Scriptum Livros. BROUSSE, M-H. (2009) A psicose ordinária à luz da teoria lacaniana do discurso. Latusa Digital, ano 6, n. 38. Rio de Janeiro: EBP-Rio. Disponível em: CALDAS, H. (2010) O delírio no cotidiano do amor. Latusa Digital, ano 7, n. 42/43. Rio de Janeiro: EBP-Rio. Disponível em: COHEN, R. (2009) O corpo se goza. Latusa Digital, ano 6, n. 39. Rio de Janeiro: EBP-Rio. Disponível em: ESPINOZA, M; BESSET, V. (2009) Sobre laços, amor e discursos. Psicologia em Revista, V. 15, n. 2. Belo Horizonte: Puc Minas, pp FREUD, S. (1918/1986) De la historia de una neurosis infantil, in: Obras Completas de Sigmund Freud. Volume XV. Buenos Aires: Amorrortu editores, pp (1924/1986) La pérdida de realidad en la neurosis y la psicosis, in: Obras Completas de Sigmund Freud. Volume XIX. Buenos Aires: Amorrortu editores, pp GARCEZ, M.; COHEN, R. (2011) Ponderações sobre o tempo em psicanálise e suas relações com a atualidade. Psicologia em Revista. V17, N.3. Belo Horizonte: Puc Minas, p Disponível em: LACAN, J. ( /1988) O Seminário, livro 3: as psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.. ( /1992) O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.. (1972/2003) O Aturdito, in: Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, pp ( /2007) O Seminário, livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. MILLER. J-A. (2003) A invenção psicótica. Opção Lacaniana. São Paulo: Edições Eólia.. (2009a) La psicosis ordinária. Buenos Aires: Paidós.. (2009b) O Homem dos Lobos. Opção Lacaniana, nº 56/57. São Paulo: Edições Eolia, pp (2010) Efeito do retorno à psicose ordinária. Opção Lacaniana Online nova série, Ano 1 nº 3. Disponível em: (2011) O Homem dos Lobos (2ª parte). Opção Lacaniana, nº 59. São Paulo: Edições Eolia, pp VERAS, M. (2010) A loucura entre nós uma experiência lacaniana no país da saúde mental. Salvador: Aldeia Bahia Brasil. Recebido em maio de 2014 Aceito em maio de

AS DIREÇÕES DO TRATAMENTO NA CLÍNICA DA PSICOSE

AS DIREÇÕES DO TRATAMENTO NA CLÍNICA DA PSICOSE AS DIREÇÕES DO TRATAMENTO NA CLÍNICA DA PSICOSE Autoras: 1 BARRETO, Ellen Kelly Marinho; 2 FERNANDES, Regileide de Lucena; 3 LAVIERI, Maria Beatriz Ferreira; 4 MIGUEL, Isabelle Maria Duarte 1.1.Resumo

Leia mais

Histeria sem ao-menos-um

Histeria sem ao-menos-um Opção Lacaniana online nova série Ano 6 Número 17 julho 2015 ISSN 2177-2673 1 Angelina Harari Abordar o tema da histeria a partir da doutrina do UM tem como antecedente o meu passe, muito embora não se

Leia mais

A política do sintoma na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi

A política do sintoma na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi Opção Lacaniana online nova série Ano 2 Número 5 Julho 2011 ISSN 2177-2673 na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi 1. A política e a clínica A saúde mental é definida

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas BARROS, R. do R. O Sintoma enquanto contemporâneo. In: Latusa, n. 10. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Psicanálise Seção Rio, 2005, p. 17-28. COTTET, S. Estudos clínicos.

Leia mais

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Sobre o incurável do sinthoma Ângela Batista * "O que não entendi até agora, não entenderei mais. Graciela Brodsky Este trabalho reúne algumas questões discutidas

Leia mais

As psicoses ordinárias na perspectiva borromeana 1

As psicoses ordinárias na perspectiva borromeana 1 Opção Lacaniana online nova série Ano 8 Número 24 novembro 2017 ISSN 2177-2673 na perspectiva borromeana 1 Angélica Cantarella Tironi O termo psicose ordinária foi inventado por Jacques- Alain Miller como

Leia mais

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA?

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? ROSELI MARIA RODELLA DE OLIVEIRA rrodella@gmail.com A proposta deste trabalho é explicar o sintoma de incompreensão da matemática. Ela está inspirada em uma

Leia mais

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Opção Lacaniana online nova série Ano 1 Número 2 Julho 2010 ISSN 2177-2673 : uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Introdução Nesse trabalho, proponho-me a falar

Leia mais

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 A clínica do sintoma em Freud e em Lacan Ângela Batista * O sintoma é um conceito que nos remete à clínica, assim como ao nascimento da psicanálise. Freud o investiga

Leia mais

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas 98 Referências Bibliográficas ALBERTI, S. Esse Sujeito Adolescente. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 1999. APOLINÁRIO, C. Acting out e passagem ao ato: entre o ato e a enunciação. In: Revista Marraio.

Leia mais

O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES

O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA PSICOSE: O SECRETÁRIO DO ALIENADO E SUAS IMPLICAÇÕES Roberto Lopes Mendonça O tratamento da psicose: impasses iniciais No trabalho clínico com a psicose, torna-se cada vez

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ABREU, T. Perversão generalizada. In: Agente: Revista digital de psicanálise da EBP-Bahia, n. 03. Salvador: EBP-Bahia, 2007. Disponível em: .

Leia mais

Psicanálise e Saúde Mental

Psicanálise e Saúde Mental Psicanálise e Saúde Mental Pós-graduação Lato Sensu em Psicanálise e Saúde Mental Coordenação: Drª Aparecida Rosângela Silveira Duração: 15 meses Titulação: Especialista em Psicanálise e Saúde Mental Modalidade:

Leia mais

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Política do medo versus política lacaniana Mirta Zbrun* Há três sentidos possíveis para entender a política lacaniana 1. Em primeiro lugar, o sentido da política

Leia mais

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES 2014 Matheus Henrique de Souza Silva Psicólogo pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Clínica

Leia mais

Incurável. Celso Rennó Lima

Incurável. Celso Rennó Lima 1 Incurável Celso Rennó Lima Em seu primeiro encontro com o Outro, consequência da incidência de um significante, o sujeito tem de lidar com um incurável, que não se subjetiva, que não permite que desejo

Leia mais

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 (Pontuações do livro de Collete Soler A Psicanálise na Civilização ) Sonia Coelho 2 Lendo essa afirmativa Os trabalhos artísticos não são produtos

Leia mais

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Pontuações sobre o tratamento do corpo na psicanálise * Márcia Zucchi ** Gostaríamos de discutir, um pouco, as relações entre o que a psicanálise acolhe como índices

Leia mais

Latusa digital N 12 ano 2 março de Sinthoma e fantasia fundamental. Stella Jimenez *

Latusa digital N 12 ano 2 março de Sinthoma e fantasia fundamental. Stella Jimenez * Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Sinthoma e fantasia fundamental Stella Jimenez * A palavra sinthoma aparece na obra de Lacan relacionada às psicoses, quando ele toma James Joyce como seu exemplo

Leia mais

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Imaginário, Simbólico e Real Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Roteiro: 1) Breve relato sobre a primeira concepção de inconsciente em Freud - o corte epistemológico.

Leia mais

O estatuto do corpo no transexualismo

O estatuto do corpo no transexualismo O estatuto do corpo no transexualismo Doris Rinaldi 1 Lacan, no Seminário sobre Joyce, assinala a estranheza que marca a relação do homem com o próprio corpo, relação essa que é da ordem do ter e não do

Leia mais

PSICOSE. Organização: Carmen Silvia Cervelatti, Kátia Ribeiro, Luciana Rabelo, Eliane Costa Dias e Niraldo dos Santos.

PSICOSE. Organização: Carmen Silvia Cervelatti, Kátia Ribeiro, Luciana Rabelo, Eliane Costa Dias e Niraldo dos Santos. 3 a Reunião da Seção Epistêmica da CLIPP PSICOSE Articulada com o tema do Curso de Psicanálise, a 3ª Reunião Epistêmica contou com uma Bibliografia básica e atualizada de publicação (textos, artigos e

Leia mais

Mesa Redonda: a psicose de Freud a Lacan

Mesa Redonda: a psicose de Freud a Lacan Mesa Redonda: a psicose de Freud a Lacan Título do trabalho: A escrita de Joyce e a suplência na psicose Autor: Maria Lídia Oliveira de Arraes Alencar Na década de 70, Lacan estabelece a Clínica Borromeana,

Leia mais

Componente Curricular: Psicoterapia I Psicanálise Professor(a): Dalmir Lopes Período: 8º TURNO: Noturno Ano:

Componente Curricular: Psicoterapia I Psicanálise Professor(a): Dalmir Lopes Período: 8º TURNO: Noturno Ano: CRÉDITOS Componente Curricular: Psicoterapia I Psicanálise Professor(a): Dalmir Lopes Período: 8º TURNO: Noturno Ano: 2015.2 TOTAL DE AULAS(h/a) CARGA HORÁRIA ATIVIDADES EM ESPAÇOS DIVERSIFICADOS CARGA

Leia mais

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Cássia Fontes Bahia O termo significante está sendo considerado aqui em relação ao desdobramento que pode tomar em um plano mais simples e primeiro

Leia mais

7 Referências Bibliográficas

7 Referências Bibliográficas 81 7 Referências Bibliográficas ARRIVÉ, M. Linguagem e psicanálise: lingüística e inconsciente. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1999. BAUMAN, Z. Vida líquida. (2009). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

Leia mais

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo Sandra Freiberger Porto Alegre, 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO: INTERVENÇÃO

Leia mais

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Prof. Dr. Mario Eduardo Costa Pereira PROGRAMA - Io. SEMESTRE Março/2014 14/03/2014 CONFERÊNCIA INAUGURAL : Contextualização do seminário

Leia mais

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1 O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da Arlete Mourão 2 identificação 1 Na formação do analista, o lugar e a função do estudo da psicanálise são conseqüências lógicas da

Leia mais

Considerações sobre as psicoses ordinárias: categoria clínica ou epistêmica?

Considerações sobre as psicoses ordinárias: categoria clínica ou epistêmica? Opção Lacaniana online nova série Ano 8 Número 24 novembro 2017 ISSN 2177-2673 1 Luiz Mena Parto de uma afirmação de Miller 2 com relação à psicose ordinária, na qual o sintagma psicose ordinária seria

Leia mais

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 APRESENTAÇÃO O Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana- IPLA trabalhará neste ano de 2009 a atualidade clínica dos quatro conceitos fundamentais

Leia mais

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3.

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1 Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. 1 Ensaio teórico embasado numa pesquisa empírica segundo atendimentos realizados na Clínica de Psicologia

Leia mais

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana O amor e a mulher O que une os seres é o amor, o que os separa é a Sexualidade. Somente o Homem e A Mulher que podem unir-se acima de toda sexualidade são fortes. Antonin Artaud, 1937. Daniela Goulart

Leia mais

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura)

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) Arlete Mourão Essa frase do título corresponde à expressão utilizada por um ex-analisando na época do final de sua análise.

Leia mais

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 15 novembro 2014 ISSN 2177-2673 e o amor no real Gresiela Nunes da Rosa Diante da constatação de que o menino ou o papai possui um órgão fálico um tanto quanto

Leia mais

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor?

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Rita de Cássia dos Santos Canabarro 1 Eros e Ananke são, segundo Freud (1930/1987), os pais da civilização. De um lado, o amor foi responsável por reunir

Leia mais

A CLÍNICA DO EXCESSO; OU A CLÍNICA DO AMOR EM JACQUES LACAN

A CLÍNICA DO EXCESSO; OU A CLÍNICA DO AMOR EM JACQUES LACAN Edital de inscrição Psicanálise 2008 Estão abertas as inscrições para o Corpo de Formação em Psicanálise, do IPLA Instituto da Psicanálise Lacaniana, 2008 INSTITUTO DA PSICANÁLISE LACANIANA CORPO DE FORMAÇÃO

Leia mais

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 A transferência e o gozo mudo do sintoma Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros * O ponto de partida de minha questão é a dimensão da transferência que não se apóia

Leia mais

3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos.

3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos. 3) Interrogações sobre a Ética da Psicanálise na Clínica com Pacientes Psicóticos. Yzabelle dos Anjos Almeida (IP-UERJ), Rita Maria Manso de Barros (IP-UERJ) Resumo: Este trabalho pretende tratar da ética

Leia mais

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Sofrimento e dor no autismo: quem sente? Sofrimento e dor no autismo: quem sente? BORGES, Bianca Stoppa Universidade Veiga de Almeida-RJ biasborges@globo.com Resumo Este trabalho pretende discutir a relação do autista com seu corpo, frente à

Leia mais

PROJETO AIMEE: A CLÍNICA DA PSICOSE E SEU EFEITO NO SOCIAL

PROJETO AIMEE: A CLÍNICA DA PSICOSE E SEU EFEITO NO SOCIAL PROJETO AIMEE: A CLÍNICA DA PSICOSE E SEU EFEITO NO SOCIAL Autoras: 1 BARRETO, Ellen Kelly Marinho; 2 FERNANDES, Regileide de Lucena; 3 LAVIERI, Maria Beatriz Ferreira; 4 MIGUEL, Isabelle Maria Duarte

Leia mais

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN 2177-2673 1 Paola Salinas Este texto visa clarear algumas indagações a respeito do fenômeno psicossomático a partir da noção de sinthome

Leia mais

Pontuações sobre a psicose atual

Pontuações sobre a psicose atual Eliane Mussel da Silva Pontuações sobre a psicose atual Eliane Mussel da Silva Resumo Proponho neste artigo estabelecer alguns elementos teóricos que permitam pensar nas psicoses atuais com suas experiências

Leia mais

O AMOR NA PSICOSE. fórmulas da sexuação, entre o homem e a mulher. Já na articulação amor / suplência 3 o sujeito

O AMOR NA PSICOSE. fórmulas da sexuação, entre o homem e a mulher. Já na articulação amor / suplência 3 o sujeito O AMOR NA PSICOSE Nancy Greca de Oliveira Carneiro 1 A doutrina da foraclusão generalizada faz ver que há para o sujeito, e não apenas para o psicótico, um objeto indizível, o que estende a foraclusão

Leia mais

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 1 Trabalho apresentado no Simpósio de Intersecção Psicanalítica do Brasil. Brasília, 2006. Trabalho Publicado no livro As identificações

Leia mais

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2 CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST Fernanda Correa 2 1 Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia 2 Aluna do Curso de Graduação

Leia mais

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA?

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Anais do V Seminário dos Alunos dos Programas de Pós-Graduação do Instituto de Letras da UFF AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Amanda Andrade Lima Mestrado/UFF Orientadora:

Leia mais

Latusa digital ano 4 N 30 setembro de 2007

Latusa digital ano 4 N 30 setembro de 2007 Latusa digital ano 4 N 30 setembro de 2007 O uso do objeto * Marie-Hélène Brousse ** O uso do objeto, este título é um duplo convite: para enfatizar a iniciativa do analisando e, ao mesmo tempo, empenhar

Leia mais

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE Pauleska Asevedo Nobrega Assim como na Psicanálise com adultos, as entrevistas preliminares na psicanálise com crianças, sustentam um tempo

Leia mais

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 O tema da identificação é vasto, complexo e obscuro. Talvez por isso Lacan a ele se refira como a floresta da identificação. Embora

Leia mais

Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005

Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Sinthoma e identificação Lenita Bentes Ondina Machado * Abordaremos alguns aspectos do tema de nossa oficina, que dá título ao texto, através de dois pequenos escritos.

Leia mais

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Gabriella Valle Dupim da Silva Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia(PPGP/UFRJ)/Bolsista CNPq. Endereço: Rua Belizário Távora 211/104

Leia mais

Drogas no sócio educativo: um alívio para a internação

Drogas no sócio educativo: um alívio para a internação Drogas no sócio educativo: um alívio para a internação Robson Duarte 1 Este trabalho destina-se a abordar um aspecto do uso de drogas por parte de adolescentes cumprindo medida sócio educativa de privação

Leia mais

REFLECTIONS ABOUT THE JACQUES ALAIN MILLER TEXT: EFFECT OF RETURN TO ORDINARY PSYCHOSIS

REFLECTIONS ABOUT THE JACQUES ALAIN MILLER TEXT: EFFECT OF RETURN TO ORDINARY PSYCHOSIS Título: Reflexões sobre o texto de Jacques-Alain Miller: efeito de retorno à psicose ordinária Autor: Thiago Ferreira de Borges - Doutorando em Filosofia pela UFMG, professor do Centro Universitário de

Leia mais

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n o 8

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n o 8 Almanaque On-line entrevista Cristina Drummond 1 1) Almanaque On-line: Você tem-se dedicado bastante ao tema que perpassa as discussões no âmbito da Associação Mundial de Psicanálise e que vem representado

Leia mais

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Maria Isabel Fernandez Este título extraí do seminário...ou pior, livro 19, de Jacques Lacan, especificamente do capítulo III, intitulado

Leia mais

OS QUATRO DISCURSOS DE LACAN E O DISCURSO DA CIÊNCIA: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS

OS QUATRO DISCURSOS DE LACAN E O DISCURSO DA CIÊNCIA: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS OS QUATRO DISCURSOS DE LACAN E O DISCURSO DA CIÊNCIA: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS Henrique Riedel Nunes Miguel Fernandes Vieira Filho Daniel Franco Abordaremos aqui algumas das diversas relações entre

Leia mais

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN:

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN: Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p. 1-152 2018 ISSN: 23594063 Copyrigtht 2018 by ATO - escola de psicanálise Comissão da Revista

Leia mais

Famílias sintomáticas

Famílias sintomáticas Opção Lacaniana online nova série Ano 4 Número 10 março 2013 ISSN 2177-2673 1 Fabian Fajnwaks O desejo de formar família encontrou uma espécie de interpretação na resposta recente de nossos governantes:

Leia mais

Latusa digital ano 3 Nº 26 dezembro de 2006

Latusa digital ano 3 Nº 26 dezembro de 2006 Latusa digital ano 3 Nº 26 dezembro de 2006 A neo-transferência * Maria Angela Maia ** Em primeiro lugar chama a atenção o termo neo-transferência desenvolvido pela Seção clínica de Angers na Convenção

Leia mais

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina O corpo e os objetos (a) na clínica dos transtornos alimentares Lázaro Elias Rosa Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina Com este título, nomeamos o conjunto de nossos trabalhos, bem como o rumo

Leia mais

A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO

A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO Este trabalho é um recorte do projeto de iniciação científica (PIBIC) Estruturas Clínicas e Discurso: a neurose, no qual trabalhamos o texto do Seminário XVII: O Avesso

Leia mais

Stabilization and social ties in psychosis in the context of Psychosocial Care Centers - CAPS

Stabilization and social ties in psychosis in the context of Psychosocial Care Centers - CAPS Estabilização e Laço Social na psicose no contexto dos Centros de Atenção Psicossocial CAPS Stabilization and social ties in psychosis in the context of Psychosocial Care Centers - CAPS Ana Paula Santos

Leia mais

AMOR SEM LIMITES: SOBRE A DEVASTAÇÃO NA RELAÇÃO MÃE E FILHA E NA PARCERIA AMOROSA

AMOR SEM LIMITES: SOBRE A DEVASTAÇÃO NA RELAÇÃO MÃE E FILHA E NA PARCERIA AMOROSA AMOR SEM LIMITES: SOBRE A DEVASTAÇÃO NA RELAÇÃO MÃE E FILHA E NA PARCERIA AMOROSA Fernanda Samico Küpper Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Leia mais

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Arlete Mourão 1 Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Por Arlete Mourão Simpósio de São Luís Setembro de 2004 Com esse título, trago para discussão a delicada

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas Referências bibliográficas BARTHES, R. (1980) A Câmera Clara. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1984. BARROS, R. R. (2004 a) O medo, o seu tempo e a sua política. In: A política do medo e o dizer

Leia mais

OS ESCRITOS DE JOYCE NOS "ESCRITOS" DE LACAN 1

OS ESCRITOS DE JOYCE NOS ESCRITOS DE LACAN 1 OS ESCRITOS DE JOYCE NOS "ESCRITOS" DE LACAN 1 Rachel Rangel Bastos 2 Inúmeros psicanalistas e estudiosos da psicanálise vêm questionando por que Joyce? Muitos têm expressado opiniões e formulado reflexões

Leia mais

Almanaque on-line entrevista Patrício Alvarez, Diretor do VI ENAPOL.

Almanaque on-line entrevista Patrício Alvarez, Diretor do VI ENAPOL. Almanaque on-line entrevista Patrício Alvarez, Diretor do VI ENAPOL. A insensatez do sintoma: os corpos e as normas será o tema de trabalho da Seção Clínica do Instituto, neste semestre. Sua escolha se

Leia mais

O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO

O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO Camila Lage Nuic Psicóloga, aluna da pós-graduação do curso de Saúde Mental e Psicanálise do Centro Universitário Newton Paiva (Brasil) Email:

Leia mais

Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1

Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1 Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1 Antonia Claudete A. L. Prado Este trabalho surgiu de questões relativas à demanda de tratamento de pacientes provenientes do

Leia mais

Entrevista com Taciana Mafra Revista Antígona, Na sua opinião, como se dá a formação de um psicanalista?

Entrevista com Taciana Mafra Revista Antígona, Na sua opinião, como se dá a formação de um psicanalista? Entrevista com Taciana Mafra Taciana de Melo Mafra - Psicanalista, membro fundadora do Toro de Psicanálise em Maceió, editora da Revista Antígona, autora dos livros Um Percurso em Psicanálise com Lacan,

Leia mais

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado,

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado, O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO Liliana Marlene da Silva Alves Sérgio Scotti O ato psicanalítico é fonte de interrogação e instrumento de autorização para todo aquele que se propõe seguir uma prática

Leia mais

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG 1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG Disciplina: Conceitos Fundamentais A 1º sem. 2018 Ementa: O curso tem como principal objetivo o estudo de conceitos

Leia mais

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1 MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO Sara Guimarães Nunes 1 1. Aluna Especial do Mestrado em Psicologia 2016.1, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tipo de Apresentação: Comunicação

Leia mais

O gozo, o sentido e o signo de amor

O gozo, o sentido e o signo de amor O gozo, o sentido e o signo de amor Palavras-chave: signo, significante, sentido, gozo Simone Oliveira Souto O blá-blá-blá Na análise, não se faz mais do que falar. O analisante fala e, embora o que ele

Leia mais

Instituto Trianon de Psica nálise

Instituto Trianon de Psica nálise T I P Instituto Trianon de Psica nálise www.instituto-trianon.com.br itp@instituto-trianon.com.br Tel: 3253.9163-3289.7083 Escuta e interpretação na sessão analítica Antonia Claudete A. L. Prado. A interpretação

Leia mais

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi O presente trabalho tem a intenção de discutir os impasses

Leia mais

Resumo de Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia, do Departamento de Humanidades e Educação da UNIJUÍ 2

Resumo de Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia, do Departamento de Humanidades e Educação da UNIJUÍ 2 ENTRE CORTES E AMARRAÇÕES: CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS SOBRE AUTOMUTILAÇÃO/CUTTING NA ADOLESCÊNCIA 1 BETWEEN CUTS AND MOORINGS: PSYCHOANALYTIC CONSIDERATIONS ABOUT SELF-MUTILATION/CUTTING IN ADOLESCENCE

Leia mais

PROGRAMA ANUAL PROGRAMA ANUAL

PROGRAMA ANUAL PROGRAMA ANUAL ANUAL PROGRAMA PROGRAMA 2013 ANUAL PROGRAMAÇÃO IPB TERCA-FEIRA 12 DE MARÇO 19H. ABERTO AO PÚBLICO AULA INAUGURAL - Do Atual ao Original Responsável: Analícea Calmon (Diretora do Instituto de Psicanálise

Leia mais

O AMOR NAS PSICOSES ORDINÁRIAS

O AMOR NAS PSICOSES ORDINÁRIAS 1 O AMOR NAS PSICOSES ORDINÁRIAS Angélica Cantarella Tironi 1 Cláudia Henschel de Lima 2 Marcia Mello de Lima 3 A prática cotidiana do psicanalista aponta a necessidade de reavaliar o diagnóstico diferencial

Leia mais

Latusa digital ano 6 N 38 setembro de 2009

Latusa digital ano 6 N 38 setembro de 2009 1 Latusa digital ano 6 N 38 setembro de 2009 A psicose ordinária do ponto de vista borromeano * Pierre Skriabine ** Vou tentar abordar aqui a psicose ordinária do ponto de vista topológico. Não posso evitar

Leia mais

Passes e impasses na transmissão 1

Passes e impasses na transmissão 1 Passes e impasses na transmissão 1 Miriam A. Nogueira Lima 2. Resumo Este texto apresenta alguns comentários para estimular o debate sobre o tema institucional Fracassos na transmissão da parte interna

Leia mais

essencial para a estrutura a foraclusão do Nome-do-Pai. Contudo, para que haja o

essencial para a estrutura a foraclusão do Nome-do-Pai. Contudo, para que haja o PÔSTER 24 O corpo e o laço social nas psicoses ordinárias (The body and the social bond in ordinary psychoses ) Helen de Araújo Linhares (Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.), Cleide

Leia mais

ESTRATÉGIAS PSICANALÍTICAS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PSICOSE

ESTRATÉGIAS PSICANALÍTICAS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PSICOSE ESTRATÉGIAS PSICANALÍTICAS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA PSICOSE Anna Luzia de Oliveira Maria Cristina Maia de Oliveira Fernandes A psicose na clínica lacaniana. Jacques Lacan, psiquiatra e psicanalista

Leia mais

DESEJO DE ANALISTA. Ana Lúcia Bastos Falcão 1. O x da questão

DESEJO DE ANALISTA. Ana Lúcia Bastos Falcão 1. O x da questão DESEJO DE ANALISTA Ana Lúcia Bastos Falcão 1 O x da questão O desejo do analista sempre acompanhado de uma questão é o próprio x da questão. Tratando-se de escolha de profissão, carreira... O importante

Leia mais

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa Objetivo Investigar a Alienação e Separação, conceitos fundamentais para entender: CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SUBJETIVIDADE EIXOS DE ORGANIZAÇÃO

Leia mais

PERGUNTANDO A LACAN: TEM INCONSCIENTE NAS PSICOSES?

PERGUNTANDO A LACAN: TEM INCONSCIENTE NAS PSICOSES? PERGUNTANDO A LACAN: TEM INCONSCIENTE NAS PSICOSES? Sonia Coelho 1 Durante um longo tempo, acreditei que o conceito de inconsciente não cabia em se tratando de Psicose. Fiz algumas leituras do Seminário

Leia mais

PESQUISA-INTERVENÇÃO E PSICANÁLISE

PESQUISA-INTERVENÇÃO E PSICANÁLISE 673 PESQUISA-INTERVENÇÃO E PSICANÁLISE MARCIA MÜLLER GARCEZ é Mestranda do Instituto de Psicologia UFRJ; Bolsista CAPES. E-mail: marcia.mgarcez@gmail.com. RUTH HELENA PINTO COHEN é Professora Adjunta da

Leia mais

PsicoDom, v.1, n.1, dez

PsicoDom, v.1, n.1, dez PsicoDom, v.1, n.1, dez. 2007 13 Resenha do livro Categorias Conceituais da Subjetividade Jorge Sesarino 1 Fabio Thá, conhecido nome da psicanálise em Curitiba, foi um dos pioneiros no estudo da obra de

Leia mais

Latusa Digital ano 1 N 6 junho de 2004

Latusa Digital ano 1 N 6 junho de 2004 Latusa Digital ano 1 N 6 junho de 2004 Desenha aí, ô ou a anorexia epistêmica Angela Folly Negreiros * Os que praticam a psicanálise já devem ter recebido em seu consultório sujeitos que passaram pela

Leia mais

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n o 5

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n o 5 Considerações sobre a passagem ao ato, o acting-out e o crime Maria José Gontijo Salum Resumo: Estudo dos atos encontrados na clínica com infratores. Para isso, os conceitos lacanianos de passagem ao ato

Leia mais

DESCRIÇÃO DE DISCIPLINA

DESCRIÇÃO DE DISCIPLINA DESCRIÇÃO DE DISCIPLINA NOME DA DISCIPLINA - PROFESSOR CÓDIGO Psicanálise e educação Cristiana Carneiro EDF 003 EMENTA Freud e o inconsciente, a constituição do psíquico e a relação desta com a constituição

Leia mais

CHILDREN ADRIFT: REFLECTIONS ON THE CONSTRUCTION, REVIEW OF CASES AND TRANSMISSION OF PSYCHOANALYSIS

CHILDREN ADRIFT: REFLECTIONS ON THE CONSTRUCTION, REVIEW OF CASES AND TRANSMISSION OF PSYCHOANALYSIS Título: Crianças à deriva: reflexões sobre a construção, o comentário de casos e a transmissão da psicanálise Autora: Jeannine Narciso - Psicanalista, responsável pelo Núcleo de Psicanálise e Saúde Mental

Leia mais

Latusa digital ano 2 N 19 outubro de 2005

Latusa digital ano 2 N 19 outubro de 2005 Latusa digital ano 2 N 19 outubro de 2005 Ato e angústia * Vera Lopes Besset** Interroguei-os muitas vezes sobre o que convém que seja o desejo do analista para que o trabalho seja possível ali onde nós

Leia mais

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais: Almanaque On-line, n 21

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais: Almanaque On-line, n 21 A CURA PELO AMOR OU O AMOR PELA CURA Resumo: O texto visa trabalhar a questão do amor na experiência analítica, a saber, suas incidências clínicas na transferência. O aspecto libidinal envolvido na escolha

Leia mais

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

NORMAS DE PUBLICAÇÃO NORMAS DE PUBLICAÇÃO Normas de Publicação As normas de publicação da Revista da ATO deverão estar de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), obedecendo à seguinte estrutura: Apresentação

Leia mais

VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de

VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de 2012 www.rio2012if-epfcl.org.br rio2012ifepfcl@gmail.com PRELÚDIO 2: SE FAZER NO REAL, CLÍNICA E ÉTICA. Carmen Gallano

Leia mais

Alguns termos em francês não foram ainda traduzidos e algumas abreviaturas idem. Alguns de vocês poderão fazê-lo...

Alguns termos em francês não foram ainda traduzidos e algumas abreviaturas idem. Alguns de vocês poderão fazê-lo... Caros colegas, A título de fornecer algum material para um início dos trabalhos a serem desenvolvidos por todos aqueles que desejarem trabalhar a partir do tema de nossas próximas Jornadas O sonho e a

Leia mais

Resenha. Considerações sobre a teoria lacaniana das psicoses*

Resenha. Considerações sobre a teoria lacaniana das psicoses* Resenha Considerações sobre a teoria lacaniana das psicoses* SOUZA LEITE, M. P. Questões preliminares à psicanálise de psicóticos, Palestra. Iª Semana de Psicanálise. Novembro-1987, PUC-SP (www.marciopeter.com.br).

Leia mais

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA?

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? Maurício Eugênio Maliska Estamos em Paris, novembro de 1968, Lacan está para começar seu décimo sexto seminário. Momento

Leia mais