Latusa digital ano 2 N 19 outubro de 2005

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1 Latusa digital ano 2 N 19 outubro de 2005 Ato e angústia * Vera Lopes Besset** Interroguei-os muitas vezes sobre o que convém que seja o desejo do analista para que o trabalho seja possível ali onde nós tentamos levar as coisas além do limite da angústia. 1 No momento em que abordamos o tratamento da angústia, uma questão relativa à formação do analista se sobressai: a das relações entre o ato do analista e a angústia. Ao longo do ensino de Lacan encontramos algumas indicações sobre o tema que, ao menos à primeira vista, parecem contraditórias. Algumas delas podem nos fazer concluir que o ato do analista deve inspirar-se na angústia. Outras autorizam-nos a supor que os atos inspirados na angústia são o acting-out e a passagem ao ato e, em nenhuma hipótese, o ato analítico. Vejamos. No Seminário X, no capítulo intitulado O que não engana, Lacan sublinha as relações entre a ação, a angústia e a certeza. Referindo-se à neurose obsessiva, afirma que a dúvida é feita para combater a angústia: É que se trata de evitar aquilo que, na angústia, se sustenta por uma terrível certeza 2. Prossegue: Penso que aí vocês me param para me lembrar que já avancei * Apresentado em 26/09/2005, na III Noite Preparatória para o XV Encontro Brasileiro do Campo Freudiano que será realizado em Salvador, 12 a 14 de novembro de ** Analista praticante AP. Membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP). 1 LACAN, J. Le Séminaire, Livre X: L angoisse. Paris: Seuil, 2004, p LACAN, J., op. cit., p. 92 (tradução da autora) 1

2 mais de uma vez, sob forma de aforismos, que qualquer atividade humana se realiza na certeza, ou ainda, que ela engendra a certeza, ou, de modo geral, que a referência da certeza é essencialmente a ação. Bem, sim, evidentemente. E é justamente o que me permitirá introduzir agora que é talvez à angústia que a ação toma de empréstimo sua certeza 3. Explicita, logo depois: agir é realizar uma transferência de angústia. 4 Tem-se delineada, desse modo, uma relação entre o agir e a transferência de angústia, entre a ação e uma certeza tomada de empréstimo à angústia, entre a ação e uma certeza que se engendra a partir dela. No entanto, como entender o ato analítico como uma ação, sem considerá-lo no escopo do que Lacan denomina qualquer atividade humana? Não seria necessário, nesse caso, supor a esse ato, um sujeito? Nada nos parece mais distante da proposta de Lacan quanto à formação do analista. Prossigamos. Ao afirmar que a sessão analítica deve ser asséptica quanto ao que concerne à angústia do analista 5. Lacan indicaria uma relação de exclusão entre o ato do analista e a angústia? No Seminário VIII: A transferência, ao abordar a angústia em sua relação com o desejo, ele afirma que o analista deve recusar sua angústia ao sujeito 6. Podemos pensar que, se há recusa, é porque há demanda 7. Mas, de que demanda tratar-se-ia aí? Lembremos que, nesse momento, Lacan aborda a angústia a partir do especular ao mesmo tempo em que, fiel a Freud, propõe a angústia como um sinal no eu. Assim, assinala que se, na experiência analítica, o analista se coloca no lugar de especularidade, frente ao sujeito que fala e demanda, e a 3 Idem, ibidem. 4 Idem, p LACAN, J. Le Séminaire, Livre VIII: Le transfer. Paris: Seuil, 1991, p A análise deve ser asséptica no que concerne vossa angústia. 6 Idem, p Agradeço a Elza Freitas, com quem coordeno o Seminário sobre a Direção do tratamento da EBP-Rio, essa pontuação precisa, por ocasião da discussão sobre as relações da angústia com o fazer do analista. 2

3 partir desse lugar responde como eu, dará para o sujeito o sinal de angústia. É dessa recusa que se trata, então. Mas, como entender, nesse contexto, a afirmação de Lacan: agir é arrancar à angústia sua certeza 8. Pode-se, apressadamente, argumentar que ele faz referência ao agir e não ao ato. No entanto, por vezes ele se refere à ação como ato. Quem nos ajuda a avançar nesse ponto é Graciela Brodsky 9, que assinala as diversas posições de Lacan sobre o ato, partindo do estudo do Seminário XV. A autora mostra que Lacan, no início de seu ensino, considera o ato interpretável, tal como Freud, assim como o ato falho e o ato sintomático. Nesse sentido, o ato valeria pelas coordenadas simbólicas que o determinam. Mais tarde, no Seminário XV: o ato analítico, Lacan afirma que o ato é sem sujeito e sem Outro. No que concerne o analista, que não comparece como sujeito na cena analítica, parece-nos coerente considerar que, em seu ato, por uma exigência da lógica da experiência 10, ele não se endereça ao Outro. Essa disjunção entre o ato, o sujeito e o Outro é abordada por J.-A. Miller pela via das relações do ato com o saber e com o significante, no âmbito do Curso de Orientação Lacaniana 11. Nesse momento, considera: Primeiro erro filosófico e psicológico: crer que a informação determina a decisão. Não é nada disso. O saber e o ato são duas dimensões distintas. Continua, ressaltando a relação entre o saber e a dúvida: Na ordem do saber a certeza é rara, ela só se obtém localmente, em construções lógicas sempre artificiosas. Saber é essencialmente, duvidar. Sublinha, nesse ponto, a dimensão de engano do significante: O significante é uma realidade eminentemente enganosa, uma realidade de aparência, é o que explica Lacan em A angústia, é sempre o que pode enganar e, por outro lado, é o que confere valor à angústia. Então, se o 8 LACAN, J. Le Séminaire, Livre X, op. cit., p BRODSKY, G. Short Story, os princípios do ato analítico. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, Manoel Barros da Motta sublinha a esse propósito que se trata aí de uma determinação clínica. 11 MILLER, J.-A. Curso de Orientação Lacaniana ( ), Pièces détachée. Inédito, aula XIII, 6/4/

4 ato é sem sujeito e sem Outro, encontra-se igualmente em disjunção com o saber, que é da ordem do significante. Essa distinção entre saber e ato parece aproximar o ato da angústia. O que não se sustenta, entretanto, se observamos a proposta de Lacan, no Seminário X, ao apresentar o Quadro da angústia. 12 Inibição Impedimento Embaraço Emoção Sintoma Passagem ao ato Comoção Acting-out Angústia Nele, faz coincidir o lugar do desejo com o da inibição, alojando aí o ato. Ato que se encontraria, segundo ele, numa relação polar com a angústia. É interessante situarmos, no mesmo quadro, o ato como diametralmente oposto à angústia, assim como em posições distintas à do acting-out e à da passagem ao ato: Ato Inibição (desejo) Impedimento Embaraço Emoção Sintoma Passagem ao ato Comoção Acting-out Angústia No entanto, se o ato analítico não se inspira na angústia, é importante lembrar que ele pode engendrá-la. Para avançar nesse ponto, é preciso incluir nesse estudo a dimensão do tempo. Sobretudo em função da prática das sessões curtas e do uso do corte. No Curso Pièces détachées, J.-A. Miller afirma, falando sobre o ato analítico: Na ordem da ação, vocês verão o que estou pensando, o ato é condenado a dever antecipar sobre sua certeza. Explicita a 12 LACAN, J. Le Séminaire, Livre X, op.cit., p

5 referência ao tempo lógico, da certeza antecipada, fazendo um contraponto com o campo da ciência, pois esta busca ser previsível, usar o saber como previsível. O que marca uma ação como ato, é o fato de se dar em um instante, como Graciela Brodsky explicita, retomando um exemplo de Lacan, o da travessia do Rubicão. Essa ação, em si mesma, não representa um ato, mesmo de bravura, posto que se trata de um simples riacho, que se pode atravessar sem maiores dificuldades 13. Trata-se de um ato porque houve uma mudança em César, que antes de atravessá-lo era um soldado da República e, após fazê-lo, tornou-se um rebelde, inimigo da República. Isso indica que o ato se dá num instante e opera uma mudança. Além das coordenadas simbólicas que o determinam, o ato tem uma dimensão temporal que não é a da duração. Sobre isso, trago o fragmento de um caso clínico que me foi relatado recentemente. Um sujeito reluta em continuar seu tratamento alegando, entre outras coisas, o interesse na oferta de cura da TCC. Finalmente, ao cabo de um tempo de resistências, hesitação, declara ter decidido por fim a seus encontros com a analista, em função do sucesso do mesmo na resolução dos problemas que originaram sua demanda de tratamento. No instante seguinte à comunicação de sua decisão, ouve da analista: Até a semana que vem! Trata-se de uma intervenção que não se fundamenta em um saber, um saber científico, em uma reflexão: Eu só ouvi o que disse quando vi sua fisionomia de espanto. A manutenção do tratamento, como conseqüência, indica uma relação desta ação com um desejo inédito, que Lacan nomeou desejo do analista. Sobre a especificidade do ato analítico, gostaria ainda de trazer uma reflexão de J.-A. Miller, relacionando ato e poesia, quando descreve a poesia como uma permissão de não falar claro 14. Trata-se de uma permissão, esclarece, que a linguagem dá ao poeta, de fazer uma disjunção, de fazer valer o lapso poético 13 No filme Roma, de Frederico Fellini, é possível ver, logo nas primeiras cenas, um grupo de crianças, orientado por dois adultos, dar início à travessia do Rubicão. 14 MILLER, J.-A. Curso de Orientação Lacaniana ( ), Les us du lapsus. Inédito, aula de 8/12/

6 entre a palavra e a coisa. Observa que o uso poético da linguagem é um uso desviante e que esse desvio demanda uma autorização implícita. Lembra que é preciso que haja um consentimento do leitor e que os textos se julguem também pelo que fazem sentir, pelo efeito que produzem. Assinala que o que se passa na análise não é diferente. Nela, há um uso desviante da linguagem: na análise também há um certo lapso que não é o lapso poético, é o lapso psicanalítico, o lapso freudiano. Explicita: é um desvio do uso normal da linguagem, e esse desvio deve ser autorizado e é essa autorização dada pelo analista que Lacan chama de ato psicanalítico, é também a permissão de não falar claro, é a permissão de dizer qualquer coisa, as bobagens e o resto. É a permissão também, talvez obrigação, de não fazer arte. Não se trata de fazer algo acabado, não se trata de um trabalho para produzir algo estético, bonito. Podemos nos perguntar se é uma autorização dada ao analista ou pelo analista 15. É possível tentar responder, a partir de Lacan, que o ato analítico, estrito senso, é o ato em que o analista, ele mesmo, se autoriza analista. Lacan diz que desse ato temos horror e por isso nos esquecemos dele. O passe é feito para que nos lembremos como isso ocorre. J.-A. Miller afirma que essa é a razão pela qual Lacan fala do ato como um aparelho de semblante que tenta tocar o real: Dito de outro modo, o ato analítico tem afinidades essenciais com o semblante, os atos somente são possíveis num aparelho de semblante e é uma exceção, o ato analítico, evidentemente, ele também, tem seu aparelho de semblante, mas que de todo modo, com esse aparelho de semblante, ele tenta tocar o real. Foi por isso que Lacan disse que há um horror ao ato analítico, é porque o real que se trata de tocar suscita o horror. Normalmente, ele não suscita o amor 16. Justamente por isso, o ato do analista que autoriza o início de uma análise depende da transferência, esse amor necessário à abordagem contingente do real em jogo em uma análise. 15 Questão formulada por Fernanda Dias, a quem agradecemos, durante o debate dessa atividade preparatória. 16 MILLER, J.-A., op. cit., aula de 26/01/

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