UMA ANÁLISE DAS TESES E DISSERTAÇÕES NO PORTAL DA CAPES: A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM FOCO 1
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- Nicolas Alencar Sequeira
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1 UMA ANÁLISE DAS TESES E DISSERTAÇÕES NO PORTAL DA CAPES: A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM FOCO 1 Mary Ellen Silva Santos Angélica Marcelino Diana Araújo Souza Nathália Araújo Patrícia Alves Ivania Reis 2 RESUMO Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no banco de teses do Portal da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), tendo por objetivo realizar um levantamento das pesquisas realizadas no período de 2000 a 2005, em Educação especial, cujo foco fosse a deficiência mental. A análise do conteúdo apreendido mostrou que há uma maior incidência de trabalhos em nível de mestrado, sendo os temas mais investigados foram a inclusão e o processo de aprendizagem. Além disto, observou-se que há uma maior incidência de pesquisas na área da educação. Esta pesquisa justifica-se por fornecer uma visão do modo como se produz o conhecimento na área de Educação especial, bem como as demandas e necessidades neste campo. 1 Este texto é fruto das discussões e da pesquisa realizada na disciplina optativa na área de Educação Especial. 2 Graduandas do curso de Pedagogia da UFRRJ. 1
2 1. Introdução Com a Lei nº.9394 de 1996, que estabeleceu as diretrizes e bases para a Educação Nacional, a educação de pessoas com necessidades especiais ficou assegurada, preferencialmente em escolas do ensino regular. No período de 1998 a 2005, foi registrado, pela Secretaria de Educação Especial, um aumento expressivo no número de matriculas de pessoas com deficiência mental em escolas regulares. Porém, não há dados sobre a situação educacional destes estudantes nem se freqüentaram salas comuns ou especiais do ensino regular (ANACHE & MITJÁNS, 2006). Como esses sujeitos se inseririam neste mundo onde se privilegia a normalidade em contraposição à anormalidade? Diante desta pergunta, pesquisadores dedicaram-se a estudar a trajetória escolar dos deficientes no ensino regular, sua inserção no mercado de trabalho, sua relação com o corpo e sua subjetividade acreditando que estudos nestas áreas poderiam contribuir para o trabalho com as pessoas com deficiência. Nesta direção merece destacar as palavras de Fonseca (1995): Nos nossos dias o direito de ser diferente é também visto como um direito humano, que passa naturalmente pela análise crítica dos critérios sociais que impõem à reprodução e a preservação de uma sociedade [...] baseada na lógica da homogeneidade e em normas de rentabilidade e eficácia, que tendem facilmente a marginalizar e a segregar quem não acompanha as exigências e os ritmos sofisticados. No período de 2000 a 2005 houve um significativo aumento no número de pesquisas em Educação Especial, que pode ser explicado pelas lutas pelos Direitos Humanos em âmbito internacional e nacional, após a Ditadura Militar e a expansão dos programas de Pós-Graduação no Brasil (ANACHE & MITJÁNS, 2006). Tomando como referência o exposto, neste trabalho objetivamos apresentar os resultados de um levantamento feito no banco de teses do Portal 2
3 da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sobre a Educação Especial, no período de 2000 a Ênfase especial será dada aos estudos que abordam o tema da deficiência mental, com o objetivo de fornecer uma visão da produção nesta área, que segundo Anache e Mitjáns (2006) ainda não possui um número expressivo. 2. Resultados e discussões No total foram analisados 47 resumos, sendo 38 dissertações de mestrado e 9 teses de doutorado. O gráfico abaixo sintetiza as informações. O gráfico abaixo apresenta como houve variações no número de trabalhos produzidos entre 2000 e 2005: Gráfico nº 1: Dados sobre teses e dissertações no período de 2000 a Dissertações Teses Com relação aos temas mais abordados, em linhas gerais, no período que compreendeu o ano de 2000, os trabalhos concernentes à temática da deficiência mental buscaram por fazer pesquisas documentais que tratavam da inserção dos deficientes nas práticas sociais tendo em vista as discussões 3
4 sobre inclusão destas pessoas, fomentando preocupações e inquietudes no campo da pesquisa. Observa-se que uma parte das pesquisas buscou apoiar-se em autores com Vygotsky e Michel Pêcheux, que tratam respectivamente da interação dos sujeitos e a relação que se estabelece com os outros e refletem sobre os sujeitos com deficiência num mundo que as exigências da contemporaneidade, imediatismo nas relações sociais exigem dos sujeitos múltiplas habilidades e os que não conseguem acompanhar esse ritmo ficam a margem como espectadores e não como autores. Porém, cabe ressaltar que a maior parte dos resumos analisados não apresentava referencia ao aporte teórico utilizado. No ano de 2001, as pesquisas no campo da deficiência priorizaram por refletir como as políticas públicas de Educação para todos e a inclusão dos deficientes no ensino regular se operacionalizaria dentro da escola. Como incluir esses sujeitos tendo em vista as recomendações das diretrizes para a Educação Especial descrita na LDB? Frente a esta indagação, pesquisadores buscaram analisar a trajetória desses alunos fazendo pesquisas etnográficas, entrevistas para ver como são as relações dos deficientes com os outros alunos, professores e seu desempenho escolar no processo de ensino aprendizagem. Em 2002, as pesquisas se dedicaram a pensar a relação mãe e filho de crianças portadoras de alguma deficiência, enfatizando os aspectos familiares, sua aceitação. Os trabalhos também buscaram rever o processo de escolarização desses alunos trazendo a luz como essas pessoas se incorporariam nos novos desafios da educação numa perspectiva inclusiva. Para tal os estudos fizeram pesquisa com crianças psicóticas, autistas e com síndrome de Down dentro de um contexto escolar inclusivo. Neste período, as pesquisas voltaram seu olhar para o fracasso escolar desses alunos, a relação do professor neste processo onde as exigências são muitas e os recursos para lidar com esses alunos eram considerados insuficientes e por vezes inadequados, haja vista que nem todos os professores e escolas estavam preparados para atender as especificidades desses alunos. Outro objeto de estudo foi à assiduidade de doenças visuais em crianças com deficiência mental. 4
5 No ano seguinte, as pesquisas sobre deficiência ainda tinham como objeto de discussão questões sobre o deficiente dentro da escola e os desafios que se seguem. Todavia, os estudos eram mais propositivos. Alguns descreveram o acompanhamento terapêutico desses alunos no processo de inclusão. Em uma outra pesquisa a temática da inclusão permeava as proposições, porém ateve-se em buscar estratégia de integração dos jovens e adultos com algum tipo de deficiência dentro da escola. Outro tema de pesquisa tratou das práticas pedagógicas do professor com alunos portadores de algum tipo de deficiência e como a sua prática se torna de suma importância no papel de facilitadora para integrar o aluno no ambiente escolar e na promoção da autonomia. As pesquisas deste período fixaram-se em termos gerais no estudo da inclusão de pessoas com deficiência dentro da escola. Merece destacar uma pesquisa que partiu do pressuposto desses alunos adultos em média como 32 anos de idade dentro de sala de aula se relacionando com os conteúdos específicos da matemática, os números, O pesquisador buscou por relacionar esses conteúdos com o cotidiano dos alunos e projetou como trabalhar nesta perspectiva e como esses conhecimentos seriam relevantes para esses alunos. Outro tema em voga foram os rearranjos que a educação teria que pensar para tratar com alunos com deficiência severa dentro da escola. Já em 2004 a temática da inclusão permeava as pesquisas, porém os espaços de inclusão não ficaram somente no campo da educação, buscou-se olhar a inclusão para além dos espaços escolares no mercado de trabalho e a profissionalização e capacitação desses indivíduos com algum tipo de deficiência. Sobre este assunto há nas pesquisas analisadas, um estudo de caso de um curso de hotelaria oferecido pelo Senac e analisou seu currículo para ver os conteúdos e seus referencias filosóficos fariam possível a inclusão dos alunos com deficiência. Em 2005 a temática da inclusão continuou a dar tom nas pesquisas, em um dos estudos buscou-se analisar como a escola lida com comportamentos inadequados e a produtividade em pessoas com deficiência mental ou múltipla em um ambiente escolar cujo norteador de suas práticas deveria ser a inclusão e facilitação de ambientarão desses sujeitos dentro da escola. Duas pesquisas trataram da questão do uso da informática: uma delas propôs o uso de um 5
6 programa informatizado de reconhecimento de fala. A outra dissertou sobre como o uso da informática pode ser um mecanismo de democratização de acesso dos alunos com necessidades especiais ao ensino regular. Uma das pesquisas falou do processo de apropriação da escrita e para tal faz um estudo de caso para ver como esse processo de decodificação se dá em pessoas com deficiência. Em relação às áreas de conhecimento, no ano de 2000 foram realizadas 8 pesquisas, 70 % delas focaram na área de Educação, (dentre as quais, 10 % na área de Psicologia da Educação), 10% em Ciências do Movimento, e 20 % em Lingüística. Posteriormente, em 2001, foram realizadas 8 pesquisas, sendo que 70 % das pesquisas se voltaram para a área da Educação (dentre as quais, 10 % em Psicologia da Educação e 20 % em Educação Especial), 10 % em Ciências do Movimento, e 20% em Lingüística. Já no ano de 2002, 90 % das pesquisas realizaram-se na área da Educação, (dentre as quais, 10 % em Educação nas Ciências, e 10% em Educação Especial) e 10 % apenas em Psicologia do Desenvolvimento. Em 2003 foram feitas nove pesquisas, nas quais foram constatadas 80 % das pesquisas na área de Educação, (dentre as quais, 30 % em Educação Especial), e 20% em Psicologia. Em 2004, realizaram-se 10 pesquisas, 70 % se voltaram para a área da Educação, (na quais 10 % foram na área de Educação Especial) 10 % em Hospitalidade, e 20% em Psicologia. Já no ano de 2005, foram realizadas sete pesquisas, 80 % das pesquisas focaram na área da Educação, (desses, 20 % em Educação Especial, e 10 % em Educação Escolar) enquanto que 10 % focaram na Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, e 10 % em Psicologia. As pesquisas analisadas em sua grande maioria eram qualitativas, havendo algumas que mesclavam dados quantitativos e qualitativos. O estudo de caso apareceu em boa parte dos trabalhos, seguido pela pesquisa-ação. A metodologia empregada ficou distribuída conforme o quadro abaixo, porém a grande maioria das pesquisas não mencionou a metodologia empregada. Gráfico nº 2: Metodologias empregadas nas pesquisas 6
7 Estudo de caso Observação Coleta de dados Entrevista Questionário Pesquisa bibliográfica 3. Considerações finais Conclui-se com esse panorama das pesquisas feitas no ano de 2000 a 2005 que a temática da inclusão dos deficientes no ensino regular permeou as discussões, ora tratando de questões pontuais, como esse processo se daria dentro da escola, outras vezes sugerindo caminhos que facilitassem a interação social e desenvolvimento escolar desses alunos, usando como referencial teórico, sobretudo Vygotski. Podemos acrescentar também que dentro das práticas de inclusão escolar, são apontados como temas das pesquisas também: a inclusão destes alunos na Educação de Jovens e Adultos e suas diferentes esferas; a relação destes deficientes e suas necessidades a fim de promover o ingresso desta parcela da população. Destacou- se também as relações entre pais, professores e a inclusão de alunos com deficiência mental, em como ressignificar suas relações sociais e formação identitária, repensando as práticas de inclusão. Importante destacar nesse processo o uso de novas tecnologias a fim de promover a inclusão e 7
8 cidadania principalmente nos casos de pessoas com síndrome de Down e deficiência mental. Por fim podemos assinalar o avanço dos estudos na área de Educação Especial, visto que puderam ser encontrados diversos estudos que buscaram compreender as dificuldades dos profissionais que trabalham com deficientes, suas interelações, construções identitárias, a relação entre pais alunos e professores, bem como formas de repensar as práticas pedagógicas a fim de promover a inclusão e a permanência destes alunos na escola regular. Bibliografia ANACHE, Alexandra Ayach e MITJÀNS, Albertina. Deficiência menrtal e produção cintífica na base de dados da CAPES: o lugar da aprendizagem. NUNES, Leila Regina D.P.; FERREIRA, Júlio R. e MENDES, Enicéia G.Teses e dissertações sobre educação especial: os temas mais investigados. FONSECA, Vitor da. Educação Especial. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
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