UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA. José Alderir da Silva

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA José Alderir da Silva Desindustrialização no Brasil: teorias e evidências para o debate. Natal (RN) 2014

2 Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Setorial do NEPSA / CCSA Silva, José Alderir da. Desindustrialização no Brasil: teorias e evidências para o debate / José Alderir da Silva. Natal, RN, f. Orientador: Prof. Dr. André Luís Cabral Lourenço Dissertação (Mestrado em Economia Regional) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-graduação em Economia. 1. Economia Dissertação. 2. Economia industrial Dissertação. 3. Indústria brasileira Desaceleração Dissertação. 4. Indústria Crescimento econômico Dissertação. 5. Desindustrialização Dissertação. I. Lourenço, André Luís Cabral. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BS CDU (813.2)

3 José Alderir da Silva Desindustrialização no Brasil: teorias e evidências para o debate. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia na área de concentração Economia Regional. Orientador: Prof. Dr. André Luís Cabral de Lourenço Natal (RN) 2014

4 José Alderir da Silva Desindustrialização no Brasil: teorias e evidências para o debate. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia na área de concentração Economia Regional. BANCA EXAMINADORA Natal, 24 de Outubro de 2014

5 Aos meus pais, Acildo (Dudu) e Ozanita, sempre presentes na minha vida. Cujo esforço, sacrifício e objetivos são sempre na perspectivas de lhes proporcionarem uma vida melhor. Minha fonte de superação.

6 AGRADECIMENTOS A Deus, por sempre me dar forças e colocar pessoas certas no meu caminho. Que toda honra e glória seja dada ao meu Deus. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por viabilizar minha formação, não apenas profissional, mas também pessoal. E à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro durante a vigência do mestrado. Agradeço aos meus professores que são os grandes responsáveis pelo meu amadurecimento intelectual desde graduação. Em especial, ao meu orientador, André Lourenço, por aceitar a orientação e pela forma competente, que conduziu a realização deste trabalho, contribuindo de maneira significativa para a qualidade do mesmo. Além disso, quero agradecer pelos conselhos valiosos extra-acadêmicos, que serviram de guia para minhas decisões. À minha esposa, Cleonice, pelo amor, carinho, paciência, compreensão e incentivo desde a graduação que foram fundamentais para o meu êxito neste momento especial. Aos meus pais, Acildo (Dudu) e Ozanita, pessoas mais que especiais na minha vida. A minha mãe, obrigado pelas orações, pois sei que Deus sempre esteve cuidando de mim. Meu pai, meu primeiro companheiro de trabalho, ainda me lembro das madrugadas que o senhor me acordava para ir trabalhar nas feiras livres. Sem saber o que é uma simples lei da oferta e da demanda foi meu primeiro professor de economia e acima de tudo, me preparou para a vida. Hoje, um filho de pedreiro e de uma dona de casa se torna mestre em economia, mas o meu maior orgulho é ser filho de vocês dois. Ao meu pai e minha mãe, uma simples frase: amo muito vocês.

7 Não se glorie o sábio de sua sabedoria, o forte de sua força, o rico de sua riqueza, mas se glorie em conhecer o Senhor (Jeremias 9:23).

8 RESUMO Este estudo tem por objetivo contribuir com evidências para embasar o debate acerca de uma possível desindustrialização da economia brasileira, com ênfase no período pós O debate teve início em finais da década de 1980, contudo, recentemente a desaceleração da indústria ganhou força nas discussões do meio acadêmico. Entre as principais teses nesse debate está a novo-desenvolvimentistas que acredita na desindustrialização precoce causada principalmente pela sobreapreciação cambial. Contudo, parte da heterodoxia acredita que a desaceleração da indústria esteja mais relacionada com a taxa de investimento do que do câmbio. Não obstante, segundo a tese ortodoxa, a perda de competitividade devido ao custo elevado de produção pode ter causada a desindustrialização no Brasil. Por outro lado, parte da ortodoxia não acredita que o país esteja se desindustrializando, mas está ocorrendo uma convergência da indústria brasileira à média mundial. Assim, na tentativa de lançar luz sobre esse debate, o presente estudo busca identificar as razões da desaceleração da indústria brasileira, enfatizando aspectos pouco explorados na literatura, e tentar definir se o país padece ou não de um processo de desindustrialização. Ao analisar diversos indicadores, sobretudo, em nível de quantum, encontramos fortes indícios de que a desaceleração da indústria brasileira pode ser caracterizada como uma desindustrialização, porém ainda insuficiente para qualificar como precoce, dada a perda de participação da produção física na produção total e o aumento da participação dos bens primários na pauta de exportação. Palavras-chave: Desindustrialização, Estrutura Produtiva, Indústria de Transformação.

9 ABSTRACT This study aims to contribute with evidence to reinforce or not the thesis of a possible deindustrialization of the Brazilian economy, with emphasis on period after The debate began in the late 80s, however, recently the industry deceleration gained strength in discussions academic. Between the main theses in this debate is the new-development that believes in precocious deindustrialization caused primarily by overvaluation exchange rate. However, part of heterodoxy believes the industry downturn is more related to the rate of investment than the exchange rate. Nevertheless, according to the orthodox thesis the loss of competitiveness due to the high cost of production may have caused the de-industrialization in Brazil. On the other hand, part of Orthodoxy does not believe that the country is deindustrializing it, but is occurring convergence of Brazilian industry the world average. Thus, in an attempt to shed light on this debate, this study intends to identify the reasons for the deceleration of the Brazilian industry, emphasizing aspects underexplored in the literature and define whether or not the country suffers a process of deindustrialization. When analyzing various indicators, especially the quantum level we find strong indications that the deceleration of the Brazilian industry can be characterized as a deindustrialization, though still insufficient to qualify as precocious, given the loss of share in physical production in total output and the share of primary goods in the export basket. Keywords: De-industrialization, Production Structure, Manufacturing Industry.

10 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Valor adicionado a preços básicos: Setores da economia (% PIB): Brasil, Figura 2: Razão entre o PIB per capita PPC do Brasil e dos Estados Unidos (%) e valor adicionado a preços básicos (% PIB) da indústria de transformação: Figura 3: Taxa de Câmbio Real Efetiva (média 2006) e Índice de Preços Geral das commodities (média 2002) média móvel (12 meses): Brasil, Figura 4: Saldo em Transações Correntes (STC) e Saldo da Conta de Capital e Financeira (CCF) média móvel (12 meses) US$: Brasil, Figura 5: Produtividade do trabalho na indústria de transformação % (PF/PO e PF/HT): Brasil, Figura 6: Participação da indústria de transformação no PIB (valor adicionado mundial e Brasil): Figura 7: Taxa de crescimento da Formação Bruta de Máquinas e Equipamentos (FBME), do Valor Adicionado da indústria de transformação (VA) e do PIB: Brasil, Figura 8: Razão entre os deflatores setoriais com o deflator do PIB: Brasil, (1970=1) Figura 9: Deflator agropecuário/deflator PIB e participação da agropecuária no VA total: (1970=1) Figura 10: Deflator indústria/deflator PIB e participação da indústria no VA total: Brasil, (1970=1) Figura 11: Deflator serviços/deflator PIB e participação dos serviços no VA total: Brasil, (1970=1) Figura 12: Participação da produção física agropecuária na produção física total: Brasil, (2013=1) Figura 13: Participação da produção física dos serviços na produção física total: Brasil, (2013=1) Figura 14: Participação da produção física da indústria geral na produção física total: Brasil, (2013=1) Figura 15: Participação da produção física da indústria de transformação na produção física total: (2013=1) Figura 16: Participação do Investimento no Investimento Total da Indústria de Transformação segundo intensidade tecnológica (%):Brasil, Figura 17: Índice de Gini-Hirschmann (IGH - Emprego) Indústria de Transformação: Brasil, Figura 18: Índice de Gini-Hirschmann (IGH - VA) Indústria de Transformação: Brasil, Figura 19: Exportações participação por intensidade tecnológica (%):Brasil, Figura 20: Participação nas Exportações por fator agregado (% dos preços básicos) média móvel (12 meses): Brasil, Figura 21: Participação nas Exportações por fator agregado (% - quantum) média móvel (12 meses): Brasil, Figura 22: Importações participação por intensidade tecnológica (%):Brasil, Figura 23: Participação das importações por categoria de uso (média móvel 12 meses valor): Brasil, Figura 24: Participação das importações por categoria de uso (média móvel 12 meses quantum): Brasil, Figura 25: Grau de maquiladora da indústria de transformação (média móvel 12 meses quantum- ano base ): Brasil,

11 Figura 26: Índices de Produção Física Industrial e do Comércio Varejista (média móvel 12 meses - ano base 2000): Brasil, Figura 27: Nível dos Coeficientes de Penetração das Importações e Exportações da indústria de transformação (%) e Taxa de Câmbio Real Efetiva (média 2005=100): Brasil, Figura 28: Participação da Balança Comercial nas Exportações e Taxa de Câmbio Real Efetiva TCRE (média = 2006): Brasil, Figura 29: Alta e Média-alta intensidade (% exportações) e TCRE: Brasil, Figura 30: Média-baixa e Baixa intensidade (% exportações) e TCRE: Brasil, Figura 31: Produtos industriais e Não-industriais (% exportações) e TCRE: Brasil,

12 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Participação do emprego formal setorial no emprego total (%): Brasil, Tabela 2: Evolução do Emprego Setorial no Brasil: Tabela 3: Valor adicionado na indústria de transformação por intensidade tecnológica: Brasil, Tabela 4: Composição do emprego na indústria de transformação por intensidade tecnológica: Brasil, Tabela 5: Produtividade do trabalho na indústria de transformação por intensidade tecnológica: Brasil, Tabela 6: Exportações por intensidade tecnológica (US$ milhões): Brasil, Tabela 7: Importações por intensidade tecnológica (US$ milhões): Brasil, Tabela 8: Balança Comercial por intensidade tecnológica (US$ milhões) e por produtos industriais e não industriais: Brasil, Tabela 9: Índice de encadeamentos para frente da indústria no período 1995 a 2009 (forward linkage) Tabela 10: Índice de encadeamentos para trás da indústria brasileira no período de 1995 a 2009 (backward linkage) Tabela 11: Crescimento e Efeitos sobre o crescimento do produto (%):Brasil, Tabela 12: Decomposição desagregada dos efeitos das relações de insumo-produto (%): Brasil,

13 13 LISTA DE SIGLAS BCG Boston Consulting Group BLS Bureau of Labor statistics CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CCF Conta de Capital e Financeira CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNI Confederação acional da Indústria FBME Formação Bruta de Máquinas e Equipamentos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDE Investimento Direto Estrangeiro IGN Índice de Gini-Hirschmann IHH Índice de Hirschmann-Herfindahl IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ISIC International Standard Industrial Classification MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMC Organização Mundial do Comércio P&D Pesquisa e Desenvolvimento PIB Produto Interno Bruto PME Pesquisa Mensal do Emprego PNAD Pesquisa Mensal por Amostra de Domicílio PPC Paridade do Poder de Compra SNC Sistema de Contas Nacionais STC Saldo em Transações Correntes TCRE Taxa de Câmbio Real Efetiva TI Tecnologia da Informação TIC Tecnologia da Informação e Comunicação UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development VA Valor Adicionado

14 14 SUMÁRIO RESUMO... 8 LISTA DE SIGLAS INTRODUÇÃO REVISITANDO O CONCEITO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO E DOENÇA HOLANDESA: causas, debate e definições CONCEITOS FUNDAMENTAIS DESINDUSTRIALIZAÇÃO: perda relativa do emprego industrial DESINDUSTRIALIZAÇÃO: perda relativa do valor adicionado DESINDUSTRIALIZAÇÃO: Natural e Precoce DOENÇA HOLANDESA (Dutch Disease) TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: estrutura produtiva e crescimento econômico Crescimento e Estrutura Produtiva na Teoria Comercial: dos clássicos ao Teorema de Heckscher-Ohlin Evolução da Teoria Clássica Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico na Teoria do Comércio Internacional de acordo com o modelo Heckscher-Ohlin Estrutura produtiva e Crescimento Econômico na Nova Teoria do Comércio Internacional Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico na Teoria Heterodoxa Economias de escala, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: semelhanças e contraposições entre Krugman e Kaldor DESINDUSTRIALIZAÇÃO EM DEBATE: teses e equívocos no caso da economia brasileira A Desindustrialização no Brasil e os Novos-Desenvolvimentistas A Desindustrialização na Perspectiva Ortodoxa e a Contrapartida Novo- Desenvolvimentista Outras Teses sobre o Processo de Desindustrialização no Brasil DESMISTIFICANDO A DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA: contribuindo com o Debate Críticas aos indicadores usuais da desindustrialização Análise intraindústria do processo de desindustrialização Desindustrialização e os indicadores internos Desindustrialização e os indicadores externos Uma análise da desindustrialização através da matriz insumo-produto Efeitos de Encadeamentos para frente e para trás da indústria brasileira CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

15 15 INTRODUÇÃO O presente estudo tem por objetivo principal analisar as principais causas de uma possível desindustrialização no Brasil, sobretudo, no período pós Desde a crise da dívida, nos anos 1980, alguns autores (GONÇALVES, 2000; MARQUETTI, 2002) têm destacado que o país passa por um processo de desindustrialização. Contudo, recentemente esse debate ganhou força na imprensa e no meio acadêmico. Essa ênfase maior no período recente se deve à queda brusca na participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, redução da participação do emprego industrial no emprego total, maior participação das commodities nas exportações e ao aumento das importações de bens manufaturados. Nesse sentido, a teoria heterodoxa acredita que a indústria tem papel fundamental para o crescimento, sendo considerada o motor do crescimento econômico 1. Portanto, o governo não apenas pode como deve realizar políticas setoriais. Assim, o enfraquecimento da indústria seria prejudicial ao crescimento econômico de longo prazo. No entanto, a desindustrialização é inerente ao desenvolvimento econômico, podendo ser dividido em três fases. Inicialmente a agricultura concentra maior participação em termos de emprego e produto nos totais nacionais. Mas conforme sua produtividade aumenta o setor industrial tende a ganhar destaque, aumentando sua participação relativa na renda em relação à agricultura e os serviços. Em seguida, o setor industrial cede espaço ao de serviços, dado que em algum momento a participação dos serviços supera a participação da indústria no PIB. Esta terceira fase é o que se conhece como desindustrialização natural, conotação de sucesso econômico. Todavia, espera-se que o país nessa situação possua uma estrutura produtiva moderna e diversificada, com produtividade relativamente alta e suficiente para evitar problemas de balanço de pagamentos, além de uma renda per capita semelhante à dos países desenvolvidos 2. No entanto, o termo desindustrialização também possui uma conotação negativa (desindustrialização precoce). Isto é, a desindustrialização pode ocorrer antes que sua estrutura produtiva esteja modernizada e diversificada, de modo que a renda per capita ainda não tenha alcançado níveis satisfatórios, similares as dos países desenvolvidos. Essa perda relativa da indústria pode ser identificada a partir de dois conceitos de desindustrialização difundidos na literatura. Rowthorn & Ramaswany (1999) definiu-a como 1 Vide Kaldor (1967). 2 Vide Rowthorn & Ramaswany (1987) e Tregenna (2009).

16 16 sendo a queda persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país (ou região). Tregenna (2009) definiu a desindustrialização como a redução consistente tanto da participação do emprego como do valor adicionado da indústria no emprego total e no PIB, respectivamente. Segundo dados do IBGE (2014), no Brasil tanto o emprego quanto o valor adicionado da indústria perderam participações relativas. Portanto, a desaceleração da indústria é evidente. Contudo, o debate em torno da desindustrialização para o caso da economia brasileira encontra-se distante de um consenso. Alguns autores, sobretudo novos desenvolvimentistas, argumentam que a desindustrialização se deve à taxa de câmbio sobreapreciada, à liberação comercial e financeira, à taxa de juros elevada e principalmente à ausência de uma estratégia de desenvolvimento no país (PALMA, 2007; LOURES, OREIRO & PASSOS, 2006; BRESSER-PEREIRA, 2008; BRESSER-PEREIRA & MARCONI, 2009; OREIRO & FEIJÓ, 2010; MARCONI & ROCHA 2012). Contudo, outros autores, sobretudo ortodoxos, não acreditam que o país esteja se desindustrializando 3 e argumentam que a indústria brasileira na verdade passa por um processo de modernização favorecido pelo câmbio apreciado, constituindo o reflexo das políticas neoliberais dos períodos anteriores, garantindo ao país um desenvolvimento sustentável (NAKAHODO & JANK, 2006; NASSIF, 2008; SCHWARTSMAN, 2009; SOARES & TEIXEIRA, 2010; SQUEFF, 2012). Outros ortodoxos recentemente admitem um processo de desindustrialização precoce, cujas causas se encontram mais nos custos relativos à mão de obra do que na apreciação cambial (ALMEIDA, 2012; PASTORE, 2012; BACHA, 2013). Um terceiro grupo de autores caracteriza a desaceleração da indústria brasileira como um ajuste à média mundial. O Brasil estava sobreindustrializado nos anos 1970, devido às diversas políticas de industrialização, sendo que a perda de participação da indústria no PIB não seria considerada desindustrialização, mas uma correção do excesso de peso da indústria brasileira dos períodos anteriores (BONELLI & PESSOA, 2010; BONELLI & MATOS, 2012; BONELLI & PINHEIRO, 2012). Além desses autores, Serrano e Summa (2011) argumentam que a desaceleração nos últimos anos está relacionada com o nível de investimento privado, principalmente em máquinas e equipamentos. 3 Nas palavras de Barros (2006), a opinião dos ortodoxos sobre a desindustrialização pode ser resumida pela expressão Who cares?, isto é, E daí?.

17 17 Todavia, os argumentos citados acima apresentam alguns equívocos. Primeiro, tendo o valor adicionado uma relação direta com os preços e as quantidades produzidas, a desindustrialização pode estar sendo equivocadamente derivada de uma maior deterioração dos termos de troca industriais, e não da redução relativa na produção física industrial. Segundo, sendo a indústria de transformação um setor muito heterogêneo, o conjunto de subsetores industriais pode reagir de forma diferenciada em relação aos indicadores tradicionais da desindustrialização. Muitos subsetores concorrem em preços e, portanto, o câmbio tem provocado a sua queda do valor adicionado em relação ao PIB. Porém, muitos subsetores competem via outros fatores (como, por exemplo, tecnologia) e, assim, o câmbio pouca influência tem sobre seu desenvolvimento. Por outro lado, o alto custo para qualificar a mão de obra aliado com a expectativa dos empresários de recuperação da economia brasileira, leva-os a reduzir as horas de trabalho e o emprego pouco qualificado. Quando a economia recupera-se, essas horas de trabalho voltam ao normal e novas contratações ocorrem na indústria. Portanto, por um lado a redução do emprego industrial pode ser de caráter estatístico, mas também pode ser apenas cíclico, de modo que a afirmação da tese de desindustrialização precoce não se sustenta. Por essas razões, com base apenas no valor adicionado e na análise agregada da indústria de transformação não podemos afirmar, ao contrário do que os diversos autores têm argumentado, que o país passe por um processo de desindustrialização precoce. É preciso um minucioso estudo que analise a desaceleração da indústria brasileira em termos de quantum, separando o efeito preço do das quantidades e ao mesmo tempo busque identificar em cada subsetor industrial a tese da desindustrialização. Dificuldade ainda maior se tem quando se analisa essa tese sobre os dois indicadores tradicionais. Podemos encontrar subsetores que apresentam redução da participação do valor adicionado, mas não do emprego, que pode até estar aumentando e vice-versa. De modo que a tese da desindustrialização se afirma pelo lado do valor adicionado, mas não pelo lado da participação do emprego. Não obstante, buscando superar essa dificuldade empírica e contribuir com o diagnóstico do processo de desindustrialização para a economia brasileira, o presente estudo tenta identificar as razões dessa desaceleração da indústria brasileira, enfatizando aspectos pouco explorados na literatura, e tentar definir se o país padece ou não de um processo de desindustrialização precoce. Parte-se da hipótese de que a economia brasileira parecer seguir um processo de desindustrialização, que foi agravado no final da última década e em meados deste último decênio, entretanto ainda é difícil caracterizá-la como precoce, uma vez que não ocorreu no

18 18 período em estudo uma regressão da estrutura produtiva do país. Todavia, na ausência de políticas que revertam esse quadro, os riscos são evidentes para a economia brasileira. Ao analisar diversos indicadores internos e externos desagregados por intensidade tecnológica e a nível de quantum, além de uma pequena análise da indústria de transformação via matriz insumo-produto, observou-se que embora a redução da participação relativa da indústria de transformação seja menor em termos físicos, os dados mostram alguns possíveis sintomas de uma desindustrialização precoce. Por outro lado, a análise por intensidade tecnológica não corrobora com esse processo 4. Porém, a tese de desindustrialização se torna mais realista quando considerados os indicadores externos, dado o ganho de participação dos bens intensivos em recursos naturais na pauta de exportação e ganho de bens intermediários na pauta de importação. Sua principal consequência desse processo pode estar relacionada com uma mudança perversa na estrutura produtiva brasileira e, portanto, gerando expectativas de um baixo crescimento a médio e longo prazos. Diante do contexto abordado nesta introdução, este trabalho está organizado em mais cinco capítulos. No primeiro capítulo será exposta uma revisão da literatura a respeito do conceito de desindustrialização, abordando a base teórica por trás de cada definição, para em seguida definir um conceito mais apropriado para o caso brasileiro. Na segunda seção, abordaremos a teoria do comércio internacional na perspectiva ortodoxa e heterodoxa com o objetivo de identificar a importância de uma estrutura produtiva moderna para o crescimento econômico. A terceira seção abre espaço para as teses e equívocos existentes no debate brasileiro em torno da desindustrialização no país. Já a quarta seção mostra uma análise ampla da indústria de transformação que permite conclusões mais pormenorizadas e acuradas sobre o processo de desindustrialização no Brasil. E, por fim, as considerações finais. 4 Porém, essa análise pode estar sendo influenciada pelo efeito preço, uma vez que os dados considerados estão em valor adicionado. Além disso, dada a disponibilidade de dados, a análise não considera os anos pós-2009.

19 19 1. REVISITANDO O CONCEITO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO E DOENÇA HOLANDESA: causas, debate e definições. Neste capítulo tem-se por objetivo tratar os conceitos difundidos na literatura específica como: desindustrialização natural e precoce, assim como o conceito de doença holandesa, centrais para a discussão do caso brasileiro. A discussão de cada conceito de desindustrialização será imprescindível. Inicialmente (item 1.1) apresentamos cada conceito para em seguida visitarmos o debate acadêmico (item 1.2 e 1.3) em torno de seus processos de construção. A discussão destes dois itens, 1.2 e 1.3, será interessante para entender as questões em torno da importância de uma indústria moderna na promoção do crescimento econômico que serão discutidas no segundo capítulo. As ramificações do conceito de desindustrialização (item 1.4) e a discussão do conceito, clássico e contemporâneo, de doença holandesa (item 1.5) também tem sua relevância, uma vez que existe um debate intenso na literatura nacional (terceiro capítulo) de que a economia brasileira tenha se desindustrializado precocemente, e cuja causa tenha sido derivada do mal holandês. Nestes itens também serão definidos os conceitos, com base nos autores discutidos, que levaremos adiante neste estudo. Conhecidas todas essas etapas, se estará apto a tratar no quarto capítulo, as causas da possível desindustrialização brasileira. 1.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Neste item, cabe apenas o primeiro contato com as definições dos conceitos de desindustrialização e de doença holandesa, ficando a discussão e suas causas para os itens posteriores. A desindustrialização comumente usada na literatura pode ser conceituada como: Um processo natural de desenvolvimento econômico onde a participação do emprego industrial perde relativamente espaço para outros setores de forma permanente, sobretudo de serviços, em que o ponto de inflexão ocorre quando a renda per capita alcança o nível de país desenvolvido (CLARK, 1940; ROWTHORN E WELLS, 1987; ROWTHORN & RAMASWAMY, 1997; PALMA, 2005; BOULHOL & FONTAGNÉ, 2006). Uma definição ampliada desse conceito pode ser entendida por:

20 20 Perda relativa da participação do emprego e da produção industrial para outros setores de forma permanente, sobretudo, de serviços, ocorrendo o ponto de inflexão quando a renda per capita alcança nível de país desenvolvido e ao mesmo tempo a indústria tenha status de moderna (TREGENNA, 2009). E suas respectivas definições com conotações negativas são: Um processo de fracasso econômico onde a participação do emprego industrial perde relativamente espaço para outros setores de forma permanente, sobretudo de serviços, entretanto, o ponto de inflexão ocorre antes que a renda per capita alcance nível de país desenvolvido (CLARK, 1940; ROWTHORN E WELLS, 1987; ROWTHORN & RAMASWAMY, 1997; PALMA, 2005; BOULHOL & FONTAGNÉ, 2006). E, por conseguinte: Perda relativa da participação do emprego e da produção industrial para outros setores de forma permanente, principalmente, os serviços, contudo o ponto de inflexão ocorre antes que a renda per capita alcance nível de país desenvolvido e antes que a indústria tenha alcançado sua maturidade (TREGENNA, 2009). A desindustrialização precoce, em geral é acompanhada da especialização regressiva da estrutura produtiva 5, causada frequentemente pelo que ficou conhecido na literatura por dutch disease (doença holandesa). Porém, a desindustrialização precoce pode ocorrer mesmo na ausência de doença holandesa. Assim, o conceito clássico de doença holandesa, definido em finais da década de 1970, pode se resumir a: Especialização produtiva de um país, que já possua certo grau de industrialização ou não, na produção de bens intensivos em recursos naturais proporcionados pela descoberta de novas fontes de recursos naturais ou valorização dos preços internacionais de recursos existentes, que ao apreciar o câmbio real, reduz a competitividade da indústria e, portanto reprimarizando 5 Definida como a quebra de conexões entre os setores da economia, de modo que a matriz insumo-produto passa de uma situação com coeficientes técnicos relativamente elevados para uma situação contrária.

21 21 a pauta de exportação 6. Ocorre uma espécie de maldição dos recursos naturais (THE ECONOMIST, 1977; CORDEN E NEARY, 1982). Na última década esse conceito foi também ampliado. Além dos efeitos da descoberta de recursos naturais, a doença holandesa pode surgir de uma mudança súbita na política econômica. Uma abertura comercial e financeira pode se tornar perversa para a economia doméstica. A primeira pode aumentar as importações, que diante de uma indústria nacional pouco competitiva, força a especialização da produção doméstica em produtos nos quais o país tenha vantagens comparativas, gerando a substituição da produção industrial doméstica por importados. A abertura financeira, ao aumentar a entrada de capitais e apreciar o câmbio, reduz a competividade da indústria nacional, assim gerando a especialização da produção em recursos com baixo valor adicionado (PALMA, 2005; BRESSER-PEREIRA, 2007). Antes de entrar no processo de construção desses conceitos e suas causas, será importante tecer alguns comentários. Primeiro, observa-se que a desindustrialização nem sempre é sintoma de fracasso econômico. Isto depende do nível de renda per capita e do grau de industrialização no momento que a indústria começa a desacelerar. Segundo, a desindustrialização natural não implica necessariamente redução da produção em termos absolutos, mas apenas que os demais setores estão crescendo acima da indústria. Terceiro, a desindustrialização precoce pode ocorrer na ausência de doença holandesa, mas a doença holandesa não pode ocorrer sem gerar desindustrialização precoce. Inevitavelmente, a doença holandesa implica em desindustrialização precoce. Por fim, tal desindustrialização significa baixa elasticidade renda da demanda por exportações e alta elasticidade renda da demanda por importações, em outras palavras, baixo crescimento econômico em situações normais. O inverso também é verdadeiro para a desindustrialização natural. Nos itens seguintes desenvolvemos cada argumento, ampliando os conceitos e tratando de suas causas e consequências deixadas propositalmente em segundo plano até aqui. O conhecimento desse processo será imprescindível para compreender a importância de se ter uma indústria moderna e consolidada para o crescimento econômico no curto e longo prazos e para compreender o debate de autores nacionais sobre o processo de desindustrialização da economia brasileira. 6 Definida como a maior participação de commodities, produtos primários ou produtos manufaturados de baixo valor adicionado na pauta de exportação.

22 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: perda relativa do emprego industrial A desindustrialização já era estudada por economistas e cientistas sociais, embora ainda não tivesse essa nomenclatura, antes mesmo de ocorrer nas economias avançadas, uma espécie de previsão da sociedade pós-industrialização. Clark 7 (1940), por exemplo, em seu estudo Conditions of Economics Progress mostrava que a mudança na composição do emprego industrial para os serviços se devia a dois processos: E acrescenta, First, with economic development, "as real income per head increases, it is quite clear that the relative demand for agricultural products falls all the time, and that the relative demand for manufacture first rises, and then falls in favor of services"; second, given higher relative productivity in the industrial sector, "a stationary relative demand for manufactures would lead to a decreasing proportion of the labor force employed therein" (pp , grifos no original) 8. ( ) even when the relative demand for manufactures is increasing, we still generally expect, in the long run, a decreasing proportion of the labor force to be employed therein (p. 494). Portanto, a perda de participação do emprego industrial para o setor de serviços é tratada dentro dessas definições como parte do processo natural de desenvolvimento econômico. Esta hipótese foi levada adiante por estudiosos que tentavam explicar a desindustrialização nas economias desenvolvidas 9. O argumento era de que inicialmente o emprego se concentra no setor primário da economia, mas com a modernização da agricultura, este setor começa a dispensar trabalhadores que podem ser absorvidos por outros setores, sobretudo a indústria de transformação, que se encontrava em sua fase inicial. Quando a indústria completa seu ciclo de expansão, o aumento da produtividade provoca a expulsão de empregos neste setor, que tendem a ser absorvidos no setor de serviços, caracterizados como possuindo majoritariamente métodos de produção intensivos em trabalho. Nesta última fase de transição, ocorre o que se passou a designar na literatura por desindustrialização. Observe que o termo desindustrialização não significa, nesta acepção, que a indústria esteja perdendo participação no PIB nem que ela venha a desaparecer, mas sim que o emprego industrial está perdendo participação no emprego total. Portanto, a principal preocupação da maior parte da literatura é com a realocação eficiente do emprego dispensado 7 Clark, além de sociólogo e economista, era estatístico e trabalhava com modelos econométricos de previsão. 8 Observa-se que a mudança da estrutura produtiva na perspectiva de Clark (1940) depende crucialmente da generalização da Lei de Engel, isto é, das elasticidades-renda da demanda. 9 Vide por exemplo, Singh, (1977); Frobel, Heinrichs & Kreye (1980); Bluestone & Harrison (1982); Bluestone (1984); Baumol, Blackman & Wolff (1985); Rowthorn & Wells, 1987; entre outros.

23 23 pela indústria de transformação. Espera-se que o mercado seja capaz de realocar adequadamente o excesso de mão de obra, preservando a economia numa situação social aceitável, sem pressões dessa fonte sobre a taxa de desemprego. Segundo Rowthorn e Wells (1987): It occurs because productivity growth in the manufacturing sector is so rapid that, despite increasing output, employment in this sector is reduced, either absolutely or as a share of total employment. However, this does not lead to unemployment, because new jobs are created in the service sector on a scale sufficient to absorb any workers (Rowthorn & Wells, 1987: p. 5). Desta forma, a questão em torno do tema era se o setor de serviços 10 seria capaz de absorver o excesso de trabalhadores da economia. O fato da indústria conseguir reduzir o emprego no setor sem que a produção industrial caia é interpretado como gerador para o setor de transformação de uma taxa de lucro superior aos demais setores da economia. Por outro lado, se esse excesso de trabalhadores não for absorvido pelo setor de serviços, o poder de barganha dos mesmos será reduzido, agravando o trade-off entre lucros e salários 11. Ou, entre lucros e desemprego, como mostra Rowthorn & Ramaswamy (1997): (...) Public debate about deindustrialization tends in general to be confined to categorizing it as a problem analogous to the widening disparity of earnings and the rising unemployment in advanced economies. (Rowthorn & Ramaswamy, 1997: p. 8). No entanto, segundo os autores supracitados, este conflito distributivo precisa ser diferenciado do conceito de desindustrialização, uma vez que: Unemployment, and the widening disparities in earnings, can be viewed as problems that require solutions. deindustrialization, in contrast, is not a negative phenomenon in its own right. It is an inevitable feature of the process of economic development, predating the emergence of both rising inequality and unemployment in the advanced economies (IBID: p. 8). Enquanto o conflito distributivo exige solução, a desindustrialização é vista como parte do processo natural de desenvolvimento nas economias avançadas. Ou seja, a 10 Doravante, o setor de serviços neste trabalho refere-se, conforme a distinção de Dasgupta & Singh (2006), aos serviços intensivos em mão de obra e pouco qualificados. Os demais serviços intensivos em tecnologia serão, quando citados, sempre mencionados, como por exemplo, os serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). 11 Pode ser que esse trade-off aumente mesmo que o emprego seja absorvido, uma vez que o emprego na indústria tende a ser mais qualificado que o emprego em muitas atividades do setor de serviços, neste caso, o diferencial de salários entre esses dois setores será a favor da indústria. Entretanto, algumas atividades no setor de serviços, sobretudo nas economias avançadas, são tão qualificadas como as atividades industriais e, portanto, o trade-off tende a ser reduzido. Em geral, o primeiro caso tende a ocorrer em países na fase de desenvolvimento onde as atividades do setor de serviços ainda são precárias, e o segundo caso em economias desenvolvidas que possuem um setor de serviços melhor qualificado.

24 24 desindustrialização é tida como desejável, enquanto que o agravamento das tensões sociais decorrentes do conflito distributivo, não. Além do crescimento da produtividade do trabalho, diversos fatores podem levar a um processo de desindustrialização, tais como: 1) elasticidade renda da demanda; 2) terceirização; 3) nova divisão internacional do trabalho; 4) redução da taxa de investimento e, por fim 5) doença holandesa 12. Vamos discorrer um pouco sobre cada fator. A taxa de crescimento da produtividade apresenta diferencial significativa entre a indústria e serviços nos países desenvolvidos. O crescimento da produtividade do trabalho na indústria tende a ser superior ao do setor de serviços. Em outras palavras, a contratação de um trabalhador adicional na indústria permitiria, devido às economias dinâmicas de escala, um aumento na produção industrial superior ao que poderia ser gerado no setor de serviços, caso mais um trabalhador fosse contratado neste setor. Portanto, é natural que o emprego industrial perca participação no total para o setor de serviços (BAUMOL, BLACKMAN & WOLFF, 1989; ROWTHORN & RAMASWAMY, 1999; KOLLEMEYER, 2009; TREGENNA, 2011). Contudo, os efeitos do aumento da produtividade sobre o emprego podem ser dúbios. Por um lado, o diferencial de produtividade do trabalho, em favor da indústria, tende a provocar a redução do emprego industrial. Por outro, o aumento da produtividade tende a reduzir os preços dos produtos manufaturados e, portanto, aumentar sua demanda e, consequentemente o emprego 13. Assim, apenas se o primeiro efeito for maior que o segundo, a desindustrialização derivada do aumento da produtividade de fato ocorre. Estudos empíricos 14 mostram que o efeito líquido derivado do crescimento mais rápido da produtividade do trabalho na indústria, para países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) entre a década de 1960 e 1990, é a redução do emprego neste setor. Os ganhos de produtividade do trabalho ocorreram via modernização, portanto a indústria tendeu a demitir trabalho com baixa qualificação e a contratar relativamente pouco trabalho qualificado, tendo como resultado a queda da participação do emprego industrial no emprego total, ou seja, desindustrialização. Nessa fase da indústria, o aumento da produção tende a ocorrer via aumento da produtividade e não do emprego. Não obstante, existe uma tendência natural de ocorrer a mudança na composição do PIB a favor dos serviços conforme o país se desenvolva. Em países em desenvolvimento, os BRICs, por exemplo, o setor de serviços corresponde a mais de 60% do PIB. Todavia, alguns 12 Dada a sua relevância, a doença holandesa será tratada na parte final deste capítulo. 13 Nordhaus (2006), ao analisar os dados de 67 setores da economia americana no período , observou que existe uma relação direta entre produtividade e emprego industrial. 14 Vide por exemplo, Rowthorn & Ramaswamy, 1997.

25 25 autores parecem desconsiderar tal fato. Rowthorn & Ramaswamy (1999), por exemplo, ao analisar o processo de desindustrialização e o crescimento da produtividade nas economias avançadas, observam que: In most advanced economies, labor productivity has typically grown much faster in manufacturing than it has in services, while output growth has been about the same in each sector. Thus, given the similarity of output trends in the two sectors, lagging productivity in the service sector results in this sector absorbing a rising share of total employment, while rapid productivity growth in manufacturing leads to a shrinking employment share for this sector (Rowthorn & Ramaswamy, 1999: p. 19, grifo nosso). Conforme a citação, não há alteração da composição do PIB, a mudança ocorre apenas em termos de emprego. Portanto, os autores analisam a desindustrialização apenas pelo lado do emprego, uma vez que o crescimento da produção é praticamente o mesmo em cada setor, não há mudança na composição do PIB e, assim, não há desindustrialização em termos de produto ou mudança estrutural. Este fato fica ainda mais visível na passagem de Rowthorn & Wells (1987, p. 22): In such economies, the long-term growth rate of output is normally about the same for industrial products as for services. The same is true for expenditure. Thus, in real terms, there is no structural shift in output or expenditure from industry to services. Os autores parecem seguir uma abordagem neoclássica do crescimento econômico, tipo Solow (1956), onde a estrutura produtiva não tem relevância, o processo de crescimento econômico de longo prazo é considerado independente da composição setorial da produção. O efeito da perda do emprego no setor industrial sobre o crescimento da produção neste setor seria compensado pelo aumento da produtividade, de modo que a composição setorial do PIB não se altera. Nesta perspectiva, como apontado por Oreiro & Feijó (2010), a desindustrialização não se apresenta como um fenômeno patológico ou indesejável, pois não constitui uma restrição ao crescimento econômico de longo prazo. Porém, Tregenna (2011) ao analisar uma amostra de 28 países, conclui que a redução do emprego industrial foi acompanhada também pela redução da participação da produção industrial no PIB em pelo menos 17 países. O que revela, em contraposição aos autores citados anteriormente, um crescimento diferenciado da produção entre os setores e, portanto de mudança estrutural. In 23 out of the 28 countries manufacturing declined as a share of total employment these are the instances which would be classified as deindustrialization as conventionally defined. (...) In 17 of the 23 cases this decline in the share of manufacturing in total employment was

26 26 accompanied by a decline in the share of manufacturing in total value added. There are no instances in which the share of manufacturing in total value added declined concomitant with an increase in the share of manufacturing in total employment. In the majority of these cases in which manufacturing declined as a share of total value added and total employment, the absolute level of manufacturing employment (though not of manufacturing value added) also fell. Declines in manufacturing as a share of total employment and value added were particularly strong and generalized among the developed countries of the sample, as would be expected (Tregenna, 2011; p. 8). Assim, uma análise da indústria apenas pelo lado do emprego pode obscurecer, como será melhor exposto no item 1.3, a verdadeira situação industrial no país omitir o processo de mudança estrutural que é inerente ao processo de desenvolvimento econômico. No caso da desindustrialização causada através da elasticidade renda da demanda entre os setores, ocorrer uma espécie de generalização da Lei de Engel 15. Dado que a elasticidade renda da demanda por alimento e por bens industriais é menor e maior que um respectivamente, conforme a renda per capita for aumentando o gasto com bens industriais vai se tornando maior, de modo que a economia passa a consumir mais produtos industrializados vis a vis o consumo de alimentos. Em um segundo momento, com a indústria já consolidada, o aumento da produtividade industrial reduz os preços relativos dos produtos manufaturados, gerando novamente um aumento da renda real. Sendo a elasticidade renda da demanda do setor de serviços maior que um, ocorre um aumento do gasto neste setor vis a vis o setor de produtos manufaturados. Esse aumento da demanda por serviços leva à contratação de mais emprego, aumentando sua participação no emprego total e, portanto reduzindo a participação dos demais setores. Conforme o exposto acima, Clark (1940) mostra que a mudança na estrutura do emprego durante o desenvolvimento econômico é explicada pelas elasticidades renda da demanda. Estudos empíricos mais recentes corroboram o argumento teórico de Clark (1940). Diversos pesquisadores, utilizando-se de modelos estatísticos, mostram que a renda per capita tem uma relação em forma de U invertido com a participação do emprego industrial e que parte do processo é derivada, além de outros fatores, das elasticidades renda da demanda (ROWTHORN & WELLS 1987; KRUGMAN & LAWRENCE 1993; ROWTHORN & RAMASWAMY 1997, 1999; ALDERSON 1999; ROWTHORN & COUTTS 2004; PALMA, 2005). Nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento a renda per capita teria uma relação direta com a participação do emprego industrial, configurando o processo de 15 Engel foi um estatístico que identificou, em 1857, o diferencial de gasto com alimentos entre famílias pobres e ricas. Concluiu que as primeiras tendem a gastar maior parte de sua renda com alimentação em relação às famílias ricas.

27 27 industrialização. À medida que a industrialização avança e a participação do emprego industrial aumenta, a força desta relação é reduzida, a participação do emprego aumenta até alcançar o ponto de máximo do U invertido. Neste ponto, a participação do emprego industrial estabiliza-se por um tempo, mas quando a renda per capita alcança o nível de renda equivalente ao de país desenvolvido 16, a participação é reduzida, cedendo espaço relativo para o emprego em outros setores, sobretudo de serviços. Portanto, tem-se assim o processo de desindustrialização. A terceirização é outro agravante da desindustrialização. Existe uma tendência crescente de determinadas atividades, como restauração, limpeza, vigilância, suprimentos, recrutamento, processamento de dados, design e transporte, que antes eram realizadas por empresas industriais e que passaram a ser desempenhadas por empresas especializadas prestadoras de serviços. Isto provocou um movimento inverso no emprego entre esses dois setores. No entanto, a desindustrialização provocada pela terceirização é uma ilusão estatística, uma vez que o emprego é industrial, mas contabilizado estatisticamente como de serviços. Como exemplo de importância que este elemento pode adquirir, Tregenna (2010), ao analisar a desindustrialização na África do Sul pela ótica da terceirização, concluiu que: In South Africa, the evidence presented here suggests that the apparently higher growth in private services employment in the recent period is explained primarily by outsourcing-type restructuring. In the absence of the reallocation of cleaning and security guard employment we project that manufacturing employment would have grown more rapidly than employment in private services, and public services employment at a still higher rate. This suggests that the apparent shift in the sectoral structure of employment does have a strong element of being a statistical illusion associated with intersectoral outsourcing, and that once this is taken account of there has probably not been deindustrialization during the recent period (Tregenna, 2010: p. 1454). As empresas optam pela terceirização por uma série de razões. Primeiro, preferem concentrar-se em suas atividades de competências centrais, deixando outras atividades menos importantes à mercê dos prestadores de serviços. Segundo, em muitos países as leis trabalhistas são consideradas rígidas. Portanto, ao terceirizar determinadas atividades, as empresas contornam a rigidez da legislação trabalhista e baixam seus custos com mão de obra. Terceiro, o sindicalismo no setor de serviços é menos organizado em relação ao setor industrial. Assim, a terceirização, ao enfraquecer a organização sindical, reduz a probabilidade de reivindicações salariais e greves. Em outras palavras, a terceirização tende a 16 O problema é que o ponto de inflexão está ficando cada vez mais baixo. A inflexão está ocorrendo, em países subdesenvolvidos, bem antes do que ocorreu nos desenvolvidos. Os primeiros se desindustrializaram com um nível de renda superior a US$ 8.000, enquanto que nos países subdesenvolvidos a renda per capita não passou de US$ 4000 (Palma, 2005).

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