Restrições Macroeconômicas ao Crescimento da Economia Brasileira Diagnósticos e algumas proposições de política
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- Isaque de Sá Raminhos
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1 Restrições Macroeconômicas ao Crescimento da Economia Brasileira Diagnósticos e algumas proposições de política José Luis Oreiro (UnB/CNPq) Lionello Punzo (Univeridade de Siena) Eliane Araújo (IPEA-RJ) Gabriel Squeff (FINEP)
2 Idéias Fundamentais A economia brasileira experimentou uma aceleração no ritmo de crescimento no período ( ) relativamente ao padrão observado nos últimos 20 anos. Essa performance de crescimento está associada a uma expansão mais rápida das exportações e da formação bruta de capital fixo. Fragilidades do padrão atual de crescimento Desalinhamento cambial Ineficácia relativa da política monetária. Ainda existe uma armadilha juros-câmbio na economia brasileira. Uma tempestade perfeita pode abortar o processo de aceleração do crescimento da economia brasileira devido a armadilha juros-câmbio. O desmonte da armadilha juros-câmbio exige ajustes no modelo macroeconômico brasileiro. Adoção de metas implícitas de câmbio. Adoção de controles a saída de capitais de curto-prazo. Flexibilização do regime de metas de inflação.
3 Aceleração do Crescimento Figura 1- Evolução das Taxas de Crescimento do Produto, das Exportações e da Formação de Capital no Brasil ( ) crescimento PIB Crescimento Export. Crescimento da FBKF
4 Causas da Aceleração do Crescimento No Brasil o crescimento do PIB é restrito pelas condições de demanda, não pelas condições de oferta. Estimativas a respeito do valor da taxa natural de crescimento da economia brasileira com base na metodologia empírica desenvolvida por Ledesma e Thirwall (2002) mostram que a taxa natural de crescimento responde às variações ocorridas na taxa efetiva de crescimento. Com base em dados trimestrais do PIB e da taxa de desemprego para a economia brasileira no período podemos demonstrar que a taxa natural de crescimento se acelera nos períodos de boom e se contrai nos períodos recessivos. A taxa natural estimada para os períodos de boom varia entre 5,2% e 8% a.a Para os períodos recessivos, a taxa natural estimada varia entre -3,5% e - 1% a.a.
5 Causas da Aceleração do Crescimento Nessas condições, o ritmo de crescimento da economia brasileira é limitado pela expansão da demanda agregada. Distinção entre fatores aceleradores e fatores sustentadores do crescimento. Fatores aceleradores: expansão das exportações. Fatores sustentadores: aumento dos investimentos. O crescimento da economia brasileira no período foi o resultado de uma expansão das exportações (responsável pela aceleração do crescimento) simultaneamente a um aumento da formação bruta de capital fixo (responsável pela sustentação desse crescimento).
6 Fragilidades : Desalinhamento Cambial Definição de desalinhamento cambial : situação na qual ocorrem desvios duradouros da taxa de câmbio real com relação à taxa de equilíbrio de longo prazo. Os fundamentos selecionados para o modelo foram: Grau de abertura (OPEN) Preços externos (PFOR) Saldo da balança comercial/pib (BCPIB) Consumo do governo/pib (CG) Termos de troca (TOT) Diferencial de juros interno e externo (DIFJUR) Período selecionado: 1994/4 à 2007/3.
7 Figura 2 Taxas de câmbio efetiva real e esperada real (índice - média de 2000=100) T T T T T T T T T T T T T T T T T T3 RER Efetiva RER Esperada
8 Fragilidades... O desalinhamento cambial, particularmente a sobre-valorização do câmbio, tem atuado no Brasil no sentido de reduzir a taxa de crescimento da economia brasileira. Se não tivesse ocorrido sobre-valorização cambial no período a economia teria apresentado uma taxa de crescimento mais alta.
9 Fragilidades... Estimação de uma equação de crescimento demand-led para a economia brasileira: GPIB = + 1INV + 2 EXPORT + 3 CGOV + 4DES + ui Onde: GPIB é a taxa de crescimento do PIB INV é a taxa de investimento (FBKF/PIB) EXPORT é a taxa de crescimento das exportações CGOV é a taxa de crescimento do gasto de consumo do governo sobre o PIB DES é a taxa de desalinhamento cambial, ou seja, o desalinhamento cambial dividido pelo câmbio de equilíbrio
10 Fragilidades... Os resultados obtidos mostram a existência de um desalinhamento cambial significativo na economia brasileira, Esse desalinhamento é caracterizado pela sobrevalorização cambial A sobre-valorização cambial tem impacto negativo sobre o crescimento econômico no Brasil. Não é correta a afirmação de Pastore (2008) para quem a apreciação cambial observada no Brasil desde 2005 é o resultado natural da aceleração do crescimento da economia brasileira. O mais correto seria dizer que a economia brasileira cresceu mais nos últimos anos apesar da sobre-valorização cambial. Além disso, observa-se ainda uma correlação negativa entre a sobre-valorização cambial e o saldo em conta-corrente no período
11 Saldo em Conta-Corrente (%PIB) Fragilidades... 2 Figura 4 : Relação entre o Saldo em Conta-Corrente e a Sobre-Valorização Cambial (2004:T3-2007:T3) 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0, ,05 0,1 0,15 0,2 0,25 Sobre-Valorização Cambial (%)
12 Fragilidades : Ineficácia Relativa da Política Monetária O Banco Central do Brasil possui uma preocupação excessiva com a taxa de inflação A taxa de juros básica é usada como instrumento para debelar pressões inflacionárias originadas por pressões de custo advindas de variações da taxa nominal de câmbio. Estimativa da importância do câmbio na determinação da SELIC a partir de um modelo VAR. Período analisado: Julho de 2001 a abril de 2008.
13 Fragilidades... Variáveis selecionadas para o modelo VAR: A taxa de juros SELIC do Banco Central (acumulada no mês anualizada) Taxa de inflação medida pela variação mensal do IPCA Taxa de câmbio (R$ / US$ - comercial - compra média) Expectativas de inflação Valor mensal do grau de utilização da capacidade produtiva.
14 Figura 6: Diagrama de causalidade entre as variáveis IPCA SELIC UTIL CAP CÂMBIO EXPEC
15 Armadilha Juros-Câmbio Tempestade Perfeita : combinação de recessão gerada pela crise financeira internacional e aceleração da inflação a nível mundial devido a escassez de alimentos e commodities. Estagflação. Para os países emergentes isso significa um cenário internacional marcado por: Queda da taxa de crescimento das exportações. Redução e eventual parada súbita dos fluxos de entrada de capitais. No caso brasileiro a tempestade perfeita pode provocar uma desvalorização não-administrada da taxa de câmbio, forçando assim o Banco Central a elevar abruptamente a taxa de juros. O aumento súbito do custo do capital pode atuar no sentido de desestimular o investimento, comprometendo assim a sustentabilidade do atual padrão de crescimento da economia brasileira.
16 Propostas de Política Econômica A eliminação das restrições macroeconômicas ao crescimento do produto real exige que se atue simultaneamente em duas frentes: política cambial política monetária. O governo deve atuar no sentido de promover uma desvalorização administrada da taxa nominal de câmbio, ao mesmo tempo em que altera o modus operandi da política monetária, de forma a permitir uma elevação temporária da taxa de inflação sem, com isso, detonar um processo de elevação da taxa de juros.
17 Política Cambial A desvalorização administrada da taxa de câmbio deve ser conduzida por intermédio de operações de compra de reservas internacionais por parte Banco Central do Brasil. Essas operações devem ter por meta não apenas o aumento das reservas internacionais, mas a eliminação gradual do desalinhamento cambial existente na economia brasileira. Isso significa que o BCB deverá operar com metas implícitas para a taxa nominal de câmbio. Para viabilizar a obtenção dessas metas implícitas de câmbio sem afetar os graus de liberdade do BCB na fixação da taxa básica de juros, será necessária a adoção de controles sobre a saída de capitais de curto prazo. Com base na experiência internacional sobre controle de capitais, mais especificamente a partir das lições tiradas da crise cambial da Malásia ( ), os controles na saída deverão ser de caráter administrativo e abrangente, de forma a impedir que os mesmos sejam burlados. Não se deve descartar, nos estágios iniciais de implantação do novo modelo macroeconômico, uma proibição temporária à saída de capitais do Brasil.
18 Flexibilização do Regime de Metas O regime de metas de inflação é extremamente rígido no Brasil. Isso porque o Brasil é um dos poucos países do mundo no qual: o prazo de convergência para a meta de inflação é de um ano a meta de inflação é definida em termos do índice cheio existem fortes evidências de que a autoridade monetária segue uma regra rígida na fixação da taxa de juros, regra que dá um peso excessivo as variações da taxa de câmbio Dessa forma, a flexibilização do regime de metas de inflação envolve: a adoção de um período de convergência mais amplo (18 a 24 meses), a utilização do core inflation e a incorporação do crescimento econômico como um dos objetivos explícitos da política monetária. Além disso, para viabilizar o ajuste cambial, a meta de inflação deverá ser elevada temporariamente para um patamar entre 5 e 8% a.a. Deve-se ressaltar que as evidências empíricas disponíveis a respeito da relação entre inflação e crescimento econômico no longo prazo mostram que esse patamar de inflação não é prejudicial ao crescimento econômico nos países emergentes..
19 Contacto: Prof. Dr. José Luis Oreiro Página pessoal:
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