Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Editora Unisinos Av. Unisinos, São Leopoldo-RS-Brasil
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- Valentina de Mendonça Cerveira
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1 Editora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Editora Unisinos Av. Unisinos, São Leopoldo-RS-Brasil
2 ADENDO ao Caderno de Resumos ELC-EBRALC 2017 corresponde à 1ª edição em versão eletrônica. O Caderno de Resumos ELC-EBRALC 2017 é uma publicação em que estão compilados os resumos dos trabalhos (português e inglês) submetidos para apresentação na IX Escola Brasileira de Linguística Computacional (EBRALC 2017) e no XIV Encontro de Linguística de Corpus (ELC 2017). Os resumos estão organizados por modalidade de apresentação. ISBN: São Leopoldo: Unisinos, ESTE ADENDO CONTÉM TRABALHOS QUE, POR FALHA DE NOSSA REVISÃO, não constaram da publicação final. Publicado este adendo em 10/04/2018. Aos autores, as nossas desculpas. Organização Aline Evers Aline Nardes Larissa Brangel Maria José Bocorny Finatto Rove Luiza de Oliveira Chishman 1
3 PAPER 37 CONECTIVOS CAUSAIS EM INGLÊS: INVESTIGANDO CORPORA DE APRENDIZES BRASILEIROS Deise P. Dutra (UFMG) Valdênia C. Almeida (UFV) Bárbara M. Orfanó (UFMG) Introdução Este trabalho visa analisar, quantitativa e qualitativamente, o uso de conjunções subordinativas causais, so, thus e therefore por estudantes universitários, tanto aprendizes brasileiros de inglês quanto falantes nativos. As conjunções estão entre os recursos que colaboram para a construção da coesão textual, guiando o leitor ou ouvinte na sua compreensão do discurso. Os conectivos, entre eles as conjunções, têm sido foco de inúmeros estudos acerca do ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (GRANGER e TYSON, 1996; ALTENBERG e TAPPER, 1998; CHEN; 2006), revelando sobreuso, subuso e uso inapropriado de determinados conectivos por aprendizes de inglês, bem como diferenças no posicionamento sintático desses elementos de coesão. O estudo de Granger e Tyson (1996) investigaram o uso de conectores por aprendizes franceses de inglês. Os dados analisados são provenientes do subcorpus francês do corpus de aprendiz ICLE. Os resultados revelaram que os aprendizes franceses subusam os conectores however, therefore, thus e sobreusam moreover, for instance, of course, on the contrary. A análise qualitativa dos dados mostrou o uso inapropriado de certos conectores em relação às suas restrições estilísticas. Conectores de linguagem informal, tais como anyway e so foram bastante utilizados pelos aprendizes franceses em suas redações. Para as autoras, esse uso inapropriado deve ser resultante de um ensino que não enfatiza as questões de estilo e não sensibilizam os alunos para as diferenças entre discurso oral e escrito. Granger e Tyson (1996) ainda identificaram uma diferença no posicionamento sintático dos conectivos, sendo utilizados significativamente em posição inicial pelos não nativos. Segundo as autoras, essa tendência parece ser independente da língua, pois como mostra o estudo de Field e Yip (1992 apud GRANGER & TYSON, 1996) a posição inicial é a mais comum para todos os escritores de L2, enquanto escritores nativos utilizam os conectivos fora da posição inicial significativamente mais que o escritor de L2. Uma outra explicação para o sobreuso de alguns conectivos, entre eles so, é dada por Chen (2006) que argumenta que aprendizes sobreusam conectivos causais simplesmente para amarrar uma série de frases sem verdadeiramente estabelecer uma lógica entre elas. De acordo com a autora, uma 2
4 possível explicação é que os alunos frequentemente utilizam conectivos causais para expressar conclusões sem realmente prover evidência convincente ou informação suficiente para o argumento apresentado. Chen (2006) defende que o uso de listas de conectivos no ensino deve ser evitado ao máximo, uma vez que o aprendiz recorre a essas listas para escolher aleatoriamente conectivos para enfeitar o seu texto sem refletir sobre o sentido e direção dos argumentos e informações apresentadas. No caso de aprendizes brasileiros de inglês há poucas pesquisas (DUTRA e SOUZA, 2012; MARQUES, 2007) que discutem o uso de conectivos por esses alunos apesar de haver uma preocupação no ensino de conectivos em geral em cursos de idiomas, bem como em disciplinas de inglês em nível superior. Interessa-nos, então, investigar como essas palavras de transição são utilizadas por aprendizes universitários de inglês, com que frequência, com quais funções, se seu uso se aproxima ou se distancia do comumente feito por falantes nativos. Metodologia Através da análise contrastiva da interlíngua (GRANGER 1996, 2015), o presente estudo compara e contrasta o uso que falantes nativos e não nativos de inglês fazem dos conectivos causais so, therefore e thus em suas redações argumentativas. Os dados de pesquisa são provenientes de dois corpora de aprendiz: Corpus do Inglês para Fins Acadêmicos (CorIFA) e Corpus do Inglês sem Fronteiras (CorIsF) e do corpus de falantes nativos, Louvain Corpus of Native English Essays (LOCNESS), os quais são compostos por diversos tipos de textos escritos por estudantes universitários. Neste trabalho utilizamos somente os textos argumentativos de cada corpus, originando assim três subcorpora comparáveis. Primeiramente, utilizando a ferramenta AntConc (ANTHONY, 2016) todas as linhas de concordância com os conectivos causais so, therefore e thus foram geradas a fim de se analisar todas as ocorrências dos referidos conectivos nos três corpora. Em seguida, as linhas foram analisadas manualmente para exclusão das frases em que o item pesquisado não era utilizado como conectivo causal, como, por exemplo, even so, so far, so on e os usos de so como advérbio. A análise manual ainda envolveu a classificação da posição do conectivo na frases em posição inicial, mediana ou final, sua função na sentença, identificando possíveis usos inapropriados do conectivo, Após a exclusão das linhas em que o conectivo causal não era utilizado na referida função, o teste Log-Likelihood (LL) foi aplicado para verificar se as ocorrências dos conectivos entre os subcorpora eram significativas ou não. A hipótese é que os aprendizes brasileiros fariam sobreuso do conector causal so e subuso dos conectivos therefore e thus. Além disso, a outra hipótese é que os três conectivos seriam mais utilizados em posição inicial pelos aprendizes brasileiros. Assim, a análise quantitativa dos dados visou a identificação de sobreuso e subuso de so, therefore e thus e a análise qualitativa foi feita a fim de se verificar o posicionamento sintático e outros possíveis padrões de uso dos conectivos estudados. 3
5 Resultados Os resultados quantitativos confirmam parcialmente nossas hipóteses. Primeiramente, há diferenças significativas detectadas nos resultados do teste estatístico log-likelihood entre as ocorrências de so do LOCNESS e do CorIsF (LL= 77,13, p< 0.01**) e do LOCNESS e do CorIFA (LL= 13,34, p.<0,01**). Esses resultados mostram que so é sobreusado nos dois corpora de aprendizes. Segundo, foram também observadas diferenças significativas nos resultados do teste estatístico log-likelihood entre as ocorrências de therefore do LOCNESS e do CorIsF (LL= -14,98, p< 0.01**) e do LOCNESS e do CorIFA (LL= -5,63, p.<0,05*). No caso de therefore têm-se o subuso desse conectivo pelos aprendizes de inglês. Terceiro, não foram encontrados resultados estatisticamente significativos quanto ao uso de thus pelos aprendizes e pelos falantes nativos. Nossa terceira hipótese de subutilização de thus não foi confirmada. No caso do posicionamento sintático dos conectivos estudos, foram também constatadas diferenças entre os corpora. Por exemplo, no caso de thus 62% das ocorrências no LOCNESS é em posição mediana, sendo a grande maioria dessas ocorrências de três tipos principais: 1. thus + -ing form (thus reducing, thus making, thus replacing); 2. thus + frase (thus it can be seen, thus scientists cannot); e 3. thus + verbo (and thus allows us, and thus bring). Nota-se que na construção do tipo 3, thus vem geralmente acompanhado de and. No CorIsF todas as ocorrência de thus são do tipo 2, não havendo nenhuma ocorrência de thus seguido de -ing form. Já no CorIFA, 87,5% das ocorrências de thus são do tipo 2 (thus + frase), havendo somente duas ocorrências de thus + -ing form e uma ocorrência de thus + verbo. Mesmo no caso que não há uma diferença significativa entre os corpora de aprendiz e o corpus de referência, parece-nos produtivo a análise detalhada qualitativa por mostrar tendências de uso dos alunos universitários brasileiros. O uso pouco variado de estruturas com o conectivo thus apontam para uma necessidade de intervenção pedagógica específica. Conectivos causais so therefore thus LOCNESS CorIsF CorIFA ocorrências ocorrências LL ocorrência LL s ,13** ,34** ,98** 34-5,63* , ,08 Tabela - Frequência bruta em cada corpus - resultado do teste estatístico log-likelihood entre LOCNESS e cada um dos corpora de aprendiz 4
6 Outro aspecto que foi possível aprofundar com a análise qualitativa foi a função na qual os conectivos em foco são utilizados nos corpora. Embora esperássemos que therefore, thus e so fossem utilizados como conectivos causais, que apresentassem um resultado, deparamo-nos com várias incidências desses conectivos como marcadores discursivos introduzindo uma nova ideia ou uma conclusão. Isto ocorre em todos os corpora, de referência e de aprendiz. Por outro lado, é clara incidência maior desses casos nos corpora de aprendiz (CorIFA e CorIsF). As análises qualitativa e quantitativa das linhas de concordância possibilitaram que percebêssemos uma grande concentração de conectivos em uma mesma redação. Em alguns casos em cinco linhas há a repetição de so na posição inicial da sentença com a função de marcador discursivo de introdução de uma nova ideia ou como conclusão, como podemos ver no exemplo abaixo. So, people started to express their religion in different ways. People began creating new religions, or started to modificate the rituals and habits in old religions. The catolicism and protestantism are examples of religions that changed with the years. So, it appears that the people are losing their religiosity, but they are only changing their way to express it, to adequate a new world and a new society. But the faith is not lost. Trecho de CorIsF-UFMG-B1.Ind.AEss.NE.ago Há nos nossos corpora de estudo diversas redações com característica semelhante ao exemplo apresentado. Mesmo que os conectivos sejam mais utilizados em gêneros textuais do contexto acadêmico, um grande número desses elementos de coesão em um mesmo texto pode atrapalhar o leitor (CONRAD e BIBER, 2009). Concluímos que os aprendizes universitários de inglês utilizam todos os conectivos investigados: so, therefore e thus. Todavia, esse uso é exagerado no caso de so e muito pequeno no caso de therefore. Além disso, a posição sintática e a função dentro do texto revelam um distanciamento dos corpora de aprendiz do uso detectado pelos falantes nativos. Futuros estudos podem ser voltar para os efeitos de intervenções pedagógicas na escrita de aprendizes, pois há claros indícios que estudantes universitários brasileiros podem se beneficiar do ensino contextualizado do uso de conectivos causais. Bibliografia ANTHONY, L. AntConc (Version 3.4.4) [Computer Software]. Tokyo, Japan: Waseda University. Available from
7 ALTENBERG, B. & TAPPER, M. The use of adverbial connectors in advanced Swedish learners written English. In S. Granger (Ed.), Learner English on Computer. Harlow: Addison Wesley Longman Limited p CHEN, C. W. The use of conjunctive adverbials in the academic papers of advanced Taiwanese EFL learners. International Journal of Corpus Linguistics v. 11, n.1, p , CONRAD, S.; BIBER, D. Real grammar: a corpus-based approach to English. White Plains: Pearson/Longman DUTRA, D. P. ; SOUZA, M. Learner corpora and classroom activities: discourse organizing markers on focus. Comunicação apresentada no Congresso Internacional da ABRAPUI: Language and Literature in the Age of Technology. Florianópolis: UFSC GRANGER, S. Contrastive interlanguage analysis A reappraisal. International Journal of Learner Corpus Research v.1, n. 1, p. 7 24, GRANGER, S. From CA to CIA and back: an integrated approach to computerized bilingual and learner corpora. In: AIJMER, K., ALTENBERG, B. & JOHNSSON, M. (Eds.). Languages in contrast. Text-based cross-linguistic studies. Lund: Lund University Press, 1996, p GRANGER, S. & TYSON, S. Connector Usage in the English Essay Writing of Native and Non- Native EFL Speakers of English. World Englishes, v.15, n. 1, p MARQUES, A. L. S. P. O papel da percepção consciente de conectivos concessivos na produção escrita e na reformulação da interlíngua Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 6
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