IMPORTÂNCIA DA ROTAÇÃO DE CULTURA PARA O CULTIVO DO ALGODOEIRO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO

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1 IMPORTÂNCIA DA ROTAÇÃO DE CULTURA PARA O CULTIVO DO ALGODOEIRO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO Garibaldi Batista de Medeiros garibald@iapar.br INTRODUÇÃO A produtividade do algodoeiro guarda relação estreita com o sistema de produção ao qual se insere tendo sua potencialização e sustentabilidade relacionada à rotação de cultura.entende-se como rotação de cultura uma alternância regular e ordenada no cultivo de diferentes espécies vegetais em seqüência temporal numa determinada área. Com o avanço da agricultura no Brasil, onde as culturas anuais são conduzidas em sistema plantio direto torna-se obrigatório adotar um planejamento cultural estratégico como elemento norteador das atividades a fim de que se tenha assegurada a sustentabilidade do agroecossistema. O conhecimento produzido sobre a agricultura das regiões tropical e subtropical evidencia que a repetição, ano após ano, de uma cultura anual, na mesma área, contribui para redução da biodiversidade trazendo desequilíbrios quanto ao aumento de doenças, pragas e danos severos aos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Neste aspecto, o sistema de produção de algodão no Brasil, pelo enfoque da monocultura e contínuas operações de aração, gradagem e de cultivo com revolvimento do solo, apresentava alto potencial na degradação ambiental tornando o algodoeiro uma cultura extremamente

2 nômade. A rotação de cultura, associada ao sistema plantio direto de qualidade, promove sustentabilidade aos sistemas de produção nos quais tenha a participação do algodoeiro. IMPORTÂNCIA DO ALGODOEIRO EM ROTAÇÃO DE CULTURAS A preocupação com a sustentabilidade da cultura do algodão, face aos problemas decorrentes da monocultura objetivou, nas décadas de 30 e 40, a realização de trabalhos realizados por Neves, citados por MIYASAKA (1984) demonstrando que a adubação química não conseguia manter a produção do algodoeiro em níveis comparados àqueles obtidos com o uso da fertilização associada à rotação. Os melhores resultados em média foram obtidos quando se cultivou o algodoeiro após o plantio associado com milho e mucuna. Concluiu-se, também, que a rotação proporcionou uma maior estabilidade de produção. Na década de 50, trabalhos conduzidos pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas) relatados por MIYASAKA (1984) evidenciaram que a produtividade do algodoeiro cultivado após Crotalaria juncea e mucuna preta foi elevada em 25% (média de seis safras), quando comparada ao sistema de plantio contínuo. Segundo Fundação Cargill (1984) trabalhos realizados na década de 60 no estado de São Paulo evidenciaram que a cultura da soja antecedendo ao algodão em rotação proporcionou acréscimo de 33% na produtividade quando comparada àquela do algodão continuo. Esses

3 trabalhos realizados até a década de 60 foram conduzidos em sistema convencional de cultivo caracterizado por aração, gradagens e cultivos mecânicos no controle de ervas infestantes. Os trabalhos iniciais envolvendo o algodoeiro em SPD (sistema plantio direto) foram conduzidos pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) durante a segunda metade da década de 70, do século passado, culminando com a publicação pioneira sobre o assunto no Brasil (IAPAR, 1981, Circular Técnica, 23). Em experimento de longa duração conduzido por MEDEIROS (dados não publicados) constatou-se acréscimo de 25% na produtividade do algodoeiro na seqüência aveia/algodão/aveia+nabo/algodão sobre aveia/soja/milho safrinha/algodão, em solo argiloso cultivado sob sistema plantio direto no norte do Paraná. Os resultados evidenciaram recuperação dos teores de carbono quando o algodoeiro foi cultivado após culturas como milho e trigo. Como se sabe, o algodoeiro é uma cultura que, após a colheita, deixa pouco resíduo sobre a superfície e, por isso, a sustentabilidade em termos de balanço adequado do carbono no sistema é dependente de culturas com alta produção de palha em rotação, a exemplo da aveia preta de ciclo longo, ou seus consórcios, com as culturas do nabo forrageiro, ervilha forrageira..., em regiões como o norte paranaense, ou outras regiões brasileiras onde estas plantas de cobertura se desenvolvam. O algodoeiro é altamente beneficiado por plantas de cobertura que possam, via efeitos físicos de cobertura ou alelopático, contribuírem para o controle das ervas daninhas. Através da rotação de culturas consegue-se reduzir o percentual de emergência das sementes que se fazem presentes na

4 área, beneficiando conseqüentemente a cultura do algodão, o que é altamente desejável considerando a perspectiva de redução de custo produção. A alternância de resíduos provenientes de diversas espécies vegetais no sistema de produção é altamente desejável para contribuir na redução de doenças e pragas, o que pode ser conseguido adotandose o planejamento cultural estratégico da área sob cultivo. Nesse último aspecto, destacam-se os conhecimentos produzidos sobre controle de nematóides pela mucuna, milho e aveia antecedendo ao algodoeiro. Dependendo do processo como se maneje os resíduos pode-se conseguir maior persistência sobre o solo proporcionando até 30% a mais de água disponível durante o ciclo das culturas de verão no norte paranaense, período de cultivo do algodoeiro. Tendo-se uma maximização da taxa diária de cobertura em sistema plantio direto, os microorganismos trabalham continuamente o que é positivo quanto aos aspectos nutricionais para as culturas integrantes do sistema de produção. Em síntese, o algodoeiro é altamente beneficiado pela tendência do balanço positivo da matéria orgânica nos sistemas de produção, definidos a partir de um planejamento cultural estratégico nas propriedades onde os conhecimentos estabelecidos pela pesquisa possam ser incorporados.

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